Todos os dias pela manhã, eu via que ele sentava-se na varanda até umas oito da manhã. Ficava sob o guarda-sol, protegido dos raios que incidiam fortes na manhã - sua pele sempre coberta por aqueles panos grossos que ele tanto insistia em me dizer que gostava.

Aki me chamava de mãe. E como mãe, eu ficava sempre observando seus atos, medindo seus passos e cuidando para que meu filho não caísse e se machucasse. E também como mãe, eu me sentia no dever máximo de cuidar dele para que não sofresse na ausência de seu amado marido, que vez ou outra não tinha a oportunidade de ver decorrente do errôneo problema de desencontro.

Então, depois de ficar sentado lá, olhando seu imenso jardim de belas rosas vermelhas, ele se levantava calmamente e saía caminhando para o quarto da pequena Akemi, no segundo andar. Várias vezes, já o vi debruçar-se sobre o berço e sorrir, olhando a menina que dormia.

Aí, Aki a toma nos braços e a balança devagar num ninar tranquilo. Ela abre lentamente seus olhinhos pequenos e miúdos, passa delicadamente a mão pelo rosto dele e ele sorri para ela, aninhando-a mais nos braços.

\"Oi, minha pequenininha\", ele diz. \"Papai não está... Mas eu estou aqui com você, estou aqui pra cuidar... Assim que o papai chegar, você vai ver ele e nós vamos ficar abraçadinhos, tá? Os 3!\"

Assim, Aki desceu as escadarias e rumou para a cozinha. Chegou lá e me olhou. Me lembro bem que eu estava sentada na cadeira, cortando alguns vegetais para fazer a sopinha para a satustância da menina pequena. Ele sorriu docemente, com aquele jeitinho meigo e sereno dele - capaz de encantar todos e fazer com que todos sentissem vontade de abraçá-lo forte -, suspirando leve. Me levantei, arrumei seu café enquanto ele colocava a menina na cadeirinha, e o servi.

here it comes

to bring a little lovin\' honey

to take away the pain inside

here it comes

is everything that matters to me

is everything I want for life...[1]

Ele comia tranquilamente, até que o telefone tocou. Era um de seus amigos, avisando-lhe de que logo estava chegando para passar o dia com ele, lhe fazendo companhia.

Acho engraçado a maneira com que ele agradecia e pedia - por favor - para não se preocupar, porque ele ficaria bem. Ele estaria bem se tivesse a pessoa que ele realmente queria, é verdade, mas isso não transparecia no som de sua voz tão suave que quase desaparecia na infelicidade da ausência da pessoa que ele estava longe.

\"Estou com saudades do Jin, Nana-chan. Nos dias em que ele estava aqui, eu não podia estar... E agora, é minha vez de esperá-lo, mas... Me dói tanto a saudades...\", ele murmurava, deixando sua xícara de café sobre a mesa e ajeitando-se melhor na cadeira trabalhada de madeira escura.

Perdi as contas de quantas vezes ele já me disse que dói a saudade, mas ele sempre assumiu que gostava dessa dor, gostava de sentir isso porque era a prova que qualquer pessoa precisava pra saber o quanto seu amor por Jin era enorme. E era realmente, sobretudo pelo carinho todo que eles tinham um pelo outro.

namae wo kureta yuiitsu no anata e

kono mama soba ni ite kurenai ka...[2]

E o dia transcorria. A companhia permanente de Aki era sua filha Akemi, fruto do amor que tinha com Jin, e era ela que tirava um pouco da dor que ele tinha dentro do peito - se bem que Aki sempre disse achar gratificante poder sentir uma dor assim, leve, pois não era dor de abandono, era a dor da falta, a ausência daquilo que mais amava.

Mas eu sabia que ele o amava e que, daquele sentimento, ele jamais abriria mão. Aki amava tão infinitamente Jin que sempre disse ser capaz de dar a própria vida por ele... E era simplesmente indubitável aquilo, ninguém poderia arriscar dizer que era mentira, ou que não se amavam.

Aki se levanta e caminha até a janela, suspirando. Olha o além, sorrindo leve. No horizonte, as luzes já estavam acendendo. Ele surpira novamente e vira-se para mim, passando as mãos por seus próprios braços e murmura, baixo. \"Ele vai vir pra mim... Logo, ele volta pra mim...\"

Mitsumeteitanda toumeina ondo de

kawaranai to shinjite kimi wo sekai ga owaru hodo ni [3]

Mas, eis que a porta se abre e percebo que Aki sorri e corre em direção a porta. Ele conhece bem o som do sorriso de Jin, que joga seu casaco num canto e o puxa pela cintura num abraço terno e perfeito. A passionalidade dos olhos dele nos de Aki são perfeitamente estampados, tão sutis e carinhosos como um leve sopro de verão que aquece a pele.

Ou Jin é o verdadeiro fogo que mantém a vida de Aki ali, ainda. Eles se amam, de verdade. Se amam mesmo, e é impossível negar que não.

\"Jin... Senti tanto a sua falta...\", ele sorri docemente e o abraça mais forte. \"Eu te amo...\"

I\'LL BE WITH YOU, kimi ga nozomu towa no saki made[4]

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.