Shadow Of The Colossus

O nascer de um sentimento.


Após os conselhos de seu amigo Sihrum, Wander ainda viu Mono durante dias, meses. Um ano se passou, e mesmo assim ele em momento algum revelou a jovem donzela o sentimento que tinha. Ambos saíram juntos diversas vezes por toda a aldeia Karizoa e estava claro que o sentimento surgia a cada dia que se passava. Houveram várias ocasiões para que ele pudesse abrir o coração, mas não o fez. até agora

Em suas idas e vindas para a aldeia Karizoa em seu cavalo, Wander passa por um ferreiro que era responsável pelas lanças dos guerreiros da aldeia. Ele resolve entrar no estabelecimento do ferreiro para pedir algo precioso.

O estabelecimento do ferreiro era não muito grande e a bagunça confundia até os cérebros mais organizados. O lugar não era bem iluminado, porque bastava apenas a grande lareira que já conseguia iluminar grande parte do local. O local cheirava a algo queimado, o que era evidente. Em meio há tantos ferros, aldeias e outras coisas, estava o ferreiro concentrado em seu trabalho intensamente. Wander se aproxima do homem. O rapaz é bastante desajeitado e facilmente derruba várias lanças tirando a concentração do ferreiro que olha para Wander um tanto irritado, enquanto que o rapaz inutilmente tentava recolocar as lanças no lugar onde estavam.

– O que você quer, garoto? Indaga o ferreiro com uma voz irritada, ao mesmo tempo revelando uma aparência de homem de uns cinqüenta anos. Ele possuía uma aparência um tanto acabada, tamanho o serviço que ele prestava para a aldeia Karizoa.

– Eu quero muito um favor do senhor, se possível ainda hoje. - diz Wander enquanto que se aproxima do ferreiro.

– Depende do quanto ganharei. - diz o ferreiro gananciosamente.

– O senhor vai ganhar uma quantia boa.

***

Enquanto Wander negociava algo com o ferreiro, Mono saía de casa em direção ao estábulo, onde ela passava mais tempo do dia cuidando de Agro. Ela segue o mesmo caminho que segue todos os dias para cuidar de seu fiel amigo que ela considerava ser o único da aldeia.

Ela chega ao estábulo. Era dia, e o sol estava agradável para poder respirar um ar fresco e poder sentir-se vitalizado. Ela vai andando na mesma cela de sempre, onde ficava Agro. Ela passa a mão no sinal de nascença do cavalo. O sinal em forma de losango de cor branca.

Mono cuida bastante de seu cavalo. Dá banho, passa diversas ervas e plantas medicinais para que o animal fique bem saudável, troca o feno que ficava em sua cela, enfim. Tudo que fosse necessária para que o animal ficasse bem e não adoecesse.

Ela ficou um bom tempo cuidando de Agro, até que passou a se preocupar apenas em fazer carinho no animal e abrir seu coração a ele, visto que o considerava seu fiel amigo e confidente. Ela chega a colocar seu rosto frente a frente com o cavalo.

– Sabe, Agro. Já faz um ano desde que conheci Wander. - faz uma pausa - Eu nunca pensei que fosse me apaixonar tanto assim. Na verdade eu não sou apaixonada por ele. Eu o amo profundamente como se eu amasse a minha própria

pessoa...ou talvez mais. - dizia ela com os olhos cheios de lagrima de tamanha emoção. Ela não se recordara o que era ser feliz há muito, muito tempo.

– Não precisa dizer que gosta de mim para o Agro. Pode falar para mim. - Diz quem Mono menos esperava que fosse aparecer naquele momento.

– Wander, meu amado.

Ela corre em sua direção e lhe dá um forte abraço e um longo beijo em seu amado que sorri com sua presença.

– Por que chegou tão cedo hoje? Indaga a donzela um tanto confuso.

– Quero lhe mostrar um lugar muito bonito. Vamos - faz uma pausa - pegue Agro. Precisamos chegar rapidamente.

Mono abre a cela de Agro, que sai lentamente e não mais agitado como saíra muitas vezes. Ela, depois de um bom tempo, conseguiu domar bem o animal que já fora muito agressivo.

Mono passa a mão na crina de Agro lhe fazendo um carinho. Depois passa a mão no sinal de nascença do animal, que abaixa sua cabeça e fica muito sereno, mais do que estava antes.

Aproveitando do momento de serenidade do animal, Mono coloca o forro e um montador em Agro, que não a impede de fazer tal coisa. Depois, ela coloca seu pé direito sobre a sela do animal, com sincronia com o mesmo e depois pula nas costas dele.

– Venha - diz Mono estendendo a mão a Wander.

Ele segura firme na mão de sua amada, e com leveza pula sobre Agro. O animal logo parte na direção que Mono lhe guiava.

– Para onde estamos indo? - Pergunta Mono.

– Você vai ver - diz Wander misteriosamente.

O cavalo percorre por toda a aldeia até sair da mesma, passando pela bela floresta que cercava todo o território, onde, atualmente está fixado Tokyo.

Passando pela floresta, com Agro correndo muito rápido, Wander se lembra do primeiro dia que passara por ali quando ainda era criança. O cheiro arborizado o faz lembrar de quando era criança. Era um bom cheiro porque lembrava épocas mais tranquila. Por contra partida também lhe trazia péssimas lembranças, pois naquela mesma modesta que ele recebera a noticia da morte misteriosa dos pais.

Após uns quinze minutos, cruzando toda a floresta, eles terminam o caminho em uma espécie de cadeias montanhosas que cercavam cerca de umas cinco aldeias. Era manhã e o sol mostrava seu poder com seus raios refletindo sobre a visão de Wander e Mono. O sol incomodava a visão de ambos, mas não era nada comparada a bela paisagem que o mesmo proporcionava. Os raios solares mostravam toda Korota e Karizoa. Era possível ver as pessoas trabalhando com seus vasos cheios d'água e bandejas com alimentos. Todos se preparando para o trabalho.

– Wander. É lindo - dizia Mono enquanto sentava sob uma bela arvore, e colocando a cabeça no peito de Wander.

–Não tanto quanto você - diz Wander acariciando os negros cabelos de Mono.

–Era isso que você queria me mostrar? Pergunta Mono se virando para Wander.

–Não. Há algo mais que quero lhe mostrar além dessa bela paisagem.

–O que é que você quer me mostrar além da paisagem? Pergunta Mono num tom de curiosidade.

–Feche seus olhos.

Mono fecha os olhos e fica numa incrível expectativa. De repente, sua pele branca como a neve é tocada por algo muito belo. Era um cordão de cobre com ferro. Ela conseguia sentir o cobre entrelaçado com o ferro passar por seu pescoço. Ele era frio, ao mesmo tempo quente e o cheiro de ferro quente a agradava.

– Pode abrir os olhos.

Quando Mono abre os olhos, ela vê justamente o que tinha sentido. Ferro com cobre, e na ponta um belo cristal azul com rubis vermelhos reluzentes no centro do cristal. Tanto Mono quanto Wander sabiam que aquilo representava.

– Isso é um cordão de..

– Sim. Eu pensei muito, e desejo namorar você.¹

– Meu Deus! é-é sério isso? - perguntou Mono com os olhos arregalados.

– Sim. Eu quero você para mim. A menos que você queira também, porque eu sei como é difícil tomar uma decis...

Antes de Wander terminar de falar, Mono impulsionou seu corpo e beijo o rapaz suavemente. Seus lábios se tocavam de maneira tão intensa, que sequer era possível ambos pararem para respirar. Wander colocava as duas mãos na altura do pescoço de Mono, enquanto a donzela apertava os braços de seu amado.

– Eu amo você - ela dizia entre beijos

– Perdão por demorar tanto a dizer a você. Eu tive medo de não ser aceito pela sua pessoa.

– Não tem problema, não tem problema. Eu entendo. O que importa ... - diz ela ao dar um beijo - é que - outro beijo - estamos juntos - mais um beijo.

E o casal ficou um bom tempo se beijando, se amando, da forma mais intensa possível. Até que tiveram por ideia passar toda a tarde juntos. Wander iria para sua aldeia, cumprir algumas responsabilidades e depois voltar a Karizoa.

Assim que se encontraram, ambos se sentaram sob a uma gigantesca árvore que ficava muito próximo a Korota. A sombra era tamanha que dava para dormir quase a tarde toda e relaxar. Muitos casais ficavam ali para poder namorar. Com Wander e Mono não poderia ser exceção.

– Os dias passaram rápidos - disse Mono olhando para as cadeias montanhosas ao norte com duas Torres sobre elas.

– É verdade. Mas saiba - Wander faz uma pausa - estou feliz.

– Eu também estou muito feliz.

Eles ficam calados por horas olhando para o horizonte, até que Mono resolver contar uma lenda da aldeia Korota que até Wander desconhecia.

– Estás vendo as cadeias montanhosas ao norte com duas torres sobre as mesmas? Pergunta Mono apontando para elas.

– Sim - responde Wander.

– Imagino que você conheça a importância do que possui após as cadeias montanhosas para sua aldeia.

– Não conheço - diz Wander envergonhado.

– Como não conheces? És da própria aldeia e não conhece?

Wander se envergonha e Mono, com pena, resolve lhe contar a história.

– Há muito tempo atrás, sua aldeia, sob a liderança de Emon lutaram contra um poderoso deus, conhecido como deus das sombras.

– Qual nome? Pergunta Wander curioso

– Dormin. O lorde após uma forte luta, conseguiu destruir o deus com sua espada ancestral e fragmentar seu poder em

dezesseis criaturas gigantescas. Há uma lenda que esse deus pode ressuscitar os mortos, mas precisa - se pagar um preço por isso. Um preço altíssimo - diz ela olhando com seriedade para Wander.

Wander fica impressionado coma história que o Lorde escondera dele, mas não se importou muito, pois aquilo era insignificante diante da felicidade dele com Mono.

Ele se vira, puxa Mono pela cintura e olha fundo nos olhos dela.

– Eu amo você.

– Eu também te amo.

A felicidade do casal era tamanha que ambos desperceberam a presença de uma figura conhecida por Wander. Lorde Emon estava entre umas árvores há poucos metros de distância do apaixonado casal, os observando com muita reprovação e tristeza no olhar.

– Não creio - disse a si próprio - eu conheço aquela jovem. Ela é..oh meu Deus.

Emon caminha desolado por toda a aldeia, ignorando a animação do povo ao vê-lo. Ele vai rapidamente até o seu castelo para se reunir com o principal guerrilheiro dele, contar o que estava acontecendo.

O lorde rapidamente chega ao lugar e entra na sala do guerrilheiro totalmente desesperado e ofegante.

– Senhor Emon, o que ocorreu? - perguntou

– Eu estava fora da aldeia Korota, quando vi Wander com a jovem no qual ele é apaixonado.

– Ah sim, aquela simpática jovem Mono. Todos já sabem que ambos estavam apaixonado e Wander, meu Deus, demorou tanto para namorar com ela. Parece que segundo o senhor, estão juntos.

– Sim, estão namorando.

– Que ótimo. Fico feliz por eles. Até eu torcia pelo casal - disse o guerrilheiro rindo.

Emon ficou calado e logo em seguida revelou o segredo ao guerrilheiro.

– Tem apenas um problema.

– E qual seria?

– Assim que olhei para as expressões faciais da jovem, algo veio a minha mente.

– Como assim? - perguntou o guerrilheiro com uma expressão seria - como uma visão?

– Quase isso. Como se fosse certeza de uma coisa.

– Que coisa? Pergunta o guerrilheiro.

– A nossa aldeia está amaldiçoada - diz o lorde decepcionado.

– Como assim.

– Há muito tempo atrás, foi predito que uma pessoa traria uma maldição para nossa aldeia. Eu pensei que fosse apenas superstições - fez uma pausa, olhando para o guerrilheiro - mas me foi dito, que quando essa pessoa aparecesse, ela teria de ser sacrificada, para impedir que uma profecia terrível se cumprisse.

O guerrilheiro, de tamanho susto, se afasta três passos de Emon e com a voz trêmula, pergunta:

– O senhor que dizer que a Mono..

– Sim - faz uma pausa longa - ela é a pessoa amaldiçoada.