Ao encerrarem a conta dos Granger no hotel enfim seguiram de táxi para a estação.

— Bom Mione... Acho que já cumpri meu objetivo... Você encontrou seus pais e acredito que queira passar um tempinho com eles até tudo se acalmar...

— Mas é claro que não... Digo... Lógico que quero estar com meus pais... Mas, também quero passar um tempo com você.

— Mas Mione... Seu pai ainda continua bravo, não acho que seja uma boa ideia ir com vocês neste momento.

— Mas e eu? O que eu quero não conta neste momento?

— Claro que conta! Mas, tenta me entender também...

— Olha, espera um pouco. Vou falar com minha mãe, tenho certeza que ela pode nos ajudar nisso.

— Não sei não...

— Espera.

Hermione afastou-se de Rony e aproveitou que seu pai estava indo comprar as passagens.

— Mãe?

— Diga minha filha - disse Mônica voltando sua atenção para a filha.

— Estava conversando com Rony agora e ele quer ir embora... Está meio receoso com relação ao papai... O que você acha?

— Não se preocupe com isso... Conversei com seu pai a respeito do seu namoro e ele concordou que Rony poderá vir conosco caso queira... Claro, vão dormir em quartos separados e você sabe que ele ficará de olho nos dois, já que ainda não se acostumou muito com a ideia. Mas, ele já está ciente.

— Mãe, não sei o que faria sem a senhora...

— Estou te ajudando, pois confio em você. Mas, depois quero ter uma conversa com a senhorita. Mas, pode ficar tranquila, está tudo meio confuso agora... Vai dar tudo certo, confie em mim.

— Tudo bem, tudo bem... Obrigada mãe! disse Hermione dando um beijo na bochecha da mãe.

— E tem mais uma coisa... Se quiser, pode ir direto para Londres com Rony tudo bem? Pode ficar tranquila com seu pai. Vamos apenas passar em Gold Coast, pegar nossas coisas e seguir para encontrar vocês.

— Tem certeza disso mãe? Serão aproximadamente 20 ou 24 horas de vôo.

— Fique tranquila... Não me olha com essa cara de espanto. Sei o que passa nessa sua cabecinha... E já te disse, confio em você e sei que não fariam nada de errado. Não podemos aparatar com você, então esta é a melhor opção. E sei também que Rony não está muito habituado a todas essas coisas de trouxa e isso incluiu os aviões.

Hermione sorriu.

— Tem razão mãe, dessa forma seria menos traumático para Rony no momento. E pode ficar tranquila com relação ao resto.

— Sei que tudo ficará em ordem.

— Bom, então vou contar ao Rony e vamos nos despedir do papai. Mais uma vez obrigada por tudo.

— Não precisa agradecer minha filha... Juízo! disse sorrindo e piscando para a filha.

Hermione a abraçou e depositou um beijo em sua testa. Em seguida foi contar a novidade para Rony.

— Tem certeza disso Hermione?

— Tenho, acabei de falar com a mamãe.

Mas e seu pai?

— Já te falei que a mamãe já falou com ele.

— Se está garantindo que não tem problema então eu vou... É lógico que quero passar mais um tempo com você, mas, preciso enviar uma carta para casa avisando que já está tudo bem e que vou ficar na sua casa.

— Tudo bem, faremos isso.

— Ok.

Bom, vamos nos despedir dos meus pais? Afinal só os veremos novamente amanhã.

— Vamos.

— Pai? - Hermione se aproximou cautelosamente do pai.

— Oi minha filha... respondeu o Sr. Granger.

— Está mais calmo?

— Estou... Bom, sua mãe já deve ter falado que vocês vão na frente...

— Falou, tudo bem para o senhor?

— Sim, tudo bem... Chegaremos em algumas horas e então tudo voltará ao normal.

— Isso, então vinhemos nos despedir dos dois.

— Certo. Até amanhã.

— Até pai – disse abraçando-o.

— Sr. Granger?- falou Rony - Pode ficar tranquilo, vou cuidar bem da sua filha.

— Sei que sim, vejo os dois amanhã.

— Certo.

E então Rony foi juntar-se a Hermione que já se despedia da mãe e então seguiram para um lugar mais sossegado na estação afim de que os trouxas não vissem a aparatação.

— Pronto?

— Sim.

#CRAK# E então aparataram.

#CRAK# - Chegaram em Londres, mais especificamente, aparataram na sala da casa de Hermione.

— Nossa! Já aparatamos dentro de casa?

— Sim, é mais seguro, assim os meus vizinhos não nos veem aparatando bem no meio da rua.

— É melhor assim.

— Bom, sinta-se à vontade...

— Obrigado.

— Vou te mostrar o quarto de hóspedes, vem comigo.

Ela seguiu subindo as escadas mas percebeu que Rony não a acompanhava e então desceu os dois lances de escadas para ver o que tinha chamado sua atenção.

— Minha nossa, essa é você? perguntou Rony apontando para um porta-retrato que estava em um móvel da sala.

— Sou eu sim, acho que tinha uns três anos nessa foto - respondeu Hermione - Aqui estava andando no jardim.

— É uma pena que as fotos trouxas não se mexam...

— Tem razão, acredito que suas fotos de infância sejam muito mais legais que as minhas.

— Olha só esta como você está linda!

— Não vale mentir! Olha só o meu cabelo!

— Mas é claro que não, olha só que coisa mais fofa!

Hermione sorriu.

— Quando for à sua casa vou pedir para a Molly me mostrar umas fotos suas, agora fiquei com vontade de ver.

— Não, você não faria isso... Estão terríveis aquelas fotos...

— Não adianta, você não vai me fazer mudar de ideia.

— Tudo bem sua teimosa... Vamos, você ia me mostrar o quarto...

— Não tente mudar de assunto tá? Mas tudo bem... Vamos.

Hermione seguiu a frente e Rony esboçou um leve sorriso. Era incrível como qualquer coisa que conversavam acabava em um pequeno desentendimento. Era um conflito sem fim de ideias. Mas, no fim tudo se encaixava e ambos estavam aprendendo a lidar com estes pequenos "conflitos".

— É aqui, fique à vontade.

Obrigado.

— Bom... Vou te deixar se instalando melhor e vou colocar minha mala no quarto. Depois vou estar na cozinha, vou preparar um lanche para nós.

— Não precisa se preocupar Mione.

— Não, tudo bem... Te vejo daqui a pouco. Ah, tem uma suíte no quarto.

— Tem o quê?

— Ah, me perdoe... Esqueci que tem algumas "coisas de trouxa" que você não sabe... Hã... Suíte é basicamente um banheiro no quarto.

— Ah, tudo bem.
Hermione sorriu e deu um beijo em sua bochecha.

— Fique à vontade.

Hermione saiu e fechou a porta do quarto. Rony colocou sua mala ao lado da cama e caminhou até uma porta. Ao abri-la, viu o banheiro que Hermione acabara de mencionar e seguiu caminhando até a janela. Ao abrir a cortina pôde ver uma enorme árvore no jardim da casa e no meio dos galhos uma bonita casa da árvore. Coisa que Rony jamais havia visto, sabia apenas que existia pois sua mãe já havia lido alguma história que continha uma casa da árvore em sua infância. Em seguida fechou a cortina e se dirigiu a sala.

— Hermione?

— Estou aqui na cozinha Rony.

— Hum... O que está fazendo?

— Brigadeiro.

O que é?

— Um doce trouxa de chocolate.

— Hum, deve ser bom...

— É sim, você vai ver.

— Quer ajuda?

— Sim. Não estou conseguindo pegar a panela aqui no armário.

— Qual delas.

— Essa com o cabo preto.

— Aqui está - disse ele entregando a panela.

— Pra você é fácil, sendo assim tão alto...

Rony sorriu.

— Em que mais posso ajudar?

E os dois continuaram a preparar o brigadeiro. Hermione foi explicando quanto de cada ingrediente seria necessário. A dificuldade em encontrar leite condensado na região entre outras coisas. Em minutos o doce estava pronto.

— Geralmente o pessoal deixa esfriar para fazer pequenas bolinhas de brigadeiro que são cobertas com este chocolate granulado - explicou apontando para um pequeno saquinho com chocolate granulado - Mas, vamos comer assim mesmo.

— Quente?

— Você vai ver como está bom - E ela pegou uma pequena porção colocou em um potinho de vidro com uma colher e entregou para Rony.

Rony meio receoso pegou o pote, cheirou, soprou para tentar esfriar um pouco e deu uma colherada no doce.

— Hum... Isso aqui é muito bom!

— Não te falei?

— Caramba! É melhor que a torre de chocolate da Dedos de Mel!

— Também acho.

— Hermione...

— Sim!?

— Quando estava na janela do quarto vi uma casa na árvore, achei o máximo! Nunca tinha visto uma de perto, lembro apenas das histórias que mamãe contava quando era pequeno.

— Foi o papai que construiu para mim, deu o maior trabalho convencê-lo a construí-la. Mas, adorava brincar nas férias. Era meu refúgio. Sonhava com o dia em que poderia trazê-los aqui em casa para brincar comigo.

— Que coisa mais fofa...

— Pois é... Mas, eram tantos problemas que enfrentávamos durante toda nossa infância que fomos meio que forçados a crescer rápido.

— Pois é... Não só a infância como a adolescência também...

Houve um pequeno momento de silêncio.

— Quer conhecer?

— O quê?

— A casa da árvore?

— Quero.

E juntos seguiram para a parte externa da casa. Hermione tomou a frente e logo chegou ao pé da árvore, começou a subir a estreita escada e Rony recuou.

— O que foi Ron?

— Tem certeza que está seguro? Digo, tantos anos... Será que a madeira está em ordem?

— Fique tranquilo está tudo ok.

Rony assentiu e começou a subir a escada, ao subir seis lances já se encontrava na parte interna da casa.

— Não repare a bagunça falou ela em tom de brincadeira É que faz um tempo que não venho aqui.

— Tudo bem. Nossa! Que legal Mione...

— Pois é... Precisa ver como fica no final da tarde. Dá pra ver um pôr-do-sol incrível.

— Deve ser realmente lindo...

Hermione sacou a varinha das vestes e apontou para o chão falando:

— Tergeo! - E num piscar de olhos todas as folhas que estavam sujando o chão da casa sumiram - Agora ficou bem melhor!

— Ficou mesmo. O que tem naquelas caixas?

— Alguns brinquedos eu acho... Costumava vir com minhas primas durante as férias e passávamos algum tempo brincando com bonecas e jogos de tabuleiro.

— Tem xadrez?

— Acho que sim... Vamos ver?

Retiraram algumas bonecas, panelinhas de plástico, uma bola, algumas peças de dama e enfim encontraram o xadrez. Mas, para tristeza de Rony restavam apenas algumas peças.

— Pena que não sobraram muitas peças...

— É mesmo. Na verdade quem jogava eram as minhas primas, nunca me interessei muito em aprender.

— Ah, que é isso Mione! Não acredito... Quando estivermos lá na Toca vou pegar meu tabuleiro e te ensinarei a jogar.

— Combinado.

— E essa goles? ´É diferente da que utilizamos no Quadribol...

— Como? Ah! A bola! É a bola de futebol trouxa. Só que, diferente dos bruxos nos jogamos com os pés.

— Como fazem isso?

— Vem, vamos descer. Não sou muito habilidosa no futebol, então é melhor te mostrar lá embaixo.

— Quando desceram Hermione posicionou a bola em sua frente e deu um chute (um pouco torto, é verdade) que fez a bola chegar até Rony.

— Só isso?

— Mas é claro que não é só isso? Mas, é basicamente isso.

— Não deve ser muito emocionante então.

— Ah, você não vai levar em consideração a minha demonstração né? Sabe que nunca fui muito boa nos esportes.

— Então tenta me mostrar mais.

— Hã... Tá, vou tentar... Então, tira os sapatos.

— Porquê?

— No Quadribol, temos os aros certo?

— Sim.

— No futebol, temos a trave. Não tenho uma trave aqui, mas, podemos marcar o espaço dela com os sapatos.

Certo falou Rony tirando os sapatos e tentando processar a explicação dela.

— Bom, um par fica aqui e o outro pode ficar aqui, finalizou marcando uma espaço de pelo menos três metros.

— Como você é um goleiro de Quadribol, vou chutar a bola e você tem que defendê-la. Se Harry e Gina estivessem aqui seria melhor, porque poderíamos jogar melhor um tocando a bola para o outro e tudo mais. Mas, por enquanto vou chutar e você vai agarrar ok?

— Certo. Só uma pergunta...

Diga.

— Só vou poder defender com os pés também?

— Não respondeu ela sorrindo o goleiro é o único do time que pode agarrar a bola com os pés e as mãos. Você só não pode deixar a bola passar nesse espaço que marquei com os seus sapatos.

— Certo, entendi.

Hermione não era uma grande jogadora e Rony jogava futebol pela primeira vez, mas por já ter prática como goleiro no Quadribol ele não apresentava dificuldades em defender as bolas lançadas por ela. E passaram o resto da tarde jogando. Em um período que pararam para descansar Hermione explicou melhor sobre o futebol para que Rony pudesse ter uma ideia melhor de como era jogado.

— Olha, gostei bastante... Você deveria levar sua bola lá para a Toca da próxima vez. Gina iria gostar de aprender a jogar também.

— Pode ser... Parece ser uma excelente ideia.

— Bom... Agora estou todo suado... Acho melhor tomar um banho...

— Tudo bem... Também estou precisando de um banho...

— Ok. Vou lá, até daqui a pouco – disse Rony dando um beijo na bochecha rosada de Hermione – Vai ficar aqui?

— Sim. Daqui a pouco subo. Fique à vontade, tem toalha e sabonete no banheiro do seu quarto, a mamãe sempre deixa.

— Ok.

Rony entrou e deixou Hermione no jardim. Sempre sonhou estar com Rony, mas ao mesmo tempo tinha medo. Um medo bobo na verdade. Medo de se magoar e de magoá-lo. Por conta do temperamento explosivo dos dois. Mas algo havia mudado nos últimos tempos, ela havia percebido ele de outra forma. Está mais do que claro que ambos já se gostavam desde a infância, mas essa inquietude, teimosia e birra dos dois os atrapalhava na hora de demonstrar os sentimentos.

Mas, ao longos dos anos as pequenas atitudes vinda de ambos foi moldando este amor. Mas que ainda não desabrochava. Cada pequena atitude era observada e guardada. Então houve um momento em que tudo explodiu, foi necessário existir uma guerra e a iminência da morte para poder mudar a forma de agir desses dois cabeça dura.

O fato de Rony os abandonar durante a guerra fez Hermione perceber o quanto ele foi, era e seria importante em sua vida. E ela colocou como objetivo que caso tivesse a chance de encontrá-lo novamente não deixaria nada abalar este amor. Iria tentar superar todas as diferenças e acabar com toda essa pirraça que sempre existiu entre os dois. E ela de fato está conseguindo manter seu planejamento, eles estão juntos e já não brigam mais como antes. Claro, sempre tem que discordar em alguma coisa, ou então, não seriam Rony e Hermione, mas, tudo se resolve com um beijo, um abraço, um olhar. Na verdade, ela adora as brigas, pois, a reconciliação é infinitamente prazerosa.