-O que foi Diego? Que carinha abatida é essa? - Mia o perguntou, entrando no banheiro.
-Nada não Mia, pode me deixar sozinho um minuto?

-Já sei, eu tenho uns creminhos que podem curar tudo! Vem cá.

-Mia, nem tudo na vida são creminhos.

-Mas eles são boas coisas da vida ok? E afinal, o que você veio fazer aqui?

-Eu vim falar com a Roberta, mas eu acho que ela nem vai querer me escutar depois disso.

-Hm, então me fala, que depois eu falo com ela.

-É... Tá bem, até porque também te envolve.

-O que foi?

-Mia, você formaria uma banda?

-O QUE? – Mia falou, dando um gritinho fino dramático.

-É complicado, mas sim ou não, o que você acha?

-Ai Diego, eu não sei, mas... Sei lá, a gente vê. Seria eu, você, mais quem?

-Eu, você, Roberta, Lupita, e era bom que tivesse mais algum menino, o... O Miguel quem sabe, ele é o único que sabe tocar alguma coisa.

-O caipira? Não mesmo! Ou ele, ou eu, decida, eu não faço com ele.

-Mia, deixa de besteira!

-Não, com o Miguel eu não faço. – Ela disse fazendo um biquinho de birra, batendo o pé no chão.

-Ainda com essa mania Colucci? De tudo fazer esse biquinho e jogar o cabelo?

-É, sempre, é muito difícil ser eu, entenda!

-E essa frase “ai como é difícil ser eu” – Diego falou imitando o biquinho e a voz de Mia. – Desde que a gente tem sete anos você fala isso.

-É porque é difícil, Diego. Agora sai da banheira!

-Mia, agora que eu percebi o quando a gente se afastou, você foi minha primeira amiga na vida inteira sabia?

-É, você também... Quando a gente entrou no colégio, foi a primeira pessoa que eu conheci. –Mia falou, abaixando a cabeça. – Você era meu melhor amigo, antes de eu me tornar a garota mais popular do colégio e você o mais popular.

-Mia, eu sinto sua falta sabia? Eu sei que pode não parecer, mas você foi a única, até hoje, que me escutou, nem o Tomás, ninguém mais.

-É Diego, eu sinto falta de você, não daquela época que eu era gordinha e você excluído.

-Hm... Mia, porque o destino afastou tanto a gente?

-Não foi o destino, foi você Diego, você mudou muito...

-Ah, você também mudou!

-Não, eu ter emagrecido, começado a me cuidar, essas coisas, não quer dizer que eu mudei, agora você... A popularidade te deixou tão frio, tão egoísta...

-Não exagere Barbie!

-Mas foi Diego, me diz, qual foi a última vez que você perguntou se alguém estava bem? Que você se preocupou com alguém além de si mesmo? Eu sei, quando nós éramos melhores amigos.

-Você também mudou muito.

-Eu posso ter mudado fisicamente, mas eu sou a mesma Mia de sempre.

-E eu sou o mesmo Diego.

-Não é não! Diego, você não percebe, mas você ta acabando com a sua vida, você ta bebendo, se mete em confusão o tempo todo, já teve até que fazer trabalho comunitário, aonde é que isso vai dar? No dia que você encontre um inimigo tão grande que te mate? Di, eu sei que...

-Di, eu me lembro que você me chamava assim. – Diego a interrompeu.

-Eu sei que atrás de toda essa mascara que você carrega de “um cara ruim”, ta aquele Di que eu conhecia antes...

-Mia, não é uma máscara, nada disso, mas a vida me ensinou a ser assim entende?

-Não Diego, eu não consigo entender.

-Simplesmente, você foi a única pessoa da minha vida que eu pude contar, então você foi ficando popular, começou a conhecer gente nova, e eu tinha medo sabe? De ficar só.

-Eu nunca te deixaria sozinho, eu pensei que você não queria mais andar comigo, quando começou a mudar.

-Eu fui obrigado a fazer isso, pelo medo de ficar só. Mia, eu não tenho família, amigos, uma namorada, eu não tenho nada. Minha mãe, não se importa, eu não vejo ela faz muito tempo, ela é escrava do meu pai praticamente. Meu pai, piorou, ele é ruim, de verdade, me obriga a ser como ele, sei lá, eu não sei explicar, mas eu também não posso contar com ele. Tomás, é mais ou menos meu único amigo, mas a gente só sai, se diverte, mas eu nunca contei com ele pra nada. Jena, foi a minha única namorada, você sabe que eu tenho essa fama de galinha, de pegador, mas eu não me apego a ninguém e isso é muito ruim, porque eu evito, eu tenho medo. Porque eu nunca tive ninguém, minha vida inteira! Só você, e te perder foi a pior coisa que aconteceu na minha vida, se é que algo é pior que a minha vida, e eu não quero passar por isso de novo.

-Diego, para, eu já entendi tudo, você não me perdeu, não, eu quero te ajudar, por favor, deixa... – Mia falou, o ajudando a se levantar da banheira.

-Não precisa ajudar não, eu só queria que voltássemos a ser como era antes.

-É a coisa que eu mais quero Didi, te amo muito! – Mia falou com voz de choro, ficando em pé dentro da banheira, o abraçando muito forte.

-Te amo irmã, minha Barbie! E a banda?

-Por que você quer formar essa banda agora?

-É complicado, eu não entendi bem, mas o Michel não pode mais pagar a escola, e com a banda nós podíamos ajudar ele.

-Eu ajudo, portanto que o caipira não participe.

-Por que não? Vocês não namoravam e tal?

-É uma história longa, depois eu te conto, mas vamos atrás da Roberta e da Lupita?