Shadowhunters: Cidade das sombras

Prólogo: Na sombra da noite


A chuva caia forte e gélida sobre as ruas escuras de Seattle. A única luz era a dos postes nas calçadas escorregadias. Trovões e raios cruzavam o céu cheio de nuvens e sem a presença da lua e de alguma estrela brilhante. A música alta da festa, havia ficado para trás.

— Corram!

— Não consigo... - Julieta gritou para ser ouvida no meio do temporal que resolvera cair bem na hora que ela e seu amigo Jordan fugiam de uma criatura horrorosa e nojenta.

— Então corram mais rápidos se não quiserem ser mortos! - Gabriel gritou seguindo na frente.

Gabriel Crossland é um caçador de sombras. Caçador de demônios. Julie não sabia e nem entedia nada do que o garoto tentava explicar, pois, as palavras se misturavam ao som dos trovões e ao barulho da água caindo no chão da rua. Ela sabia que caçadores de sombras caçavam demônios que escapavam de suas dimensões e atacavam os humanos. Sabia também, que fora o alvo desses bichos escamosos e gosmentos.

Jordan encarou a amiga indignado.

— Sinceramente, ele pensa no que diz? - Gritou ele quando um raio apareceu no céu. Julieta deu de ombros e apertou o passo para conseguir acompanhar o caçador de sombras.

Um grito agudo escapou no silêncio expandido-se pelo parque que passavam. Algo pegajoso agarrou a garota derrubado-a no chão de asfalto deixando uma dor imensa no machucado, arrastando-a pelo tornozelo para longe dos dois garotos. Uma dor insuportável percorria sua perna direita toda vez que o demônio apertava o tentáculo em seu pé.

— Julieta! - Jordan gritou correndo em direção da criatura. Outro tentáculo o jogou longe fazendo-o bater as costas na parede de uma loja.

Um risco brilhante iluminou a escuridão da rua e Julie teve a certeza de ter visto mais de cinco olhos no demônio que a prendia. Ela gritou tentando se segurar no asfalto, mas, só o que conseguiu foi machucar as mãos.

Raphael!— Gabriel gritou e um risco brilhante - que surgiu de sua adaga - passou rapidamente por seu rosto cortando o tentáculo da criatura.

Sangue preto e mal cheiroso espirrou do corpo do demônio manchando a rua e deixando uma fumaça branca. Mais um risco no ar com a adaga e agora, a criatura desaparecera. Evaporara. Julieta continuou agarrada ao chão de olhos fechados, em choque.

— Vem. - Disse Gabriel erguendo-a do chão gentilmente. - Vem, temos que ir. Não podemos ficar aqui. Vão nos achar. - Disse o caçador de sombras com a voz mais calma que Julieta já ouvira na vida. Como se aquele momento fosse, de algum modo, calmo.

Por um segundo a garota aceitou que ele a abraçasse até que se acalmasse, mas o corpo de Jordan tentando se levantar com dificuldade com a ajuda de uma parede chamou sua atenção. Julie soltou-se dos braços de Gabriel e correu até ele.

— Você está bem? Jordan...

— Sim eu... Eu estou bem. - Respondeu ele limpando os pedaços de tinta seca que caíram da parede na jaqueta. As mãos dele foram direto para o ombro da garota.

Três arranhões profundos e inflamados faziam o sangue sair sem parar dos cortes. Julieta estremeceu ao seu toque, por dor. Uma tontura a invadiu, embaçando sua visão por dois segundos. Jordan precisou segurar a amiga para as pernas dela não falharem e para que não caísse no chão duro e sujo de sangue de demônio.

— Vocês dois... Se tinha um demônio pode haver mais! - Gabriel gritou, pois a chuva não dera trégua até aquele momento. - Não é seguro ficarmos aqui!

Jordan sentiu o corpo de Julieta amolecer e percebeu que agora, ela se apoiara nele. Os olhos da garota estavam se fechando e as mãos que seguravam seu pescoço estavam escorregando. Jordan sacudiu delicadamente a amiga, mas, não teve sucesso.

— Julieta... por favor... acorde. Julie... - Os olhos do garoto pousaram em Gabriel. - E agora?!

Gabriel revirou os olhos como se fosse a coisa mais obvia. Limpou a lâmina Serafim com sangue preto na manga de sua jaqueta de couro e depois guardou-a atrás das costas. Se aproximou de ambos e com o maior cuidado que conseguiu ter, tomou o corpo da garota nos braços. Ele nunca precisara carregar ninguém e não sabia como fazer direito; mas, como se tratava de uma garota, achou que precisava de um pouco mais de delicadeza.

— O instituto fica á duas quadras. Consegue correr por mais dois minutos? - Gabriel perguntou tirando o cabelo escuro como a noite, ensopados dos olhos.

— Vai correr com ela nos braços? Tá brincando? - Jordan tinha certeza de que se tirasse a camiseta, litros de água sairiam de lá. Um sensação incômoda o tomou só de pensar em correr novamente depois de ter caído contra a parede.

— Se você tiver um plano melhor, então sim. Caso não tenha e esteja só desperdiçando nosso tempo então não. Não estou brincando! - O garoto respondeu e começou a correr novamente.