She Is The Only One

Capítulo 8 - Becoming More Than Friends


Depois de terem feito mais alguns shows pelas madrugadas de Washington, os meninos do nirvana regressaram novamente para Seattle, exaustos como sempre. Dave não parava de encher a cabeça de Krist com comentários sobre a ruiva. Já Kurt... Bom, ele havia tido uma recaída durante a viagem. Fazia uns dias que o loiro se recolhia em relação às drogas, mas na noite anterior à volta ele não resistiu e usou heroína no quarto de hotel. Os colegas de banda não gostaram nada do fato, mas já estavam acostumados com esses ''altos e baixos'' do vocalista. Ele vivia tendo esses picos de arrependimento, com direito a juras de maneirar nas drogas. Mas isso sempre acabava com Kurt no meio de seringas, comprimidos ou fileiras de pó de cocaína.

Acabou que o caso de Valerie não era muito grave. Na verdade só não agravou porque Susy conseguiu praticamente arrastá-la pro médico. Aliás, sobre esse tempo de cama de Valerie... Kurt virara seu visitante mais afiado. Ele passava praticamente todos os dias que podia no apartamento dela, quase sempre com mimosos presentinhos, como guloseimas da confeitaria que tinha alí perto. Susy adorava ficar falando disso para a morena, sobre o quanto ele era fofo e cavalheiro. Como Valerie continuava a praticamente que ignorar o possível clima que rolava entre os dois, Susy acabava julgando a amiga muito devagar, cautelosa demais. Mas por enquanto Valerie estava adorando essa amizade que estava criando com o loiro. Na cabeça dela as coisas só poderiam evoluir a partir de uma amizade bem sólida. Bom, talvez.


Assim que pôde sair do repouso, Valerie foi convidada por Kurt pra sair. Não era um encontro, era só pra dar uma volta mesmo, algo bem leve pra ela não se cansar, como ele mesmo disse. Acabaram indo até uma sorveteria famosa de Seattle, a algumas quadras de onde moravam. Como queriam conversar, foram a pé mesmo. Na volta, pararam num banco de praça pra fumar um pouco.

– Me conta a novidade! Fiquei sabendo que vocês vão pro Japão... É isso mesmo? - Valerie parecia animada, bem mais animada que o próprio Kurt.

– Sim, em poucos meses estaremos chegando em Tóquio... - Ele tentou parecer feliz, mas ela logo notou que havia alguma coisa.

– Não parece muito animado... - Ela olhou em seus olhos, notou uma característica tristeza.

– Eu até estou, mas... Não tô conseguindo me acostumar muito com tudo isso que tá acontecendo... - Ele tragava com vontade, como se aquilo fosse o acalmar de alguma forma.

– Eu imagino como deve ser louco mesmo... Tipo, um dia você dorme como alguém que trabalha duro, que tá na luta por aquilo que gosta... E num belo dia acorda com paparazzis na janela, a mídia em cima, milhões de compromissos... - Ela parou de falar de repente - Desculpe, acho que estou piorando tudo falando desse jeito... - Para a sua surpresa, ele riu.

– Não esquenta, é apenas a verdade mesmo... - Ele refletiu por uns segundos. - Não queria ser mal agradecido a tudo que tem nos acontecido... Mas é que tá tudo sendo tão rápido... - O loiro falava olhando pro chão. - Me sinto despreparado pra isso.

– Mas não devia sofrer com antecedência Kurt, ninguém nasce sabendo lidar cem porcento com o estrelato. Se vocês estão onde estão é porque merecem e porque tem uma porrada de gente que ouve vocês...

– Mas a questão é que, não tenho mais o mesmo prazer de tocar como antes. No começo essa banda era tudo pra mim... Hoje é quase que uma obrigação ter que fazer shows, dar entrevistas...

– Acho então que precisa de um descanso, um tempo pra se desligar um pouco disso... Você já me disse que está afetando sua saúde.

– Mas não é tão fácil quanto pensa... São vários compromissos um atrás do outro.

– Sim, é fácil. Quando notar que não está mais te fazendo feliz, dê um basta. Você não deve se sentir obrigado a fazer nada forçado. Você está se machucando, está ficando mal. - Kurt ouvia calado cada palavra da morena. - Não é justo a banda decolar e você ainda sentir mais pressão por isso! - Valerie ficou meio nervosa de repente. Sentia-se indignada pela pressão que Kurt estava sentindo.

Um típico silêncio se formou entre os dois. Kurt não tinha nada mesmo pra dizer, sabia que não deveria ser obrigado a se matar aos poucos apenas pra cumprir todos compromissos da banda. Valerie respeitou seu silêncio ficando calada também, até que os ânimos sobre esse assunto voltassem ao normal. Foi quando ela falou primeiro.

– Me desculpa se falei um pouco alto com você... É que não gosto de te ver assim triste... De verdade. - Com a mão que estava sem o cigarro, a morena segurou carinhosamente a mão dele.

O olhar de Kurt dizia mais que tudo. Ele estava agradecendo àquele seu gesto de compaixão, já que com palavras ele não conseguiu fazer o mesmo. Ficaram uns segundos daquele jeito, apenas se olhando, tempo demais até pro gosto de Valerie. Kurt sentiu que aproximava seu rosto ao poucos em direção à morena. Estavam quase fechando os olhos. Até que ouvem a voz de alguém...


– Valerie, amiga! - Uma mulher bastante alta e de cabelos pretos se aproximou dos dois.

– Sheron, que surpresa... - Valerie estava visivelmente sem graça pela situação que estava, ao mesmo tempo que estava frustrada por ter sido impedida pela amiga de beijar Kurt. - Tudo bom com você? - Ela se levantou e deu um abraço na amiga.

– Tudo ótimo, mas estive preocupada com você... Soube que está doente, nem consegui falar com você pelo telefone!

– Fique tranquila, já estou recuperada... - Valerie sorriu pra disfarçar a frustração.

– Que bom então, porque eu tenho um convite pra te fazer! - Sheron havia reparado o loiro ainda sentado no banco. - Ah, quem é esse seu amigo?

– É o Kurt, meu novo vizinho... - O loiro levantou pra cumprimentar Sheron. - Kurt essa é minha amiga Sheron, fizemos faculdade juntas.

– Prazer Sheron... - Disse Kurt um pouco estranho também.

– Prazer todo meu. Aliás, o convite que faço é pros dois: Vou dar uma festa amanhã no meu apartamento, vai estar toda a galera lá, então gostaria que vocês fossem também.

– Uma festa? Que horas? - Perguntou Valerie.

– Pode chegar a partir das nove... E levem só a cerveja, o resto é por minha conta. - Enquanto ela falava, Valerie deu um passo pra trás como se já quisesse dispensá-la. - Você vai né?

– Claro, sempre vou... - Valerie respondeu. As duas riram.

– Não esquece, é no endereço novo! - Alertou Sheron.

– Pode deixar, a Susy já me passou.

– Beleza então, te espero lá também Kurt! - O loiro apenas sorriu. - Tchau gente, não vou mais atrapalhar vocês, até...


''Filha da puta... Porque falou isso?!'' - Pensou Valerie, mais tiririca ainda.


Como não havia mais clima, não continuaram mais na praça, resolveram logo caminhar pra casa. Pelo caminho até que continuaram a conversar normalmente, mas o ''tal assunto sobre Kurt'' não tinha mais voltado entre eles até então. Já no andar de ambos, Valerie se pronunciou.

– Obrigada pelo passeio, foi uma ótima noite... - Disse Valerie já mais calma.

– Foi mesmo... Até devia ter trago mais sorvete pra casa... - Os dois riram juntos.

– Então... Até amanhã?

– Não sei se vou na tal festa...

– Porque não? Vai ser divertido! Pelo menos costuma ser sempre...

– Não sei... É sua amiga, não minha.

– Seu bobo, você tem a mim lá... E a Susy também vai, provavelmente Dave irá por causa dela...


Kurt pensou melhor e claro, acabou cedendo à seus caprichos.


– Tá bom, eu irei... - É claro que Valerie desabrochou em sorrisos ao conseguir convencê-lo. Ele logo ficou vermelho.

– Então a gente se vê amanhã...

– Ok... Boa noite.

– Ah, antes que eu me esqueça... Por favor, pensa naquilo que eu te falei sobre dar um basta em tudo o que te faz mal? É que... É muito chato te ver assim pra baixo... Muito mesmo.

– Pode deixar... Pensarei com carinho.

– Obrigada. - E então ela o surpreendeu com um abraço caloroso, o mais sincero que ela pôde dar. É lógico que Kurt ficou um pouco sem jeito, mas nada que fosse embaraçoso demais pra ele. - Agora sim você pode ir dormir... - Kurt sorriu sem graça e mais vermelho que tudo.


Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.