She Looks So Perfect

Capítulo 21 - I couldn't stand that hated me.



Capítulo 21 - I couldn't stand that hated me.

Minha consciência retornou aos poucos. Eu não tinha aberto os olhos ainda, mas já conseguia ouvir o bipe irritante do marcador de batimentos cardíacos. Eu não queria abrir os olhos, pois eu sabia do baita sermão que levaria de Allison. Dois dias. Eu havia ficado dois dias inteiros sem comer e Allie iria reclamar como sempre fizera. Eu só não queria que isso tivesse acontecido na casa dos meninos. Eles não precisavam presenciar isso, já tinham muito o que pensar como banda.

Respirei fundo e abri os olhos para o ambiente que, de certa forma, era comum para mim. Abri os olhos e pisquei rapidamente durante uns dois minutos até que minha visão entrasse em foco. Olhei ao redor, à procura de uma Allison preocupada e raivosa, mas tudo o que encontrei foi um Luke levemente abatido, dormindo meio desajeitado na poltrona ao lado da minha cama. Franzi o cenho, confusa com o motivo de ele estar ali comigo. Tantas coisas que ele poderia estar fazendo, até mesmo escrevendo uma música - e ele estava ali.

Balancei levemente minha cabeça para afastar os pensamentos acerca da presença de Luke ali e me estiquei para apertar o botão para chamar a enfermeira. Quem apareceu pela porta, porém, foi um médico alto e robusto.

— Ora, boa tarde, senhorita Mckinnon. - ele disse, sorrindo docemente para mim. - Sou o doutor Harrison.

— Bom noite, doutor. - respondi, a voz um pouco rouca e desviei meu olhar rapidamente para Luke.

— Sou o médico da família de Luke; ele ficou aqui durante todo o tempo. - ele disse e riu ao ver minha expressão surpresa.

— Isso é sério? - perguntei, meus olhos analisando as feições cansadas do meu loirinho.

— Ficou sim. Chegou aqui desesperado com você nos braços. - o doutor cantava, mexendo no saco de soro que irrigava minhas veias. - Vinha uma garota e os três amigos dele, mas Luke quase entrou em guerra com eles para ser seu acompanhante. Acho que você flechou o coração dele de jeito.

— Acho que ele que roubou o meu. - murmurei baixinho para mim mesma, mas o doutor Harrison ouviu e sorriu para mim.

— Melhor acordarmos ele, não? - o doutor sugeriu, e foi até Luke.

Doutor Harrison balançou o ombro de Luke, que abriu os olhos azuis diretamente a ele. Parecia de certa forma abatido com seus olhos de um cinzento opaco. Mas eu vi o exato momento que seus olhos recuperaram o brilho quando pousou seu olhar em mim. Luke levantou-se num pulo e veio ao meu encontro, segurando forte minha mão e se apoiando ao meu lado.

— Como se sente, Mckinnon? - ele perguntou, visivelmente preocupado.

— Eu estou bem, loirinho, calma. - eu disse, sorrindo levemente.

— Você desmaiou de repente, Mckinnon, como você espera que eu tenha calma? - ele disse, o rosto sério, mas eu conseguia ver o brilho aliviado em seus olhos. - Como está o diagnóstico, doutor? - perguntou ao doutor Harrison.

O doutor Harrison olhou para mim, mas eu abaixei a cabeça. Se o doutor não falou nada com Luke antes, isso queria dizer que eu teria de assumir meu erro na frente dele. E o que eu menos queria era decepcioná-lo. Isso eu não ia suportar.

— Descobriremos, sr. Hemmings. - disse o doutor, e se virou para mim, analisando uma prancheta em mãos. - Há quanto tempo está sem comer?

Abaixei a cabeça, pensando no quanto aquela cena me parecia familiar; chegava até a aperta o coração. Era estranho pensar que mesmo saindo do Brasil eu estava passando por isso. Será que se eu tivesse ido para a Holanda eu passaria por isso?

— Ahn... - comecei, mas tive vergonha de dizer na frente de Luke.

— Pode falar. - eles incentivaram.

— A última vez que comi foi quando Cara foi lá em casa. - respondi baixinho.

Luke suspirou e explicou para o doutor. - Isso faz dois dias.

Doutor Harrison anotou alguma coisa na prancheta.

— Você teve uma queda de pressão intensa pela falta de comida e nutrientes, senhorita Mckinnon. - ele explicou, mas eu já sabia que daria nisso. - Ficou no soro desde que chegou, então já será liberada. Mas sugiro que não fique mais do que três ou quatro horas sem se alimentar.

Eu assenti, ainda com a cabeça abaixada. Não sei o que acontecia comigo, mas de repente eu senti vergonha do que eu fazia, vergonha do que me tornei, vergonha do que eu sou.

— Vou pegar os papéis para autorizar a sua alta. - o doutor Harrison falou, e ouvi o som da porta se fechando, mas não ousei levantar a minha cabeça para olhar para Luke.

— Mckinnon. - Luke chamou, mas não me movi. - Charlie, olha para mim. - pediu.

Quando não o obedeci, ele colocou os dedos sob meu queixo e levantou minha cabeça para encarar seus olhos azuis. E, assim que o fiz, toda a torrente de emoções que eu segurava desde o momento que cheguei na Austrália veio à tona. O terremoto me derrubou e o tsunami me inundou. Me joguei nos braços de Luke, como se somente assim eu pudesse me sentir bem novamente, e chorei em prantos.

— Eu não aguento, Luke... - eu murmurava.

— Shh. Calma, Mckinnon, eu estou aqui para te ajudar. - ele dizia, me abraçando forte contra si e acariciando meus cabelos até que eu me acalmasse.

— Não me odeie por isso. - pedi assim que parei de chorar, e apertei mais os meus braços ao redor de sua cintura. - Eu não aguentaria que você me odiasse.

Luke me apertou mais em si e enterrou o rosto na curvatura do meu pescoço, sendo coberto por meu cabelo negro.

— Eu não te odeio, longe disso. - ele disse, e eu senti sua respiração pesada contra minha pele. - Eu estou aqui para te ajudar, Mckinnon, não se esqueça disso.

Sorri, mesmo que fosse minimamente. - Obrigada, Lukey.

— Já falei o quanto gosto quando você me chama de Lukey ou de loirinho? - senti-o sorrindo sobre minha pele.

— Então estamos quites, porque também gosto quando me chama de Mckinnon. - eu assumi, um pouco envergonhada.

Luke me afastou de si quase instantaneamente, e mesmo estando um pouco receosa, levantei meu olhar e encontrei um sorriso radiante em seus lábios.

— Verdade? - ele perguntou, e eu fiz uma oração silenciosa para que ele não mordesse o lábio sob o piercing.

Meu coração sempre ameaçava quebrar minhas costelas quando isso acontecia.

Dei de ombros. - É, mas... Sei lá! É algo tão seu que eu acho estranho quando me chama de Charlie.

— Bom saber. - ele disse e, droga!, ele mordeu o piercing.

Enrubesci, mais do que eu pretendia, mas fui liberada de responder quando a porta se abriu e a manada, digo, meus amigos, entraram. Os meninos sorriram aliviados e Allison pulou em cima de mim, jogando-me contra o colchão.

— Calem a boca, australianos! - Allie ordenou em tom firme e os meninos que tentavam me falar as coisas atropeladamente se calaram. - Como você ousa me fazer uma coisa dessas novamente?! - ela me disse e eu tive medo de que ela estivesse verdadeiramente enfurecida.

— Ahn... Desculpa? - pedi, um pouco insegura e mordendo o canto do meu lábio inferior.

— Calma, gente. - disse Luke, sentando-se ao meu lado e me abraçando pelos ombros. - Ela me prometeu que isso não ia voltar a acontecer.

Calum abriu um sorriso malicioso. - Alguém está sentindo esse cheiro?!

Luke e Allie olharam confusos para ele, enquanto Ashton e Michael trocavam olhares maliciosos e risadas baixas.

— Calum, meu querido asiático. - eu disse, numa voz doce, mas com um sorriso perigoso nos lábios. - Se pretende dizer que "está pintando um clima", sugiro que não o faça, a não ser que queira pegar meu lugar na cama de hospital.

Os garotos riram da expressão que calum fez, e Allie aproveitou a breve distração deles. Aproximou-se de mim e me entregou meu celular.

— Seu pai ligou e eu tive que contar o que houve. - ela sussurrou, enquanto eu guardava o celular disfarçadamente no bolso. - Ficou um pouco desesperado e disse que vai tentar te ligar hoje de novo.

Fiz uma careta e gemi de desgosto. - Os meninos viram?

— Não, saí para poder atender ele. - ela respondeu e logo se afastou novamente para evitar de os meninos desconfiarem.

— Então, quando vai ser liberada? - perguntou Michael, sorrindo para mim.

— Exatamente agora. - disse o doutor Harrison, entrando no quarto. - Luke já havia assinado todos os papéis necessários.

— Liberdade, finalmente! - levantei-me da cama num pulo e levantei os braços, comemorando.

Os garotos riram.

— Espero não te ver aqui tão cedo, senhorita Mckinnon. - disse o doutor, rindo enquanto ajeitava os fios das máquinas, que já tinha desconectado de mim antes de sair.

— Eu também não, doutor. - eu disse.

— A não ser que ela queira apanhar. - disse Ashton, enquanto saíamos do quarto.

— É, ficamos preocupados. - concordou Calum.

— Que bonitinho! - Allie apertou sua bochecha, arrancando uma careta dele e risada de nós.

— Não se preocupe, doutor. - disse Michael, com um sorriso malicioso nos lábios. - Ela tem o príncipe Luke para cuidar dela.