Sherlock e John estavam na frente do clube Bagatelle. Aquela era a única pista que tinham sobre onde Sebastian poderia estar escondido e como ele era o dono do local alguém deveria ter informações que mesmo parecendo pouco para pessoas normais para ele poderia ser uma pista em potencial. Como ainda era dia apenas alguns funcionários estavam ali e pessoas não poderiam entrar. Eles viram uma moça abrindo o portão do clube e se aproximaram

Com licença – John disse educado – será que pode nos ajudar?

Sim – ela sorriu.

Sobre o clube – o Watson disse enquanto Sherlock apenas analisava ao redor e a moça – você sabe me dizer como posso jogar uma rodada com o chefe?

Oh – ela hesitou e olhou para os lados – bem você precisa ser sócio do clube por um tempo.

Ou preciso estar na mesa certa correto? – Sherlock disse e arqueou uma sobrancelha.

Sim – ela respondeu acanhada – se conhecer as pessoas certas pode entrar.

O seu chefe – John disse – sabe se ele fica aqui no clube mesmo ou ele tem uma casa?

Olha isso é informação que eu não posso passar – ela deu um passo para trás – vocês não deveriam estar aqui.

A moça entrou sem dar chance dos dois perguntarem mais nada. John suspirou frustrado e Sherlock notou que um homem os encarava do outro lado da rua. O tal homem acenou e foi até eles.

Procuram o chefe? – ele disse e tirou um cigarro do bolso.

Sim – John disse – você trabalha aqui?

Já trabalhei, mas como falo muito me chutaram – ele acendeu o cigarro e encarou o detetive – posso dar informação se me arrumarem uma grana.

John e Sherlock se entreolharam e o detetive fez que sim com a cabeça, já sabiam que informação valiosa custaria caro. Sherlock abriu a carteira e deu dinheiro ao homem.

Tenho uma lista de hotéis em que ele pode estar hospedado, vi uma vez com a secretária dele já que o homem tem um gosto refinado – ele pegou um papel no bolso e estendeu ao detetive – esses são os hotéis.

Obrigado – John agradeceu e se aproximou de Sherlock olhando para o papel.

O que temos aqui – o detetive lia os nomes.

Goring Hotel, 15 Beeston Pl, Westminster.

The Egerton House Hotel, 17-19 Egerton Terrace, Knightsbridge.

The Milestone Hotel and Residences, 1 Kensington Ct, Kensington.

Molly deve ter ido a um desses hotéis – John disse.

Sherlock estava certo que sim e teria que encontrá-la antes que fosse tarde demais.

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Mycroft estava com novas informações sobre Sebastian Moran, e aquelas realmente eram de interesse do irmão mais novo dele. Mandou uma mensagem para ele depois de receber os nomes dos hotéis onde deveriam procurar por Moran, claro que seria difícil já que o homem não costumava usar seu nome e ter acesso as câmeras de segurança desses locais podia ser difícil, mas o Holmes tinha seus modos de fazer as coisas.

Mycroft – Jane entrou na sala de estar da casa dos pais dele e de Sherlock – onde estão o tio e a tia?

Saíram – ele disse sério.

Ainda está com raiva de mim? – ela sorriu travessa.

Não me insulte me atribuindo esses sentimentos infantis – ele tomou um gole do chá – agora sente-se e vamos esperar John e Sherlock chegar.

Não demorou muito tempo para os dois chegarem e Jane logo se apressou mostrando a eles os papéis que havia conseguido sobre o Primeiro batalhão dos Pioneiros de Bangalore.

Os dados não mostram muito, mas consegui conversar com um ex membro – ela disse e John a encarou e Sherlock olhava os documentos.

O que descobriu? – Mycroft queria as informações.

Ele disse que a bala encontrada no General Hooper era de uma espingarda de ar comprimido – ela disse sugestivamente.

Então Moran matou o pai da Molly? – John estava surpreso.

Já era de se esperar John – Sherlock encarou a loira – suponho que descobriu do contrabando que ele fazia naquela região.

Exatamente – Jane nem se surpreendia mais com as deduções do primo – ele vendia as armas do batalhão para rebeldes.

E assim se tornou indesejado na região – Mycroft pegou o celular – temos dois hotéis que são os mais prováveis de o Sr. Moran estar.

Então o que estamos esperando? – John levantou do sofá confiante.

Ainda tem mais uma coisa – Jane disse.

Então diga de uma vez – Sherlock estava impaciente, queria logo encontrar Molly.

Molly saiu de férias a alguns meses atrás certo? – a loira pegou seu caderno onde anotava várias informações – ela se hospedou em um hotel em Paris para onde viajou e por coincidência foi jogar em um clube por lá.

Bagatelle – Sherlock começou a pensar – então foi lá que ela conheceu Sebastian.

Sim tem uma filial do Bagatelle lá, só que ele não disse que era o dono e sim um simples jogador – Jane mostrou uma foto – eles jogaram na mesma mesa e ganharam e essa é a foto da mesa campeã.

Não pode ser – John olhou a foto.

Molly e Sebastian estavam lado a lado lá e o sorriso da legista mostrara que ela realmente tinha se divertido. Ela ainda estava com seu cabelo ruivo longo e aquele brilho no olhar mesmo depois da briga com Sherlock. O detetive devolveu a foto para Jane e caminhou para fora da casa dos pais.

O que foi isso? – Jane sentiu que ele estava chateado.

Ele precisa de um tempo – John sorriu para ela.

Parece que o Sr. Moran está conseguindo tirar meu irmão do sério – Mycroft disse e riu minimamente recebendo olhares reprovadores dos dois ali.

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Sebastian havia acabado de chegar ao hotel em que estava hospedado. A noite havia sido muito boa e ele queria apenas dormir. Sentia falta de Moriarty que nesses momentos cuidava dele como ninguém conseguia cuidar. Entrou no quarto rindo ainda sobre o efeito do álcool, mas nada que o deixasse fora de si. Viu a janela aberta e sob a escuridão alguém sentado na poltrona ao canto da suíte onde estava.

Sabia que voltaria – ele sorriu e se aproximou da mesa de bebidas.

Não graças a você – Molly respondeu.

Eu sabia que você conseguiria sem minha ajuda – ele levou as taças até onde Molly estava sentada e sentou na poltrona na frente dela entregando a ela a taça de vinho.

Quanto tempo mais vai ficar nesse joguinho? – ela tomou um gole da bebida.

Até não existir mais Sherlock Holmes – ele sorriu de canto – confesso que pensei que demoraria um pouco mais de tempo até você voltar.

Apressei as coisas, não aguentava mais ouvir as frases arrogantes daquele detetive – Molly se inclinou um pouco para frente – mas confesso que foi revelador os tempos que passei lá.

Revelador? – Sebastian não pode evitar rir – desculpe Kate, mas isso é tão engraçado.

Pode rir – ela suspirou – você me contou só parte do plano contra Sherlock.

Você não precisa saber de tudo ainda – ele tomou um gole do vinho.

Bom, mas eu já sei – ela disse – muito perspicaz da sua parte se dar ao trabalho de fazer tudo isso para manter o Holmes vivo e me matar.

Molly – Sebastian já sabia que ela tinha recuperado boa parte da memória o que tornava tudo mais interessante ainda – eu sabia que só voltaria aqui para me matar pelo que fiz com você.

Então sabe que eu vou te matar e mesmo assim não chamou reforços? – ela puxou o gatilho da arma que estava na sua mão escondida no casaco apontando para ele.

Eu não preciso – ele encarou o copo – eu te ensinei tudo o que você sabe, mas ainda não conseguiu me superar.

O que – Molly sentiu sua vista ficar turva e que seu corpo estava ficando sem forças – você...

Sua participação no jogo é muito maior do que pensa então eu não posso deixar que você estrague tudo, ainda te quero viva – ele afagou o rosto dela e a pegou no colo deitando-a na cama – quero que Sherlock veja você morrer enquanto tenta te salvar – a legista desmaiou.

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Sherlock acendeu um cigarro e olhou para o céu naquela noite fria. A casa de seus pais era um lugar reconfortante para se pensar e ele estava com os nervos à flor da pele. Sebastian o tinha nas mãos, mas o detetive sabia o ponto fraco dele mesmo já estando morto. Moriarty exercia uma grande influência sobre o Moran e o detetive sabia como iria usar isso contra ele.

Mais calmo? – John disse e se posicionou ao lado do amigo.

Não precisa se dar ao trabalho de tentar me confortar – Sherlock disse enquanto fumava o cigarro.

Sua mãe proíbe esses fumos – ele apontou para o cigarro – nós vamos encontrá-la.

Disso eu tenho certeza – o detetive se virou para John – Sebastian quer que eu o veja matar Molly então só é uma questão de tempo até ele ligar para mim.

Então por que está inquieto? – John não entendia.

Porque eu queria poupá-la disso – o Holmes fechou os olhos – queria tirar ela de perto dele e acabar logo com isso.

Mas você adora um bom jogo – John retrucou.

Não se engane eu adoro sim um bom jogo – Sherlock apagou o cigarro – mas não quando envolve pessoas com as quais eu me importo.

Por que não admite logo? – o Watson sorriu travesso.

Admitir o que exatamente? – o detetive arqueou uma sobrancelha.

Que você está apaixonado pela Molly – John disse e encarou o amigo tentando decifrá-lo.

Bem colocado – Sherlock estreitou os olhos – irei pensar no assunto.

O Holmes sabia como se sentia, mas não tinha tempo para pensar em sentimentos que só iriam atrapalhar naquele momento. Se admitisse o amor pela Legista seria muito mais difícil de lidar com a situação e para tê-la a salvo teria que agir com racionalidade sem deixar o lado sentimental interferir. Sentiu seu celular vibrar e ao pegá-lo viu uma ligação.

Desconhecido – ele disse e John se aproximou.

Deve ser ele – o médico disse.

Já esperava ansioso sua ligação – Sherlock atendeu o telefone.

Ora ora Sr. Holmes – Sebastian disse do outro lado – então não vamos perder tempo.

O que tem em mente? – Sherlock queria perguntar sobre Molly, mas não podia parecer desesperado.

Despois de atrair Molly para mim ela o espera para um último adeus – Sebastian riu – espero que venha sozinho e sem gracinhas.

Só precisa me dizer a hora e o lugar – o detetive olhou para John que parecia apreensivo.

Estou enviando as coordenadas – Sebastian disse – melhor correr.

Sebastian desligou o telefone e Sherlock encarou o aparelho e então a mensagem chegou com o destino e uma foto:

Localização: Chiswick Eyot. Melhor se apressar / Moran.