Carl:

Depositei em minha língua um presentinho da minha mais nova amiga Juliet, que também era a atual namorada da minha ex namorada Meio complicado, mas o que não tinha sido complicado naquele ano em minha vida? Meu melhor amigo morto, rompimento com Sarah, começo de namoro com Lea, rompimento de novo.

Bebi a cerveja gelada. Observei todos no ginásio da escola. Paul e Carlie dançavam juntos, Will estava sozinho no meio da pista, Juliet e Sarah estavam se agarrando em um canto do ginásio. Lea se encontrava sentada de cabeça para baixo, ela olhava as próprias pernas cabisbaixa. Como sempre ela estava linda, vestindo um vestido de paetês pretos, com o cabelo preso, em sua cabeça também estava depositada uma tiara dourada.

Suspirei fundo. Fui ao encontro dela, meio receoso, eu sabia do gênio maligno de Lea. Sentei ao lado dela, sem dizer nada, esperando ela me dizer algo.

–Achei que não queria mais me ver... - começou ela.

Eu dei um sorrisinho meia boca.

–Sim, mas nós vamos ficar muito tempo sem nos vermos... Talvez nunca mais nos veremos depois de hoje.

Ela não conseguiu me responder, pois ela sabia que era verdade.

–Porque você está sozinha?

–Pergunta meio óbvia não é?

Ergui as sobrancelhas.

–Não entendi.

–Bem... Estou sozinha porque sou uma vadia má, que não consegue ser feliz sem passar por cima de alguém, Carlie está com Paul, minha amiga de infância Sarah me odeia por eu ter trepado com você, Will... Bem eu e ele nunca nos gostamos muito mesmo.

Agarrei o ombro de Lea, ela estava visivelmente triste.

–Não seja tão dura consigo mesmo Lea, você conseguiu não conseguiu? Conseguiu tudo o que queria você é uma vencedora garota!

Ela me olhou e sorriu.

–Sabe Carl, foi bom termos acabado por aqui... Eu nunca te mereci, você é um cara legal, eu sou o tipo de garota que merece um James da vida.

Ao acabar de me dizer aquilo ela se aproximou de mim me beijando, senti o gosto da língua dela, Lea tinha sido a garota que melhor tinha me beijado, a que tinha sacudido tudo dentro de mim. Quando se afastou de mim, ela disse:

–Seria demais pedir pra você me levar para casa? Vi que você está com sua van...

–Claro que não, vamos lá.

Peguei ela pela mão e a guiei até a minha van. No caminho até a casa dela quase não falamos, estava aquele silêncio constrangedor.

–Quando você vai para Londres? - perguntei meio tímido, não sabia se era algo que eu podia perguntar.

–Daqui dois dias, estou arrumando as últimas coisas e tal.

–E seus pais já sabem?

Ela sorriu.

–Irão saber quando eu estiver indo - rimos juntos - E você, quando irá para Warwick?

–Hoje de manhã.

Ela me olhou incrédula.

–Como assim?! Hoje de manhã, mas e a festa, e os outros?!

Eu ainda não tinha falado para ninguém sobre o assunto ''ir embora'', mas acho que tinha chegado a hora, eu já tinha guardado aquilo por muito tempo só comigo.

–Para mim é muito difícil dizer adeus Lea... Hoje eu fui no ginásio só para ver vocês uma última vez, mas eu não tenho coragem de dizer adeus, acho melhor assim.

Esforcei-me ao máximo para não chorar, mas lágrimas teimaram em cair dos meus olhos, percorrendo o caminho das minhas bochechas.

Lea pegou em minha mão.

–Carl, eu tenho certeza que você terá uma vida boa pra cacete! Você merece!

Naquele momento eu percebi como seria difícil para eu deixar Bristol, deixar tudo o que eu vivi para trás. Lea e eu nos abraçamos por uma última vez, e outro beijo aconteceu. Sem dizer nada ela apenas desceu do carro com os olhos marejados em água também.

Observei ela, até ela entrar em sua casa. Respirei fundo, e dei a partida. Dentro de poucas horas eu estaria longe de Bristol. Eu estava com muito medo. Eu conseguiria ter uma vida de gente grande?

Will:

Estou dançando, lentamente. Era para ser uma das noites mais felizes da minha vida, mas não era, porque Frank não estava lá, ele não podia dançar comigo, não podia comemorar, ele não estava se formando. Ele estava morto. Com lágrimas nos olhos eu dançava, segurando um copo de cerveja, eu apenas lutava para sobreviver até o fim da noite. Todos os alunos dançavam alegremente no ginásio da escola. Era o último dia dos formandos lá, todos de alguma forma estavam dizendo adeus.

Alguém me agarrou por trás, era Sarah.

–Qual é Will?! Nós conseguimos! Nós nos formamos, vamos dançar!

Limpei as lágrimas dos olhos, Sarah tinha razão, Frank não gostaria de me ver daquele jeito, ele não gostaria de me ver sofrendo. Virei-me para ela.

–Eu tenho um presente, Juliet me deu - Sarah me passou uma bala de LSD.

Eu depositei em minha língua.

–Vamos ficar loucos! - gritei, levantando meu copo de cerveja para cima.

As horas passaram voando, e mais uma vez lá estávamos eu e Sarah bêbados sentados um do lado do outro fumando um cigarro. O sol nascia nos cegando.

–Estou indo embora Sarah... – comecei falando de repente, o que já devia ter feito há algum tempo.

–Eu sei, mas nos veremos um fim de semana outro não...

Eu sorri para ela. No fundo eu sabia que isso não aconteceria claro nós manteríamos contato por celular e internet, mas a vida muda, logo eu estaria estudando, trabalhando, ocupado, ela também e cada vez nos afastaríamos mais, infelizmente era assim que as coisas aconteciam.

–Você não entendeu Sarah... Estou indo embora hoje de tarde.

Ela ficou me olhando por alguns segundos sem dizer nada.

–Porra Will! Porque não me disse antes?! Devia ter me tido, eu precisava me preparar.... - ela parecia braba, mas me surpreendi, quando ela me abraçou do nada, Sarah não era muito de contato físico.

Ela começou a chorar, e em meio a soluços, falou:

–Eu amo você pra cacete! Você não imagina o quanto!

Ela me apertava, e minhas lágrimas apenas caiam.

–Eu vou sentir muito a sua falta.

–Por favor, Will, cuide-se em Londres e não faça merdas!

Eu ri, secando minhas lágrimas.

–Isso é algo que eu não posso prometer.

Rimos juntos. Olhei para Sarah e me dei conta de que eu não sabia o que ela iria fazer, nunca tínhamos conversado sobre isso, mas agora a hora tinha chegado.

–E você o que vai fazer?

–Fugir. Irei fugir com Juliet, iremos passar uma temporada em New York, ou talvez México, Brasil, qualquer lugar longe da minha mãe.

–Como assim?! Achei que você iria morar com sua irmã...

–É o que minha mãe também acha... Mas eu e Juliet juntamos dinheiro que conseguimos vendendo drogas, nós vamos só sair por ai sem rumo.

Abracei Sarah novamente.

–Boa sorte – desejei sinceramente.

Eu e Sarah ficamos por um bom tempo abraçados, estávamos aproveitando pois não sabíamos se um dia iriamos nos abraçar de novo

***

Na frente do espelho eu passei meus dedos por cima da minha tatuagem, a tatuagem ''Frank'' que eu tinha tatuado nas costelas. Vesti o moletom. O moleton do Frank, o qual eu tinha pego logo depois que eu tinha acordado do coma. Minha mala estava pronta em cima da cama.

–Filho seu táxi chegou! - ouvi a voz de minha mãe vindo da cozinha.

Peguei minha mala, dei uma última olhada no meu quarto, suspirei um pouco triste por deixar tanta coisa para trás. Fechei a porta.

A despedida de minha mãe foi o pior, mesmo ela sabendo que nos veríamos no Natal, ela fez drama, eu também estava triste por deixá-la, afinal eu a amava muito. O táxi me levou até a rodoviária. Lá eu peguei o ônibus que me levaria para Londres, que me levaria para Royal College of Art.

Encostei minha cabeça na janela do ônibus, e uma profunda tristeza tomou conta de mim, eu estava deixando muita coisa para trás, minha mãe, meus amigos. Não sei o porquê, mas a voz de Frank veio na minha cabeça: ''Eu amo você, tudo dará certo.''.

Um sorriso entre minhas lágrimas surgiu. Eu acreditei na voz.

Paul:

O carro estava pronto. A última mala foi colocada no porta malas. Minha mãe, já estava me esperando, junto com minha tia Edna, que tinha vindo nos buscar, eu e minha mãe iríamos nos mudar para Iorque e lá eu cursaria a universidade de Iorque, minha tia já tia já tinha conseguido até um emprego de garçom em um restaurante perto da casa dela.

Carlie e Lea se encontravam na frente da minha casa vazia. Era a hora do adeus. Cheguei perto de Carlie e a beijei, e fiquei abraçado sem dizer nada por um longo tempo.

–Eu te amo muito, você sabe que não é um adeus definitivo, não sabe meu amor?

Carlie estava de cabeça baixa, com lágrimas descendo pelo seu rosto.

–Eu sei, mas...

Ela se abraçou em mim e começou a soluçar.

–Não sei se vou aguentar ficar tanto tempo sem você... Eu te amo tanto!

Abracei-a por mais um tempo, eu não sabia o que dizer, meu peito estava apertado, minha garganta seca, eu tinha a sensação de que estava cometendo um erro, indo embora e deixando ela lá... Mas era o meu futuro, eu precisava.

Beijei a testa dela.

–Meu amor, nós nos veremos nos feriados, nos falaremos todos os dias por Skype e celular, você irá passar as férias comigo... E ano que vem você estará formada, irá para Iorque e ficaremos juntos... Tudo irá dar certo.

Carlie balançou a cabeça positivamente. E só conseguiu me dizer com a voz rouca:

–Eu te amo Paul.

Dei um último beijo nos lábios dela, e a deixei chorando nos braços de Lea. Entrei no carro da minha tia com o coração em pedaços, eu tinha deixado um pedaço de mim em Bristol. Carlie e eu nos amávamos e nada, nem à distância nos separaria.

Sarah:

Era tarde da noite. Em cima da minha cama estava minha mochila, com algumas mudas de roupas e outras coisas necessárias. Uma carta explicando para minha mãe tudo, absolutamente tudo. Desde que eu nunca conseguiria morar com minha irmã até que estava namorando com uma garota e iria fugir com ela. Era loucura? Era. Mas eu estava disposta a tentar, a viver intensamente pelo menos uma vez na vida.

Fazia uma semana desde que Carl tinha ido embora sem se despedir de ninguém, eu estava braba com ele, mas eu ainda gostava dele, afinal ele tinha sido o meu primeiro namorado. Will também tinha ido embora e eu sofria com a ausência dele. Paul também já havia partido há dois dias atrás, deixandoa pobre Carlie sozinha, a única pessoa que eu não sabia notícias e não me importava em saber era Lea.

Meu celular vibrou era um sms de Juliet ''Estou aqui na frente amor''. Abri a janela do meu quarto, jogando no quintal minha mochila, antes de descer pelo cano olhei uma última vez para o meu quarto.

–Adeus... – sussurrei, para o nada, não sei o porquê mas tive a necessidade de fazer aquilo.

Desci o cano, peguei minha mochila, fiz a volta na minha casa. Juliet me esperava com seu carro. Entrei jogando minha mochila para os bancos de trás e a beijei. Eu estava começando a amar Juliet de verdade.

–Para onde vamos? - perguntei, depois de beijá-la ficando sem fôlego.

–Abra o porta luvas do carro.

Abri o porta luvas lá encontravam-se duas passagens para a Argentina.

–Você está brincando?! - gritei em êxtase subindo para cima dela e a beijando repetitivas vezes.

–Eu te amo Juliet - praticamente cuspi as palavras no rosto dela, de tanta intensidade que as disse.

Juliet me olhou por alguns segundos.

–Eu te amo mais - restribuiu ela esboçando um sorriso.

Sai do colo dela.

–Vamos então? Vamos ser felizes?

Ela sorriu e deu partida no carro. A resposta era ''Sim'', nós estávamos indo rumo a felicidade.

Lea:

A noite anterior a minha partida não foi uma das melhores, na hora do jantar eu resolvi falar a verdade, que eu não estava indo para a faculdade e sim seguir minha carreira de modelo em Londres, que eu tinha conseguido um contrato. Minha mãe aos berros dizia que eu estava jogando meu futuro no lixo, que eu era louca. Depois ela chorou compulsivamente e me implorou para não ir, para eu esquecer daquela ideia tentando fazer eu acreditar que era loucura.

Eu fui firme e disse que nada me faria mudar de ideia. Depois de alguns minutos de discussão ela e meu pai cederam e me apoiaram mesmo achando que eu estava cometendo um grande erro. Antes de dormir naquela noite pedi para Alexander mandar o carro que me levaria até Londres de manhã cedo. O carro me levaria até um alojamento que eu dividiria com outras garotas modelos. Eu estava sentada na minha cama logo de manhã cedo, eu faria que nem Carl, não queria me despedir, seria algo doloroso tanto para mim, tanto para os outros, ainda mais para Carlie que já sofrera tantas perdas. No lado da minha cama se encontrava Carlie dormindo profundamente,ao lado da cama dela tinha um cinzeiro com muitos cigarros e uma garrafa de vodka vazia, mesmo que eu tentasse acordá-la para dizer adeus ela não acordaria. Meu coração ficou apertado ao ver Carlie daquele jeito. Ela estava sofrendo pela ausência de Paul, eles realmente se amavam.

Eu mesma não conseguia me ver no lugar de Carlie, todos indo embora traçando um futuro e ela ter que ficar mais um ano em Bristol.

Dei um beijo na testa dela.

–Eu te amo irmã.

Tirei do meu pescoço um colar em formato de coração, e depositei nas mãos de Carlie. Queria deixar algo meu com ela.

Escrevi um pequeno bilhete para ela também dizendo: ''Eu te amo pra caralho, cuide bem da mamãe, papai e do nosso irmãozinho, nós vemos no Natal''.

Peguei minhas coisas e sai de casa sem fazer barulho todos dormiam. Em frente de casa me esperava um luxuoso carro, do qual desceu um motorista que abriu a porta do carro e guardou minhas malas no porta malas.

Ele deu a partida, aos poucos Bristol ficava para trás, deixando tudo o que eu vivi para trás, e aos poucos minha nova vida começava, minha fabulosa nova vida.

Carlie:

Já fazia um mês desde a partida de todos. Eu continuava presa em Bristol, sozinha. A única coisa que eu sabia fazer era beber, fumar, e dormir. Naquela manhã minha mãe me arrancou de cima da cama, me jogando dentro de uma banheira com água morna. Dando-me banho como se eu fosse um bebê. Enquanto ela me lavava com a esponja eu chorava silenciosamente.

–Estou tão preocupada com você Carlie... Você quase não come, não fala, só dorme bebe e fuma.

Fiquei quieta, não queria falar sobre aquilo.

–Sei que você está sofrendo com a partida de todos, mas se isolar não irá resolver em nada...

Mamãe começou lavar meu cabelo esperando alguma resposta minha.

–Lea já está longe... Sinto tanta falta dela, dos ataques, dos egocentrismos...

Um sorriso triste invadiu meu rosto ''Eu também mãe...'' pensei.

–Eu não conseguirei ficar com ela longe... E com você desse jeito, deprimida distante... Nós iremos a um psicólogo hoje ok?

Balancei minha cabeça positivamente. Minha mãe tinha razão eu tinha que me reerguer aguentar, ficar forte, logo eu estaria junto com Paul novamente e tudo ficaria bem.

Minha mãe saiu do banheiro me deixando sozinha, me sequei. E fui enrolada até o quarto meu e de Lea, que na verdade agora era só meu... Engraçado sempre quis ter um quarto só meu agora que eu tinha, eu sentia falta da companhia da Lea.

Sentei na cama e abri a gaveta da minha cômoda, lá estavam vários testes de gravidez feitos por mim durante a semana toda. Todos com positivos desatei a chorar ao vê-los.

O que eu faria? Como eu ligaria para Paul e diria que estava grávida dele, como? Se ele estava tocando a vida dele, eu estragaria tudo novamente. As lágrimas quentes escorriam pelos meus olhos, o maior motivo da minha tristeza era saber que eu estava grávida. Não tinha como falar para ninguém, meus pais surtariam, Lea estava longe ocupada não tinha tempo para me ouvir, e Paul ele entenderia?

Deixei-me cair na cama, com as mãos na barriga. A única coisa que eu tinha forças era de chorar. Mais uma vez eu estava sozinha e perdida.

05.05.2014

00:23.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.