— Nico! Nico! Ela quase disse “papai”!

Nico enxaguou a boca e largou a escova de qualquer jeito na pia, saindo depois do banheiro para o quarto.

— Sério? – Nico sorriu para a bebê que lhe sorria de volta no colo de Will.

— Eu tenho certeza! Vamos, Mae! Tente de novo! “Papai” – Incentivou Will. - Vamos lá.

Maeve sorria de um para outro e começou um discurso bastante agitado na língua dos bebês, que ela falava fluentemente.

— Ela deve estar dizendo que não vai aceitar ser pressionada.

Nico se juntou a eles na cabeceira da cama cheia do colorido de brinquedos espalhados. Maeve esticou as mãos para tocar seu rosto.

— Acho que ela gosta da cor do meu cabelo... – Comentou ele enquanto ela puxava algumas mechas dos fios escuros.

— Ei, olha aqui Maeve! Amarelo também é uma cor bonita! – Will chamou a atenção dela, inclinando a cabeça para mostrar o cabelo loiro. - Vê? A-ma-re-lo.

Maeve olhou, mas resolveu sair engatinhando pela cama para onde estavam os brinquedos.

— Ela ama você mais – disse Will com um biquinho de mágoa forçado para o qual Nico revirou os olhos sem parar de sorrir.

Will chegou mais perto dele apoiando a cabeça em seu ombro. Eles observaram a pequena Maeve se distrair com o brinquedo que imitava sons de bichos. O som do elefante a fazia rir e bater palmas, ela o apertou várias vezes.

— Ei, você sabe que dia é hoje? – disse Will, cruzando seus dedos com os de Nico.

Nico tentou descobrir se estava esquecendo alguma coisa, mas não lhe veio nada.

— Que dia é hoje?

— É dia dos pais – Will respondeu.

Nico jamais teria adivinhado. A data nunca tinha significado muito para ele. Não se dá canecas de “Melhor Pai do Mundo” ou “Meu Herói” para o Senhor dos Mortos, muito menos porta-retratos de macarrão. E até pouco menos de um ano, ele sequer tinha pensado que um dia seria pai.

Ele lembrava de decidirem que para facilitar a vida de Maeve, a ensinariam a chamá-los pelos nomes. Na primeira oportunidade, no entanto, eles já estavam falando com ela referindo-se a si mesmos como seus pais. Nenhum dos dois queria perder isso, e eles resolveram que criariam sua própria lógica para o vocativo, mesmo que o resto do mundo achasse confuso.

— Feliz dia dos pais – Will falou perto do seu ouvido.

Nico sorriu para ele.

— Feliz dia dos pais.

Ele sabia que ambos estavam pensando no futuro, em como seria ouvir isso da própria Maeve dali a algum tempo.

Ela tinha pegado um dado de pelúcia. Sacudiu para ouvir o barulhinho que fazia, depois ofereceu para eles o objeto.

— Pa... Papa.