Narrador observador:

-Diego, você já tá com pouco tempo pra conseguir namorar com a Roberta, você sabe né? – Tomás perguntou enquanto se arrumava para a aula.

-Sei... Eu preciso agir logo, mas ela já come na minha mão, cara.

-Não tenho tanta certeza.

-Tom, foi você quem disse isso hoje. E cara, eu sou Diego Bustamante, você vai ver que eu vou conseguir.

-Sim, você é Diego Bustamante, mas ela é Roberta Pardo, acorda! Acho que com ela um buquê de flores não resolve.

-Sabe quando eu vou pedir? Sábado, amanhã na festa. É o momento perfeito. – Diego falou, dando um sorrisinho.

-Diego, olha pra mim, eu sou seu amigo a muito tempo, pode falar...Você tá começando a gostar dela né?
-Isso tudo é só por aquele lance do meu pai, você sabe...

-Você não me engana, mas tudo bem, quero ver se você vai querer acabar com ela depois.

-Ela já está louquinha por mim!

-Olha, você teve sorte de o seu pai ter escolhido a Roberta, aquele cabelo de fogo, aquela boca, aquele olho... Aquele corpo! Aquelo corpo, putz, já reparou?

-Claro que já, e ela já é minha.

-É, mas ela só tem isso mesmo, conteúdo nenhum, é fresca, metida, irritante, é só mais uma qualquer por aí.

-Não fala assim dela, você não a conhece.

-Ah é, e você conhece. – Tomás falou em um tom irônico.

-O bastante para saber que ela é o contrário de tudo isso que você falou. Vamos para a aula.

... Na última aula do dia...

-E foi assim que o México foi formado. Senhorita Pardo, será que você poderia explicar o processo de formação do México? – A professora de história falou, despertando Roberta de um sono profundo.

-É... – Roberta falou. – Foi toda aquela história da guerra dos países e...

-Ah, então você consegue ouvir a aula enquanto dorme? - A professora interrompeu.

-Me desculpe, a noite pra mim foi bem difícil. – Roberta falou, abaixando a cabeça, lembrando-se da noite passada.

-E isso é motivo de dormir na minha aula?

-Professora, me desculpe.

-Então estude pra a prova, porque você acaba de perder um ponto. – A professora falou, escrevendo algo que deveria ser o “Menos um” de Roberta.

-Professora, não tira ponto dela, tira meu, fui eu quem não deixei ela dormir a noite inteira. - Diego disse.

-Ótimo, tiro ponto dos dois. – Nessa hora, Roberta olhou para Diego e sussurou “desculpa”. Porém ela estava muito confusa, ele tinha acabado de se arriscar por ela, marcado de sair com Jena na noite anterior, passado a noite no seu quarto... Ela não conseguia entender, e o sono piorava tudo. Tinha passado a manhã inteira sem conseguir falar com ele. Nesse momento, o sinal tocou. E sem que ela pudesse agradecer oficialmente a Diego e pedir desculpas pela história do ponto, ele saiu logo da sala com Tomás e foram direto para o refeitório.

-Cara, não acredito, essa história de conquistar a Roberta tá te saindo muito caro, menos um ponto? E logo em história? – Tomás falou no caminho.

-É... Mas isso do ponto não foi pra conquistá-la, eu só não achei justo, ela não conseguiu dormir bem porque me ajudou muito ontém, a noite deve ter sido ruim pra ela, e a culpa foi minha, eu que estava bêbado.

-Diego, você tá mudando muito, você antes não era assim...

-Assim como?

-Assim, desse jeito.

-Oi gente. – Mia chegou, dando um abraço em Diego.

-Isso é comida de alguém de 17 anos comer? – Tomás perguntou, encarando o prato com pouquíssima comida de Mia.

-Amanhã tem festa, eu não posso ficar toda inchada!

-Que é isso Mia, você é a mais popular do colégio, sempre foi magra, não tem como engordar. – Nessa hora Mia e Diego trocaram olhares. Ele sabia muito bem o que ela estava pensando. – Gente, o que foi? – Tomás percebeu a troca de olhares.

-Não, nada. – Mia disse, tentando disfarçar.

-Eu vou escolher minha comida, já volto. – Tomás disse.

-Barbie, olha pra mim. – Diego falou, pegando o prato de Mia e colocando na mesa.

-Oi. – Mia disse, desviando o olhar.

-Você não tá vomitando igual a como fez da primeira vez que emagreceu, né?

-Claro que não Diego!

-O que tá acontecendo?

-Eu engordei dois quilos. Só vou começar a comer normalmente quando eu emagrecer três.

-Mia, você não precisa disso, dois quilos a mais, a menos, ninguém percebe, você sempre vai ser a Mia Colucci entendeu?

-Só pra você, que já conheceu a antiga Mia, ninguém imagina que eu era daquele jeito.

-Você era linda, sempre foi!

-Você fala isso, porque você não era a menina gorda. Diego, entenda, tudo o que eu tenho e conquistei foi porque eu lutei pra emagrecer, eu não teria nada se eu ainda fosse daquele jeito, eu não seria a Mia Colucci.

-Se você acha isso, quer dizer que não vale a pena ser a barbie popular, se você acabou de dizer que todos que estão na sua volta é por causa da popularidade que você tem, porque conseguiu depois de emagrecer.

-Di, não fala pra ninguém isso, tá?

-Mia...

-Diego, eu to falando sério, eu não quero que as meninas fiquem sabendo que eu to parando de comer, elas vão pensar que eu to com algum problema.

-E qual é o problema em ter um problema? Você é humana Mia.

-Mas ninguém nunca espera que eu tenha um problema Diego, eu sou muito cobrada por todo mundo.

-Mia, você é linda de todo jeito. Ninguém ia te abandonar se você engordasse.

-Só você que ficava comigo quando eu era gorda. Prometa que não vai dizer a ninguém.

-Prometo, se você prometer parar com essas maluquices.

-Eu...

-Prometa pela nossa amizade.

-Eu pro-prometo. – Mia falou cruzando os dedos pelas costas e depois dando um abraço em Diego, deixando uma lágrima rolar.

-Ei, o que foi?

-Nada não, mas você prometeu, se lembre.

-E se lembre que não importa como, você sempre vai ser minha barbie.

-Já viu alguma barbie gorda? Não, então pronto.