Snow

Capítulo 1


16h45 – porão do FBI

- Então, Mulder, você vai passar o Natal com a família? – Scully perguntou, tentando fazer passar mais rápido os últimos 15 minutos de trabalho do dia dedicado, por ordens expressas de seu chefe, a fazer a papelada dos últimos “casos” que ela e Mulder investigaram. Claro que sua parte estava pronta há muito tempo, mas não se podia dizer o mesmo de seu parceiro.
- Não. – ele não tirou os olhos da tela do computador, toda a sua atenção volta para alguma teoria da conspiração qualquer que circulavam na rede.
- Por que? – Scully resolveu insistir, a curiosidade aguçada. Tudo nele a interessava, era a pessoa mais... autêntica que conhecia.
- Porque não. Você vai ver a sua? – a tentativa de desviar o assunto da conversa não passou despercebida para ela, mas resolveu não insistir mais, ele falaria quando resolvesse falar e pronto.
- Vou sim, pego o avião hoje ainda.
- Com esse tempo? Você deve estar louca. Vai cair uma nevasca mais tarde, você não devia ir.
- Agradeço a preocupação com a minha segurança, Mulder, mas as passagens estão compradas. Além do mais, segundo a previsão do tempo, estarei segura em casa antes da nevasca começar.
- Que horas é seu vôo?
- Às 19h, por quê?
- Ah, então tudo bem. A nevasca começa antes e o vôo vai ser cancelado.
- Mulder, de onde você tirou isso?
- De um cara da internet. As previsões do tempo dele sempre dão certo.
- Ele é meteorologista?
- Na verdade não, mas de alguma forma sempre acerta. Nós devíamos investigá-lo em um próximo caso, seria muito interessante, na verdade.
- Eu ainda prefiro acreditar nos profissionais da área, com previsões embasadas em estudos científicos.
- Previsões embasadas em estudos científicos? Isso soou absurdo, Scully.
- Não soou não. E pare de gracinhas.
- Não é gracinha. Você acredita nos seus cientistas e eu no cara da internet. Ei, podemos fazer uma aposta!
- E apostar o que?
- Se o meu cara estiver certo você faz a minha papelada por, vamos ver... 3 casos, se ele estiver errado eu faço a sua por 3 casos também. Vai arriscar.
- Tudo bem. Apostado. E agora eu vou para o aeroporto pegar meu avião.
- Veremos, Scully, veremos.
- Feliz Natal, Mulder.
- Feliz Natal.



19h – apartamento do Mulder

- Sabia que você viria, Scully. – ele disse abrindo a porta do apartamento para ela, que entrou rapidamente.
- Coincidência, Mulder. Meteorologia não é uma ciência exata e o seu “cara da internet” pode ter tido sorte. Só isso. – ela não se conformava de ter perdido a aposta.
- Não seja uma má perdedora, agora você vai ter que fazer a minha papelada de três casos.
- Ok. Aposta é aposta. Sua papelada está feita.
- Ah, não venha com essa. Nem eu acredito que só porque você disse que uma coisa aconteceu essa coisa realmente aconteceu. Não você, pelo menos.
- Não aconteceu porque eu disse, aconteceu porque eu passei os últimos dois dias fazendo a sua papelada enquanto você fazia o que quer que estivesse fazendo na internet. A aposta está paga.
- Isso não vale, é trapaça! – ele estava indignado com a situação.
- Claro que vale. Você disse três casos, não especificou de quando. Não seja um mau perdedor. – era ela quem se divertia agora com a indignação dele. – Bom, assunto resolvido. Agora posso voltar para casa.
- Espera, fica. – ele a segurou pelo braço e pediu a surpreendendo – o tempo está feio lá fora, não é bom dirigir. Além do mais não é porque não quero passar a noite de Natal com minha família que quero ficar sozinho.
- Tudo bem, eu fico então. Também não quero estar sozinha bem no Natal. – foi aí que seus olhos se cruzaram e nenhum dos dois conseguia desviar o olhar, levou alguns segundos para que ela se desse conta de que aquele era seu parceiro de trabalho e quebrou a conexão, olhando a sala ao seu redor – Bom, onde está a sua árvore de Natal?
- Não tenho uma.
- Mas por quê?
- Porque não gosto disso, oras.
- Quem não gosta de árvores de Natal?
- Você não devia gostar, as árvores de Natal vieram de uma tradição pagã, sendo católica como é, deveria não querer uma em sua casa.
- Ah, Mulder, isso faz muito tempo. Foi incorporada à nossa cultura e é um dos símbolos do Natal. Como a católica que sou o Natal é um dos feriados de que mais gosto.
- Continuo não gostando dessa história de árvore.
- Mas você deve ter uma, não?
- Não.
- Ok, então. Sem árvore de Natal.
- Tá bom, eu tenho uma em algum lugar por aqui, mas você vai ter que me ajudar a procurar.
- Tudo bem, por onde começo?

Cerca de 1h depois e a árvore estava montada, um pouco diferente do usual, sem a estrela na ponta e um ET em seu lugar, mas o que valia era a intenção. Com a árvore pronta foram comer o que Mulder havia pedido antes dela chegar, estranhamente em quantidade suficiente para duas pessoas. Ficaram sentados no sofá conversando e falando mal de todos os programas de TV que passava. Mesmo não sendo uma noite de Natal como as que normalmente passavam – ele sozinho e ela rodeada pela família – foi um bom Natal. O primeiro na companhia um do outro, mas certamente não o último.
Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.