Show Me Love

Winds of Tragedy


POV Marshall

Fiquei parado ali no meio da rua enquanto ele me encarava da esquina, não conseguia me mover. Foi quando ele começou a andar em minha direção, junto com ele tinha mais dois caras, um loiro e outro ruivo, eu comecei a andar pra trás e eles apressaram o passo, foi quando eu comecei a correr. Virei a outra esquina sem saber para onde estava indo, eu não conhecia a cidade direito, entrei em várias ruas até chegar um beco sem saída, olhei pra trás e eles estavam lá na entrada do beco, Gumball riu e disse

– Agora você foge né? Você achou que ia ficar barato aquele lance na escola?

Com um eu podia, mas três não

– Deixa de ser covarde cara, tem que chamar seus amiguinhos pra resolver uma treta que não é deles? O problema é meu e seu, eles não têm nada a ver com isso – Eu disse me encostando na parede, não tinha mais pra onde fugir

– Por que? Tá com medinho agora? Brincou com fogo agora aguenta – Ele disse chegando mais perto

Talvez eu esteja com medo mesmo, não tenho idéia do que aquele doente ia fazer comigo, mas eu estava mais preocupado com Fionna, ela sumiu e eu aposto que ele está envolvido nisso

– Cadê a Fionna, hein seu animal? O que você fez com ela?

– Ah, você notou a falta da sua namoradinha? Ela tá bem, por enquanto, primeiro eu cuido de você, depois eu vejo o que eu faço com ela.

– Você é louco

– Sabe, eu não costumo sujar minhas mãos com vermes como você, Marshall, mas hoje eu quero ter esse gostinho, você bem que pediu

Então, pra piorar a situação começou a chover, sabe aquelas chuvas de enterro? Pois é, estava caindo uma bem assim, parece até que pressentia o que ia acontecer comigo.

Eles me cercaram, o ruivo que estava atrás de mim segurou meus braços mas eu dei um “coice” na perna dele e ele me soltou, aquele loiro chegou e me deu um soco, o que fez eu cair pra trás, me empurrando pro ruivo novamente que segurou mais forte meus braços me imobilizando, Gumball chegou na minha frente e começou a dar vários socos na minha barriga, como se ela fosse um saco de pancada, então o ruivo me soltou e me empurrou pra parede, o loiro chegou e deu algumas joelhadas na minha cara e um chute no meio das minhas pernas, eu cai e fiquei me contorcendo de dor no chão enquanto o ruivo dava uns chutes em minhas costelas, eu já não sabia se eles queriam me dar uma surra ou me matar quando os os três estavam me chutando no chão, então Gumball segurou meus cabelos e começou a bater minha cabeça contra o chão e quando eu achei que ia apagar ele disse

– Você nunca mais vai mexer com a MINHA Fionna novamente

Ele sacou uma PT 59 e disparou contra mim, minha visão estava embaçada mas eu podia ver os três virando a esquina e indo em bora, como se nada tivesse acontecido. Eu fiquei lá jogado no chão, eu estava cuspindo sangue, tinha sangue saindo do nariz também e do meu peito perfurado pela bala, eu estava todo ensanguentado.

Acho que o barulho de tiro chamou atenção de algumas pessoas porque depois de alguns minutos eu estava cercado delas, eu tive a impressão de ter visto a Fionna, mas acho que era uma alucinação da minha cabeça, tudo estava muito confuso e eu estava muito fraco, alguém chamou a ambulância e então eu apaguei.

POV Fionna

Era umas 5:50 da manhã quando eu me despedi de Marshall e fui em direção á escola, estava quase chegando quando Gumball me abordou

– Eai Fionna, cadê seu amorzinho?

– Você sabe muito bem que ele está de detenção junto com você, por causa daquela briga nos fundos da escola

– Ah, ele te contou?

– Sim, será que você não tem noção? Eu não tenho nada com você e nem quero nada com você, deixa de ser doente

– Quer sim, você só não sabe ainda

– Faz um favor?

– Claro, minha princesa

– Deixa ele em paz e me esquece!

– Não Fionna, você é minha! E se esse Marshall está nos atrapalhando eu me livro dele

– Você tem problema, vai se tratar

– Você não viu nada, meu amor

Então um carro preto parou do nosso lado e ele me empurrou pra dentro dele, em seguida entrou junto e um amigo dele que já estava no carro amarrou meus braços pra trás

– O que você está fazendo? Me solta seu infeliz!

– Calma amor, relaxa

– Me solta! – Eu disse já gritando

– Não adianta gritar, coelhinha, ninguém consegue te ver nem ouvir aqui dentro

O carro deu partida e começou a andar, saindo da rua principal e indo em direção a estrada

– Você é louco, eu tenho nojo de você

– Eu sei que você me ama - Ele se aproximou de mim pra me beijar mas eu cuspi em sua cara e virei o rosto

– Se você quer complicar as coisas, tudo bem, quem sofre é o seu namoradinho, se você não for minha, não vai ser de mais ninguém.

O ruivo que estava dirigindo se virou e disse

– Chegamos

Gumball abriu a porta do carro e então o loiro que estava do meu lado disse

– Olha o que você vai fazer hein mano

– Cala a boca, você tá do meu lado ou não?

– Estou, mas...

– Mas?

– Você que sabe.

– Ah bom, fiquem ai que eu ainda vou precisar de vocês

– O que você vai fazer? – Eu perguntei

– Você vai esperar quietinha ali – Ele apontou pra uma casa velha no meio do mato – Enquanto eu cuido de uns assuntos

– Você não vai fazer nada com o Marshall né? – Eu disse com um nó na garganta

Ele não me respondeu, só continuou andando e segurando meu braço amarrado em direção a casa

– Hein? Me responde! Você não vai fazer nada com ele né?

Ele abriu a porta, aquela casa cheirava a mofo, ele me mandou sentar em uma cadeira e eu simplesmente obedeci

– O Jake vai ficar de olho em você, pra garantir que você não fuja – Entrou pela porta o tal do Jake – Eu vou com Finn e Flame resolver uma coisa

Eu sabia que ele estava falando do marsh, eu tinha muito medo do que ia acontecer, parece que eu até já sabia onde isso ia dar, só não queria acreditar, aquele nó na garganta só aumentava e eu tinha vontade de chorar

– Por favor me promete que você não vai fazer nada com ele – Eu disse já chorando – Se você me ama deixa ele em paz, por favor, eu faço o que você quiser

– Tarde de mais coelhinha, ele precisa sumir da nossa vida – Ele disse sorrindo e fechando a porta.

Eu fiquei rezando pra evitar o pior, evitar o inevitável

– Olha, desculpa, ele me obriga a fazer isso – Disse o tal do Jake se sentindo culpado – Eu entrei nessa de crime e agora não tem mais como voltar

– Tudo bem, a culpa não é sua (por parte é sim mas eu não quero que você se sinta culpado) Esse Gumball tem um ciúmes doentio por mim, eu tive um lance com ele mas já faz muito tempo, ele nunca superou isso, eu não devia ter metido o Marshall nisso

Tudo ficou em silêncio

– Me ajuda a fugir? – Eu perguntei com uma ponta de esperança

– Desculpa, eu não posso, você não imagina o que ele é capaz de fazer

Ele não ia me deixar fugir, eu fiquei horas tentando convencer ele, mas só estava perdendo tempo, já era quase hora da saída, Marshall ia me buscar na porta da escola, coitado, iria ficar esperando e eu nunca iria chegar, certamente Gumball vai aproveitar esse momento pra... só de pensar nisso meu coração pesa. Pela ultima vez insisti

– Você não está cansado de ser chantageado pelo Gumball? Olha, daqui a alguns minutos o sinal do colégio toca e será hora da saída, meu namorado provavelmente vai morrer hoje e ele não será o único, eu não sei o que vai acontecer comigo e seu futuro também não é garantido, você mais do que ninguém sabe como o Gumball é traiçoeiro, você mais do que ninguém pode me salvar, salvar o marsh e á si mesmo. Você vai ficar com esse peso na consciência? Pensa bem

Ele ficou olhando pro chão, pensando. Abriu uma gaveta que tinha ali e tirou um canivete de lá, foi em minha direção

– J-jake? – Eu disse receosa

Ele chegou mais perto, olhos nos meus olhos... e cortou a corda que prendia meus braços

– Obrigada, cara – Eu o abracei aliviada

– Anda logo, você não tem muito tempo

– Eu te devo essa – Eu disse saindo pela janela, já que a porta estava trancada.

Sai correndo pela estrada, ela dava na cidade vizinha, a direção contrária ia me levar ao subúrbio da minha cidade, onde o Marshall morava, passei na casa dele mas ele não estava lá, ele já tinha saído pra me encontrar na saída, quem estava lá era Marceline que me avisou que ele já tinha saído á alguns minutos. Fui correndo em direção á rua principal, peguei um ônibus que ia pra parte “civilizada” da cidade, onde ficava o colégio, chegando lá não tinha mais ninguém, nenhum aluno nem nada, o sinal já havia batido faz tempo. Eu fiquei com dó do Jake e preocupada com o que ia acontecer com ele, mas minha prioridade agora era o Marshall, então continuei andando pelas redondezas quando vi o Gumball descendo a rua, correndo junto com Finn e Flame, aqueles dois que estavam no carro mais cedo, acho que eles não me viram, segui eles que desceram a esquina e foram parar em uma rua movimentada, perdi eles de vista.

Fiquei desesperada tentando encontrar eles de novo, com certeza eles estavam atrás do Marshall, o plano do Gumball funcionou perfeitamente bem e nesse momento eles deviam estar executando-o e o pior: bem perto de mim e eu não podendo fazer nada.

Então, pra completar começou a chover, e não sei se é possível mas eu conseguia sentir um cheiro de tragédia no ar, parece que o que tinha que acontecer já avia acontecido e não tinha mais nada que podia fazer, comecei a sentir um arrepio como se Marshall estivesse indo embora, no mal sentido. Comecei a chorar descontroladamente, a culpa era toda minha.

De repente ouvi um barulho de tiro vindo da rua Andrew’s Street, que ficava perto da escola, sai correndo até lá, tinha um tumulto num beco sem saída, fui já pensando o pior, sai empurrando todo mundo e quando cheguei no meio da muvuca vi seu corpo jogado chão sangrando em meio a chuva, aquilo é pior do que eu imaginava, meu coração não vai suportar vê-lo desse jeito. Ele não vai aguentar por muito tempo.

O pior disso tudo é que eu sei que a culpa é minha.