Myst suspirou e depois se deu por vencida ao colocar os ovos e o bacon no prato da filha, Ayla insistia para que comesse o que o papai havia preparado. O riso que nascera em seus lábios era genuíno ao notar as diferenças gritantes entre os filhos. Um era como ver a si própria, tanto na aparência quanto na personalidade, Arian era tão quieto e maduro para a idade que as vezes a própria mãe tinha que fazê-lo ir brincar. Mas era ótimo em olhar a irmã quando ela ou Dean não conseguiam, Ayla era uma pestinha!

Havia puxado o Winchester em simplesmente tudo, a personalidade forte, nos gostos musicais e até nas expressões de impaciência. Myst não conseguia entender como uma criança de 4 anos conseguia ser daquela forma, ter já pensamentos decididos e extremamente arteiros. Mas aquilo aquecia o coração dos dois pais de uma forma inexplicável, era completamente lindo o sentimento que aquela família nutria uns pelos os outros. E bom, nem sempre havia sido assim, toda boa história começa com alguma confusão e na deles envolvia ninguém mais do que o próprio Deus em pessoa... ou em luz? Não sei, não vem ao caso, esse é somente um momento feliz de uma família em paz.

Dean tinha saído logo cedo com Sam, iria passar na casa do mais novo para conversarem, parece que existia algo que o irmão queria lhe dar naquele aniversário, algo que envolvesse o Impala... E bom, aquele era um assunto de muito interesse do loiro que passava horas ensinando aos filhos sobre tudo que já tinha vivido dentro daquele carro. Dentro da sua bebê. E essa saída do marido foi de muito auxilio para a bruxa, já que ela preparava algo para que eles pudessem comemorar aquela data especial. Terminou de escrever a carta que Ayla havia interrompido de fazer e fora para a cozinha da casa, agradeceu aos céus por Arian estar entretendo e ajudando a irmã nos cartões que faziam para o pai. A Winchester terminou de pegar as coisas para um piquenique que preparava com muito carinho, colocando tudo em uma cesta de vime grande e, com o auxílio de um pouco de magia, deixou-a mais leve.... Não queria problemas futuros.

Os olhos foram até o relógio na parede e lembrou-se que o marido chegaria para o almoço como ele mesmo disse, caminhou calmamente até as crianças que terminavam os desenhos rabiscados e ajudo-os a passar a fita para que fechassem como um presente.

— Acabamos. Vão colocar o sapato e vamos, tá bom? Deixa a mamãe te ajudar, Ayla.

Myst ajudou a mais nova a calçar as sandalinhas de verão e logo segurou em sua mão para que saíssem. Arian insistiu que carregasse uma alça da cesta e a mulher deixou, mas só porque já estava leve para que qualquer um deles carregassem. Os três andaram com calma por alguns minutos, descendo até a beira do lago que era praticamente o jardim da família. Colocou a cesta na mesa de madeira que o próprio Dean havia construído com o filho e ficava bem de baixo da maior arvore do campo – onde também tinha a casa na arvore que ambos se aventuraram a fazer.

— Olhe sua irmã enquanto eu arrumo aqui, tá bom? Cuidado na escada.

Viu o mais velho dos irmãos assentir e então, com tranquilidade, colocou a toalha amarela quadriculada na mesa e passou a distribuir os pratos em seus lugares, colocando as travessas com pães e doces por todo o centro. Arrumou os sucos e frutas dispostos ao alcance de todos e, no meio da mesa, colocara o bolo enfeitado de aniversário. Mexeu as falanges para preservar a temperatura de toda a comida, deixando-as frescas com apenas um toque.

Ao longe pudera escutar o barulho do motor e então aguardou até vê-lo entrar em casa. Esperou enquanto ele provavelmente lia sua carta por um tempo – talvez demorasse mais alguns minutos até Dean encontrar o envelope, tendo em vista que era despercebido. Mas logo pôde o ver sair pela porta da cozinha, um sorriso lindo e confuso ao rosto e, antes que pudesse fazer alguma coisa, viu os dois pestinhas saírem do balanço de pneu e correrem até o pai.

Dean segurou a menor no colo enquanto abraçava o de 7 anos. Ayla abraçava com os bracinhos gordinhos o pescoço do pai e Arian sua cintura com todo o carinho e ternura que aquele menino sabia demonstrar.

— Pai, eu fiz um piquenique surpresa.... Tem bolho... bolo! – A menina tentava tirar os cabelos bagunçados dos olhos enquanto ela mesma recolocava a sua tiara.

— Nós fizemos um moooonte de coisas, pai! Vem ver.

— É, tem até uma tiara pra você também.

— Pai, a Ayla quer fazer todo mundo usar tiara, fala pra ela que eu não quero.

— Pai, mas é seu nervesário, tem que ser de princesa.

— Pai fala que não.

— Shh. Pronto meninos. Deixem seu pai respirar. Oi, amor. – Myst se aproximou do maior que ainda se mantinha com um sorriso divertido no rosto e selou os lábios nos dele com delicadeza, puxando Ayla para si e deixando que Dean pegasse o primogênito no colo. – Vem, a tarde está gostosa.

Segurou na mão livre do marido e o guiou até a mesa, a felicidade genuína estampada em sua face. Era uma verdade imensa que o amor que a mulher nutria por aquele homem ultrapassava limites e nunca saberia como demonstrar com exatidão a dimensão e proporção que aquilo tomava. Pegou de dentro da cesta algumas coroas de flores delicadas e entregou na mão da pequena, erguendo-a para que ela mesma colocasse sob a cabeça do pai.

Sabia que Dean não era muito chegado em coisas assim, mas também sabia que ele faria de tudo pela filha e sorriu ao vê-lo abaixar a cabeça para que a mesma fosse enfeitada.

— O que vocês andaram aprontando na minha ausência? Além de querer que eu me pareça uma princesa da Disney.

— Olha o bolo, pai. Eu ajudei a mamãe a fazer. – Arian falou com orgulho na voz e de bochechas rosadas, esperando a aprovação do pai.

— Eu quem te ajudei a fazer! Você fez quase tudo sozinho. – Myst colocou Ayla sentada do seu lado enquanto via Dean se sentar com Arian do outro lado da mesa.

— Então deixa eu experimentar pra ver se está gostoso. – O dedo indicador do homem correu pela lateral do glacê, levando-o a boca e fazendo uma expressão exagerada de quem havia gostado.

Entre risos e muita sujeira, o casal ajudou os filhos a comerem com êxito, a bruxa até ouviu algumas coisas sobre não ter nada de carne disposto a mesa e só não fez alguns gestos feios com a mão para o marido por causa das crianças. Por mais que muitos anos tivessem se passado desde as picuinhas e briguinhas de quando se conheceram, aquilo era algo que ambos nunca iriam abandonar. O jeito mandão e bruto do ex-caçador era um charme que Myst nunca recusaria de assistir... Até mesmo a impaciência, essa lhe fazia cruzar as pernas querendo-o para si.

E bom, o Winchester não conseguiu fugir das garras da filha, que fez cada um cantar parabéns pelo menos três vezes – só para que ela pudesse assoprar as velinhas. E quando todos já haviam se fartado de doce, a loira mais velha notou Arian atrás do pai, um pedaço de bolo em suas mãos intocado, um olhar cumplice de mãe e filho fora trocado e ela já havia entendido o recado.

— Amor... Tem alguma coisa no seu rosto. Ali ó. – Dean tentava achar o lugar, passando as mãos pela face bonita em busca da sujeira. – Ali, amor. Arian, ajuda o papai.

E, de repente, o bolo já não estava mais nas palmas pequenas da criança. Todo o glacê azul sujando a lateral do rosto do companheiro. Os risos não deixaram de vir e a mulher fora em auxilio do companheiro de vida.

— Arian, quando eu te pegar, você vai voltar a usar fraldas garoto. Não durma a noite! – Dean não recusou a ajuda da mulher para que limpasse, mas assim que o trabalho fora terminado puxou-a para seu colo, carregando-a em seus braços – E você, sua trapaceirazinha. Vai se ver comigo mais tarde!

Ela envolveu o pescoço do marido com os braços para cala-lo e iniciou um beijo apaixonado, completamente entregue. Após as brincadeiras e a sonolência começar a bater, Ayla pediu para que Arian a levasse até a casa da arvore novamente e, com a autorização dos pais, ambos subiram para que pudessem aproveitar dos brinquedos lá de cima.

A Winchester pegou uma toalha que trouxera para por no chão e a estendeu na sombra gostosa da árvore, chamando Dean com a mão para que ambos se sentassem ali, apreciando o brilho bonito do lago em seu fim de tarde. Ao longe, ouviram o latido forte do Golden, que viera feliz até seu dono. O mais novo acariciou as orelhas felpudas em entusiasmo, logo dando beijinho por toda a carinha do cachorro.

— Por onde você estava, hein Bobby? Espero que não seja destruindo nosso sofá de novo.

O peludo recebeu as caricias de bom grado, mas logo fora até os pés de ambos para se deitar e também se aproveitar da tarde preguiçosa.

Com alguns minutos em silencio, a bruxa se viu impaciente e completamente inerte em pensamentos.

— Dean?

— Sim?

Ela virou-se para o homem e segurou-o na mão, arrastando a mesma para seu colo.

— Você já pensou em... ter gêmeos? – Viu as sobrancelhas do mais novo franzir enquanto pensava na resposta repentina. – Sabe, num futuro. Seria legal, não seria?

— Seria maravilhoso, amor. Maravilhoso.

O sorriso que dançara nos lábios femininos denunciara toda a sua emoção ao arrastar as falanges masculinas até a barriga lisa e os olhos, esses tão cheios de vida e felicidade, se encontraram aos esverdeados surpresos, que depois de alguns segundos denunciou que havia entendido seu recado. Fora impossível para ambos não se agarrarem naquele momento, completamente devotos um ao outro.

— Feliz aniversário, meu amor.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.