Os meses passavam depressa e os quatro amigos estavam empenhados em passar em todas as provas e passarem um Natal tranquilo junto à família. E conseguiram. O empenho era tanto que os meses passaram voando e logo após retornaram a suas casas para comemorar as festas de fim de ano.

— Já estamos no final de Dezembro! – Dizia Harry arrumando suas malas para retornar para casa.

— Pois é, os meses estão passando depressa. – Respondeu Rony.

E juntos fecharam os malões e se juntaram as garotos rumo ao trem. Voltaram todos na mesma cabine e combinavam todas os passeios que poderiam fazer juntos nestes dias de folga. Hermione voltaria para a casa dos pais, mas, visitaria os amigos sempre que pudesse. Rony já começava a não gostar da ideia de se afastar da namorada.

— Promete que vai me escrever? – Perguntava Rony ao se despedir de Hermione na estação.

— Prometo. - afirmou Hermione.

— Todos os dias?

— Prometo meu amor. Olha só você... Me pedindo para escrever... - disse sorrindo.

— Vamos Rony! – Gritava Gina.

— Me deixa Gina! Você vai ver o Harry todos os dias! Deixa me despedir a Mione em paz!

Harry e Hermione riam da briga dos dois.

— Prometo Rony, fica sossegado. – Finalizou Hermione depositando um beijo nos lábios dele.

— Tudo bem...Vou te visitar ok?

— Ok, a gente combina.

E os três se despediram de Hermione e seguiram para casa.

Hermione aparatou em uma rua esquisita próxima a sua casa e seguiu pela rua tranquila. Ao chegar na frente de casa pegou as chaves e entrou. Sua mãe estava no jardim cuidando das plantas.

— Bom dia meu anjo! Pensei que chegaria mais tarde!

— Vim direto pra casa.

— Pensei que iria para a Toca com seus amigos e seu namorado...

— Rony ficou realmente arrasado com essa distância que iremos ficar estes dias, mas, eu também estava morrendo de saudades de vocês e de casa...

— Vem cá me dar um abraço!

— Seu pai foi no banco resolver umas coisas e volta logo. – As duas se abraçaram e juntas entraram dentro de casa para que Hermione pudesse guardar as malas.

— E então como está sendo esse ano, tranquilo? – Perguntou a mãe.

— Sim, como deveria ter sido durante todos estes anos – Respondeu sorrindo Hermione.

— Que bom. Fico muito feliz.

— E por aqui, tudo em ordem?

— Sim. Graças a Deus.

— Alguma novidade?

— Na verdade tudo na mesma... Tirando que Alberto ligou algumas vezes para falar contigo, já que ele não consegue enquanto você está na escola. Então, ele escreveu uma carta e pediu que te entregasse quando chegasse. – Mônica entregou a carta a filha.

— Obrigada. Ok, vou tomar um banho e já, já desço pra ficarmos juntas.

Hermione subiu até seu quarto, colocou as mala no canto, sentou na cama e abriu a carta.

Hermione,

Como é difícil falar contigo! Bom, espero que não demore para ler esta carta... Sinto muita falta de nossas conversas. Embora sempre elas ocorram apenas durante este período em que está de férias. Não consigo entender essa dificuldade de contato enquanto você está estudando. Enfim, adorei te ver naquele dia... Tenho pensado bastante em você. Com todo respeito é claro, sei que está namorando. Preciso muito de um conselho amigo e não tenho com quem conversar e então pensei em você. Se puder entrar em contato comigo o mais rápido possível (assim que ler esta carta) agradeço. Meu telefone e e-mail estão logo abaixo.

Um grande abraço,

Alberto

A carta não trazia muitos detalhes e o jeito seria ligar para saber o que realmente Alberto queria. Pelo tom da conversa parecia que ele estava angustiado com algo e isso não parecia nada bom. Hermione por fim decidiu que ligaria para Alberto mais tarde para saber o que se passava. Tomou um banho, vestiu uma roupa confortável e desceu até a cozinha para fazer companhia a mãe.

— E então, me conta as novidades. – Perguntou a mãe.

— Nada muito diferente por aqui, estamos trabalhando como sempre...

— Nada?

— Bom, Alberto tem procurado bastante saber sobre você. É realmente uma pena que ele não possa saber toda a verdade.

— É verdade, isso facilitaria as coisas. Odeio mentir pra ele...

— O que ele queria, na carta?

— Não sei ao certo... Preciso ligar pra ele...

— Então liga...

— Não sei...

— Está angustiada, o que foi?

— Não sei se é uma boa ideia ligar pra ele...

— Porque não?

— Estou namorando mãe... E Alberto sempre tem segundas intenções comigo...

— Hum, entendi...

— Mas, gosto da companhia dele...

— Então não tem problema, você liga como uma amiga...

— Não é tão simples assim, você não conhece o Alberto...

— Porque não? Ele mexe com você?

— Já mexeu... Há algum tempo atrás... Mas...

— Mas...

— Mas... Quando pensei que ia haver algo entre nós... Ah, não sei... Veio a guerra e... Tudo o que estava “emperrado” entre Rony e eu aconteceu.

— E a história ficou “mal resolvida”...

— Exatamente!

— Bom, acho que esta é uma boa oportunidade para resolver...

— Talvez...

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Na Toca (no quarto de Rony)...

— Como cansa essa viagem... – dizia Gina sentada na cama balançando as pernas.

— Bem que poderíamos usar a aparatação... – disse Rony.

— Não se esqueça que, apesar de você ser apto para “tal proeza” ainda é estudante e deve conter este tipo de magia.

— Isso é tudo muito chato!

— Logo, logo vamos concluir os estudos e você poderá aparatar onde quiser e na hora que quiser.

— Tomara que passe rápido mesmo.

— O bom que vou ter mais tempo com o Harry.

— Infelizmente não tenho a mesma sorte, já que Mione tem que ficar com os pais...

— Mas vocês vão conseguir se encontrar...

— Não com a mesma frequência que você, mas, combinamos muita coisa.

— Que bom. Agora vou ajudar a mamãe lá na cozinha, qualquer coisa é só chamar. – disse Gina saindo do quarto.

— Ok. Hã, Gina?

— Sim? – Gina pôs a cabeça dentro do quarto novamente.

— Sabe dizer se Jorge está em casa? - perguntou o ruivo.

— Sim. Mamãe falou que ele ainda estava dormindo.

— Hum... Certo, obrigado.

— Porquê?

— Nada demais... Ok?

— Certo, vou indo hein!? – E Gina desceu as escadas rumo à cozinha.

Rony colocou o malão em um canto do quarto e saiu em direção ao quarto de Jorge. Bateu na porta e não obteve resposta. Resolveu voltar mais tarde quando Jorge estivesse acordado e virou em direção as escadas. Quando ouviu o rangido de abertura da porta girou os calcanhares para ver quem abrira. Era Jorge estava com uma aparência péssima, os cabelos assanhados, barba por fazer e olheiras enormes.

— Jorge, você está péssimo! – disse Rony.

— Bom dia pra você também... – respondeu Jorge meio mal humorado.

— Você está bem?

— Na verdade não... O que faz aqui?

— Vim passar o Natal com vocês!

— Caramba, é mesmo... Já estamos perto do Natal... – falou mais para si do que para Rony.

— Bom... Queria conversar contigo, na verdade você queria não é?

— Pois é... Mas... Não sei... Desisti de tudo aquilo que te falei na carta...

— Bom, me deixa entrar e vamos conversar com calma, me explique.

— Tudo bem, pode entrar... – Jorge deixou o caminho livre para Rony e ele entrou no quarto. Estava escuro, as cortinas fechadas, a cama desarrumada e vários papéis e caixas estavam espalhadas pelo quarto.

— Bom... Confesso que fiquei surpreso com sua carta há alguns meses atrás. Não imaginava que você precisasse de minha ajuda para tocar com a loja. A princípio não entendi muito bem e não gostei muito da ideia – disse esboçando um leve sorriso – Mas, Hermione me convenceu de que seria uma boa ideia.

— Hum... Pois é... Mas, não sei se é uma boa ideia voltar com a loja...

— Porque não?

— Não tenho mais ânimo...

— Olha Jorge, sei exatamente porque está tão angustiado. Fred também era meu irmão e sinto a falta dele na mesma intensidade que você sente. Bom... talvez um pouco menos que você, já que vocês eram gêmeos... Mas, eu sinto também. Ele não iria gostar de te ver assim, você sabe como ele era...

— Eu sei... Mas não consigo... Nem Angelina tem mais paciência comigo...

— Também pudera, olha só como você está... Nesse quarto escuro, com esse cabelo, essa barba e essa olheiras... Olha só essa bagunça!

— Eu sei, eu sei...

— O que são estas caixas e papéis?

— Mercadorias que chegaram durante estes meses. Não voltei mais para a loja desde que tudo aconteceu...

— Caramba Jorge, daqui a pouco aqui é que vira o estoque da loja! Olha, vamos!

— Pra onde?

— Vamos parar já com isso e vamos seguir em frente!

— Não Rony, já disse que não tenho ânimo... – disse Jorge deitando na cama e puxando as cobertas.

— De jeito nenhum! Tá parecendo uma criança birrenta cara! Vem, vamos logo saindo dessa cama! – E Rony abriu as cortinas e começou a puxar Jorge da cama.

— Me deixa Rony!

— Não! Vamos logo Jorge!

Gina apareceu na porta do quarto assustada.

— O que está acontecendo aqui? Dá pra ouvir os gritos lá embaixo! Sorte que mamãe foi para o quintal.

— É o Jorge que não quer sair dessa cama! – disse Rony.

— Credo Jorge! Que bagunça!

— Já falei isso pra ele...

Jorge nem respondia aos irmãos.

— Você está péssimo! - disse Gina.

— Também já falei isso pra ele... - resmungou Rony tentando puxar as cobertas de Jorge.

— Vocês querem parar com isso?

— De jeito nenhum, agora sou eu quem vai ajudar. – disse Gina entrando no quarto.

— Tá bom, tá bom! Vocês venceram! Ok, estou saindo da cama.

E os dois ficaram olhando Jorge sentar na cama.

— O que foi agora? – perguntou Jorge.

— Estamos esperando! – responderam Rony e Gina.

— Ah, qual é? Pode deixar que eu sei me arrumar sozinho ok? - disse bem mal humorado.

— Bom, vamos Gina. Vamos esperar ele lá na sala.

— Por favor Jorge, faz essa barba! Ou então vou fazer uma azaração terrível em você. – disse Gina.

— Pode deixar... Depois dessa...

E os dois saíram rindo e deixaram o irmão sozinho novamente para que se arrumasse.

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Na casa de Hermione...

— Então... Acho melhor ligar e saber o que está acontecendo. Ele parecia aflito.

— Tudo bem. Bom, vou continuar arrumando o jardim, qualquer coisa é só chamar.

— Ok.

Hermione foi até a sala e pegou o telefone. Buscou na agenda o número de Alberto e ligou.

— Alô? – disse uma voz grossa do outro lado.

— Alberto?

— Sim?

— Alberto, é a Hermione.

— Hermione! Graças a Deus é você! Como é difícil te encontrar...

— Recebi sua carta e fiquei preocupada o que houve?

— Preciso conversar com você, mas, não pode ser por telefone... Podemos nos encontrar hoje?

— Hã... – Hermione pensou um pouco e respondeu – Sim, que horas?

— Pode ser às 14h?

— Pode sim.

— Tudo bem, eu passo pra te buscar ok?

— Combinado.

Hermione olhou para o relógio e já ia dar 13h15min. Então resolveu começar a se arrumar, a dificuldade era escolher a roupa, já que não sabia para onde iria.

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Na Toca...

Rony e Gina jogavam conversa fora enquanto aguardavam Jorge sair do quarto. Foi quando ouviram algo no alto da escada.

— E então? Satisfeitos? – Perguntou Jorge.

Os dois olharam pra cima e viram o irmão de banho tomado, com os cabelos molhados penteados para trás e com a barba feita.

— Agora sim! – responderam os dois juntos.

— Bom, e agora... O que faremos?

— Primeiro, segura essa fruta, precisa comer alguma coisa... E segundo... Vamos pra loja! – disse Rony.

— Não, não quero voltar lá.

— Mas você tem que ir, tem que levar todas aquelas mercadoria pra loja! – disse Rony.

Jorge ainda pensou em responder, mas Gina já estava no pé da escada e seguia em direção ao quarto para pegar as caixas. Meio a contra gosto foi seguindo os irmãos e os três foram tirando as caixas e levando para o quintal no final foram aproximadamente 30 caixas retiradas do quarto.

— O que estão fazendo? Por Mérlin! O que fizeram pra tirar Jorge do quarto?

— Nada como uma conversa entre irmãos não resolva. – disse Gina.

— Nada como uma “ameaça” não resolva você quer dizer... – respondeu Jorge.

Moly sorriu, dava pra ver o brilho começar a voltar nos olhos de Jorge.