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*tema: Beethoven’s Romance in F*

Abri os olhos no dia seguinte enquanto a luz ainda não havia chegado. Havia luz... mas a luz da noite ainda se misturava com a luz que chegava. Eu dormia pouco, era fato. Bem, eu estava morta. Era outro fato. Mortos não deviam dormir. Apesar de Carlisle achar que havia vida em mim, eu dela pouco conhecia. A vida que poderia estar dentro de mim era uma desconhecida intrusa que teimava em aparecer, mas da qual eu não desejava separar-me. Ainda travestida nas roupas para dormir que Rosalie e Alice me fizeram adquirir, desci até a varanda traseira da casa, enquanto os primeiros raios do sol penetravam por entre as nuvens de mármore. Era como se uma força além do meu querer me guiasse. Eu talvez não estivesse apropriada para perambular pela casa alheia. O quintal dos Cullen era gramado.. e a grama estava coberta por uma relva gelada. O sol… eu só o vira uma vez até então.

Meus pés descalços me guiaram até o quintal, e meus braços se abriram instintivamente enquanto eu fechava os olhos e deixava o sol tocar minha pele. Não temia que ele me queimasse novamente… teríamos que chegar a um consenso. Eu tanto desejei o sol, ele não podia me fazer um mal maior.

_Ela é fascinante. – Um som vocal foi captado por meus ouvidos. Vozes… elas pareciam se dirigir a mim, mas meu corpo não se movia. Estava de pé no meio do quintal, sorvendo o sol que aos poucos encontrava passagem no céu. Finalmente eu tinha o sol para mim, e não abriria mão dele facilmente.
_Ela é estranha. Demais. – Ah, Edward. Sim, eu era estranha. Eu acabei por sempre ser a estranha do covil. Aquela que não se satisfazia com nada, que não compartilhava das necessidades dos outros. Aquela que, por uma eternidade, desejou fugir. Consumida pelo medo, era apenas a estranha. Então ele tinha percebido aquilo. Ou usava as palavras como forma de desdenhar de mim. Por que ele pretendia desdenhar, eu não sabia.
_Não precisa ser sempre tão rude, Edward. – A voz feminina me permitiu então conhecê-la. – Lembre-se, ela é nossa hóspede… aprenda a ser gentil e deixe de ser tão… mal humorado.

Mal humorado! Eu jurava que aquele se tratava do puro de maior senso de humor que eu já sonhei conhecer. Apesar de que eu nunca havia sonhado conhecer um puro… eu os temia, verdadeiramente. Mas, se os conhecesse, jamais seriam como Edward. Ele parecia bem humorado, ao contrário do que previra Rosalie. Talvez fosse apenas um mau momento. Meu corpo acabou por obedecer aos comandos simples de meu cérebro e me virei novamente para a casa, intentando retornar e preparar-me para a escola. Afinal, era para aquilo que os dois me aguardavam, certo? Virei-me rapidamente, então. Meu nariz atingiu algo, e meus olhos em um lampejo se abriram para identificar o objeto que se havia colocado em meio ao meu trajeto.

O sorriso de Edward.

Se eu desejava tocá-lo antes, aquele toque então fora involuntário. Constrangedor, provavelmente. Nariz em seu peito, meu corpo desequilibrado pendeu para sua direção. Eu havia simplesmente girado sobre meu eixo, não havia muito equilíbrio naquele movimento. Olhos fechados, eu estava vulnerável. Suas mãos firmes me impediram de cair, se eu fosse fazê-lo.
_Adorando o sol? – Ele perguntou, sarcástico. O sarcasmo… eu sabia que uma hora ele seria completamente inútil. Mas eu não entendia porque ainda me sentia constrangida com algo. Na presença de todos, eu soava como um absurdo. Na presença de Edward, eu era o próprio absurdo.
_Só checando. – A frase mais tola que saiu de minha boca durante toda a minha estada com os Cullen. Edward gargalhou novamente, sem soltar-me. O sol nos iluminava e ele parecia reluzir… lembrei-me de quando o sol o atingiu pela primeira vez.
_Vista-se. – Ele parecia mesmo mal humorado. – Vamos sair.
_Não vamos à escola? – Assombrei-me. – Pensei que era proibido faltar aulas.
_Não posso ir à escola brilhando como um cristal, posso? – Mais sarcasmo. Talvez eu merecesse… ou fosse tão simples ser sarcástico comigo que ele havia decidido testar. Como eu, só checando. – Se eu, ou qualquer um de nós, aparecer na escola imerso em glitter, todos vão imediatamente notar que somos…
_Vampiros?
_Diferentes, Bea. Não acreditam em vampiros.
_Não gostaria de ser diferente?
_Já sou diferente. Não gostaria de dar explicações.

Edward finalmente soltou-me, e entrou. Levei alguns instantes para recompor-me. Respirei fundo… o oxigênio me deixou embriagada. Meus olhos capturaram Rosalie, que me observava. Talvez ela tivesse observado tudo… ficaria ela intrigada? Os Cullen poderiam se incomodar com todo aquele fascínio que Edward estava a exercer sobre mim? Um fascínio que eu mesma não conseguia entender. E com o qual eu passara a me preocupar.

Fingi que não estava totalmente embaraçada em estar ali, naquelas condições, e entrei correndo na casa. Fui diretamente para meu quarto, o que não me impediu de ouvir um comentário proveniente da boca de Rosalie.
_Realmente Alice… ainda bem que não insisti naquelas roupas mais… ousadas. Nem assim consegui livrar todos os machos da família Cullen…

Se eu fosse um deles, humana, eu estaria vermelha. O embaraço que eu sentia era tão grande que tudo dentro de mim ardia. Eram mesmo sensações completamente novas para mim… completamente inexplicáveis. Fechei a porta atrás de mim, o peito arfante, o cansaço aparente. Busquei em minhas roupas algo que não provocasse Edward… se eu soubesse exatamente o que o provocaria. Talvez… talvez eu não devesse deixar a minha pele exposta, demais. Estava quente, o sol cintilava no alto do céu, e eu previa cobrir tudo que estivesse exposto. Sim, poderia ser aquilo. Quando eu o vi semi vestido, eu senti coisas que não podia explicar. Talvez ele pudesse sentir o mesmo.

Desci as escadas, para encontrar meu destino.
_Vão vocês. – Peguei o final da fala de Edward. – Eu… levarei Bea a um lugar especial.
_Oh oh… – Emmet comprimia seus lábios em um bico. – Oh oh
_Okay, isso agora foi… confuso. – Jasper, o mais diferente. – Que lugar especial?
_Meninos. – Esme pareceu captar algo que eu ainda não tinha captado. Eu era mesmo lenta o suficiente. – Deixem Edward em paz… por favor. Vamos Carlisle… vamos levar os meninos.
A porta se fechou, ouvi o baque surdo da madeira batendo. Logo, Edward estava de pé em minha frente, como se ele tivesse sentido a minha chegada mas só pudesse estar à vontade naquele momento, depois que todos saíram.
_Está pronta? – Ele me encarou, e eu pude imaginar minha face ao olhá-lo. Ele tinha olhos sombrios, inexpressivos, muito diferentes dos que eu vira antes. Edward antes era suave, quase como uma pintura aquarelada. Mas aquele Edward parecia um afresco severo… suas linhas faciais se perdiam em um vazio inacabável. Oras, eu estava prestando mais atenção naquele vampiro do que eu deveria.
_Estou…

Aquele seria definitivamente um dia de sol. E sem a escola. Iríamos para o lugar especial de Edward, e ficaríamos ali o dia inteiro, previ. Entendi que ele não desejava ser visto por humanos durante seus momentos de brilho intenso, e imaginei que o passeio seria longo. Edward me colocou em seu carro prata e guiou comigo por vários caminhos que eu desconhecia, mas eu não estava prestando atenção. Quando ele finalmente parou, eu ainda não prestava atenção. Ele parecia então mal humorado… como Rosalie previu. Mas ele não estava com aquele humor sombrio antes, e eu não sabia o que poderia tê-lo alterado tanto. E não prestar atenção pareceu não contribuir muito para meu estado inobservador.

O lugar era belo. Havia uma pequena construção de madeira com varanda e móveis gastos cobertos por invólucros poeirentos; e muito mais verde do que eu podia imaginar. O gramado era permeado de flores coloridas, e elas pareciam sorrir com a luz radiante que lhes alimentava. O sol era o alimento da superfície, eu sabia. Como o sangue nos mantinha vivos, o sol mantinha toda aquela beleza.
_Onde é aqui? – Eu precisei dar o primeiro passo em direção a um diálogo. Ele não parecia propenso às palavras.
_Meu esconderijo. – Ele sorriu, daquela vez um melhor sorriso. – A família… eles já vieram muito aqui, agora preferem geralmente jogos e ambientes mais radicais. Eu ainda gosto da tranqüilidade que esse lugar me passa.

Edward jogou-se no chão, sentando no meio da grama úmida. Chovia demais em Forks, era fato. Forks… o nome do lugarejo no qual os Cullen viviam, e que, por obra do destino, seria então o lugar no qual eu viveria. Se viver fosse um termo adequado.
_E o que vamos fazer?
_Nada. – Ele disse, com a expressão mais branda. Senti certo alívio instantâneo ao pensar nele mais…sereno. – Você quer fazer algo? Ou deseja apenas curtir o sol?

Ah, a tentação do sol! Sentei-me ao seu lado, não tão próxima que me pudesse fazer pensar em coisas ainda mais inadequadas do que meus pensamentos sombrios e descoordenados, não tão longe que me fizesse sentir agonia. Desde que eu chegara à casa dos Cullen sentia-me mais e mais próxima a Edward, como se estivéssemos conectados por uma linha invisível e muito curta. Eu desejava estar na presença dele… desejava estar próxima, ouvir sua voz e ver sua face gélida. Era como se a sua presença me causasse um bem ainda maior do que o sol. Se aquilo fosse possível.

_Você é… – pensei no que falar. – Como pode saber sempre o que fazer?
Edward riu, uma gargalhada. Como as que o vi rir com Jasper, quando nos encontramos pela primeira vez.
_Então é isso que pensa? Que sempre sei o que fazer?
_Sim.
_Sente-se bem? – Ele perguntou, deitando-se de lado. Sua pele reluzente ainda ofuscava minha visão turva pelo excesso de claridade. Ainda não estava muito afeita ao sol, apesar do desejo de sorvê-lo por toda uma eternidade. – Quero dizer… sente-se satisfeita?
_Sim. – Baixei o olhar. – Se me pergunta se tenho sede, não tenho.
_Isso é bom. Só precisaremos nos alimentar no final de semana, mas… como Carlisle disse que você está em adaptação… é bom ter certeza.
_Você está fugindo da pergunta. – Balbuciei. Sempre temerosa de enfrentá-lo em contestação. – Minha sede não o colocaria em risco, e você saberia o que fazer.
_Eu não sei sempre o que fazer. – Ele decidiu se posicionar. Eu olhava para frente, encarando o nada. Ele olhava para mim. – Eu… eu consigo saber o que as pessoas pensam.

Arregalei os olhos e me virei para a figura albina do vampiro.
_Como assim, saber o que pensam as pessoas?
_Não só as pessoas… tecnicamente eu posso saber o que qualquer um está pensando… qualquer um.
Pavor preencheu meus olhos. Sim, pavor. Ele disse claramente que poderia ler a mente de qualquer um… e a minha mente não parecia exatamente um local salubre para a leitura. Não naquele momento, no qual os pensamentos me traíam de forma tão cruel. Meus pensamentos eram tudo que eu desejava mais esconder, em mim. Antes caminhar nua por entre os humanos, se aquilo fosse tão ruim quanto eu supunha, do que deixar escapar uma centelha de meus pensamentos. Eles estavam permeados de negações, de dúvidas, de vontades que eu reprimia a todo custo.
_Edward… – Não tive coragem de olhá-lo. – Você…
_Sim. – Ele respondeu, sem que eu precisasse terminar a pergunta. – Eu juro que não queria lê-la, Beatrice… é um tanto quanto previsível demais, eu prefiro o mistério. Mas é inevitável.
_Você leu… você sabe tudo…
_Sim. – Ele disse, e pude notar seu sorriso envergonhado.
_Oh, mas isso é uma trapaça! – Elevei a voz pela primeira vez em sua presença. Os olhos ardiam em fogo quando olhei para ele, diretamente. Estava preenchida de cólera. – Como teve a audácia de ler-me…
_Já disse, é inevitável.
_Trouxe-me aqui porque sabe que pretendo me entender com o sol!
_Sim.
_Trapaça! – Protestei. – Ah, gostaria de enfiar-me no covil e não sair mais de lá por mil anos!
_Não precisa exagerar… eu só sei o que você estava pensando, não é algo tão ruim. É?
_Diga-me você! – Eu estava irritada, embaraçada, assustada e definitivamente envergonhada. Edward Cullen sabia de todos os meus pensamentos. E não eram pensamentos puros de anjo, ou pensamentos divagantes. Eram pensamentos certeiros, que miravam um alvo. Que, por sinal, estava a me falar.
_Por vezes senti-me até lisonjeado.

Então ele sabia! Sabia de todas as vezes que o admirei e sabia de todas as vezes que desejei tocar sua pele. Sabia que eu o achava lindo, lindo até demais para um puro. Sabia que eu o temia. Que eu temia os puros. Sabia das minhas indecisões, das minhas dúvidas e incertezas, sabia dos meus dilemas. Ele podia ler nos meus olhos a hesitação. Ah, maldito fosse aquele vampiro!

_Pois não deveria. – Tentei retomar uma postura retórica. – Estou apenas confusa… não deveria confiar em meus pensamentos.
_Não adianta ficar tão defensiva, Beatrice Caldwell. Afinal, para quem tem a mania de escutar os outros por trás das portas…
_Oh!! – Franzi o cenho, irritada. Muito irritada. – Edward Cullen… como ousa! Mente para mim, e agora acusa-me de espionagem!
_Diga-me que estou mentindo. – Ele desafiou, e seus olhos então brilhavam mais do que a pele.
_É injusto. – Baixei o olhar novamente. – Eu… não pretendia. Eu…
_Sempre se perde nas palavras quando está embaraçada.
_Estou aborrecida! – Protesto, novamente. Eu aprendi rápido demais a contestar Edward Cullen. Levantei-me, fincando os pés no gramado e caminhando pesadamente em direção à área coberta pela construção. Sol demais, sentia-me arder. Eu não sabia se a ardência provinha do astro rei ou de minha irritação repentina porque aquele vampiro me decifrara inteira. Eu não tinha como esconder dele nada, e definitivamente aquilo era perigoso. Eu sabia, tinha certeza que algo ainda atrapalharia toda a graciosidade de estar entre os Cullen.

_Onde vai, Beatrice? – Edward pareceu seguir-me, sem desejo de alcançar-me realmente. Ele poderia me alcançar em instantes, pois eu não me preocupava em velocidade.
_Para longe de você! – Mais protestos.
_Pretende voltar à casa caminhando?
_Pretendo afastar-me… nem pense em ler-me novamente, Edward Cullen!

Então sua vontade de alcançar-me voltou. Edward tinha a camisa aberta, quase todos os botões. Os pequenos raios luminosos que sua pele emitia causavam uma sensação dolorosa em meus olhos. Ele se prostrou em frente a mim, impedindo minha passagem. Desejei momentaneamente ser um fantasma, e ultrapassar-lhe o corpo físico como se fosse feita de ar. Minha ira aumentou ao ver que ele ria… como se algo ali fosse engraçado! Minha respiração estava novamente ofegante, mas optei por parar. Em alguns segundos, seus lábios sorridentes se cerraram em uma expressão confusa.
_Por que desejava tocar-me, Beatrice? – Eu gelei. Se pudesse tornar-me ainda mais gelada. Ele definitivamente sabia de tudo.
_Que pergunta tola, você já sabe a resposta.
_Não, eu não sei. Poder lê-la não significa que posso entendê-la. Você… já me tocou antes.
Ele estava terrivelmente certo. E inequivocavelmente errado. Eu nunca o havia tocado… não da forma impura que eu imaginava tocá-lo naquela noite. O simples toque de pele com pele não poderia servir para interpretar todos os desejos incompreensíveis que me passavam pela cabeça naquele instante. Então não, eu ainda não o havia tocado.
_Esqueça isso, Edward. – Tentei ignorar, seria melhor. Seria mais condizente com a sanidade. A minha sanidade. Meu organismo não estava ainda tão preparado para Edward Cullen como para o sol. Ou para as sensações que ele me fazia sentir. Ou para o seu sorriso. Definitivamente, nada preparado para toques. – Afinal, se vamos passar o dia ao sol, seria melhor que… esquecesse isso.
_Acho que preciso deixar-te mais tempo com outras pessoas. Estou… monopolizando você.
_Carlisle te ordenou cuidar-me.
_Foi conveniente.
_Garantiu a ele que eu não o atraía.
_Foi conveniente.
_Esqueça isso.

Voltei para meu lugar, ao sol. Dei as costas a Edward e joguei-me à relva, como fizera antes. Estiquei meus ossos no sol, e permaneci ali. Fechei os olhos, não queria vê-lo ou notá-lo. Eu estaria irritada com sua postura de leitor de mentes. Deveria estar, afinal eu me sentia invadida em minha privacidade. Toda a minha intimidade fora deflagrada por aquele vampiro.

Involuntariamente, minha consciência se perdeu momentaneamente. Eu não sei por quanto tempo, mas fiquei temporariamente desacordada. Como se houvesse adormecido ali, em meio ao odor adocicado das flores. Talvez eu tenha adormecido… o adormecer era um momento muito sombrio para mim. Jamais compreendia a reação de meu corpo, o relaxar dos músculos. Nada daquilo me fazia demasiado sentido, então preferia ignorar. Quando recobrei os sentidos, minhas mãos tatearam o ambiente ao redor. Os dedos tocaram a grama fresca. Tomei ciência de onde estava, recordando-me do meu momento ao sol. Abri os olhos, a claridade me causando extremo desconforto, e elevei meu corpo. Sentei-me na relva, e pude observar Edward ao longe, na varanda de madeira, sentado em um sofá empoeirado.

Levantei-me por completo, intentando chegar até ele. Não sabia quanto tempo havia se passado. Desequilibrei-me em direção à varanda, as imagens borradas e escurecidas, algumas nuances avermelhadas em tudo que via, uma sensação estranha de fraqueza. Em um segundo, Edward estava ao meu lado, amparando-me.
_Beatrice. – Ele disse, voz quase inaudível. – Venha… sente-se à sombra.
Conduziu-me literalmente até a pequena construção, sentando-me onde ele estava antes. Depois, adentrou no casebre e retornou com algo em suas mãos. Calmamente, Edward se sentou ao meu lado e depositou algo em meu cenho. Franzi-me toda, confusa. Estava completamente inebriada… sentindo como se meu corpo nada tocasse.
_O que faz?
_Você está quente… notou? – Ele disse, pressionando algo molhado contra minha pele. – É só um lenço e água fresca. Um remédio de Carlisle… ele costuma utilizar nos humanos que têm febre.
_O que é febre? – Eu realmente não sabia.
_O sol não te faz tão bem, Beatrice. – Ele ignorou meus questionamentos. – Alguém como você… não deveria estar quente. Esse calor… sua parte humana… Carlisle disse para ter cuidado. Você está em adaptação, não precisa deitar-se ao sol como se ele fosse desaparecer em instantes.
_Não precisa repreender-me. – Balbuciei.
_Não pretendo.

Meus olhos pareciam decididos a me desobedecerem. Eles se recusavam a manter-se abertos. Mas meus sentidos não se haviam perdido. Talvez estivessem descalibrados, talvez me pregassem peças. Os dedos de Edward tocaram-me a face, descendo da têmpora até o queixo, delineando cada contorno de minha simplória anatomia. Eu não pude vê-lo, mas jurava que ele sorria. Ele sorria bastante, e seu toque me transmitiu paz. Aos poucos, senti minha respiração mais lenta, como deveria ser. Os dedos desceram a contornar a linha de meu pescoço, deixando-se posicionar por entre meus cabelos. Um tremor em meus músculos teria sido sentido por ele. Foi impossível de controlar. Abri os olhos forçosamente, e o percebi mordendo o lábio inferior, que imediatamente se contraiu.

_Vamos voltar para casa. – Ele intencionou segurar-me em seus braços. – Você já teve muito do seu momento de sol, por um dia.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.