\"\"

Música do capítulo:Hero,Nickelback

http://www.vagalume.com.br/nickelback/hero-traducao.html#ixzz1hued47aA

Estou tão alto, que posso ouvir o céu

Estou tão alto, que posso ouvir o céu

Mas o céu... não, o céu não me ouve

***

–Pai nosso que estais no céu,santificado seja o vosso nome,seja feita a vossa vontade...

Era só uma menina de cinco anos,e já sabia rezar.

Por que ninguém gostava dela?Por que Deus parecia tão irritado com ela?

E o seu pai?Por que não voltava logo para a sua mãe e para ela?

Eles não eram uma família?

Angela saiu do quarto pé ante pé.

Ouviu uma voz de homem e acreditou que era seu pai.Queria fazer uma surpresa para ele.

Andou devagar pelos corredores.

Sua mãe sempre dizia que seu pai iria voltar cheio de presentes no dia que ela menos esperava.

–Aqui está.-disse a voz masculina.

–Obrigada,Martin.

–E o pai da menina?Quando chega?

–Nunca,seu idiota.O canalha do John nunca vai voltar.

Aquilo foi um baque para ela.

Maria pegou a injeção que estava com o homem e a injetou no braço,para horror de Angela,que morria de medo de agulhas.

Ela se sentou no chão com as duas mãos na cabeça e começava a tremer.

Angela foi até a frente de sua mãe e olhou nos olhos dela.

Maria ficou assustada,não queria que a filha a visse daquele jeito.

–Papai não vai voltar,não é?

–Me perdoa,anjinho.-suplicou Maria.

Angela ignorou Maria e foi andando devagar até o seu quarto.

Ela não era uma princesa em um conto de fadas.Não existia fada madrinha,nem magia.Não existia príncipe encantado e ele não viria até ela em um cavalo branco.Não existiam "e viveram felizes para sempre" e com certeza o final da maioria das pessoas era miserável.

Seu pai não viria,ele nem se importava com ela,sua mãe era uma fraca,além de egoísta e ninguém de sua escola ou da cidade gostava dela.

Então ela se ajoelhou ao lado de sua cama,pegou sua pequena Bíblia e rezou para a única pessoa por quem tinha esperanças de ainda gostar dela.

–Pai nosso que estais no céu,santificado seja o seu nome,venha a nós o vosso reino,seja a feita a vossa vontade assim na terra como no céu...

***

E disseram que um herói viria nos salvar

Não vou ficar aqui parado a esperar

Me agarrarei nas asas de uma águia

Observe enquanto voaremos para longe

***

Ela já tinha sete anos e ainda nutria a pequena esperança de que seu pai voltasse.

Então sua mãe pararia de usar aquelas coisas que a faziam passar mal e de sair com aquele monte de homens desconhecidos e alguns até mesmos pais de seus coleguinhas de escola.

Aliás,era modo de falar.

Ela detestava a escola.

Estava andando de um lado para o outro perto do portão enquanto esperava o sinal bater.

Foi cercada por Brian e alguns de seus amiguinhos.

–E aí,esquisitinha?

Angela fez como tinha lido na Bíblia,o deixou falando sozinho e virou a cara para o outro lado,tentando ignorá-lo,mas ele segurou o seu braço.

–Eu falei com você,esquisitinha!

Ela o encarou e tentou manter a calma.

–Brian,eu estou sem lanche hoje.Não vai ter como eu dá-lo a você.

–E dinheiro?

–Eu tenho cara de quem pode trazer dinheiro para a escola?

Os outros meninos concordaram,mas Brian a empurrou para o meio da roda.

–Sabe do que meu pai costuma te chamar?Filha da vadia.

–Filha da vadia!Filha vadia!Filha da vadia!-cantarolaram os outros da rodinha.

Ela tampou os ouvidos inutilmente,mas eles continuaram.

–Filha da vadia!Filha da vadia!Filha da vadia.

"Deus disse para dar a outra face,não que devemos deixar que nos humilhem!".

E então,ainda com as mãos nos ouvidos,ela olhou nos olhos de Brian com um ódio tão forte que ele parou.

Os outros meninos da rodinha também pararam,suspresos com a mudança no olhar dela.

Angela pulou em cima de Brian e começou a socá-lo.

A surpresa foi tanta que ninguém reagiu,até que um professor a segurou e a tirou de cima dele.

–Mas que menina incontrolável!-exclamou ele.

Naquele dia,Angela mudou.

Nunca mais esperou que o pai voltasse.Nunca mais esperou que um príncipe encantado a salvasse.Nunca mais esperou que um dos professores a ajudasse.

Nunca mais esperou nada...de ninguém.

Se quisesse se defender,teria que fazer isso sozinha.

***

Alguém me disse

Que o amor nos salvaria

Mas, como pode ser?

Olha o que o amor nos deu

***

Ela já tinha 13 anos e se tornou a maior delinquente da escola.

Batia em qualquer um que se atrevesse a ofendê-la.

Passou com seu material escolar por Brian,que gritou;

–Filha da puta!

–Sou mesmo filha de uma puta,por que negar?-devolveu ela-Só não se esqueça que seu pai é o melhor cliente dela!

Ela deu um sorriso de vitória e foi para seu dia escolar.

Assim que chegou em casa,encontrou sua mãe fedendo a bebida com a cabeça jogada em cima da mesa.

–Mãe?

Maria levantou a cabeça e Angela puxou a foto de um homem.

Ela olhou da foto para a sua mãe,cujos olhos estavam vermelhos em volta.

–Esse é o meu pai?

Ela assentiu com a cabeça.

–Mãe,você...o amava?

–Amava.

Angela mal conseguia acreditar no trapo de gente que sua mãe estava se transformando.E tudo por que?Por causa dele?

***

Ela já tinha dezessete anos.

Passou por uma loira de olhos azúis muito bonita de sua idade que segurou o seu braço.

–Eu fiquei sabendo de você o Brian.

–Olha Gina,eu não tenho culpa se o seu namorado bêbado me agarrou no meio da rua,com todo mundo olhando.Se não sabe segurar o seu homem,não é culpa minha.

Ela apertou o braço de Angela.

–Fique longe do Brian!

–É o que eu mais quero!Quem disse que eu quero aquela porcaria que treparia com um poste se ele vestisse saia?

Ela pegou a mão de Gina que segurava seu braço e a torceu.

Depois deu um empurrão em Gina,que caiu de bunda no chão.

–Você devia ir para um reformatório!

–E você a um cirurgião de plástica.Quem sabe se você puser no cérebro o silicone que pôs nos peitos não fica mais inteligente?

***

–Senhorita Gilbert,eu sugiro que não veja o corpo dela.

–Está tudo bem,doutor.

O médico assentiu e tirou o lençou de cima do rosto dela.

Maria estava acabada,detonada,com o corpo magro e o rosto muito fino.

–Era de se seperar que terminasse assim.

Foi até a lan house da cidade e pesquisou.

Maria provavelmente iria querer que John fosse ao seu enterro.

Não que Angela sentisse que devia algo a ela.

Pegou sua moto e foi até a tal Mystic Falls,onde sabia que havia prováveis parentes dele.

Tocou na campainha,e quem atendeu foi justamente Elena Gilbert.

E A vida de Angela mudou.

***

E eles estão nos vendo

Eles estão nos vendo

Enquanto voamos para longe

E eles estão nos vendo

Eles estão nos vendo

Enquanto voamos para longe