— Por favor, me diz que ninguém me beijou. Ninguém me beijou, não, né? — perguntou Stark, olhando para cada um dos companheiros que sorriam para ele. E depois perguntou algo completamente... sem sentido. — Vocês já provaram um shawarma? Tem um lugar de shawarma a duas quadras daqui. Eu não sei o que é, mas eu queria provar.

É, aquele era o Stark de sempre.

— Nós ainda não terminamos aqui. — falou Thor.

— A gente vai depois então. — devolveu Stark.

xXx

Agora estavam os Vingadores unidos, após toda aquela batalha a qual chegaram a achar que não venceriam. Sorrisos e cumprimentos, apertos de mão e abraços. Até mesmo Hulk parecia feliz. E teve a bela idéia de abraçar todos os companheiros ao mesmo tempo, apertando-os com os braços com tamanha força que o próprio deus do trovão foi o primeiro a reclamar por não estar conseguindo respirar.

E Stark insistiu em sua idéia de comer o tal Shawarma. A única coisa que ele sabia sobre aquilo, era o fato de ser uma comida típica Árabe. Natasha não estava nem um pouco afim de mais nada. Ela queria um bom banho e uma cama macia. Bruce — que já havia voltado para sua forma humana e mais gentil —, disse que se os outros fossem, ele também iria. Rogers era o homem fora de seu tempo, ele era educado demais para recusar o convite de Stark. Thor reclamou de estar com tanta fome que seria capaz de devorar dois javalis sozinho. E Clint estava na mesma de Banner.

— Resolvido pela unanimidade! — e Stark ergueu os dois braços para cima, com um sorriso no rosto. — Vamos comer Shawarma!

E lá foram os seis Vingadores. Caminhando pelas ruas destruídas. Parecia até que nada havia acontecido, exceto pelos olhares ainda assustados das pessoas que não conseguiram fugir daquele cenário começavam a sair dos refúgios improvisados nas partes mais internas dos prédios. Stark estava sorrindo e acenando para as pessoas, fazendo o seu famoso “V” com os dedos. A reação os outros perante esse comportamento extravagante era revirar os olhos.

Pareciam mais um bando de amigos andando pelas ruas procurando uma lanchonete, bem, isso é verdade, mas é bem improvável que um deus, um super-soldado, um cara numa armadura de ferro, uma ruiva bonitona em roupas coladas, um cara com arco e flecha e um com roupas rasgadas como as de um mendigo, iriam andar em ruas destruídas para procurar uma lanchonete de Shawarma.

Essa é a prova de que tudo é possível.

— Acho que é aqui. — Tony parou, o que fez com que os outros parassem também.

O local não estava diferente do resto de quase toda a cidade. A placa estava derrubada e partida em dois pedaços no chão.

— Deixa eu ver... — Stark se aproximou do primeiro pedaço e inclinou o corpo para baixo, apertando os olhos para ler as palavras sujas de escombros. —Vendemos Sha...— e deu um salto para o outro pedaço. —warma.Perfeito, é aqui!

— Já participei de refeições coletivas pagas uma vez com Jane Foster e dois companheiros. — comentou Thor. — Muitas pessoas se reúnem em lugares assim para se alimentar.

— É, grandão, esses lugares se chamamlanchonetes. — Clint deu uma batidinha no braço de Thor. — Espero que você seja rico o suficiente, Stark. Eu é que não vou pagar e tô morrendo de fome!

— Ah, não se preocupe. — Tony fez um gesto com a mão. — Eu posso pagar até o seu sorriso. Agora entrem logo ai e vamos comer!

Os seis entraram na lanchonete de Shawarma. Parecia um lugar bem simples. Não havia ninguém, exceto por uma senhora varrendo o chão calmamente.

— Ô de casa? — Stark chamou, aproximando-se mais. A senhora continuou varrendo o chão, mas de trás do balcão principal da lanchonete, um homem assustado levantou-se como se estivesse escondido ali desde o início da batalha.

— Pois não, senhor? — até a voz do homem estava trêmula.

— Ah, que bom. — Tony sorriu. — Ajeite esse cabelo, meu querido, está parecendo um porco espinho.

— Ah, obrigado... — e o homem arrumou o cabelo espetado passando as duas mãos para baixá-lo.

— Se não for de seu incômodo, senhor. Nós gostaríamos que nos provesse um pouco de seu alimento local. — falou Thor.

— Em outras palavras... — Stark deu duas batidinhas com o indicador na madeira do balcão. — Vai anotando ai, um Shawarma pra mim, um pra ruiva, um pro Picolé, um pro Barton, um pro Banner e dez pro semi-deus. — Tony sorriu para o homem e depois girou no mesmo lugar. — E eu vou sentar... Ali. — e caminhou para uma mesa vazia. — E vocês, vão me deixar sozinho aqui? Eu não mordo, senta ai. Ah, minha senhora. — ele já havia sentado numa das cadeiras da mesa que escolheu. — Traga o cardápio, sim? Tem deus aqui que, tenho certeza, não vai se satisfazer com dez Shawarmas. — e olhou para Thor de uma maneira que mostrava para a mulher de quem ele estava falando. — A gente vai esperar.

E os outros se sentaram para esperar o pedido. A mulher levou o cardápio para Thor e o deixou escolhendo. Os outros ficaram em silêncio, um olhando para a cara do outro sem ter idéia do que falar. Clint pegou um jornal do dia anterior que estava em cima da mesa vizinha e começou a lê-lo. Steve apoiou o rosto nas duas mãos e a pobre Natasha estava quase dormindo sentada ali mesmo. Para a sorte dos seis, a estrutura interna da lanchonete não estava tão comprometida quanto o lado de fora. Tinham rachaduras consideráveis e muito entulho aqui e ali, mas era possível que eles fizessem uma boa refeição.

— Ei, Banner. — chamou Tony. — Vamos brincar de ver quem pisca primeiro?

— Isso é sério, Stark...? — Bruce estranhou completamente a idéia do outro.

— Não? Então, não. — deu de ombros, mas depois insistiu novamente. — Não mesmo?

— Não. — Bruce revirou os olhos.

— Eu só queria passar o tempo. — Tony apoiou o rosto num punho fechado.

— A sua linguagem escrita é difícil de decifrar... — reclamou Thor. — Eu falo Asgardiano e vocês mortais me entendem como se fosse a sua linguagem nativa, mas... Estou tendo dificuldades com essas runas.

Clint levantou o olhar de seu jornal e esticou o corpo para olhar o cardápio e percebeu um erro.

— Ainda mais quando você está lendo de cabeça para baixo. — e tirou o cardápio das mãos de Thor e o virou para o lado certo, o devolvendo logo depois. — Acho que agora ficou bem melhor.

— Ah... — o deus do trovão se sentiu um pouco constrangido por seu erro simples. — Obrigado, Clint Barton.

A mesma senhora que estava varrendo o chão, chegou trazendo o pedido dos Vingadores. Clint teve de cutucar Natasha na cintura para que ela acordasse, pois tinha apoiado a cabeça completamente na mesa da lanchonete, ela acordou resmungando, mas logo agradeceu. Depois a senhora se dirigiu para Thor que ainda olhava atentamente para o cardápio.

— O que o senhor vai querer? — perguntou.

Thor passava a mão na barba loira, como se aquilo o ajudasse a decidir o que mais iria querer além do tal Shawarma. E pelo jeito, deve ter ajudado, pois ele respondeu:

— Vou querer tudo o que está deste lado — pedido que fez todos o olharem de uma maneira assustada. —, e essa bebida... — o deus do trovão apertou os olhos para enxergar melhor o que estava escrito. — Coca...

— Coca-Cola. — ajudou-o Bruce.

— Isso, obrigado. — e o deus do trovão voltou o olhar para a senhora que parecia estatelada com aquele pedido enorme vindo de um homem só. Ela estava imaginando como ele iria conseguir consumir tudo aquilo sozinho. — Aguardarei seu retorno.

Cafa, o que vofê fem ai fenfro— Clint iniciou uma pergunta, mas sua boca estava cheia de comida e continuou depois de engolir — no lugar de um estômago?

— Poderia ser mais educado na frente de uma senhorita, arqueiro. — repreendeu-lhe Steve.

— Que nada. — e a própria Natasha também estava falando de boca cheia.

— As mulheres de Midgard me surpreendem. — e o deus do trovão riu.

Eles comeram o Shawarma e se sentiram satisfeitos depois disso. Stark elogiou a própria idéia, pois se não fosse por ele, os Vingadores jamais teriam provado aquela comida. O pior é que Thor havia terminado os seus dez Shawarmas antes mesmo do último de seus companheiros ter terminado e ainda estava reclamando de estar com fome.

— Como consegue comer tanto, tão rápido, sem se engasgar, e ainda sentir fome? — perguntou Natasha.

— Em Asgard, os banquetes são fartos. E nós comemos até não agüentar mais. — ele respondeu sorrindo. — A comida de Midgard é leve, e não consigo me satisfazer com tão pouco. — comentário que causaram algumas caretas de surpresa entre os seis Vingadores.

Cinco minutos e a senhora tentou sair da cozinha trazendo todos os pedidos do deus do trovão. Mas era tanta coisa que ela não conseguiu nem abrir a porta direito. O próprio Thor se ofereceu para ajudá-la. Em apenas uma mão ele levou mais da metade do que ela estava tentando levar com as duas.

— Aposto dez pratas que ele não consegue comer nem metade disso. — sussurrou Steve para o arqueiro.

— Nem metade? Ele não vai passar do primeiro hot-dog! — Clint respondeu.

— Eu apostodez milque ele come tudo. — sussurrou Tony para os dois.

— Prepare-se para fazer dois caras ficarem ricos, Stark. — o arqueiro apertou a mão de Steve e depois a de Stark.

Infelizmente, para Clint e Steve, em dez minutos Stark já havia ganhado a aposta. O deus do trovão já havia devorado mais da metade sem parar nem por um segundo, e continuou até que...

— Essa bebida... — Thor levou a garrafa de Coca-Cola para mais perto do rosto. — Ela borbulha e queima a minha garganta enquanto desce. Isso é... interessante. Eu gostei. — e o que o deus do trovão fez naquele momento, causou enorme espanto em seus companheiros que se viraram subitamente de olhos arregalados para tentar entender o motivo de ele ter arremessado a garrafa ao chão com extrema força, estilhaçando completamente o vidro. — MAIS UMA!

— Gente, eu adoro esse cara! — exclamou Tony.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.