Silly Girl

Ticket to Ride


Mais uma vez eu durmo sem vontade própria, só pela vontade que minha mãe tinha de mandar em qualquer coisa que eu fizesse.

Já passava das 3 da manhã quando eu lembrei que tinha algo a fazer. Levantei e peguei uma caixa debaixo da cama, caixa esta cheia de cartas que eu trocava secretamente com minha amiga Martha. Secretamente porque minha mãe por algum motivo desconhecido não gostava de cartas. Mas afinal, do que minha mãe gostava?

Havia uma carta fechada, abri e dizia:

'' Querida Lucy, como vai sua vida em Londres? Respondendo a sua pergunta da carta anterior: eu estou muito bem aqui em Liverpool, a única coisa ruim é a saudade da minha melhor amiga.Tenho 4 amigos aqui, mas nenhuma menina, por isso às vezes me sinto sozinha. Mas e você, fez novas amizades?''

Peguei papel de carta e caneta, respondi dizendo que estava com saudades, falei da solidão, tudo com lágrimas nos olhos.

Voltei pra cama lembrando de quando nós duas ríamos chamando uma a outra de garota maluca.

Acordei caindo da cama, tive um sonho estranho em que eu estava no céu com vários diamantes, haviam cores demais no sonho, por isso me assustei e acabei caindo.

**

1 semana depois

Não aguento mais morar aqui, não aguento mais minha mãe, essa escola de merda, simplesmente cansei. Não tenho amigos aqui, eu gosto de Londres, mas não tenho motivos pra ficar aqui, partirei para Liverpool amanhã cedo.

Preparei um bilhete dizendo: ''Desculpa mãe, mas acho que a vida é mais do que os seus limites, quero uma vida sem barreiras. Espero que um dia você me perdoe, saiba que eu te amo e que voltarei em breve.''. Não precisei assinar, minha mãe conhecia muito bem a minha caligrafia torta, deixei o bilhete em cima da cômoda. Minhas malas estavam prontas, eram 5:30 da manhã, o trem era às 6:00.

Saí devagar pela porta dos fundos, depois de me certificar que ninguém percebeu minha saída, corri animada pela rua. Cheguei rápido em King's Cross, minha (agora antiga) casa era relativamente perto da estação. Chegando lá avistei Martha me esperando, ela chegara no trem das 5. Corri e a abracei, o trem chegara, nós duas entramos sorrindo. Matei grande parte da saudade ali mesmo, naquele vagão de trem rumo a Liverpool.

Acordei com a luz do Sol em minhas pálpebras, Martha já estava acordada, tirando as malas para o desembarque.

- Já chegamos? - Disse sonolenta.

- Sim, chegamos! - disse Martha com um sorriso que eu retribuí.

Descemos do trem e lá estavam os quatro amigos de Martha nos recepcionando.

Minha primeira reação foi pensar: caralho, que gente bonita, aposto que vão me odiar.

Martha nos apresentou, seus nomes eram: Paul, John, Ringo (que na verdade se chamava Richard) e George.

- Olá Paul, Ringo, George e John! Como vão vocês? -perguntei com a voz mais amigável que pude.

- Olá! - Paul disse sorrindo e me abraçando de um modo desajeitado, notei que ele cheirava bem.

Os outros murmuraram um ''Olá'' meio desanimado. Notei que George estava abraçando Martha pela terceira vez. Seria um casal?

Entramos no carro de Martha rumo a sua casa, pelo que entendi os 4 formavam uma banda e uma festa estava sendo organizada para aquela noite.