Após dois toques na porta de bambu, o Redguard recebeu o aval para entrar no quarto do Grão Mestre. Correndo os olhos pelo quarto singelo, Baurus os pousou sobre a figura de pé no aposento, parando para admirá-la. Caroline havia aplicado-lhe um pouco de maquiagem nos olhos, para realçar os pálidos orbes azuis que encaravam o Redguard com um calor amigável. Os lábios pálidos em forma de coração agora estavam ligeiramente rosados, um pouco brilhantes devido a uma seiva de morango que a Blade havia lhe aplicado. Os cabelos negros como piche da mulher estavam armados em um coque elegante, realçando as maçãs do rosto altas, tingidas em um saudável rosado, o maxilar fino, as orelhas ligeiramente pontudas e os traços faciais harmoniosos da Breton.

Ela tinha um corpo compacto e ágil, como era comum entre sua raça. Baurus estava sempre acostumado a vê-la na couraça de Kvatch que fora um presente do capitão da guarda. Só a vira em roupas finas uma vez, durante o cerco a Bruma, onde ela usara uma meia blusa de mangas largas, ombreiras largas e uma saia em vez de armadura, estipulando bem que estaria ali voltada para o combate a média-longa distância. O que não foi o caso, é claro. Ao adentrar o grande portão, sua roupa já estava em frangalhos por causa de sua ideia de se colocar como escudo humano entre o futuro imperador e os invasores daédricos. Ao retornar com a grande sigil stone nas mãos, sua aparência arrasada se agravara com hematomas, manchas de sangue seco e fuligem. Mas ali e agora, ela usava um vestido de cetim vermelho sangue bordado de ouro, com um cinto dourado folgado, formando um V em sua cintura. Sobre os ombros, uma longa capa de veludo azul real sem mangas descansava, com o colarinho felpudo. No pescoço, à mostra em um decote discreto, descansava um medalhão de ouro, rubis e diamantes.

—Jauffre estava reclamando que você estava demorando demais no quarto dele. Devemos partir para a Cidade Imperial com urgência.

—Baurus, não seja grosseiro! – Caroline ralhou, levantando-se para admirar a companheira. Ela estava maravilhada. – Você está linda, Sophia. Eu nem acredito que isso vai acabar!

—Nem eu, Carol. – Sophia suspirou, olhando para Baurus. – Como ele está?

—Nervoso. Andando de um lado para o outro no salão. E Jauffre está maluco, falando que você não tem ideia da urgência da situação.

—Eu, mais do que ninguém, estou ciente, Baurus. Vocês não viram o que eu vi. – Sophia falou em tom solene, com uma sombra cruzando seus olhos. Olhos estes que estiveram no outro mundo diversas vezes, experimentando os horrores de Oblivion com todos os seus sentidos. – Vamos acabar logo com isso.

Ela pegou a espada élfica que era sua companheira inseparável, atando-a à cintura, e os três Blades caminharam para o salão principal. Assim que eles emergiram, Sophia viu os olhos de Martin pararem sobre si, e o fascínio brilhar nas safiras do dragonborn.

—Sophia, você... – A voz profunda dele se perdeu, com o queixo caído enquanto a moça se aproximava. Ela lhe dispensou um sorriso.

—Deixe para ficar impressionado depois que você acender as Chamas do Dragão. – Os olhos dela pousaram sobre Jauffre, que estava de braços cruzados.

—Sophia Daphont, lhe darei suas últimas ordens, como Grão Mestre dos Blades. – O grisalho disse, em tom solene. – Ao chegarmos no salão do Conselho Ancião, você apontará Martin como seu candidato ao trono do Império. Como heroína de Cyrodiil, eles não poderão ignorar seu apelo.

—E se o apelo não funcionar, aquele rubi no pescoço dele deve ser prova suficiente. – Sophia sorriu travessa, olhando para Martin com humor. O Amuleto dos Reis descansava ao redor de seu pescoço com uma naturalidade tão estranha que parecia ter sido feito para ele. Ele sorriu de volta.

—Como eu estava dizendo... – Jauffre pigarreou. – Assim que as coisas forem resolvidas, ele acenderá as Chamas do Dragão, restaurará a barreira que protege nosso mundo, se tornará imperador e você será liberada de seu serviço como um membro dos Blades para auxiliá-lo como sua imperatriz. Entendeu o plano?

—Perfeitamente. – Sophia assentiu.

—Ótimo. Agora, o portal. – E ele deu passagem para a mulher. Sophia olhou para o círculo onde as runas para o paraíso de Mankar Camoran estavam, agora substituídas por um selo de transporte da Guilda dos Magos que ela mesma desenhara. Puxando a Magika que havia em si, a feiticeira ativou as runas, que começaram a brilhar em uma luz branca. Martin, Jauffre, Baurus e Cyrus pisaram no selo, que começou a brilhar com mais força quando Sophia entoou o encantamento. Eles foram engolfados por uma luz branca antes de pararem em frente a porta da Torre Branca e Dourada.

Sophia, ao olhar a construção, teve uma sensação ruim, que sumiu momentaneamente quando Martin tocou seu ombro e sorriu para ela.

O grupo adentrou a torre, rumando à sala do Conselho Ancião, onde um High elf os esperava. Sophia tomou a dianteira.

—Alto Chanceler Occato. – A Breton o cumprimentou. – Assumo que saiba do que viemos tratar.

—Sim. Tomei a liberdade de discutir com o Conselho antes de vocês chegarem. Há apoio unânime à reclamação de Martin ao trono. – O elfo sorriu para o dragonborn vestido como imperador, olhando de volta para Sophia. – Aliás, existe alguma razão para que a senhorita esteja tão ricamente vestida?

—Existe sim, Chanceler Occato. – Martin se pronunciou, andando até que parasse ao lado de Sophia. – Porque ela não está aqui como membro dos Blades. Ela está aqui como minha noiva.

O elfo arregalou ligeiramente os olhos e o dragonborn e sua campeã prenderam a respiração. Era um movimento arriscado e bruto. Um imperador bastardo que já chegava fazendo demandas sobre com quem se casaria ou não poderia ser visto como uma afronta. Sophia estava disposta a deixar isso para lá se se tornasse um obstáculo para Martin, resignando-se ao papel de guardiã que lhe fora imposto pelo falecido pai do homem que amava. Ele, por outro lado, recusava-se a arredar o pé. Soltaram o fôlego ao ver um sorriso gentil despontar no rosto fino do Chanceler.

—Não fiquem tão tensos. Por que eu me oporia a isso? Esta mulher salvou Cyrodiil daqueles malditos portões. Não há casamento arranjado que seja que supere o peso que isso tem. Sangue muitas vezes não vale nada sem coragem e honra. – O casal se entreolhou aliviado. Parecia que tudo estava nos conformes.

Até o mensageiro entrar correndo em desespero, seguido por dois dremora furiosos. Sophia estava certa. Algo terrível estava prestes a acontecer.

...

O céu estava coberto de nuvens vermelhas, como ela vira tantas vezes antes, e cinzas e chamas tomavam conta das construções em estilo Ayelid, manchando o branco com seus tons infernais de vermelho e laranja. Todas as vezes em que um daqueles portais horrendos se abriam, desgraça os acompanhava. Mas havia algo especialmente sinistro naquele dia. Talvez fosse o pânico por um portal de Oblivion ter aberto em meio a uma cidade em vez de fora dos muros. Talvez fosse porque Martin estava ali, exposto como um nervo, e assim que despontaram no Distrito do templo, a porta para o reino de Mehrunes Dagon brilhava a frente, cuspindo as criaturas horrendas que avançavam sobre as pessoas. Jauffre e Baurus lançaram ataque, Chanceler Occato os apoiando com feitiços de raios. Eram bons homens. Leais e corajosos.

Sophia hesitou por um momento, barrando o avanço do noivo com seu braço. Olhou para trás para encontrar seus olhos. Aquela sensação ruim só aumentava em seu corpo, causando uma inquietação que nem o cenário caótico ao redor era capaz de lhe proporcionar.

—Sophia, precisamos prosseguir até o Templo do Um. Não há tempo! – Ele disse em tom urgente. Ela assentiu, olhando para frente bem a tempo de ver um dremora no meio de um ataque que dilaceraria seu peito. Martin foi mais rápido, tirando-a da frente e bloqueando com a lâmina. Isso deu a Sophia tempo para perfurar a garganta da criatura com a espada.

Assim que esse caiu, um dremora xilai veio correndo até eles. Sophia concentrou um feitiço de raios, disparando-o no peito aberto do monstro. Martin protegia sua retaguarda, e ela girou para bloquear um feitiço que o acertaria, lançando de volta uma bola de fogo contra a daedra aranha que lançara o ataque.

A cada passo que davam, tinham que dar dois para trás. Com a abertura de um segundo portal, mais criaturas chegavam em enxames, de modo que Sophia abandonou seu estilo cuidadoso e passou a usar feitiços de dano massivo em área, que destruíam ainda mais a paisagem, mas mantinham os monstros de Oblivion longe de Martin. Ele ajudava com seus feitiços de restauração, protegendo os dois magicamente e com sua lâmina.

Occato e os Blades permaneciam por perto, mas não tão perto a ponto de ficar na linha de fogo da feiticeira. Pela primeira vez, Martin pode ver o quando ela havia realmente evoluído em poder. Após seu encontro em Kvatch, ela só usava feitiços menores de Destruição, apelando muito mais para a espada. Agora, a mulher era capaz de causar um dano impressionante sozinha, liquidando dezenas de inimigos com seus feitiços de área.

Quando o terceiro portal abriu, o grande portal se projetou logo à frente. Mas enquanto eles esperavam as máquinas de sítio que atacaram Kvatch e Bruma, algo muito pior surgiu.

Saindo do portal, em carne e osso, estava ninguém mais, ninguém menos que a forma colossal de Mehrunes Dagon em pessoa.

—Está acabado... – Sophia respondeu, parada em choque enquanto a visão infernal do Príncipe da Destruição se prostrava em seu caminho. Martin puxou-a pelo pulso, compelindo-a a avançar.

—Vamos, temos que ir!

—Mas... – Ele parou para encará-la enquanto corria em direção ao Príncipe Daédrico. Sophia engoliu em seco ao ver aquela determinação e assentiu, olhando para cima. Um dos quatro braços de Dagon caía sobre eles, empunhando uma clava para esmagá-los. Ela se atirou sobre Martin, projetando-os para frente e para longe da mira do golpe. O impacto os jogou mais para perto do corpanzil do Daedra e um feitiço de fogo de um xilai zuniu perto dos ouvidos da Breton. Este foi interceptado por Jauffre, que deu cobertura para a dupla. Martin se levantou aos tropeços, correndo na frente. Dagon tentou esmagá-lo, mas a feiticeira lançou uma bola de fogo em seu pé, desequilibrando-o por um momento e dando-lhes tempo suficiente para passar por ele e chegar ao templo. Trancando a porta e com o coração ritombando em seus ouvidos, ela viu Martin se abaixar e rezar. O barulho da batalha enchia seus ouvidos, abafado pelas paredes do templo. Eles estariam seguros. Por hora.

—Martin, o que vamos fazer?! – A Breton perguntou, observando o homem tentar controlar seu pânico.

—Eu não sei... Mesmo que eu acenda as Chamas, Dagon já está aqui. – Martin respondeu em igual desespero, encarando-a. Seus cabelos longos se soltaram do coque no meio da confusão, caindo desgrenhados ao redor de sua face. A mão dela procurou a dele, encontrando-a e entrelaçando seus dedos nos dele. Era um hábito que haviam cultivado desde que o antigo sacerdote começou a ter pesadelos com a noite em Kvatch. Aquilo o acalmava. Ela o tranquilizava, o passava segurança e esperança. Fazia-o pensar com clareza. Ao sentir o temor se esvaindo, Martin começou a raciocinar. – Não pode ser só isso. Tem que haver uma... – Ele arregalou os olhos claros. Acabara de ter uma ideia. – O sangue de Akatosh no Amuleto... O sangue de Akatosh em minhas veias. Minha alma... Imperador, Amuleto dos Reis e as Chamas do Dragão. Todos estão conectados em um pacto entre deuses e reis. Eu sei o que tenho que fazer. – Ele a encarou de volta. O que ela viu naqueles olhos foi uma determinação sólida, com algo sombrio por trás. O estômago da moça deu um nó. Ela não gostou nada daquele olhar.

Ele agarrou o rosto dela, puxando-a para si e colou seus lábios nos dele. O beijo era desesperado, faminto, não algo que era típico do Martin de nervos de aço que ela conhecia. Ele estava tremendo, mas mesmo assim ela pode sentir a emoção naquele gesto. Os segundos pareceram se arrastar devagar, como se dando aos dois um último momento para fazê-lo. Lágrimas correram pelas bochechas dela sem que nem se desse conta que estava chorando. Ao separarem os lábios, Martin afagou-lhe a bochecha com o polegar e depositou mais um beijo em sua testa. Ele fechou os olhos, tentando memorizar aquele toque. Ao olhar de volta nos olhos dela, sua voz encheu-se de pesar.

—Sophia, minha amiga, meu amor... Adeus. Nossa jornada acaba aqui. Este é um caminho que tenho que seguir sozinho. Agora eu me encontro com o destino que os deuses me reservaram. O destino que Akatosh me reservou. – Ele agarrou o Amuleto dos Reis e correu em direção ao círculo central do Templo, deixando uma Sophia confusa para trás, com medo daquelas palavras.

—Martin, espe...! – Ela tentou chamá-lo, mas um tremor a desequilibrou, impedindo-a de avançar. A abóbada do Templo havia sido destruída, e a cabeça horrenda de Mehrunes Dagon olhou para dentro. Martin segurou o Amuleto com força e deixou que sua luz o envolvesse. Ele foi suspenso do chão, sentindo aquele poder penetrar seu corpo pelo sangue que corria e borbulhava em suas veias, chegando até sua alma. E quando chegou, ele revelou sua verdadeira natureza.

Um dragão dourado imenso tomou a forma do homem, que agora encarava na mesma altura o Príncipe Daédrico. Dagon rompeu a parede inteiramente e entrou no templo, sendo recebido pelo dragão com uma mordida no pescoço, que ele afastou com uma estocada de suas garras. O Avatar de Akatosh alçou voo, parando novamente para atacar Dagon. Agitando as asas, o Avatar Sagrado lançou chamas brancas sobre o inimigo, sendo parado por uma pancada da clava. O dragão não desistiu e continuou, lançando fogo com mais violência. Dagon recuou, caindo de joelhos e soltando um grito de agonia, antes que seu corpo se tornasse luz e explodisse em milhares de partículas luminosas. O dragão recuou, cansado e arfando.

—M-Martin? – Sophia, que assistia a tudo assustada, tentou chamá-lo. O dragão soltou um rugido agonizante e levantou a cabeça para os céus, abrindo as asas como se recebesse seu destino. E seu dourado flamejante tornou-se pedra. A mulher ficou parada em completo choque, olhando a estátua a sua frente. Sua voz saiu fraca. – Martin... – O nome saiu quase inaudível de seus lábios, mas ninguém respondeu. E então, quando a realidade do fato a acometeu, lágrimas silenciosas caíram de seus olhos. Ela sentiu uma dor aguda no peito e o agarrou, curvando-se sobre si mesma, de joelhos.

Quando Occato a encontrou, ele pode jurar que nenhum som proveniente de Oblivion conseguia se igualar ao grito de rasgar a alma que foi proferido por aquela mulher naquele dia.

...

Sophia se encontrava parada em frente a estátua do Avatar de Akatosh, nove anos depois. Vestida com sua Armadura de Dragão Imperial, presente de Occato após a batalha contra Mehrunes Dagon, a agora Campeã de Cyrodiil se encontrava no mesmo lugar onde seu mundo caíra.

Se para Martin ela representava esperança e segurança, para Sophia, ele representava inspiração e o futuro. Após sua morte, ela decidiu viver a vida em penitência. Preencher o buraco que a falta dele fazia. Servir aos Deuses.

Se tornou sua Cruzada Divina, a espada dos Deuses, assim como era a dele. Pregava os dez mandamentos dos Nove, enchendo as vidas das pessoas que encontrava com luz. Atrás dela, estava o cavaleiro de Akatosh, esperando alguma reação. Cada um dos membros dos Cavaleiros dos Nove servia a um deus em especial. Lathon, antigo escudeiro de Sir Roderick, representava o deus do tempo. Sophia era a Lady Comandante, a Nona Cavaleira do Nono Divino. Ela representava Talos, era abençoada por ele. Havia morrido e voltado após derrotar Umaril, o Sem Penas. Era uma lenda viva.

A Breton levantou os olhos para a eterna expressão agonizante de seu amado.

—Lady Comandante, o que nós viemos fazer aqui? Por quê você insistiu em deixar as relíquias no Priorado? – Sophia sempre as carregava consigo, mas naquele dia, sua comandante estivera quieta. Terrivelmente quieta. Sophia ficou em silêncio por um tempo após se virar para Lathon.

—Eu não trouxe as relíquias porque não queria corrompê-las. – Ela sorriu tristemente, fazendo o Redguard arregalar os olhos. A Breton olhou de novo para Martin. – Eu comecei a servir os deuses com fervor após a morte de alguém que eu amava muito. Pensei que isso faria a dor ir embora. Por nove anos eu servi aos Nove. Por nove anos eu fui um exemplo de luz, mesmo que em meu coração só exista trevas. – Ela sorriu de volta para ele. – Eu tentei tanto descobrir por quê os deuses deixaram isso acontecer. Porque eles o tiraram de mim. Eu nunca tive uma resposta, Lathon. – Ela suspirou, andando até a estátua. Ela sacou a espada, de costas para o cavaleiro. Lathon deu um passo a frente, pressentindo algo muito ruim. – A partir de hoje, você é o Lorde Comandante dos Cavaleiros dos Nove. Proteja as relíquias, encontre Gerard Daphont, meu filho. Ele vive em Wayrest, provavelmente. Nunca consegui encontrá-lo. Coloquei-o para a adoção antes de ser presa. Ele era o fruto de uma violência. Eu não o queria por perto. Não queria olhar para ele. Nunca achei que amaria ninguém depois daquilo, e fui incapaz de amá-lo. Recrute-o. Ensine-o. Ele já deve ter maturidade suficiente para me perdoar. – Sophia fechou os olhos. – Não fui uma santa, mas fiz o meu melhor. E ainda assim, vivi uma vida cheia de feitos, mas sem amor. Eu só sou humana. E como humana, morro abandonada por todos. Até pelos deuses. Adeus, velho amigo. Agora eu me encontro com o destino que os deuses me reservaram. – Ela deu uma risadinha amarga por conta da ironia. Se despedira da mesma forma que Martin o fizera, há anos atrás. Lathon tentou avançar para impedi-la, mas Sophia já enterrara a lâmina élfica no próprio peito, caindo aos pés da estátua. Lathon gritou e tentou acudir a comandante, mas Sophia segurou a lâmina, impedindo-o de retirá-la para curá-la. Enquanto seu sangue e suas forças se esvaíam, ela lançou um último olhar à estátua. Sorriu.

—Martin, eu estou indo.

E com a sombra de seu sorriso no rosto, a luz finalmente se extinguiu nos olhos da Heroína de Kvatch.

Não importa o quanto você sirva aos deuses, eles sempre vão virar as costas para você. Sempre vão tirar o que mais te importa até que não sobre nada além de dor e tristeza. Os deuses nos destroem.“

Matthieu Daphont

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.