Sogans

Tapeado - Filler


— Eiiii, Rafa, abra a porta!

Catarina estava tentando acordar Rafael, que dormia em seu quarto.

— Vamos! Já é duas da tarde e o treinamento vai começar daqui meia hora! – A garota que estava tentando chamar Rafael se chamava Catarina. Cabelos loiros, lisos, longos e uma franja que descia até suas sobrancelhas, olhos verdes, pele clara como a de Rafael, um corpo malhado, porém sem muitos músculos. Usava uma camiseta preta de mangas curtas com estampa do Raul Seixas e uma frase que dizia “Maluco Beleza”, calça legging preta e tênis esportivos pretos. Ela já estava batendo na porta há uns 10 minutos, e não aguentava mais esperar. – Certo Rafa, eu não queria fazer isso, mas o treinador me disse para te trazer, e se eu não cumprir o que me foi dado, vou ter que fazer o dobro de exercícios.

Catarina se posicionou para dar um soco e derrubar a porta automática feita de ferro, mas no momento em que foi desferir o soco, Rafael abriu a porta, fazendo com o soco o acertasse em cheio em seu estômago.

— Ai meu Deus! Rafa!

Catarina correu até Rafael, que foi parar na cama, deveras atordoado.

— Me desculpa! Eu juro que não quis acertar você, mas quando te vi, não consegui ser rápida o bastante para me conter! Desculpa, desculpa, desculpa! – A garota estava de joelho ao lado de cama, sua expressão demonstrava nervosismo e culpa.

— Você também tá vendo essas estrelas encima da minha cabeça? São tão lindinhas... – Rafael disse com uma voz tonta e fraca. E então desmaiou por cinco minutos. – Ai meu abdômen...

— Até que enfim você acordou! – Catarina agora estava sentada em uma cadeira posicionada em frente ao teclado de Rafael. – Desculpa pelo soco, Rafa!

— Na boa... Como isso foi acontecer? – Rafa foi se levantando até ficar sentado na beirada da cama e colocar seus chinelos, e então se levantou. Usava uma camiseta branca com uma estampa escrita “Undertale”, e calça moletom azul escura.

— Bem... Eu vim te chamar, já que você está atrasado pro treino, mas como você não abria a porta pensei em arrombar – Catarina agora estava de pé, enrolando os cabelos em seu dedo. – Você sabe como o treinador é...

— E só por isso você ia destruir minha porta? Eu deveria estar bravo com você, mas vou deixar passar, já que estamos falando do doido do treinador. Haha. – Bem, por sorte eu ainda tenho uma porta, e preciso que você saia por ela para eu poder me trocar.

— Certo. Vou te esperar aqui na frente. – Catarina já estava fora do quarto. Ainda se sentindo culpado pelo golpe desferido em seu companheiro. – Novamente, me desculpa... Mas se você levar mais que 5 minutos, eu arrebento essa porta e te levo na marra. – E então a porta se fechou, deixando o Rafael sozinho em seu quarto.

— Aiai, isso vai ficar roxo. – Disse se olhando no espelho. – Bem, não é nada demais de qualquer jeito. Vou me apressar, pois não seria nada legal ter uma porta de ferro voando na minha cabeça.

— Ei! Vou derru... – Antes que Catarina pudesse completar a frase, a porta se abriu.

— Você vai o que? – Rafael esboçava um sorriso de superioridade, orgulhoso de ter se trocado a tempo. Agora estava usando uma regata verde clara, exibindo seus braços magros, porém malhados, shorts tactel azul e tênis esportivos pretos. – Você deveria controlar sua vontade de destruir as coisas, sabia?

— Foi mal, é mais forte do que eu, mesmo eu sendo bem forte. Haha.

Agora os dois estavam andando pelos corredores, que eram de metal e muito bem polidos. Todas as portas eram iguais, automáticas e cinzas, devido ao material delas, porém o fato de todas estarem fechadas incomodou Rafael.

— Ei, Cat, você não acha que aqui está silencioso demais?

— É horário de treino, bobinho, e muita gente tá trancada no quarto só para cabular o treinamento. E, Rafa, vai indo na frente que eu preciso dar uma parada no banheiro. Te vejo na quadra. – E então saiu correndo parecendo que estava segurando uma risada, porém Rafael não percebeu, devido ao sono inexplicável que estava sentindo, já que foi dormir cedo no dia anterior.

— Tá... Até.

Depois de mais uns cinco minutos de caminhada pelos longos corredores da academia, Rafael finalmente chegou ao seu destino, mas para sua surpresa, não tinha ninguém lá, e as luzes estavam apagadas. Imaginou que ainda não tinham chegado.

— Bem, devem estar vindo... Ela disse que todos estavam aqui, certo? Eu deveria ter trazido meu relógio. – Disse Rafa batendo a ponta do pé esquerdo no chão de ansiedade. – Irei esperar, então.

Então Rafael esperou por mais meia hora, mas ninguém aparecia, nem mesmo barulhos vinham do corredor, o quê o fez ficar bastante incomodado.

— Espera um momento... Portas fechadas, nenhum aluno por aí, quadra vazia, eu estar atrasado, e ela disse que ia ao banheiro tem meia hora... – Rafael olhou para o telhado com um olhar de quem percebeu a coisa mais óbvia do mundo e estalou os dedos. – Não acredito! Fui tapeado!

E então saiu correndo de volta ao seu quarto para ver o horário. Rafael fez uma cara de desgosto e indignação ao ver que ainda era quatro e meia da manhã.

— Eu fui mesmo tapeado... Aquela pirralha! Ela vai ter o dela. – Mas antes que pudesse pensar em fazer algo, foi pego de surpresa por um bocejo e lembrou que estava morrendo de sono. – Bem... Mais tarde ela vai ter o dela. Agora vou é dormir. Oh, doce cama.

E então Rafael se jogou na cama. Instantes depois dormiu, e só acordou as quatro horas da tarde, de modo que perdeu o horário do treino, fazendo Catarina rir ainda mais do que tinha planejado.