Acordei no outro dia com uma das ‘governantas’, como era chamadas as carcereiras, falando que eu devia atender o telefone, alguém queria falar comigo.

Andei até a parte aonde tinha os telefones e peguei o que a Mirian (a governanta que me travava bem, a única) indicou.

- Alo?

- Kris, amiga, que saudades!!

- Anny, que bom que você ligou, to morrendo sem você

- Eu sei que eu sou mega super importante e que você não vive sem mim =D

- Ta, já deu de se achar, ta? Mas e ai, tudo bom ai fora?

- Tranqüilo, mas sem você ta chato, todo mundo da escola ficou falando da sua prisão, eu não agüentava mais.

- Ahh, sempre tem algum idiota, não liga não.

- Eu sei, mas e por ai, ta tudo bem?

- Sim, tem umas garotas que me irritam, mas eu fiz uma amiga e isso ta fazendo o tempo passar mais rápido.

- Legal, mas agora eu to com medo, minha amiga tem uma amiga criminosa...

- Hahaha’ esqueceu que eu sou criminosa também??

- Aé.. ahh, que medo de você!

- Deixa de ser louca Anny, mas sério, eu preciso te contar uma coisa

- O que? Fala, eu to curiosa agora..

- Eu tenho sentido uns enjôos, dores de cabeça, to cansada o tempo todo e minha mestruação não vem a umas 3 semanas.. Eu to preocupada. Acho que eu posso estar gravida, o que você acha??

- Own.. gravida?? O.o Vai nascer um bebê??

- Nãããão, que isso.. Um bebe? Vai nascer é um panda.. ¬¬ CLARO QUE É UM BEBÊ, NÉ SUA LOUCA.. Hahaha'

- Foi mal, foi pergunta sem pensar.. Mas se você tá gravida, vai nascer um bebe, você vai ser mãe, o Justin vai ser pai... AHHH, VOCE JÁ CONTOU PRA ELE?

- Não, eu to pensando em contar hoje. Mas eu ainda não tenho certeza..

- Vai na enfermaria então, faz um exame..

- Tenho medo do que pode acontecer se eles descobrirem.. Amiga, tenho que ir!

- Ok, vai lá.. Eu vou tentar te visitar, prometo.. Eu te amo, viu?

- Beijos, tchau, também te amo.

Fui pro meu quarto me arrumar, esperando a hora da visita de Justin. Assim que ele chegou, começamos a conversar, até que resolvi falar sobre o possível bebê.

Olhei para Justin, ele sorria, um sorriso meio bobo, o olhar perdido pelo pátio, parecia observar o ambiente em que eu viveria pelo próximo ano. E assim viu, que guardar segredo sobre minha gravidez não era necessário, ele compreenderia, e ele que já havia dito que os dois se casariam quando ela saísse da prisão.

- Justin...

- Oi... – Ele se virou pra mim.

- Eu... – parei de falar, tentando encontrar as palavras certas.

- Você...

- Isso é mais difícil de dizer do que quando te falei que você estava seqüestrado, sabia?

- E o que é?

- É que eu... Eu acho que estou grávida...

Justin parou, e ficou olhando para ela. Kristin tentou lembrar da cena do cativeiro mas não era possível, as situações eram totalmente diferentes e Justin não demonstrou medo. Talvez um pouco de surpresa.

- Grávida?

- É, eu tenho sentido coisas há algumas semanas... Ainda não tenho certeza... Mas eu sei que as chances de eu não estar grávida são pequenas, com todos esses sintomas...

- E aconteceu no Hawai?

- Acho que sim, né, só pode ter acontecido lá...

Justin simplesmente a encarou, sem ter muito o que dizer.

- Eu só tô preocupada, porque eu não sei como vai ser quando o bebê nascer, se eu ainda vou estar aqui... – Disse-lhe, desanimada.

- Ah... – Justin suspirou – Eu pergunto pro Dr. Carl o que vai acontecer... Pode deixar... Não precisa ficar com medo não, Kris... O meu filho eles não podem tirar de mim... – Sorriu.

- Eu fico com medo de eles quererem mandar meu filho... – Kris o encarou, se corrigindo – nosso filho... Pra um lar de crianças... Sei lá, como nos filmes...

- Esse garoto tem um pai viu, Kris! – Justin riu – Lar de crianças... Humpf... Só por cima do meu cadáver...

- Eu sei que tem... – Kris sorriu – E que pai... – Brincou, olhando seu namorado de cima a baixo.

Ele sorriu também, envergonhado.

Kris o abraçou, deitando a cabeça sobre seu ombro. Estava tão feliz por tê-lo ali, por saber que ele não a havia esquecido, e que estava se misturando com toda aquela gente criminosa, só para vê-la. Sabia que aquela não era a realidade dele e mesmo assim ele estava ali, com ela, sorrindo e brincando, como se estivesse em sua própria casa.

Aquele dia, para ela, pareceu ter apenas 15 minutos. O tempo passou tão rápido na presença dele... Kristin conseguia ver cores até nas paredes brancas do lugar, como num passe de mágica. Como seria bom se pudesse vê-lo todos os dias...

- Eu tenho que ir? Eu não posso ficar aqui?! – Brincou JB, na hora de ir embora.

- Você tem que ir sim... Isso aqui não é pra você, meu amor.

- É sim, se você tá aqui, então é!!

- Ia ser maravilhoso se você pudesse estar aqui todos os dias.

- Ia mesmo...

- Eu tava com muita saudade... – Kris desenhou com os polegares o contorno da boca de Justin, perdendo-se no traço quando ele sorriu.

- Eu ainda to, sempre vou estar... – Ele avistou de longe a fila das visitas indo embora, e então fez sinal para os seguranças. - Tá na hora...

A beijou longamente, se afastando em seguida. Kristin observou, até que ele sumisse portão a fora e só então voltou para seu quarto, sentando-se num canto abraçada aos joelhos, pensando em tudo o que havia acontecido.

Logo sua colega de quarto, Nicole, chegou. Elas contaram as novidades das visitas uma a outra. Nicole contou que sua mãe não a queria mais em casa, porem seu amigo, aquele que ela havia defendido, tomou coragem e contou de seus sentimentos para ela. Ele a amava, ela amava ele também, agora seriam um casal. Kristin contou sobre sua gravidez para Nicole, a mesma ameaçou sua amiga, dizendo que amanhã iriam a enfermaria para confirmar.