— Papai, papai, papai! — Gritava Rosie a correr, pulando de alegria com algo nas mãos que John não reconhecia. Chegando perto de si, pulou com força em seu colo, quase afundando a cadeira com o peso do impulso. John rapidamente segurou a ela e a si, com medo que caíssem.

— Rosie, o que eu já disse sobre pular desse jeito? Você poderia ter machucado a nós dois — repreendeu-a enquanto aguardava uma resposta da garotinha, que agora com seus seis anos de idade era um furacão em forma de gente.

— Desculpe-me papai — respondeu-lhe timidamente, torcendo as mãozinhas sobre o que carregava nelas — é que eu estou muito feliz. Olha o que o Dada me deu de presente — ditou colocando-lhe um objeto de frente ao seus olhos. Ele precisou focar a vista para poder enxergar o que era, mas mesmo assim, após visualizá-lo não pôde ainda o identificar.

— É bonito — se limitou a dizer, pondo um sorriso verdadeiro em seu rosto. Ele amava a relação que sua filha tinha com Sherlock, eram como pai e filha, tanto que Rosie apelidara-o de Dada uma forma carinhosa que ela passara a lhe chamar, quando pequena e não sabia completar as letrinhas da palavra Daddy.

— Não papai, não é bonito — respondeu-lhe Rosie alegremente, tirando-o de seus devaneios.

— Não?

— Não papai. É magnífico, maravilhoso, estupendo! — Disse-lhe animada, remexendo-se em seu colo, enquanto abraçava o objeto contra o peito com olhos brilhosos.

— E o que é? Eu sou leigo, seria bom explicar para o papai aqui, não acha? — Pediu já derrotado, seria impossível adivinhar o que era o presente de Sherlock para Rosie.

— É um quadro. Na verdade uma cópia.

— E quem é o artista minha princesinha?

— Ida Rentoul Otawaite¹ papai — ditou segura de si, sorrindo com o sorriso banguela pela troca de dentes a esperar uma resposta de John.

— Outhwaite querida Rosie — corrigiu-lhe Sherlock, que aparecera a pouco no umbral da porta que dava acesso as escadas do apartamento.

Rosie pulou de seu colo, correndo ao encontro de Sherlock, pulando em seus braços e abraçando-o com força.

— Obrigada Dada, eu amei o presente.

— Não há de quê Rosie — ditou carregando-a até John, sentando-se sobre o braço da cadeira, pondo-a novamente no colo de seu pai. Sherlock pegou o quadro, admirando-o.

— Quem é essa Ida Sher? — Perguntou John, curioso pelo estranho fascínio que os dois amores de sua vida tinham perante a imagem.

— Dias atrás Rosie me informou que havia visto um livro dela na Biblioteca,quando estiveram ali em excursão. O livro dela Elves and Fairies estava aberto na página 75, onde nossa garotinha viu essa ilustração feita pela senhorita Outhwaite.

— Eu me lembro desse dia, ela voltou mais animada do que nunca. Achei que fosse somente energia extra pelo açúcar ingerido, já que a mocinha aqui não me contou nada disso — ditou olhando-a para então sorrir enchendo-a de cócegas.

— Ela não te falou nada, pois veio a mim pedindo que conseguisse uma cópia. Eu tenho meus contatos e sem querer ofender John, mas Rosie e eu compartimos mais interesse pelas artes do que você.

— Hey, eu posso muito bem me interessar pela arte também — respondeu emburrado, cruzando os braços a olhar para os dois que riam de si, até que Rosie lhe abraçou e John lhe deu um pequeno beijo nos lábios.

— Não fica chateado papai, o senhor vai me ajudar a fazer minha fantasia.

— E a pendurar o quadro na parede do seu quarto — emendou Sherlock, abraçando-o também.

— Fantasia?

— Sim papai, iremos sair fantasiados para o Halloween não? — Pediu com os olhinhos esperançosos.

— Iremos, claro que iremos, como todos os anos, mas não sem antes pendurar essa coisinha aqui e me explicarem que fantasia termos que fazer.

— Eba! — Gritou Rosie animada, correndo para o seu quarto, com Sherlock e John andando atrás de si, enquanto intercambiavam uma mirada.

Image on p.75 of Elves & Fairies by Ida Rentoul Outhwaite. 1st edition, Lothian, 1916

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