— Ora ora ora, mas que surpresa! - debochou o bandido.

— Pára de enrolar, solta ela logo! - esbravejou Tony.

— Eu vou soltar sim, mas antes quero conversar com o seu cunhadinho.

Em seguida, ele fez um sinal para que tampassem a boca de Effy novamente e assim o fizeram. Quando Tony e Michele foram segurados pelos outros capangas, ele veio até a mim e segurou pela nuca, olhando nos meusolhos.

— Cadê o resto da equipe? - perguntou ele.

— Eu não sei... - respondi, confuso.

— Como não sabe? Eles não estavam com você?

— Sim, estavam...

— E então?

— Mas eu não vi nada, só lembro de ter capotado o carro, eu fui jogado para fora dele e depois só ouvi policiais parecendo ter pego eles e levado para algum lugar.

— Exatamente! E sabe o que mais eles levaram?

Fiz que não com a cabeça, mesmo sabendo o que era.

— O dinheiro. A PORRA DO MEU DINHEIRO!!! VOCÊS ASSALTARAM UM ESTABELECIMENTO E DEIXARAM ELES SEREM PEGOS E PERDEREM TUDO!! - ele gritou, fazendo a voz dele ecoar no galpão inteiro.

— Como eu podia adivinhar que... - eu ia dizendo, mas ele me socou tão forte na boca que eu caí no chão, batendo a parte de trás da cabeça com força nele, me deixando tonto por alguns segundos, onde pude ouvir Effy gritar meu nome por alguns segundos, Tony simplesmente tentou se soltar dos braços dos que o seguravam, mas em vão. Logo, a voz do bandido voltou aos meus ouvidos como um eco.

— Todo mundo calado! Ninguém aqui se aproxima! - ele disse, minha visão estava turva, então não tive como saber o que ele estava fazendo.

Depois que a minha visão voltou ao normal, vi que ele apontava a arma na minha direção.

— Agora, eu tenho uma nova proposta para você: já que a polícia também está te caçando para te prender, trate de se entregar. Quando estiver lá, eu e os três fregueses da Effy vamos bolar um plano para tirar não só você, mas também todos os outros, daquele inferno! Ou então eu puxo esse gatilho aqui e mato seus amigos na sua frente! Tá ouvindo? - esbravejou ele, olhando na minha direção.

— Sim, eu ouvi... - respondi, o olhando apavorado.

— E então? O que você escolhe?

Olhando rapidamente para Tony, vi que ele lançava um olhar desesperador, como se suplicando para eu aceitar.

— Eu escolho isso - falei e dei um chute com toda a força que eu tinha com a minha perna direita, no estômago dele.

Com o impacto, o corpo dele caiu para trás, fazendo a arma dele disparar pra frente e caiu no chão. Para nossa sorte, ninguém estava lá, mas ele caiu no chão e enquanto me levantava, o capanga que segurava Tony teve que soltá-lo para vir me segurar, mas eu comecei a correr como nunca havia corrido antes. Porém, como não sou tão bom atleta, logo fiquei cansado para correr e peguei um cano de aço que estava caído no chão e, em um rápido giro, acertei o cabo na cabeça dele, o derrubando.

Aproveitei para correr e me esconder atrás de alguns entulhos jogados por lá. Dali, pude ver quando a polícia chegou e arrombou a porta de entrada do galpão repentinamente.

— Atenção, ninguém se mova! - disse um policial, entrando com mais dois, apontando a arma para eles - As mãos atrás da cabeça, agora!

— Você armou para mim, Tony! - reclamou o bandido.

— Desculpe Ethan, mas mexeu com minha irmã, mexeu comigo - rebateu Tony, enquanto Michele desamarrava Effy.

— Não vou pra cadeia sem o meu dinheiro! - gritou Ethan, pegando o revólver novamente e assim, atirou nos policiais enquanto corria para mais fundo do galpão. Os outros capangas, que estavam desarmados, permaneceram no lugar.

Os policiais foram atrás de Ethan, trocando tiros, apenas o líder ficou para trás e os segurou.

— Tony Stonem... - disse o policial.

— É... Faz tempo hein? - riu Tony.

Então, ele e o policial já se conheciam? Será que Tony já tinha passagens pela polícia quando mais novo e nunca me contou?

— Fique calmo, a gente vai conseguir pegá-lo antes que ele fuja - garantiu o policial.

— É o que eu espero... - disse Tony.

Naquele instante, outra viatura chegou e três policiais chegaram e algemaram os outros capangas fregueses de Effy e os levaram pra fora dali. Logo Tony abaixou e desamarrou as pernas de Effy, que ficou imóvel por alguns instantes, deixando todos preocupados.

— Effy? Tá tudo bem? - chamou Michele, assustada.

— Ela só deve estar em estado de choque. E presumo que não tenha comido nada, está bastante pálida - disse o policial.

— Sim, ela deve estar mesmo. Aliás, cadê o Dean? - disse Tony, olhando para os lados.

Engoli em seco, se eu ficasse ali escondido, nunca mais eu voltaria para casa, já que lá fora estava cheio de policiais que estavam à minha procura. Mas se eu saísse, o policial me prenderia. Bom, mas Tony já tinha tirado a Effy da prisão uma vez, quem sabe ele não me soltasse também, depois de tudo que eu passei para tentar salvá-la?

— Dean, cadê você? - chamou Tony.

— Dean, aparece - chamou Michele.

— Dean, sei que está com medo, mas ele não veio te prender.

Essa fala do Tony me deixou em alerta, se não veio me prender, então o que ele estava fazendo ali?

Lentamente, fui saindo do esconderijo com as mãos para o alto. Tony veio na minha direção e me ajudou a caminhar.

— Você tá bem? - perguntou ele.

— Agora sim... - sussurrei, cansado.

— Venham, precisamos ir para a delegacia - disse o policial e eu olhei Tony, assustado.

— Você disse que ele não veio me prender! - o olhei.

— E ele não veio mesmo. Ele sabe o porquê estamos aqui, ele acredita na sua inocência... - afirmou Tony.

— Esse Ethan já é um traficante muito antigo da região. E um dos mais perigosos também, me surpreenda que você ainda esteja vivo - confirmou o policial.

— Eu não tô entendendo nada. Como o senhor sabia que estávamos todos aqui? - perguntei, confuso.

— Vamos para a delegacia e lá te explicaremos melhor - respondeu ele.

Mesmo um pouco atordoado, resolvi ir, não confiava naquele policial, mas confiava em Tony, se ele disse que deu um jeito de provar minha inocência, eu acreditava. Só esperava não me arrepender depois.