Jyuudai Katsuragi é uma verdadeira figura. É conhecido como o maior encrenqueiro que já pôs os pés no colégio público de Natsuma, em Tokyo. Famoso pelas brigas e arruaças, o jovem é conhecido entre os alunos como “A mão esquerda do Diabo”.

É um cara marrento e intimidador. Filho de um inglês e uma japonesa, o jovem cresceu sem qualquer aspecto oriental herdado de sua mãe, o que faz a maioria das pessoas estranhar o fato de seu nome ser Japonês.

Quase sempre é visto no telhado do colégio, fumando ou jogando conversa fora com seus melhores amigos, Okisuke e Izumo, seus comparsas nas loucuras. Jyuudai sempre se mete em brigas, então, os outros dois estão sempre lá para defender o amigo.

Porém sua última atuação foi à gota d’água para o diretor Nakamura. Jyuudai usou sua inteligência diabólica e colocou uma bomba abaixo do bebedouro do colégio, e através de um mecanismo que ele manipulou, a bomba explodiu quando o zelador foi tomar água nele.

Por sorte ninguém se feriu, mas os estragos ao patrimônio da Escola foram absurdos.

O Diretor estava em sua sala conversando com os pais de Katsuragi. Seu Pai, Sr. James, estava elegante em seu terno cinza e a Sra. Yuuki, em uma elegante saia tudo e com a parte de cima de seu uniforme de escritório. Então, o Senhor Diretor, já com cara de irritado, comentou.

— Bom dia Senhor James, Senhora Yuuki. Hoje tive que trazê-los de novo para cá, e isso tem sido muito frequente.

— O que aconteceu dessa vez? – Perguntou James com voz severa.

— Por favor, conte-nos – Disse Yuuki com cara de preocupada, com os olhos quase lacrimejando.

— Muito bem. O Jyuudai andou aprontando de novo das dele, e essa já é a décima vez esse semestre. Desculpe, mas seu filho é do tipo que não podemos controlar. O prejuízo ao patrimônio do colégio foi muito alto, e não podemos deixar de por essas arruaças no currículo escolar do garoto, sinto muito. Jyuudai é inteligente mas só usa a maldita inteligência dele pro mal.

— Aonde ele está? Diretor. Chamou ele pra cá? – James limpou os óculos e os pôs de volta no rosto, tremendo de raiva do filho pelo tinha que ouvir calado.

— Cheguei!

Todos na sala se assustaram quando a figura do Jyuudai abriu a porta. O loiro, de 1,70 de altura, ostentava no lugar do uniforme escolar uma jaqueta de couro escura e uma camisa branca por baixo, calça Jeans rasgada e tênis velhos. Chegou caminhando como se nada tivesse acontecido, e nem ligou para a presença dos pais.

— Manda as ordens, velho. – Ficou de pé com as mãos nos bolsos da jaqueta, olhando sério para o diretor.

— Isso são modos garoto? Sente-se agora!!!!!

— Filho! Faça o que ele disse!!!! – Seu Pai berrou com ele como se fosse um brado de um Guerreiro Romano, porém Jyuudai pouco fez caso.

— Filho, por favor, sente-se está bem? Queremos conversar e saber o que está havendo – Disse sua mãe já chorosa de vergonha.

Jyuudai se sentou na cadeira próxima a de seus pais, e teve que ouvir o Diretor repetir todas as suas histórias. Desde a vez que ele bateu em dez alunos sozinho, até quando roubou a moto do zelador para fazer um “racha” com uns arruaceiros naquele dia em questão.

— Ei Diretor, é preciso fazer retrospectiva da minha vida?

— Garoto, fique quieto!

— Jyuudai, filho, como pode nos envergonhar tanto? Você antes tirava notas tão boas e se comportava bem, e hoje não passa de um delinquente. Como pôde mudar tanto? Está se acompanhando com gente que não deve não é? Tem usado Drogas – O Senhor James bombardeou o menino de perguntas, severamente, deixando sua pobre mãe ainda mais aflita.

— Na verdade não Pai – Falou friamente – Entrei nessa vida triste por ser decepcionado com vocês dois.

— Meu filho... – Sua Mãe já estava em lágrimas, e sentia uma dor corroer ela por dentro – Por que fala assim? Nós sempre quisemos dar o melhor e demos pra você, te cuidamos e orientamos... No que a gente te decepcionou?

— Sempre tive uma família falsa. Meu Pai se divorciou da minha Mãe e foi embora, e só aparece pra me ver quando estou fazendo algo errado. Estou ficando cansado, eu não sei quantas desculpas mais eu vou ter para fazer ele vir aqui me ver... Será que na próxima vou ter que assaltar um banco pra ele lembrar que é meu Pai?

Jyuudai foi interrompido pelo seu Pai, que levantou-se e pegou ele pela gola da camisa, ameaçando lhe dar um soco, porém o diretor segurou o braço dele antes de acontecer. Sua Mãe começou a chorar curva na cadeira, com as mãos no rosto.

Yuuki sabia que grande parte daquela revolta era justificável. A forma como James sempre a tratou revoltava Jyuudai, e apesar de dar uma pensão gorda para ela, nunca foi capaz de dar carinho ao garoto.

Quando se sentaram após a pequena contenda, James comentou.

— Desculpem pelo meu comportamento. Enfim filho, nós temos que te dar uma má notícia.

— O que é?

— Você não poderá terminar o Ensino Médio aqui, no Japão.

— A é e por quê? Eu sou um criminoso por acaso?

— Mais ou menos isso – Disse o Diretor – Muitos dos seus atos são configurados como Crime, e a Escola Natsuma até hoje não te denunciou porque somos rígidos com tradição, até hoje não prendemos nenhum aluno nosso e não é agora que vai acontecer.

— De onde eu venho isso se chama mentir descaradamente, Diretor.

O velho teve que se segurar para não levantar e soquear o garoto na cara, mas continuou.

— Conversei com seu Pai, e ele concordou com minha ideia. Sugeri que você morasse um tempo com ele, e que estudasse em um colégio na região onde ele mora. Se lá, você tiver êxito no segundo ano, poderá cursar o terceiro tranquilamente em Natsuma. O que acha?

— Fala sério, ir morar com meu Pai naquele fim de mundo? Tô fora velho.

— Filho – Disse sua Mãe, tocando sua mão com ternura – Será só um ano, tudo bem? Será a chance de vocês terem uma aproximação.

— Pois é filho, lá na Coréia você terá acesso aos melhores colégios, e o Senhor Diretor prometeu fazer uma excelente carta de recomendação sua. Portanto, deve se comportar – Falou o Pai, autoritário.

— Pois é, eu tenho alguma escolha? Não. Então aceito. Mas, não garanto nada para ninguém.

Jyuudai saiu da sala de supetão, não ligando para nada do que disseram. Então, o Diretor manifestou-se.

— Calma Pais, ele parece ter aceitado bem o recado depois de ver como a Senhora Yuuki estava, então, creio que podemos fazer sua transferência para Seul – Falou com voz maliciosa enquanto ajeitava a documentação, estava feliz por finalmente se livrar da raça daquele garoto inconsequente.

Alguns dias depois, em Seul:

Sinb, Mina & Nancy estavam conversando enquanto o Professor não chegava. As três faziam o segundo ano e estudavam juntas desde muito novas, e por isso, tornaram-se um trio inseparável mantiveram uma amizade sólida a longo prazo.

Nancy, desde sempre foi à garota mais ousada e corajosa do trio, por isso praticava Muay Thai em uma academia próxima de casa. Tem uma personalidade forte e é firme nas coisas que diz, apesar de ser um tanto nova. É uma das garotas mais cobiçadas da Escola, não só pela simpatia, mas pela dificuldade que sua beleza impõe nos rapazes, deixando-os bem inseguros.

Mina era a mais delicada e discreta, sempre procurando aconselhar as suas amigas, caso acontecesse algum problema, e todos na sala a tratam como uma menina sábia, pois é ótima em conselhos. É conhecida pela sua delicadeza e suavidade quando age e fala, além disso, tem um ótimo astral. Ela é apelidada de flor pois sua da floricultura da Mãe nas horas vagas.

Sinb era como o equilíbrio entre elas, era uma moça cheia de energia que tinha como passatempo dançar e cantar. Mas também era dedicada a leitura e exercícios mentais com quebra cabeça, seu maior prazer era ler os clássicos universais como 20.000 Léguas Submarinas. Sua característica principal é ser extremamente apaixonada pela vida, e por isso, é conhecida por não deixar oportunidades de se divertir e sorrir escapar de suas mãos, e isso também a torna atraente aos rapazes.

Apesar de bem diferentes, seu vínculo era caloroso e gentil e muitas pessoas admiravam o fato das três se gostarem tanto.

Naquele dia, o Professor chegou um pouco mais tarde, e desculpou-se com a turma toda. No mesmo instante, ele pediu para que alguém entrasse na sala.

Todos os alunos, incluindo o trio de meninas, ficaram surpresos quando ele apareceu. Era Jyuudai, com seu cabelo loiro e sua barba por fazer, usando o uniforme de forma totalmente desleixada. Nancy chamou as amigas ao ouvido e comentou:

— Parece que nossa sala vai virar um hospício esse ano.

As três riram, porém foram repreendidas pelo Professor. Apesar do humor, as três não conseguiam negar que ele tinha algo que chamava a atenção.

— Olá, eu me chamo Jyuudai Katsuragi. Cursei até o Primeiro ano no colégio Natsuma de Tokyo e estou aqui para quem sabe terminar o ensino médio. Muito obrigado e até a próxima.

Todos riram com o final da frase dele, já que esperavam que fosse continuar e dizer algo profundo. Ele foi se sentar lá no fundão da sala, onde encostou a cadeira na parede, reclinado como se fosse deitar e dormir. Agora, Jyuudai era o assunto da sala, o que tirou todo o foco da aula. A sua presença gerava tanto medo quanto dúvida nos seus 20 colegas, que comentavam em suas "panelinhas" de amigos.

“Meu Deus... Ele tem cara de bandido.”

“Ele se chama Jyuudai e não tem cara de Japonês.”

“Será que ele sabe ler?”

“ Como esse garoto veio parar aqui? Isso não tá me cheirando bem.”

“ Eu gostei do cabelo dele, acho que é o primeiro loiro na nossa Escola”

Sinb, Mina e Nancy não conseguiam tirar os olhos do rapaz por nada. Talvez por ele ser do tipo Bad boy, ou por ele não ter qualquer traço oriental, o fato é que aquele garoto incomum e totalmente fora de esquadro despertou o interesse das três, que comentavam baixinho sobre ele.

Sinb havia gostado do estilo de “Foda-se Tudo” dele, era como aquele tal de Jyuudai fosse livre de verdade.

Mina gostou do jeito dele se expressar, ele parecia falar bem. Fora que ele tinha um rosto bonito e totalmente diferente dos que ela estava acostumada.

Nancy ficou atraída pela forma física dele, apesar de não ser alto, ele já parecia ser um homem bem formado. Ficou a imaginar se ele seria o tipo de homem com uma pegada forte.