Helos mal conseguia abrir os olhos, parecia completamente destruído. Faixas e restos de tecido cobriam suas feridas, ainda muito graves para garantir sua sobrevivência.

Guiando-no, lá estava a morena de olhos verdes que o salvou da morte iminente, cavalgando em direção à um dos últimos refúgios marleyanos.

O cheiro de fumo já estava a atrapalhando há muito tempo, mas tudo mudou quando viu as fumaças negras subindo em direção aos céus. Inúmeras pessoas estavam de frente aos muros do refúgio, desacreditadas.

Era o fim de Marley.

Os muros da frente foram despedaçados, e junto a ele todas residências que formavam a pequena comunidade. A marca dos pés de um colossal estava marcada no solo, e foi a responsável por dilacerar todas aquelas residências, que agora iluminavam a noite queimando em chamas.

— Vamos ir para Osty. — disse a morena, ganhando atenção de todos — Venham comigo.

Seu cavalo virou para o leste, e iniciou uma lenta caminhada naquela direção. Cavalgando, não demorou muito tempo para mais uma visão ilustre fazer a morena arregalar os olhos e suar frio: um grupo de pessoas carregavam seus filhos completamente desamparados, vindo daquela direção.

— N-Não... — sussurrou para si mesma. — De onde vocês estão vindo?!

Aquelas famílias ficaram em silêncio por longos segundos, completamente destruídas ao ver a comunidade em chamas. Um homem, pai de família também abalado, assumiu a frente entre os cidadãos e disse:

— Nós viemos de Osty... — A morena ficou sem palavras. — o Titã Blindado e o Bestial surgiram de repente... nós não tínhamos como se defender. Minha esposa está morta... meu caçula também morreu... — E entrou em lágrimas.

— D-Deve ter outro forte! Com certeza temos outro...

— Não temos — sussurrou Helos, bem no ouvido da garota — tínhamos quatro contando com Thalber. Agora... nada restou. — tossiu sangue. Os cidadãos não ouviam o que ele dizia, e também não conseguiam reconhecê-lo – já que estava completamente destruído e também sem seu chapéu icônico. — Marley está morta.

Horas mais tarde, o sol surgia nos céus e invadia aquela cela pela janela engradeada. Emma estava com olhos fundos e cansados, algemada à parede e sem nenhuma perspectiva de futuro. Confiou num eldiano e tem recebido a consequência de sua inocência.

Ouviu lentamente passos se aproximando de sua cela, e aos poucos teve em vista o semblante de uma pessoa que pensava conhecer: Garric Tybur. Ele trazia consigo uma bandeja de comida.

— Eu trouxe seu almoço. Não precisa comer esse lixo que te dão. — disse, num tom simpático. Tinha um sorriso fraco no rosto. — Venha, eu vou comer com você.

Emma nada disse, ficou em silêncio, com aquele olhar fundo e desiludido. Tinha perdido todo brilho dos seus olhos azuis, que agora pareciam tão fracos, apagados.

— Emma, por favor... — continuou o Tybur, num tom mais culpado. Reconhecia a situação que a garota estava, mas tentava se aproximar dela o máximo que podia.

— Você se acha muito bom, não é? — indagou Emma, num tom raivoso. Garric ouvia atenciosamente. — Você impede que toquem em mim, mas eu ainda ouço os gritos na cela ao lado. Você me trás comida, mas eu ainda consigo ver a ração que dão àquelas mulheres. Você me salvou naquele dia, mas antes deu o sinal para que esmagassem meu povo.

— Emma, eu-... — foi interrompido.

— Você não é um homem bom, "Garric". Você é um demônio como todos os outros!

Mais um silêncio se instaurou na prisão, e nada foi dito. Os olhos de Emma estavam tomados por lágrimas, e sua face mostrava a extensão de seu ódio. A paixonite virou raiva, e agora o Tybur tinha vergonha de vê-la olho no olho. Arrastou a bandeja com comida para dentro da cela, se ergueu e continuou:

— Eu disse, Emma. Eu sou um demônio e súdito de Ymir, mas não vou deixá-la nunca. — Seus olhos estavam tomados de lágrimas, o que surpreendeu a loira. Garric estava sendo sincero. — Eu prometo que vou tirar você daí. Não... eu prometo que vou tirar todas vocês.