Depois de muito caminhar, eles finalmente chegaram no lugar. Parecia uma caverna congelada como qualquer outra. Sem nada de especial. A entrada da caverna ficava no meio do vale entre as montanhas da fronteira e a Garganta do Mundus, que era atravessado por uma trilha.

— Venham, é por aqui.

— Tomara messsmo.

Os três então foram em direção à entrada e a atravessaram, adentrando a caverna.

Lá dentro, Nur, que estava na frente, viu de relance uma forma humanoide, que o fez se agachar e se escorar na parede, a fim de não ser visto. Lydia e Barbas, em reação a isso, acabam fazendo a mesma coisa.

— O que houve? - Perguntou Lydia.

— Há alguém lá. Pelasss vessstimentasss - Ele dá uma espiada de leve. O indivíduo estava em uma plataforma de madeira, elevada por uma estrutura erguida por troncos de madeira, cuja parte superior em que a figura estava podia ser acessada por uma escada de degraus.- Paressce ssser um bandido.

— E quem liga? já matamos uns quatro lá atrás.

— Não podemosss atacar de qualquer jeito. temosss de que ssser cuidadososss e planejar antesss de agir.

— Ah, eu não sou obrigado a isso.

O cão correu em direção ao dito bandido.

Barbasss. Barbasss!! Pera aí!- Chamou Nur, desesperado para o Daedra não dedurar a posição deles.

Com o esconderijo deles revelado, eles tiveram que avançar junto de Barbas, o que fez o homem percebê-los ficar em posição de ataque. Barbas correu em direção ao bandido e pulou, tentando derrubá-lo. Mas sem sucesso, pois o mesmo bloqueou com seu Machado de Guerra de Aço. O cão então começou a morder o braço dele e a tentar arrancar o machado da mão com a boca.

Enquanto isso, Nur sacou seu novo Arco Dwemer enquanto Lydia também sacou seu arco, e ambos começaram a atirar, tentando acertar o homem. Algumas flechas acertavam Barbas. Mas isso não o afetava, e as flechas saltavam para fora da pele do cão, como se sua pele fosse um tecido estendido e uma mão do outro lado dele empurrasse-as fora e as fizesse cair. Outras, porém, acertaram-no, e lhe feriram muito.

Por fim, em um último golpe, o homem acaba fraquejando de leve, e em instantes, Barbas conseguiu quebrar a defesa do bandido e lhe mordeu agressivamente pelo pescoço, e começou a se mexer de um lado pro outro, até arrancar um pedaço da jugular, e um buraco ser aberto. O Dragonborn, que já havia os alcançado, tirou sua espada e a cravou no peito do homem.

Com a morte dele, o argoniano se agauchou na frente do corpo do homem.

— Está fazendo o que? - Perguntou Barbas.

— Pilhando o corpo dele. - Respondeu o thane - Ele pode ter Ssseptinsss ou gazuasss em algum lugar. Além do que, minhasss flechasss essstão acabando, tenho de tentar recuperar asss que não quebraram.

— Que estranho. - Comentou Lydia - Ele tem cheiro de morto.

— Ora, não diga, moça?! Será que não é porque ele tá morto?

A nórdica encarou o cão com um olhar de desgosto pela piada.

— Engraçadinho. O que quero dizer é que ele tem realmente um cheiro forte de morto.

— Agora que você falou… - O cão deu algumas fungadas de leve em direção ao cadáver- Acho que sinto esse cheiro também.

— Como ssse essstivessse morto?

— Quase isso. Não é tão forte assim. É mais como se ele tivesse entrado em contato com um.

O Nur então desaproximou do corpo com as mãos levantadas, com medo de pegar o tal cheiro do corpo e com certo temor de onde o homem conseguiu tal cheiro.

— Okay… Vamosss… Ssseguir em frente.

Concordo. Temos que achar o Clavicus logo.

Os três então seguiram para a esquerda, por uma passagem que seguia mais fundo na caverna.

***

Após se aprofundarem mais na caverna, eles estão passando por alguns corredores gelados que terminaram em uma passagem para uma sala. Quando eles estavam perto da porta, Nur novamente se escorou na parede, após ver uma figura humanoide passando na frente da porta sem os perceber, e ordenou que ambos parassem também.

— E agora, o que é? - Perguntou a housecarl.

Maisss pessssoasss. Masss há algo essstranho nelasss...

O argoniano observa aquelas pessoas. Enquanto umas duas usavam uma armadura de pele normal, típica de bandidos comuns, outras quatro usavam uma vestimenta um pouco estranha. Umas armaduras segmentadas e com capas que se conectavam no ombro e terminavam na cabeça em capuzes, agora descobertos. Suas peles eram quase tão pálidas quanto o pelo de uma raposa das neves, seus olhos eram todos amarelos e brilhavam. Mas a característica mais destacável é que denunciava a natureza daquelas pessoas eram seus dentes: dois caninos, um de cada lado, saiam das maxilas superiores e saltavam pra fora da boca, marcando os lábios.

— Oh, meu Hissst. Vampirosss.

— Pera, o que?

— Deve ssser por isssso que aquele cara tinha cheiro de cadáver. Devia ssser um lacaio delesss.

— Então vamos ser o sol na vida deles.

O cão então corre para dentro da sala, latindo para todos em volta. Enfurecido pela petulância do Daedra, o argoniano levanta os braços para cima, em raiva.

— DROGA, BARBASSS!!!

Nur e Lydia avançam e ficaram do lado de Barbas. Nur estufa o peito e puxa ar para os pulmões. Mas quando ele ia gritar, ele é interrompido por Lydia, que grita no lugar dele. Não um grito dracônico bradando uma única palavra. Mas sim um simples grito, que usava toda a força dos pulmões dela, saia raivoso de sua boca e assustava e afligia os corações de qualquer um que ouvia. Principalmente aos mortos vivos e seus servos, que fugiram desesperados da fonte do grito.

Após ela terminar, Nur, assustado, questiona.

— O que. Foi isssso?

— Grito de Batalha. Vocês argonianos têm seus segredos. Nós nórdicos também temos.

Essstou impressssionado. Poderia usar isssso maisss vezesss.

— Eu poderia. Mas eu prefiro fazer isso. - Quando ela fala isso, seu corpo começa a mudar, ganhar pelos, aumentar seu tamanho, até finalmente assumir sua forma bestial de lobisomem.

Os três correm contra os inimigos, agora em posição de combate. Nur armado de sua espada e Lydia e Barbas armados apenas de suas patas e uma fúria animalesca. Um dos vampiros teve sua barriga atravessada das costas para frente pela espada do argoniano. A licantropica, por sua vez, pulou nas costas de um dos lacaios, e o agrediu com as garras, destroçando sua nuca até o cérebro, e arrancando parte inferior dele. O daedra, por outro lado, deu uma cabeçada nas costas de outro vampiro, o fazendo bater contra a parede e o desmaiando.

Os outros três inimigos acabam rapidamente recuperando as forças e se voltam contra o trio. Um dos vampiros se voltou contra Lydia, enquanto outro foi na direção de Barbas. O servo restante por sua vez, foi na direção de Nur. Lydia tentava golpear o morto vivo, enquanto o mesmo usava de magia para drenar a vitalidade. O serviçal que atacava Nur usava de uma espada Dwemer, mas seus ataques eram bloqueados pelo escudo do argoniano. Barbas, por outro lado, atacava outro vampiro, lhe puxando a mão com a boca e o impedindo de usar magia em uma mão.

Nur resistia aos golpes do inimigo, e em dado momento ele errou um golpe, o que foi uma brecha para o dragonborn, que bateu com o escudo no rosto do homem, lhe desequilibrando por um instante e permitindo que um novo golpe fosse desferido pelo argoniano, agora com a espada, lhe acertando no ombro esquerdo e o jogando ao chão. Com o servo no chão, Nur lhe rouba a espada e a crava na cabeça do homem.

Enquanto isso, Lydia, por outro lado, começou a ficar cada vez mais fraca. Mesmo acertando alguns golpes, o morto vivo drenava sua vitalidade e se revigorava, enquanto ela ficava cada vez mais fraca. Ela acabou se agachando, fraca. O vampiro então saca uma Adaga Orc e se prepara para executa-la. Mas Nur rapidamente, logo após matar o lacaio, ele crava a espada Dwemer no crânio do vampiro, o matando.

Vosscê essstá bem? - Questionou o thane.

Comida… - Ofegou a housecarl - Preciso… De comida…

— Oh, bem. Tem esssse vampiro que matei.

NÃO!! Já está morto a tempos... Tem que ser... Carne fresca….

— Bem… Tem aquele cara que eu matei antesss. - o argoniano aponta com a cabeça para o corpo morto.

A licantropica então pula apressadamente no corpo caído e o devora com a voracidade de um animal que não é alimentado a dias.

Enquanto tudo isso ocorria, Barbas ainda estava mordendo a mão do vampiro, o impedindo de usar magia em uma das mãos. Com a outra porém, ele conseguia e começou a tentar usar magia para drenar a vitalidade do cão. Porém, devido o fato dele não ser um cão, mas sim um daedra na forma de cão, o morto não obteve sucesso. Ele então tira uma Adaga Élfica, a fim de cravar no pescoço do cachorro. Porém quando fez isso, a adaga simplesmente não atravessou o couro dele.

Ele então põe um pouco mais de força na boca e puxa o ser da noite, o girando e o jogando contra o outro vampiro, que estava desmaiado até aquele momento e acaba sentando em cima dele. Barbas então pega a adaga élfica com a boca e crava na cabeça do morto vivo que o atacava. O tornando morto de fato. Ele também aproveita que o outro vampiro também estava despertando, arranca a adaga do outro, e a enfia nele do olho até a nuca.

E aí? Já acabou? ou tem mais? - Perguntou o cão Daedra.

— Acho que essssesss foram todosss por enquanto.

Tomara mesmo - Disse Lydia, enquanto comia o cadáver do outro servo de vampiro, que havia sido morto antes - Não sei se poderei enfrentar muitos vampiros nesse ritmo.

— Não ssse preocupe Lydia. Com sssorte terão maisss ssservosss de vampirosss aqui do que vampirosss em sssí.

Nur então repara no corte de um dos vampiros que ele matou. não havia sangue. No lugar, o que tinha era um estranho pó saía das veias.

— Cuidado, rapaz! Isso é pó de vampiro. O próprio sangue deles. toque nisso sem segurança e você corre o risco de se tornar um desses carinhas. - Avisou Barbas.

O argoniano se desaproximou do corpo com cuidado, mas ainda com curiosidade. ele rasga a capa da armadura de um dos vampiros coloca com cuidado um pouco do pó em cima do tecido.

— O que está fazendo? - Questionou Lydia

— Não me pergunte porque, mas fiquei curioso sssobre esssse pó. - Ele então fecha cuidadosamente o tecido, formando um saco e enrola uma corda em volta da ponta - Vou catar um pouco. Vai que é valioso? - Ele então pega mais um pouco de tecido e faz o mesmo processo, agora com o saco dentro, a fim de reforçar segurança. – Sscerto, agora sssim. Vamosss continuar.

Os três então seguiram até o outro corredor, onde a próxima sala esperava.

***

Em algum lugar, caverna mais adentro, um servo de vampiro marchava de uma lado pro outro na frente da passagem para o corredor, fazendo guarda para qualquer intruso que tentasse atrapalhar seus mestres.

Em dado momento, andando de um lado pro outro, o homem se vira, e ao se virar para outro lado, ele é rapidamente derrubado. Uma enorme figura peluda saltou sobre seu corpo e o derrubou. Ele não conseguiu distinguir. A besta lhe golpeia várias vezes no rosto, com tamanha força que, em um último tapa, sua cabeça foi levada pro lado com tanta força que a mesma se desprendeu internamente das vértebras do pescoço.

Após o lacaio morrer, Lydia se banqueteou do corpo agora morto, o devorando com uma enorme voracidade. Após terminar, a housecarl volta sua cabeça para trás.

Tudo limpo.

Ótimo. Se eu não estiver enganado, o altar de Clavicus é por aqui. Seguindo por esse corredor. Vamos.

Barbas então toma a liderança e adentra o corredor que o serviçal protegia.

Essspera aí, como assssim, “Ssse eu não me engano”? Barbasss? BARBASSS!!

Sem receber uma resposta concreta, Nur e Lydia acabam sem escolha a não ser seguir o cão.

Ao chegarem do outro lado, eles finalmente encontram o local onde estava o altar do príncipe daedrico do poder, com direito a uma enorme estátua do mesmo de pé, erguendo para cima sua máscara com uma das mãos.

Infelizmente o lugar não estava vazio. dois vampiros e três servos marcavam presença.

Os três logo entram em posição de combate. Lydia avança contra dois serviçais, barbas avança contra o servo restante, enquanto Nur ficou com os mortos vivos.

De cara, Nur já sabia que bloquear não adiantaria, pois a magia que os vampiros usavam para absorver vitalidade parecia ignorar escudos. Então ele se deixou partir pro ataque sem pensar. Ele golpeou a espada no que veio da direita, o atingindo no braço, enquanto com o escudo ele golpeou o que vinha da esquerda. Os dois então revidaram, e usaram de magia, sugando da saúde do dragonborn. O mesmo então gritou.

FUSSS!!! (FORÇA!!!)

Com o grito, uma onda de choque avançou da boca de Nur contra os dois sanguessugas, os desequilibrando e permitindo que o argoniano atacasse. Com a espada, ele golpeou fortemente contra o da esquerda e logo em seguida o da direita também, nocauteando ambos.

Enquanto isso, Lydia lidava com dois dos servos dos vampiros. Um portava um Machado de Guerra Orc, enquanto o outro usava uma Clava Élfica. Eles até acertavam os golpes, mas para cada golpe que eles acertavam, a licantrópica acertava um em cada um que tirava o dobro do dano deles, apenas com a força das mãos e das garras.

No momento em que Nur havia gritado, um dos lacaios havia sido acertado e se desequilibrou, o que deu brecha para a nórdica o derrubar com um chute com a pata traseira esquerda, pular e a pôr força nessa mesma para para então pousar com força com pata no peito do homem, esmigalhando as costelas esmagando-lhe o peito. O outro, chocado com o que viu, se desesperou por um breve instante e tentou fugir, mas logo foi derrubado de costas por Lydia. Ela, montada em suas costas, colocou a mão na cara do sujeito, com os dedos alcançando-lhe o queixo, e puxou a cabeça para fora do corpo dele.

O outro servo, que enfrentava Barbas, usava um Machado de Batalha Orc, de duas mãos e maior que o de guerra, e desferia diversos golpes contra o cão. Mas não importava o local que o golpe acertava, ou a posição de onde o machado vinha, o golpe era sempre refletido, e o cão parecia sempre ileso. Ele, por outro lado, avançava lentamente contra o lacaio, sem fazer nada, apenas mostrando uma expressão canina de raiva, arqueando os lábios para cima e mostrando os dentes. E cada vez mais o serviçal se desesperava.

Até que depois de desferir o golpe mais forte que conseguia, o machado foi ricocheteado novamente, mas dessa vez ficou preso em uma pedra. Nisso o daedra não perdeu tempo, e saltou contra o inimigo, cravando seus dentes na garganta do mesmo. O cão então puxou o homem ao chão pelo o pescoço, largou a garganta, foi pra nuca, e o arrastou até o machado, cuja lâmina ainda estava meio exposta para fora da pedra. Até que então o cachorro deu um último empurrão com tudo, cravando a cabeça do homem contra o próprio machado.

Com os inimigos mortos, Nur tomou a liderança e foi em direção ao Altar. Ele se agachou, e ao tocar na base da estátua, ele tentou contato.

— Er… Sssenhor Clavicusss Vile? Eu gossstaria de entrar em contato com o sssenhor

Em uma reação um tanto inesperada, a estátua falou, usando de telepatia, com uma voz masculina soando meio cínica.

Ora, meu jovem. Eu é que gostaria de entrar em contato com você. Esses vampiros vieram até mim a fim de buscar uma cura para sua miserável situação… E você veio e matou todos eles! Eu não poderia ter pensado em uma solução melhor. Ou melhor: Poderia sim. Mas na minha condição atual não teria como executar. Mas não vamos entrar nesse assunto. Diga, o que queres. depois do que você fez aqui, eu ficaria feliz em lhe conceder. Sem entrelinhas. Ao menos pra você. hehe.

— Bem, eu acabei achando o Barbasss e eu gostaria que o resscebesssse de volta.

— Barbas? - Ao ouvir tal nome, o Daedra pareceu ficar com um pé atrás.

O cão então sai de trás do argoniano e se revela ao próprio dono.

Er… Olá, mestre.

Ah não! Ele não!— Reclamou o Príncipe Daedrico, para depois se tornar reluntante. - Esqueça! Nada feito! Nada me fará aceitar esse sarnento de volta. Prefiro mil vezes que minha influência no Mundus se resuma á estátuas como essa daqui, enterrada em uma caverna…Escura…Solitária… No meio do nada… — ao ficar em tom melancólico por perceber que não estava na vantagem da barganha, se rende - Okay, olha. TALVEZ, tipo assim, eu possa aceitar ele de volta se me trouxer um “Faz me rir”. Façamos o seguinte: Traga-me o meu Machado do Arrependimento, na Gruta Rimerock, e então irei considerar receber o Barbas de volta. O cão pode lhe dar a direção…

Nur então tirou a mão da estátua e se levantou.

Nesse exato momento, quem se agachou agora foi Lydia, cujo corpo começou a reduzir de tamanho e os pelo cada vez menores e mais finos, até a mesma voltar a forma humana.

O argoniano se volta para ela e pergunta.

Vosscê essstá bem?

Ela ergue a cabeça ao seu superior e responde.

— Estou sim, senhor Nur. Obrigada.

— Agora que notei: sssua armadura ainda essstá no corpo.

— Eu percebi isso no momento em que me transformei. Talvez seja um dos efeitos do Anel.

— Ah, ótimo. Isssso é bom e ruim.

— Bom e ruim? Porque?

— Bem, bom porque não teremosss que gassstar recursssosss para consscerta-la. Masss é ruim poisss não poderia usar disssso para aprender maisss com ferraria.

Er,com licença? - Interrompeu Barbas - Mas acho que é hora de partimos.

O trio então vai em direção à saída, que se encontrava do lado de trás da estátua.

— Aliás, qual é a desssse machado? - Questionou Nur a barbas.

Foi uma piada do Clavicus. Um adorador dele possuía uma filha que adorava a Hircine. Um dia ele descobriu que sua filha havia se tornado um lobisomem. Desesperado, ele orou para Vile a fim de buscar uma cura para a condição de sua primogênita. Clavicus então lhe deu o Machado.

O argoniano e a nórdica se entreolharam, assustados com o presumido final dessa “piada”.

Eles então atravessam a saída, indo parar na mesma parte do vale onde estava a entrada.

Do lado de fora, Nur tirou seu mapa, se agachou e o mostrou ao daedra.

— Muito bem, Barbasss, onde fica a tal Gruta?

Aqui. - O cão com cuidado põe a ponta da garra de uma das patas sobre uma área na ponta noroeste, depois de uma cidade marcada com uma cabeça de Lobo, em uma região que aparentemente ficava de frente pro mar.

— O que!? - Lydia se assustou com a distância da localização - Isso é depois de Solitude!

— Bem, eu tenho que resolver uma coisa antesss em Falkreath.

— Senhor Nur. por favor, pensa direito. Nós…

— Eu sssei o que você vai dizer, Lydia. Não ssse preocupe, eu sssei o que essstou fazendo. Agora vamosss voltar.

***

O sol já estava se pondo em Falkreath, Lod, o ferreiro da cidade, já estava organizando tudo para finalizar seus serviços do dia. Ele esperava que o argoniano que o contatou mais cedo lhe trouxesse o cachorro, cumprindo sua parte do acordo, mas pelo jeito ele não voltaria. Talvez ele nem tenha ido atrás do cachorro, e tenha seguido sua jornada sem lhe ajudar. Era por coisas como essa que ele prezava pela lealdade. Aquele argoniano não foi leal à própria palavra e ao trato que fizeram, e da próxima vez que se encontrassem, ele seria cobrado pelos recursos que ele usou para fazer aquela manopla.

Após arrumar tudo em sua bancada, ele se vira para voltar para casa. Porém ao se virar, para sua surpresa, lá estava o argoniano, junto de uma mulher e, para ainda mais surpresa do ferreiro, junto do cão que vinha aparecendo nos arredores da cidade.

— Você realmente trouxe ele! Eu pensei que…

Antesss de qualquer coisa, - Interrompeu Nur - Deixe ele explicar a situação dele.

O nórdico estranhou aquele pedido. deixar o cachorro se explicar? ele vira o olhar ao canídeo. Que, para sua surpresa, falou.

Eu sinto muito senhor, mas eu não sou o tipo de cão que você esperava. Eu sou Barbas, o cão do Príncipe Daédrico Clavicus VIle.

Aquela afirmação assustou o homem. Ele então olha atrás do ombro de Nur e Lydia, a fim de ter certeza de que não havia ninguém ali imitando a voz do cachorro. Ao ter certeza de que a voz vinha mesmo dele, de surpresa, sua expressão, de surpresa, passou a ser decepção.

— É sério?

Sim, é sério, moço. Pode dar uma facada aqui que o pai aguenta.

— Eu fiquei de pegar um machado pro messstre dele.

Lod ficou meio decepcionado. Mas logo depois se recompôs e disse.

— Bem, você cumpriu com sua parte do acordo, e deve ter feito mais coisa do que o que combinamos. E acho que deveria até mesmo lhe recompensar por isso.

— Não presscisa. Sssó pela minha Manopla de Osssso de Dragão valeu a pena.

— Bem, se é assim, então eu vou para casa agora. Tenham uma boa viagem.

Nur e Lydia então deram espaço e o ferreiro seguiu seu caminho até a porta de sua casa, que era do lado da sua área de trabalho.

Ótimo, agora vamos até o machado!

Barbas foi até a entrada oeste da cidade, mas parou no meio do caminho ao ver que o argoniano e a nórdica não se mexeram, ele voltou pra eles e questionou.

— Qual é pessoal, vamos. Clavicus nos aguarda!

— E vai continuar aguardando. - afirmou o dragonborn.

Barbas estranhou aquela afirmação.

O que você quer dizer com isso?

— Olha, eu vou pegar esssse machado uma hora… Masss não agora. Eu tenho maisss coisa pra fazer. prinsscipalmente osss Gray-Bearbsss, que me chamaram, e eu tenho que ir até elesss. Talvez eu chegue até lá, masss não agora.

Lydia se surpreende com aquela resposta. Depois de uns três dias, seu thane parecia finalmente colocando prioridade em sua missão principal.

Barbas, por outro lado, ficou indignado. Ele estava fraco, e assim como Clavicus precisava dele para ter seu poder e influência aumentados, o cão também dependia do Príncipe para ficar forte. Sem isso, ele estava preso na forma de cachorro, por mais que imortal e indestrutível. Se ele estivesse em seu poder máximo, ele poderia se transformar em um gigante e descer o braço contra o argoniano insolente. Porém esse não poderia ser o caso. Ele ficaria preso na forma de canídeo até que Nur decidisse pegar o maldito machado e entregar ao seu mestre.

— Olha. - Nur então complementou. - Vosscê pode ficar na gruta com o ssseu...

Não - Interrompeu o cão, meio fruastrado - Eu vou com vocês. Pra ter certeza de que vocês não vão esquecer de pegar o maldito machado.

— Sssério?! Isssso é ótimo. Porém, lhe dou apenasss uma condissção.

— Lá vem. Qual é a qual condição?

O argoniano então puxou ar, como se fosse dar um grito dracônico contra o daedra, mas do contrário ele grita sua condição, gesticulando com os braços como se fosse um Autômato Dwemer.

— NÃO. ATRAPALHA. OSSS MEUSSS. PLANOSSS!!!!

O cachorro revirou os olhos, mas assentiu, em sinal de concordancia.

—Sssério?! ÓTIMO!! - comemorou meio incisivo o dragonborn. - Agora, sem mais delongas, vamosss até… - O argoniano se volta para sua housecarl e pergunta - Lydia, há alguma sscidade próssxima do caminho dosss taisss “Mil Passssosss”?

— Er, “Sete Mil Passos”, senhor - corrigiu a nórdica - E a cidade mais próxima é Ivarstead, que possui uma ponte que dá acesso de cara ao caminho

— ISSSO!! IVARSSSTEAD!! - Afirmou o dragonborn - Vamosss para Ivarssstead!

Os três então vão até a entrada leste, rumo até aquele vale novamente, mas dessa vez, rumo ao objetivo principal de Nur: Os Gray-Bearbs, no Alto Hrothgar, depois dos Sete Mil Passos, acessado por uma ponte em Ivarstead.