Se aquele fosse um dia como outro qualquer, Mikorin provavelmente não estaria escondido atrás de uma pilastra no momento.

Ele passaria na casa de Nozaki após a aula para ajudar com o mangá, ou talvez teria ido para casa direto para jogar o novo dating sim que comprara até tarde da noite, como sempre fazia. Sim, o ruivo nunca pensara no dia em que iria escolher espiar no encontro de outra pessoa como passatempo de tarde.

Principalmente se essa pessoa fosse Kashima, e seu acompanhante não fossem as garotas com quem normalmente saía e sim seu kouhai, Wakamatsu.

Já era a terceira vez que ele tinha beliscado o braço em uma hora, sem sucesso. Parecia que aquele pesadelo não teria mesmo fim.

O ruivo olhou brevemente para o lado, onde Nozaki parecia entretido encarando alguma coisa numa vitrine próxima, e sentiu a breve vontade de sair dali. Eles estavam esperando na frente do cinema do shopping enquanto Sakura seguia disfarçadamente o “casal” até lá para avisá-los de quando ambos estivessem chegando, mas só a ideia de um deles possivelmente os encontrando lá já era o suficiente para fazê-lo querer sair correndo.

Não... eu tenho que resistir. Ele engoliu em seco, fechando suas mãos em punhos. Tenho que ajudar a Kashima, não posso ficar fraco agora.

— Mikoshiba.

Mesmo que esse desenvolvimento tenha ficado pior que qualquer história de jogo que já vi na vida, não posso deixar isso acontecer.

— Mikoshiba?

E, aí, Wakamatsu vai finalmente parar de seguir a Kashima por aí, e ela vai poder não me deixar sozinho de novo enquanto foge dele, e os outros também vão parar de me excluir nas coisas! E...

Uma mão pôs-se sobre seu ombro, e o ruivo não conseguiu evitar o grito agudo que saiu por sua boca ao dar um salto para frente.

N-n-n-nozaki?! — ele gaguejou quando se virou, rosto quase em chamas, tentando recobrar sua respiração de quem quase tinha sido pego no flagra. – N-não me assuste desse jeito, droga!

— Desculpa. Você não respondeu quando eu te chamei, então... – O moreno parecia realmente arrependido de ter feito isso, e o ruivo suspirou.

— Não, tudo bem... Mas o que você quer? Eles estão chegando?

— Não é isso. – Nozaki pausou por um momento, antes de colocar as mãos nos ombros do ruivo e olhá-lo com determinação. – Eu preciso da sua ajuda.

Haaah?— Mikorin piscou, inclinando-se para trás com o susto. – Eu não vou colocar nenhuma roupa que você me pedir, pode esquecer isso-!

— Não é sobre o mangá.

Ele congelou. Piscou uma, duas, três vezes. Nozaki estava pedindo ajuda com algo que não era o seu mangá. Quando isso acontecera antes, mesmo? Ah, sim. Nunca.

Tem alguma coisa seriamente errada com o mundo hoje... O ruivo pensou, uma expressão atônita tomando conta de seu rosto.

Mas, bom, talvez Nozaki quisesse saber algo sobre Kashima para ajudar com o plano. Sim, devia ser isso. Então Mikorin tossiu levemente, e dirigiu o olhar ao mais alto que ainda o segurava pelos ombros.

— ... O que foi, Nozaki?

— É sobre a Sakura.

Dessa vez, Mikorin se deu um tapa no rosto para ver se adiantava.

— Mikoshiba?! – Nozaki piscou, surpreso, enquanto o ruivo puxava uma bochecha ao lado da marca vermelha do tapa. O ruivo o encarou, balançou a cabeça para os lados e tentou se controlar pela segunda vez.

— O-o que é sobre a Sakura, Nozaki? – O ruivo perguntou, fingindo um sorriso. Ok, se acalma. Ele provavelmente quer falar algo sobre ela estar nervosa perto dele e achar que é por causa de alguma coisa qualquer além da queda dela que ele obviamente não descobriu, porque não tem como ser outra coisa, não tem-!

— Eu quero responder aos sentimentos dela de alguma forma.

Mikorin levantou seu punho e o encarou, se perguntando se aquilo seria o suficiente para desacordá-lo e transferi-lo de volta do mundo paralelo em que tinha ido parar.

— Quer dizer, - Nozaki continuou, não prestando atenção no ruivo que parecia estar vendo um alienígena na sua frente, voz beirando ao nervosismo. – Ela parece saber tantas coisas sobre mim e eu não sei quase nada, então queria fazer algo para retribuir...

Ah, ok. O garoto permitiu-se respirar de alívio, sorrindo ao ver que aquilo estava dentro do comum. Só o Nozaki de sempre não adivinhando que a Sakura gosta dele, eu posso lidar com isso.

— E eu me senti tão bem quando ela disse que meu mangá era importante para ela. Parecia que meu coração ia pular pela garganta! – Nozaki continuou, levantando um punho em entusiasmo.

— Uh... – O ruivo estreitou os olhos. – Espera. Seu coração fez o quê?

— Eu não sabia que amigos poderiam fazer você se sentir tão bem! Podia até jurar que tinham borboletas no meu estômago! – O moreno não pareceu o ouvir, pois continuou falando animadamente. Depois, ele parou, parecendo refletir sobre algo. – Estranho, acho que já vi essa sensação ser descrita para alguma outra coisa antes...

AMOR, seu idiota! Você não é um mangaká de shoujo?! Por que diabos não sabe isso?! Mikorin se segurou para não sacudir o mais alto de raiva, ou gritar aquilo no meio do lugar lotado. Só que não, aquilo já era demais, ele não iria entrar em mais de uma confusão de uma só vez. Se Nozaki não queria reconhecer os seus próprios sentimentos, não era Mikorin que perderia seu tempo tentando explicar para ele.

Mas mesmo assim, como a Sakura não notou uma coisa dessas? O ruivo perguntou para si mesmo, levantando uma das mãos para o queixo. Será que essa confusão toda a distraiu para não perceber que finalmente parece estar sendo correspondida? Ou será que ela acabou ficando densa que nem ele depois de passar tanto tempo tentando?

— Arrrgh, eu não acredito nisso! – Ele colocou as mãos na cabeça, bagunçando seu cabelo vermelho enquanto resmungava, recebendo um olhar confuso de Nozaki e de algumas outras pessoas em resposta.

— Mikoshiba?

— Esquece. – Ele suspirou, e encarou o moreno à sua frente. – Mas eu não posso fazer nada quanto a isso. Por que não tenta perguntar o que ela gosta para ela mesma?

— Mas eu já fiz isso. – Nozaki respondeu, franzindo a testa.

Mikorin estava quase indo bater a cabeça na parede. Até Sakura não tinha percebido nada depois disso? O que exatamente estava acontecendo com todas as pessoas à sua volta?

— Quer saber? Você é o mangaká shoujo aqui, então você resolva. – O ruivo resmungou, cruzando os braços e desviando os olhos dele, justo a tempo de ver um rastro de laranja e laços vindo à direção de ambos.

— O-o que vocês estão fazendo no meio de todo mundo? Eles estão quase aqui! – Sakura chegou quase ofegante, correndo até eles e deixando de ver a encarada irritada que o ruivo a direcionou.

— Ah, Sakura. – Nozaki piscou para ela, e pareceu levemente hesitante em seguida. – Eu queria perguntar uma coisa...

— Agora não, Nozaki-kun! Eles estão quase aqui! – Ela o interrompeu, empurrando-o e a Mikorin pelas costas até atrás de uma parede perto do cinema.

Dessa vez, ela percebeu sim o olhar irritado do ruivo.

— Eh? O que foi, Mikorin?

— Sakura, eu não acredito que você até agora não percebeu-

— Ah, Kashima-senpai, aqui!

Aparentemente, até Wakamatsu queria atrapalhar sua tentativa. Talvez fosse melhor deixar aquilo para os dois resolverem depois, afinal.

— É melhor irmos atrás deles. – Mikorin falou então, espiando enquanto sua amiga e seu kouhai entravam na fila de ingressos.

— Hm. – Nozaki assentiu, saindo de trás da parede assim que eles deixaram a fila. – Wakamatsu disse que iriam ver o filme romântico que estreou semana passada. Uma boa escolha para um encontro.

— Romântico, huh...? – A garota ao lado do ruivo murmurou. Ele pode ver quando ela dirigiu seu olhar a Nozaki e corou, desviando os olhos para o chão.

Mikorin deixou-se sorrir levemente com isso.

Pelo menos os sentimentos dela ainda eram bem previsíveis.

xxx

Na sala escura do cinema, com os trailers passando na enorme tela a frente deles, Wakamatsu e Kashima encontravam-se sentados na fileira do meio, um balde de pipoca no colo do mais novo e dois copos de refrigerante em cada apoio.

A garota engoliu em seco.

A sala estava quase vazia – exceto por eles, talvez mais dois casais e o pequeno grupo de “espiões” do qual ela não fazia a menor ideia – e estavam prestes a ver um filme romântico absurdamente açucarado.

O ambiente perfeito para um encontro. Aquilo não era nem um pouco bom.

Kashima já havia assistido a filmes o suficiente para saber o que aconteceria nessa situação.

—Kashima-senpai. – Ela se virou e encontrou os olhos turquesas de Wakamatsu.

—H- Hm? – Espera. Ele estava segurando o balde de pipoca agora, um pouco alto de mais. Ele estava pensando em-!

—Quer dividir? – O garoto sorriu, estendendo a pipoca e com as bochechas levemente rosadas.

Na mosca.

—Ah! – Ela olhou para os lados e agarrou seu refrigerante. – Eu estou sem fome, obrigada.

—Eh, tudo bem... – O moreno abaixou o balde de pipoca, mas continuou sorrindo. – Se mudar de ideia é só dizer!

—Uhum. – Ela assentiu e bebericou um pouco do refri. Salva.

Isso é, até – no meio do filme – Wakamatsu usar o truque clichê de se espreguiçar e por o braço sobre os ombros da pessoa ao lado. Por sorte, a mais alta foi rápida em encostar-se no respaldo da cadeira, fingindo uma expressão animada com o que acontecia no filme. Pelo canto do olho, ele pareceu não querer incomodá-la e desistiu. Salva de novo.

Ah, aquilo lhe daria trabalho.

xxx

De fato, muito trabalho.

Principalmente quando o seu kouhai lhe dera a ideia de passarem em um café depois do filme, ele parecia tão feliz que a garota não conseguira dizer não.

Ela também sentira que estava sendo observada e podia jurar que vira um rastro muito familiar de cabelos ruivos.

O nervosismo devia a estar deixando maluca.

Atrás de uma pilastra, Mikorin estava agachando com a cabeça nos joelhos enquanto Sakura e Nozaki tentavam acalmá-lo por causa do susto de quase ter sido visto.

No café, o moreno arriscara outra tentativa dizendo que eles deviam tentar aquele milkshake para dois porque ele era incrivelmente delicioso. Kashima dissera que estava com dor de garganta. Ele oferecera um pedaço do bolo que pedira e ia dar-lhe direto na boca. A garota derrubou o garfo “acidentalmente” com o seu copo.

Ela sabia que iria acabar tendo alguma espécie de punição divina por enganar um garoto tão puro e inocente como Wakamatsu, mas Kashima não tinha escolha.

Mas quando a garota finalmente pensou que tudo havia terminado...

Foi aí que ele resolveu lançar a maldita cereja no topo do bolo.

—Ei, Kashima-senpai... – A garota de cabelos curtos virou para trás e congelou. O moreno tinha parado e olhava para baixo com um rosto visivelmente vermelho, ele remexia os dedos entre si de maneira nervosa e não havia quase ninguém na parte do shopping em que estavam.

Ai, não.

O mais novo olhou para ela, ainda corado, mas com um olhar determinado no rosto.

—Tem uma coisa... Que eu gostaria de te contar já faz algum tempo...

—É? – Calma, Yuu. Pelo amor de Deus, Yuu, fica calma! É só rejeitá-lo com carinho de uma maneira que não o machuque. Você consegue!— E o que é?

—B- B- Bom, é que eu... Sabe, Kashima-senpai... – Ele olhou para o lado, o vermelho mais evidente em suas bochechas enquanto o mesmo pôs uma mão na nuca. – Eu... Eu...

A garota respirou fundo. Internamente, desejou que alguma coisa, qualquer coisa, acontecesse e a salvasse daquela situaçã-!

KASHIMA!

Espera, o quê?

Ambos viraram para o lado ao mesmo tempo, piscando confusos. Para sua surpresa, mais por parte da garota, encontraram Hori parado há alguns passos de distância deles.

Atrás da mesma pilastra, Sakura era abanada por Nozaki enquanto Mikorin sacudia seus ombros, tentando acordá-la.

—Hori-senpai?!

—S- Senpai?! – Kashima sentiu ser atingida na cabeça. Mas de onde ele saíra? Por que aqui? Por que logo naquela hora?

—Então era aí que você tava! – Ele marchou até ela, uma veia saltando em sua testa. – Achou que ia fugir de novo, não é mesmo?!

Uma Kashima confusa teve a sua orelha agarrada pelo mais baixo enfurecido e foi puxada pelo mesmo para longe do outro.

—A- Ai! E- Espera, senpai! Fugir do quê?! Ai! Senpai!

—Shiu, não se faça de inocente! – Hori exclamou. – Desculpa, Wakamatsu, mas você vai ter que falar com ela depois.

E saiu andando, ainda segurando a garota pela orelha enquanto o mais novo ficou parado, estático, os observando irem embora.

—Quem convidou o Hori-senpai?! – A ruiva piscou.

—Eu sei lá. Ele apareceu do nada. – Mikorin respondeu.

—Apareceu bem a tempo. – Nozaki pôs a mão no queixo. – Hm, foi uma ótima cena...

—Nozaki, agora não.— A sobrancelha do ruivo tremeu.

—Erm...? Sou só eu ou o Wakamatsu-kun não parece muito bem...?

Quando o seu kouhai caiu de joelhos no chão, aquilo foi resposta suficiente para a garota. A aura negra que o rodeou depois foi o suficiente para um nó ser formado na garganta dos três.

—T- Talvez devêssemos falar com ele? – O moreno mais alto do grupo sugeriu e os outros dois ruivos assentiram.

No momento que estavam indo até lá, no entanto, olhos violetas perceberam cabelos caramelos presos em um rabo de cavalo lateral muito familiares e seu primeiro instinto foi agarrar os outros dois pela blusa e puxá-los com tudo de volta para detrás da pilastra.

De onde uma garota miúda como aquela tirara tanta força, é um mistério que nenhum deles resolveria tão cedo.

—Sakura! O que deu em voc-?! – Mas Mikorin foi interrompido quando a garota esticou seu braço e apontou para frente.

—Yuzuki! – Exclamou, de certa forma, com os dentes cerrados.

E, certamente, de frente para o garoto de olhos turquesas que jazia ajoelhado no chão, lá estava Seo Yuzuki em toda sua glória de uniforme da escola e uma sobrancelha arqueada.

— Waka? O que você tá fazendo no chão? – Ela perguntou, inclinando o corpo para frente na direção do garoto que mantinha os olhos no piso frio do lugar.

Ele não se moveu; ainda não tinha engolido o fato de que seu plano dera completamente errado, e ele falhara em contar seus verdadeiros sentimentos para Lorelei. E, para completar sua miséria total, lá estava sua Senpai para deixar seu dia ainda mais frustrante! Wakamatsu queria um buraco para se enfiar agora.

— Eeeei, Waka! – A garota resolveu chutar ele de leve num lado para ver se ele levantava a cabeça, mas sem sucesso. Seo franziu levemente a testa, e chutou um pouco mais forte. E mais forte. E mais for-

DÁ PARA PARAR DE ME CHUTAR, SENPAI?!

Bingo.

Ela sorriu para o rosto profundamente irritado do garoto que sentava à sua frente, endireitando-se novamente.

— O que tá fazendo por aqui, Waka? – Ela perguntou, colocando as mãos nos quadris, sorriso ainda desenhado em seus lábios rosados. – Vão te achar estranho se você ficar sentado aí no chão, sabia?

Eu não quero ouvir isso vindo de você, era o que ele queria dizer, mas seu desânimo e tristeza de ter sua chance arruinada não o deram forças nem coragem o suficiente para isso.

— Senpai, pode me deixar sozinho? Eu não estou com paciência para isso hoje... – Foi o que disse, então, voltando sua cabeça para o chão.

Seo tombou a cabeça levemente para o lado, o encarando com um bico formado nos lábios, mas sorriu novamente logo em seguida.

— Acho que sei o que você precisa, Waka! Que tal ir ver um filme agora? – Ela sugeriu, descendo até o nível dele – de pernas abertas, não tão surpreendentemente – e encarando-o por trás das mechas de cor castanha que caíam sobre seus olhos.

— Seo-senpai, eu já vi um filme hoje... – Ele murmurou em seguida, a fitando com os olhos marejados.

A garota sentiu seu coração doer um pouco com isso; não, ela podia estar sim irritada com seu kouhai por estar sempre escapando por entre seus dedos nesses últimos dias, mas até Seo não era imune a Wakamatsu com aquele rosto desapontado.

— Tenho certeza que não é tão legal quanto o filme que eu quero ver. É no mesmo universo daquele filme de aliens que vimos quando viemos aqui pela primeira vez! – Ela levantou um dedo indicador na frente do rosto dele. – E depois vamos naquela lanchonete da esquina para tomar aquele sorvete que você tinha gostado semana passada. Que tal?

O garoto piscou para ela, que continuava a sorrir de seu jeito de sempre. Se não a conhecesse bem, Wakamatsu poderia jurar que Seo estava sendo gentil com ele. Mesmo assim, a confusão que surgiu dentro de si mesmo ao vê-la tentando tanto levá-lo junto de si fez surgir uma pergunta em sua cabeça.

— Por que está sugerindo isso, Seo-senpai? – Ele deixou-a escapar, encarando a garota à sua frente.

Ela piscou, seu sorriso sumindo de seu rosto e sendo reposto por um olhar de surpresa. Por um momento, ele seriamente pensou que Seo iria falar algo sério, pelo olhar intenso que ela estava o dirigindo. Como se quisesse que ele descobrisse alguma coisa...

No entanto, esse olhar foi logo substituído por mais um de seus sorrisos, e a garota se levantou e colocou as mãos nos quadris novamente.

— Oras, não é óbvio? Como eu sou uma senpai ótima e você está obviamente na miséria, eu vou te fazer companhia por hoje! – Ela declarou, não gastando mais nenhum minuto para estender uma mão e puxá-lo para cima pela gravata. – Agora vamos logo, deve começar daqui a pouco já!

Argh- Seo-senpai, tá me sufocando! – Os protestos do garoto foram inúteis, mas ele pelo menos conseguiu se levantar antes da garota começar a arrastá-lo para o lugar de onde viera. Tão irritado e ainda tentando entender esse acontecimento, Wakamatsu não notou que sua tristeza por ter falhado com Lorelei tinha quase evaporado de sua cabeça.

Isso, e ele também não percebeu as três pessoas atrás da parede.

— Então... Nós seguimos ele? – Mikorin tinha os olhos semicerrados, ainda não entendendo muito bem o que acontecera. Quantas pessoas exatamente tinham surgido ali naquele dia? Estariam Hori e Seo num complô secreto para aparecer do nada nas horas certas?

— Acho que não precisa. O Wakamatsu-kun parecia melhor quando eles foram, então! – Chiyo, no entanto, estava sorrindo. Yuzuki parecia mais feliz ao levar seu kouhai para o cinema, e isso a deixava bem mais tranquila – além disso, se aqueles dois estavam ganhando desenvolvimento, então aquilo queria dizer...

O riscar de grafite no papel respondeu sua resposta; a ruiva olhou para o lado e encontrou Nozaki rabiscando em seu caderninho, uma expressão um tanto satisfeita no rosto.

— Vocês acham que isso vai ser o suficiente para resolver tudo? – O garoto de cabelos vermelhos voltou seus olhos para onde os últimos dois haviam ido, e a garota ao seu lado suspirou.

— Provavelmente não. – Ela murmurou. Depois, porém, um sorriso tomou conta de sua boca em seguida. – Mas...

Chiyo lembrou-se de como aqueles dois pareciam confortáveis quando saíram do nada para um encontro, e também para seu senpai arrastando Kashima para longe com uma determinação peculiar. Dificilmente aquilo seria o fim daquele desentendimento, mas, mesmo assim...

Era um começo.