Sobre Príncipes e Princesas

Desconfie de presentes reais


— Seu trabalho sobre Macbeth está tão bom, Emma — elogia a professora Florence. — Muito bem escrito! Muito bem construído! É isso que espero de uma aluna de literatura!

— Ah, que isso, professora Florence! Imagina, fiz isso na noite passada... sabe?

— Maravilhoso! — ela olha meu trabalho. — Vou te dar um dez e te pagar um jantar!

— Sério!

— Claro, tudo para minha aluna. O que você vai querer comer?

— Hum... salmão!

— Salmão — a professora Florence sorri. — Mas é claro... que não... plebeia! Acorda, plebeia!

Repentinamente a voz da professora Florence se transforma. O que me dá um susto. Acordo.

Diante de mim, comendo uma torrada, Leon.

Droga, odeio esses sonhos dentro dos sonhos! Fecho meus olhos, assim vou poder acordar deste pesadelo. Pronto, já passou. Abro os olhos e... mas que sonho é esse, hein? Certo príncipe continua diante de mim, comendo a torrada tranquilamente.

— Algumas realidades são piores que os pesadelos! — resmungo, me sentando no divã.

É, não estou dormindo, infelizmente, não é um pesadelo do qual possa acordar. Esta é a realidade.

— O que você está fazendo aqui? — indaga Leon, apontando o closet.

— Eu é que deveria estar perguntando isso? O que você faz aqui? — falo, enquanto tento acordar totalmente e manter um pouco da minha dignidade. Meu corpo está dolorido. Completamente dolorido. Não há um só lugar que não esteja doendo.

— Estão te procurando — responde. — Daphné já chegou para sua aula.

— Qual é a vantagem de casar se nem em minha “lua de mel” — faço aspas com a mão —, tenho descanso?

— Porque você ganhou um príncipe muito gato como marido — responde, dando uma mordidinha na torrada.

O encaro com meu olhar: "acabei de acordar, você não gostaria de ver uma garota irritada logo pela manhã...". Aturar o humor real desde cedo não é bom para a saúde.

— Você ainda não me respondeu — diz ele. — O que está fazendo aqui?

— Se alguém não tivesse ocupado toda a cama...

Leon ri. É de manhã. A manhã de meu casamento. Estou toda dolorida e servindo de motivo para a diversão do príncipe. O que mais quero da vida?

— O que foi?

— Você não reparou que... — aponta para uma porta, quase escondida —, seu quarto fica ali?

— O que...

Olho para a porta. Ontem, não a havia notado.

— Você não pensou que... Se bem que não há culpo, sei que dormir na mesma cama que eu é o sonho de dez entre dez garotas da nação — fala Leon. — Te compreendo.

Lanço meu melhor olhar: “Cala boca, Sua Idiota Alteza!”. Mais um pouco de treino e serei especialista nele.

— O que foi? Não fui eu quem disse, são as pesquisas! Pode procurar nos sites jornalísticos.

— Claro... — falo. — Essa pesquisa com certeza foi feita por um jornalista que comeu danoninho estragado. Super confiável!

— Não discuto fatos.

Ele dá os ombros despreocupadamente e abre a porta e um quarto tão grande quanto o outro se revela.

Me levanto do divã e me encaminho para meu verdadeiro quarto. Por que ninguém me avisa sobre as coisas? O que custa informa a pobre Emma?

— Pelo menos não teremos que dividir o mesmo espaço — falo, dando uma boa olhada no quarto, quase uma réplica exata do outro, até os móveis parecem gêmeos. — Por que você não me disse logo? Eu dormi no divã! — o acuso.

— Por que você não perguntou... — responde, como se fosse a pessoa mais inocente da face da terra.

Este príncipe adora me irritar.

— Claro, isso era tão óbvio! — quase acabo com o estoque de sarcasmo do mundo. — Escuta, você não tem coisa melhor para fazer, não? Não tem que levar seu traseiro real para algum lugar? Ou quer que eu dê um jeito nisso? Eu posso colocar seu traseiro em movimento rapidinho! — aponto para meu pé.

Leon se aproxima de mim. O que faz com que eu tenha que esticar meu pescoço para continuar o encarando. Por que os membros da família real tinham que ser tão altos e eu, tão baixa? Isso é uma injustiça.

Ele sorri. Um daqueles sorrisos cheio de petulância e arrogância que sabe dar tão bem. Me encara.

— O que foi? — estou ao ponto de cumprir minha ameaça.

Ele me encara ainda mais.

O que mais me deixa nervosa, mais do que suas respostas ridículas, é o seu silêncio.

O encaro também.

— Você!

— Seu rosto está... muito colorido... um verdadeiro espetáculo — solta uma risadinha.

Continuo o encarando por alguns segundos, sem entender o significado de suas palavras. Algo grita lá no fundo do meu cérebro: a maquiagem. Droga de maquiagem! Por que eu fui dormir sem tirá-la? Meu rosto não deve estar lá muito apresentável.

— Seu... — começo, esperando encontrar um adjetivo daqueles para Sua Idiota Alteza.

— Emma! — sou interrompida pela voz animada de Charlie. Animada demais, é preciso ressaltar.

Olho em sua direção. Uma Charlie toda saltitante segura a maçaneta da porta do meu quarto.

— Tenho uma surpresa para você! — anuncia ela, toda orgulhosa.

Mais essa agora. Surpresas da princesa caçula não são exatamente... legais. Ainda não me recuperei completamente da última.

— E para você também, Leon! — diz ela.

— Ah... — Leon a analisa. — Surpresa? Contanto que nada seja incendiado ou pararmos na polícia... fico satisfeito.

— Aquilo só foi um pequeno acidente de percurso — afirma Charlie. — Nada demais. Acontece.

— Claro — responde ele. — Minha irmãzinha é um anjo!

— Sou mesmo — ela afirma, colocando a mão na cintura, desafiadora.

— Charlie, estou atrasada... — resolvo interromper a briga dos irmãos reais. — Minha aula com a Daphné já deveria ter começado há alguns minutos e eu ainda preciso tomar um banho...

Posso até imaginar o sermão que irei tomar sobre a pontualidade real.

— Ah, é isso? Dou um jeito na Daphné para você! — garante. — Não se preocupe. Vá tomar seu banho! — me empurra até o banheiro. — E gostei... dessa maquiagem pitoresca! — ri.

Entro no banheiro e vejo no enorme espelho (já disse que tudo aqui é muito exagerado?) minha figura. Como isso foi acontecer? Meu rosto está parecendo um quadro de arte abstrata. Sério. Eu ganharia muito dinheiro expondo minha cara. Aquele príncipe deve ter se divertido muito ao ver essa verdadeira arte contemporânea em que se transformou meu rosto.

Charlie cumpriu mesmo a sua promessa, pois encontro ela e Daphné conversando animadamente. É o jeito Daphné de ser animada... mas, é um grande progresso. Ela nem me dá um sermão por meu atraso!

— Desculpe, eu... — começo.

— Charlotte já me explicou, Emma — diz Daphné, tomando um gole de chá. — Você está em sua lua de mel... temos que levar isso em conta.

Olho para a inocente Charlie que sorri, enquanto come um biscoito. Posso até imaginar o que ela andou falando. A princesa caçula tem uma mente maquiavélica, não há dúvidas.

Daphné aponta a cadeira em sua frente e Charlie se vai.

Tenho uma aula bem interessante, aprendo muita coisa útil e que não poderia viver sem, só que ao contrário.

Gasto boa parte do meu dia na aula com Daphné. Será que nunca vou me livrar disso?

Qual é a vantagem deste casamento?

Mas, como tudo nesta vida passa. Minha aula com Daphné chega ao seu final.

Charlie salta em minha frente, quando saio da aula. Não, essa não foi uma figura de linguagem, ela literalmente deu um salto.

— O que você está fazendo?

Ela me olha.

— Emma, o que há com você? Você não lembra da minha surpresa? Que decepção, hein! — faz beicinho.

Daphné e sua aula muito empolgante (só que ao contrário) tinham feito eu esquecer.

— Ah... isso... qual é a surpresa?

Ela sorri. Um sorriso um tanto diabólico.

— Uma festa!

Lanço a ela meu olhar: “jura? Festa? Oh, é tudo o que mais queria na minha vida agora!”.

— E quando será isso?

— Hoje! — pelo visto meu olhar não deu muito certo, pois Charlie o ignora totalmente.

— Hoje? — meu tom é tão animado quanto ao de um estudante antes da prova de matemática. — No palácio? Mas...

— Não, óbvio que não é no palácio — nada pode derrubar o ânimo de Charlie. Nada. — As festas daqui são tão... divertidas quanto ouvir uma palestra sobre a história da família real. Tenho um lugar muito melhor!

— E como você vai ter autorização para isso?

Este é um dos fatos mais tristes de ser um membro da família real. É preciso pedir autorização para cada passo que você dá. Não sei como respirar ainda não precisa de permissão. Sei que é por causa da segurança e blabla. Mas que isso é chato, é chato.

— Já tenho — sorri, satisfeita consigo mesma. — Vai ser uma festa informal, simples, só para os íntimos...

Claro, o conceito de informal e intimo é extremamente relativo, já aprendi essa lição.

— Agora — ela me empurra —, vá se arrumar! Está quase na hora de irmos! Preparei tudo!

— Mas...

— Nem vem com “mas” ou meio “mas” — me interrompe. — Eu te salvei de um sermão da Daphné! Você me deve isso!

Ah, estes membros reais. Por que nada sai de graça? Tudo tem um preço. Tudo.

— Sua... chantagista!

— Oh... assim, você me ofende — finge indignação. — Eu te salvei da Daphné! Se você não for... — sorri maquiavelicamente. — Vou... te atormentar pelo resto de sua vida. Quando você estiver estudando, eu vou estar lá. Quando você estiver lendo, eu vou estar lá — diz ela com uma expressão séria, que não me faz duvidar de suas afirmativas. — Quando você estiver dormindo, eu vou estar lá. Quando você...

— Tá! Eu entendi perfeitamente o recado. Eu vou! — me rendo. É preciso reconhecer as batalhas perdidas.

Ela me empurra até meu quarto.

— Se aprese! Dentro de 15 minutos venho te buscar! Não queremos chegar atrasada na festa — me adverte, fechando a porta.

Esta princesa caçula, às vezes (sempre), passa dos limites.

Como estou muito cansada para fazer qualquer tipo de protesto e não quero verificar se a promessa de Charlie é verdadeira ou não, resolvo ir a esta tal festa. Afinal, o que pode acontecer? É só uma festa, não é mesmo?

Procuro no closet/loja de roupas por algo mais confortável, e me contento com um vestido verde de manguinhas curtas, com um aspecto não muito extravagante. Escolho uma sandália de salto baixo, que não vai fazer meus pobres pés quererem se rebelar contra mim.

Deixo meu cabelo solto e estou pronta.

Charlie, pontual, chega em meu quarto.

— Vamos! — e vai logo me levando no furacão denominado Charlotte. Um furacão energético demais.

Na garagem, Leon nos espera. Há alguma coisa faltando...

— Cadê os guarda-costas? — indago, tentando localizar algum sinal de ternos pretos.

— Nos livramos deles! — responde Charlie,

— Como? — indago, perplexa.

Leon me olha.

— Verdade, nos livramos deles e, olha só, as vacas também começaram a voar! — um sorriso brincalhão paira em seus lábios. — Eles vão atrás de nós em outro carro... Minha irmãzinha adora pregar uma peça — dá um cutucão em Charlie.

— Vão... mas, o número foi reduzido... — se defende Charlie. — E eles vão ficar bem distante de nós! Será como se eles nem estivessem por perto — garante cheia de convicção.

Também não temos motoristas. Me sinto quase livre deste jeito.

Leon dirige o carro e Charlie preenche o silêncio com sua tagarelice. E, eu? Bem, tento não criar teorias conspiratórias ou algo do gênero sobre esta festa...

Chegamos a uma imensa mansão, sabe aquelas mansões de filmes no meio do nada, sem vizinhos por perto? Então, parece que estou em uma réplica de uma destas.

O som da música é tão alto que no jardim é possível escutar perfeitamente. Também é possível escutar gritos e risadas. Estou vendo que o conceito de festa “simples”, não é exatamente o meu conceito de festa simples. Por que não estou surpresa?

— Isso vai ser tão divertido! — exclama uma eufórica Charlie ao meu lado. Eufórica demais.

Se do lado de fora a “festinha” da princesa já chama atenção, dentro a coisa é pior. Um completo caos, pessoas dançando pelo enorme salão, luzes coloridas piscando incansavelmente, se alguém for epilético certamente terá um grande problema. O som é muito alto. E há muitas pessoas. Fico um tanto zonza no meio de tudo.

Quando olho ao meu lado, Charlie já não está. Leon ficou atrás, atendendo a uma ligação. Perfeito. Estou sozinha em meio a este caos. Que presente!

Já mencionei o fato dos membros da família real não saberem dar presentes?

— Gostando da festa, Emma? — alguém sussurra em meu ouvido.

Will sorri.

— Claro — respondo ironicamente.

— Uma bebida? — me oferece um dos copos que têm nas mãos. — Este drink está perfeito!

— Eu não bebo — respondo.

— Tem certeza? Pegue... se você não bebe a melhor forma de evitar que todo mundo te ofereça uma bebida é ter uma nas mãos — afirma.

Olho para ele. Ora esta, existe um cérebro por trás do senhor “sou-muito-sexy-muito-sexy”.

— O que foi?

— Nada... É que isso faz sentido — pego o drink que ele me oferece.

— Sinta-se à vontade, a casa é sua.

— Como?

— Esta é minha casa, emprestei para Charlie. Por isso, como dono da casa lhe dou as boas-vindas. Divirta-se.

Até que Will está sendo mais agradável hoje, sem todo aquele ar de sexy e arrogância que ele transmite ao respirar.

— Obrigada.

Ele me lança um dos seus sorrisos sexy. É, não se pode elogiar demais ninguém.

— Will! — Muriel grita, jogando-se nos braços dele.

Acho que alguém já passou os limites da sobriedade há muito tempo.

— O que foi, querida?

— Vamos dançar! Não me abandone — diz ela, se agarrando nele.

Ele ri e acaricia seu rosto.

— Vamos sim. — olha para mim. — Divirta-se — e isso me soa sincero.

Ok, acredito veementemente que há algo nestas luzes e nessa música que afeta a percepção das coisas ou afeta as pessoas.

Muriel e Will vão dançar. E eu fico observando tudo isso, digamos que de certa maneira perdida, certo, admito, totalmente perdida.

— Emma! — uma sorridente e deslumbrante Lyane me cumprimenta.

Ela está incrivelmente bem em um vestido vermelho justíssimo que realça cada curva do seu corpo perfeito. Seus cabelos cor de fogo estão presos em uma trança. E um batom vermelho estonteante dá o toque final em seu visual.

— Hoje sou a mulher vermelha!

— Melisandre ficaria com inveja de você! — rimos. — Você está incrível! — digo.

— Obrigada! Este vestido ficou ótimo em você.

— Obrigada — sei que ela está sendo muito gentil comigo, meu vestido verde não se compara com o dela.

— Isto aqui está muito agitado, não acha?

— Sim — respondo.

Falar quase os berros para ser escutado, com certeza, é a prova disso.

— Vamos lá para fora? Está mais calmo — diz Lyane.

Concordo imediatamente. Sigo-a.

Lyane deve conhecer este lugar muito bem, pois sem a menor dificuldade, ela me conduz até a piscina.

— Bem melhor — fala, se sentando em uma das esteiras. — Quase ninguém vem aqui. Eu não gosto muito de festas — confessa. — Já Muriel e Will adoram! — sorri.

— Você os conhece há muito tempo?

— Sim. Eu conheço Will desde o jardim de infância e Muriel desde que... deixa eu ver... desde a barriga da minha mãe. Nossas mães se conheceram em um grupo para gestantes. Desde então somos amigas.

— Uau, isso é muito tempo!

— Muriel é alguns dias mais velha do que eu, por isso ela tem todo este instinto protetor de irmã mais velha... — me analisa. — Mas, ela é uma pessoa legal, não se deixe enganar pelas primeiras impressões.

Lyane faz uma pequena pausa.

— Ela, às vezes, passa um pouco dos limites quando se trata de me proteger... — me lança um sorriso um tanto parecido com uma justificativa. — Por isso, tenha um pouco de paciência com ela... Muriel...

Proteger? O que isso significa? Será que... não, isso seria absurdo demais. Eu não fiz nada para Lyane para que Muriel quisesse me atacar como um lobo defendendo sua cria.

— Lyane, eu...

— Emma, aí está você! — grita Charlie interrompendo a conversa entre eu e Lyane. — Eu estava te procurando! A festa é sua e você está aqui?

Charlie pega em meu pulso.

— Eu me empenhei tanto nesta festa! Você me decepciona desta maneira — diz, me puxando. — Vamos nos divertir.

Sem ouvir meus protestos, ela me leva até a pista de dança.

— Charlie!

— Relaxa, Emma! Aproveita!

Ela começa a fazer passos engraçados. Pessoas ao nosso redor, completos desconhecidos para mim, imitam os passos dela. A música é muito alta, e as luzes devem ter algum poder alucinógeno. Tudo isso combinado dá uma sensação estranha. De repente, seu corpo começa a se mexer por si mesmo, sem nenhum comando, ondas o atravessam. E me vejo dançando. Quer dizer, balançando meu corpo ao acaso, porque realmente não é uma dança o que estou fazendo neste momento.

Céus, o que aconteceu com Emma Jones? Emma Jones, a garota que ama ficar em seu cantinho lendo e longe o máximo possível de agitações, que ama se enroscar no sofá com um balde imenso de pipoca em dias chuvosos, assistindo sua série preferida. Esta mesma Emma Jones que dispensou todas as festas que foi convidada na faculdade (foram apenas duas e o convite foi para toda a turma). Esta mesma Emma Jones agora está se divertindo em uma festa. E ela nem está bêbada!

Mas, a verdade é que isto aqui é até divertido. Deixar meu corpo se mover livremente, sem restrições, apenas seguindo o ritmo da música é de certo modo... libertador.

Como sou nova em tudo isso, acabo me cansando, depois de um certo tempo, e constato que preciso de um pouco de ar. Meus pulmões agradecem.

Saio da pista da dança e me encaminho até a piscina que Lyane me mostrou. Quando já estou próxima a porta de vidro que dá acesso a ela, escuto duas vozes discutindo. Resolvo retornar, não quero escutar uma discussão. No entanto, algo me detém.

— Espera... — a voz de um homem... muito familiar... Leon?

— Não temos mais nada para conversar... — a voz de uma mulher... Lyane?

— Espera!

— Eu não vou mais te perturbar com minha presença não se preocupe, certo? — a voz dela parece exaltada e ao mesmo tempo triste.

— Você sabe que...

— Não precisa explicar, eu sei...

Olho através da porta de vidro e vejo Lyane e Leon. Ela sai, quase correndo, em direção ao jardim.

Leon passa a mão pelos cabelos de modo exasperado, os bagunçando completamente. Ele está frustrado.

Tudo se encaixa em minha mente. Leon e Lyane... os dois...

Os olhos de Leon me capturam.

— Emma?

Pior hora para ser descoberta.