Capítulo 28 - Fim da Linha

Novembro de 2015...

–Como assim você não tem nenhum dado dessa merda desse atirador, Camila?! --disse o vice-presidente

Camila estava numa reunião em Brasília com os autores da investigação do Sniper Hero. O principal indício que eles tinham de Júlio foi descartado pois ele foi dado como morto na batalha da Rocinha. E como Camila está liderando as investigações ela deu um jeito de tira-lo de cena, mas cada vez mais está mais difícil contornar isso tudo. Desde junho para cá, sua fama virou capa de jornal. Ele mandou mensagens secretas para os jornais que no início não eram dadas em conta. O início das mensagens eram sempre as mesmas

''Se você não publicar isto, tal bandido vai morrer''

Sua fama virou polêmica, pois metade do Brasil o apoia e a outra metade o repudia. Camila é a chefe de investigações do caso do Sniper Hero, mas está prestes à ser demitida do caso por ineficiência. Uma ineficiência que todos nós sabemos o motivo

–Desculpe senhor vice-presidente, mas o senhor não se lembra do caso de outubro? --disse Camila sentada na cadeira

–O caso de outubro não vem ao caso! Só porque você estava prestes à pega-lo não quer dizer que você é uma boa detetive! --disse o vice-presidente

Camila abaixou a cabeça e sorriu

–Merda, Camila! Você foi a melhor aluna de sua classe em todos os anos, e é assim que você prova de suas notas?

–Desculpe senhor mas se o senhor acha que a faculdade na qual estudei me avaliou é ruim, então o senhor deveria tomar alguma providência pois é uma faculdade pública.

O vice-presidente riu histericamente até parar depois de alguns segundos

–Ironia, não? Heh... Parece que a sua incapacidade como detetive é culpa até mesmo da gente, não é? Hahaha!

Camila e os outros 2 homens que estão na sala permanecem em silêncio

–Senhor, a polícia federal também não está encontrando nenhum vestígio do Sniper Hero. --disse o líder das operações da polícia federal

O vice-presidente bateu na mesa com força

–PUTA QUE PARIU! Parece que vocês todos são um bando de palermas incompetentes! Parece que vamos ter que contratar o serviço secreto americano para pegar essas merdas!

Camila está aí representando a própria ABIN e os outros dois homens que estão aí estão representando a polícia federal. Tal como Camila que é a chefe da operação de investigação do Sniper Hero na ABIN, o Agente Hermano é o chefe das operações de investigação do Sniper Hero na Polícia Federal, ele está junto com um estagiário que está o ajudando nas informações que o vice-presidente requesita

–Desculpe senhor, mas este caso está realmente difícil. Não conseguimos descobrir nem mesmo o nome dele. Seria mais fácil se ele não cobrisse tanto os vestígios do carro que ele usa. --disse o Agente Hermano

O vice-presidente dá um forte suspiro e então diz em um tom mais baixo:

–Eu entendo que estamos tratando de um assassino profissional realmente. Mas nós temos que dar um jeito de encontrar este maldito. Entendam... eu vou falar com Horácio para investirmos mais alguns milhões nesta investigação, mas nós não podemos estar jogando dinheiro fora. A nossa economia está cada vez mais decaindo e a inflação está lá em cima. Então peço humildemente para vocês para que se concentrem mais neste caso.

O Agente William e seu assistente ficam em silêncio apenas fazendo sim com a cabeça para o vice-presidente enquanto Camila apenas olha.

–Estamos até mesmo com a opinião pública abalada. Mesmo depois de alguns meses, a fama do Sniper Hero continua virando manchete de jornal. --disse o vice-presidente

–Senhor vice-presidente... --disse Camila

O Vice-presidente olha para Camila e diz:

–Fale senhora detetive.

–Posso fazer uma pergunta um tanto que pessoal?

O Vice-presidente tira os braços da mesa e olha curioso para Camila

–O senhor não acha correto que o Sniper-Hero mate bandidos que já tiveram passagem na polícia até mesmo por homicídio e que não foram pegos? --perguntou Camila

–Mas é claro que não.

–Por que, senhor? --perguntou Camila

–Chama isto de ''Justiça'' que é o que aquele sniper está dizendo? Chamo isto de assassinatos e talvez até mesmo vingança.

Camila apenas balança a cabeça

–Além disso, e as famílias, senhora detetive? Bandidos também tem famílias.

–E as famílias que o bandido desmoralizou, senhor? Elas também não valem a pena? --perguntou Camila

–Você está fazendo perguntas demais, senhora Camila... --disse o vice-presidente com uma expressão de desconfiança

Camila apenas fica calada, juntamente com a sala de reunião. Apenas o tic tac do relógio é ouvido, até que Camila quebra o silêncio

–A reunião está encerrada? --perguntou Camila

O vice-presidente demora um pouco para responder

–Sim. Vocês estão dispensados.

Imediatamente, Camila se levanta da cadeira, pega sua pasta com documentos e sai da sala. O vice-presidente está esperando os outros dois homens da polícia federal saírem. Quando eles deixam a sala, o vice-presidente pega o telefone fixo e digita os números do telefone do presidente. Ele atende.

–Horácio, acho melhor você demitir essa Camila das operações ou então talvez até investiga-la

–Por quê?

–Não sei. Ela me questionou estranhamente agora...

–O que ela disse?

–Ela me perguntou se eu era de certa forma a favor do Sniper Hero, moralmente falando, e depois questionou o que eu respondi.

–Hmmm, nós ainda veremos à respeito disso.

Enquanto isso numa prisão de segurança máxima do Rio. Júlio estava esperando Thiago na sala de visitantes dos prisioneiros. Uma mesa da parede à parede é coberta com um vidro e um gravador para ambos os lados, há outras pessoas também falando com outros prisioneiros. Finalmente Thiago aparece. Ele senta e se aproxima do microfone.

–E então, quais são as novidades, Da Costa? --perguntou Thiago

–Novidades, como assim novidades? --perguntou Júlio

–Ora bolas, como assim que novidades?! Faz tempo que não lhe vejo porra! --disse Thiago meio que brincando

–Heh heh... É eu fui meio leso nisso. Deixa eu ver... estou cuidando de seu filho sendo o tutor dele nos feriados e finais de semana, não sei o que houve de sua namorada e a sua facção foi dissolvida. --disse Júlio

Thiago olha para Júlio apenas balançando a cabeça

–Obrigado por cuidar do meu filho da sua maneira possível... --disse Thiago contente

Júlio fica calado

–Vamos, e o resto? --perguntou Thiago abrindo os braços

–O resto? Não tem resto? --disse Júlio

–Não? E o que foi que você andou fazendo esse tempo todo? --perguntou Thiago

–Ah sim, eu estou conseguindo fazer o que eu queria. --disse Júlio

–É mesmo? --disse Thiago

–Sim. Tô sendo até um herói para meus pais. --disse Júlio

Thiago entendeu a mensagem, ele não podia falar diretamente o que estava fazendo mas ele entendeu que quando ele disse ''pais'' ele quis dizer talvez ''paÍs''.

–Ótimo Júlio... --disse Thiago sorrindo

Júlio fica calado novamente mas ele quebra o silêncio

–Escuta, Thiago... eu vim aqui só pra entregar um bolo que minha namorada fez, eu não tenho muito o que dizer. --disse Júlio

–Não precisa falar nada, Júlio. Só o fato de você estar aqui já me gratifica. Ah! Mais uma coisa... Você não planeja me soltar daqui, ou está? --perguntou Thiago

–Não... --disse Júlio

–Ótimo. Nem tente, Júlio. Eu mereço estar aqui, e deveria estar aqui. Diferente de você seu merda, heheh... você deveria estar na cadeia mas não merecia estar na cadeia. --disse Thiago discontraido

Na verdade ele falou a verdade e Júlio até se incomodou com isso.

–Adeus, camarada. --disse Júlio

–Adeus. --disse Thiago

Júlio sai da cadeira e se dirige até a secretaria da prisão para poder sair. Muitas coisas mudaram, e mais coisas mudarão agora que Júlio completou um de seus objetivos que era ficar famoso e ficar famoso ele ficou a muito tempo. Agora ele começará à investigar profundamente o caso de seus pais