“É isso que nos torna garotas, procuramos pelo paraíso e colocamos o amor em primeiro lugar”

Dor era um sentimento que todos estavam sentindo agora. A prisão foi totalmente infestada por isso; três pessoas de seu grupo haviam sumido, Lori havia dado a luz e tudo se resumia a caos. O Governador estava procurando por mais informações sobre o grupo, impedindo Merle de reencontrar seu irmão.

Beth estava cada vez mais deslocada no grupo, seu pai estava quase morto e agora tinha virado babá da bebê. Ela tentava se aproximar cada vez mais do líder, ela queria satisfazer seus desejos e cuidar do homem.

A loira caminhava na prisão, a procura de Rick, usava os desaparecidos ou a bebê como desculpa para se aproximar dele. O homem havia enlouquecido totalmente desde que descobrira que sua mulher estava morta. Ela o encontrou sentado do lado de fora da prisão, realmente perturbado e vermelho.

Ela se aproximou dele lentamente, depois se sentou do seu lado. A garota pensou em milhares de coisas para falar ou fazer, mas não tinha coragem suficiente para as colocar em prática.

— Olá? — A garota perguntou com sua voz de soprano.

Ele a fitou sem mudar a expressão, se comunicando com o olhar.

— Eu sei que é difícil, mas você poderia me responder pelo menos uma vez. — Ela sussurrou, querendo soar amigável.

— Não.

— Vamos lá, você consegue! Fale “olá, Beth.”

— Olá, Beth. — Ele colocou seu braço apoiado em seu joelho direito, depois esticou a perna esquerda.

— Ótimo.

Ele voltou a olhar para o nada, ele apenas queria silêncio ou colo, como uma criança.

Rick não sabia no que pensar, na verdade ele não conseguia pensar. Seus pensamentos eram todos voltados para Lori e a bebê-loirinha que estava lá dentro. Ele não conseguia controlar seus sentimentos e falar sobre seu amor escasso que sentia por Lori, simplesmente não aceitava o que havia acontecido ali.

O homem sentia como se toda sua vida tivesse sido uma mentira, sentia como se tudo que havia aprendido fosse uma simples bobagem, como se algum ser superior estivesse brincando com sua vida.

Rick também não conseguia controlar o que sentia quando via a loira sorrir desde que a perseguiu naquela floresta. Mas ele tinha coisas mais importantes para pensar do que nessa sua pequena paixonite insignificante.

— Eu sei o que você está sentindo, você não poderia simplesmente conversar um pouco? — Beth perguntou, virando para ele e pegando sua mão. — Rick, olhe para mim. Por favor.

Ele direcionou seu olhar para os grandes olhos azuis da garota.

— Eu não quero falar. — Seus olhos desceram para os lábios levemente rosados da garota, sem querer.

A frágil garota tirou forças de onde achou que não teria, colocou sua mão direita no rosto de Rick e o beijou. Ela realmente não queria, mas ao mesmo tempo queria. Ela estava confusa. O medo percorreu no corpo dos dois, arrepiando cada fio de seus corpos. Rick deixou seu orgulho cair no chão, e num pequeno espaço de tempo os lábios dele se moldaram aos dela de uma forma cálida, alucinante.

— M-me desculpe... — A garota sussurrou enquanto tirava seus lábios dos de Rick.

Ele a fitou com a cabeça um pouco baixa, pensativo e cauteloso. Ele não falou nada por longos segundos, a garota já estava totalmente mal e só pensava que havia acabado de destruir todas as suas chances.

Rick a beijou, dessa vez de forma desesperada. O gosto dos lábios macios da garota invadiram sua cabeça, ele não não se controlava mais. Levou sua mão à nuca da garota e prendeu as raízes de seu cabelo, trazendo-a para mais perto. Era realmente doloroso para ambos os lados.

Ele puxou o corpo desfalecido da garota para perto de si, destrubuindo beijos ferozes e quentes nos lábios gelados da mesma. A garota pensava que o beijo dele era de outro mundo, o jeito que ele a envolvia era de outro mundo, como o toque dele acordava sua pele era de outro mundo. A loira só conseguia pensar que um beijo tão completo e transcendente é uma coisa única na vida.

Mas logo ele se deu conta do que estava fazendo: colocando seus desejos em primeiro lugar, ele não podia simplesmente arranjar um amor ali, tendo tantas coisas para resolver e pessoas para salvar. Ela não poderia ser especial, não agora.

A loira estava totalmente acabada, jogou todos os seus problemas fora e terminou de morrer nos braços do líder. Ele não tinha o que fazer.

A pequena Hope pulou um dos muros com Matthew, que usou o seu poder como filho do líder para sair. Ele estava com um arco e suas costas, a morena carregava as flechas enquanto flertava com o loiro. Ela ria baixinho lembrando das loucuras que fizeram desde suas chegada.

Daryl estava aflito, pensando em todas as coisas ruins que podem ter acontecido com sua filha, “eu deveria ter me despedido” ela o que ele mais pensava.

Glenn e Maggie permaneciam presos, mas não recebiam mais visitas de Merle ou Governador. Blake estava preocupado com a capacidade do grupo inimigo, ele realmente queria acabar com todos eles.

Matthew colocou o arco na posição correta nas mãos de Hope, ficou atrás dela, passou seus braços por ela e deu todas as instruções. Sua primeira flecha foi totalmente longe do corpo do errante e acabou ferindo uma inocente árvore. Ela tentou mais algumas vezes até finalmente conseguir atingir seu alvo. Ela sorriu e para comemorar beijou Matt.

Rick tirou a garota de seus braços, ele estava pálido e totalmente descontrolado emocionalmente.

— Me desculpe... Eu realmente não consigo. — Ele se levantou e andou para longe da garota.

“Eu sou bom com mortos-vivos, não com garotas” ele pensava descontroladamente, agindo como um adolescente.

I've been doing things I shouldn't do. — Ela cantarolou a letra de uma de suas músicas favoritas, se levantou e deixou seu clima soturno dominar todo o ar.

Carl realmente queria saber sobre Hope, ele havia descoberto o seu “quase-amor” pela garota momentos antes dela partir. Ele se arrependeu profundamente de não ter a beijado, algo que ele realmente ia fazer. O moreno sentia falta dos lábios amigáveis de Hope, que sempre estavam dispostos a ajudar. Desde o incidente na fazenda ele não tocava nela, por medo.

As esperanças não haviam morrido ainda — faziam piadas com o nome da garota—, Daryl e Carl realmente queriam a encontrar, não importava o quanto os custasse.

Talvez devêssemos os atacar! — Sugeriu o projeto-de-xerife, olhando para a morena que chegara há pouco.

— Eles são fortes, isso será como suicídio. — Ela respondeu a ele.

— Michonne sabe bem como é lá dentro. Veja só como ela está! — Daryl olhou para os machucados da mulher enquanto falava.

Rick entrou na sala ainda atordoado, pálido.

Devemos os atacar! Eles estão com três dos nossos! Eles estão com Hope! — Carl olhou para seu pai que estava se sentando em uma cadeira, depois para Daryl, e notou que havia o atingido.

Rick olhou para o arqueiro, que balançou a cabeça negativamente.

Podemos chegar lá de noite. Depois do toque de recolher. — Sugeriu Michonne.

O líder tentou ouvir a conversa atentamente, mas acabava misturando seus pensamentos. O restante das pessoas tentava pensar em um jeito seguro de atacar o território desconhecido do talvez inimigo.

Hope conseguiu matar vários zumbis com suas flechas, ela e Matthew estavam realmente se divertindo com aquilo. A noite já começou a cair, o céu começava a ser pintado de um lindo tom alaranjado, depois um belo azul escuro.

O clima no carro era totalmente amigável, os dois estavam felizes por estarem juntos depois de tanto tempo. Matthew havia ficado triste por muito tempo, ele ainda se lembra com detalhes de quando entrou na casa de Hope, desesperado, e viu que a garota não estava mais ali.

Michonne os levou até a cidade, esperaram o toque de recolher, aguardando poder resgatar o trio.

— Eu me lembro de quando você cantava para mim pelo telefone. — Matthew sorriu ao falar. — Poderia fazer isso agora.

— Eu não vou contar para você. — Hope sorriu maliciosa.

Pff, eu ia te pedir em casamento.

— Não vamos nos casar, Matthew. Nem ter uma filha. Nada.

— Não vamos ter a Meredith? OH CÉUS, POR QUÊ?

— Você realmente pensou que teríamos um filho? Oh jovem, jovem, jovem... — Hope se ajeitou no banco. — Quer que ela cresça brincando com mortos-vivos?

— Temos uma cidade segura, aqui ela poderá crescer com outras crianças.

— Não sabemos por quanto tempo ela será segura, pode ser por anos ou por dias. E eu sou a que tem o útero, eu dou a palavra final: não. — A morena beijou a bochecha do loiro.

— Droga... — Murmurou Matt.

— Além de que eu não posso ficar.

— Como assim não pode ficar? — Ele direcionou seus belos olhos castanhos para os olhos azuis da garota, a encarando assustado por alguns segundos.

— Eu tenho meu grupo, Matthew.

— Você irá ficar comigo, não importa o que você ou qualquer um fale. — O garoto olhou para ela mais uma vez, agora estacionando o carro, mas logo notou algo estranho na cidade. — Hope...

— Ah meu... — Ela se virou e se deparou com a fumaça que brilhava por conta das luzes, pegou sua pistola e abriu a porta do carro.

Antes que ela conseguisse sair Matthew a segurou. Uma figura esguia surgiu subindo o muro, tentando pular. Hope o olhou por alguns segundos, sem o reconhecer, até a sombra finalmente colocar seu chapéu.

— Carl? — Ela sussurrou, tentando se livrar das mãos fortes do louro.