Seven

Quarta-Feira III


02/06/2010 – Quarta-Feira 23:54 PM


Não consegui sair de casa. Após ter escrito no diário, eu rapidamente comecei a fazer as minhas malas, e no processo, eu escutei um choro. Tive que parar e ir checar o que era. Caminhava lentamente pela casa com o coração batendo acelerado; cada passo que eu dava eu podia escutar o choro ficando mais e mais alto. Não podia ser nenhum vizinho, a casa ficava constantemente trancada e eu não poderia escutar as outras casas também. Com o coração na mão continuei caminhando. Eu escutava o choro vindo do quarto onde, em meus sonhos, o menino havia sido esfaqueado. Eu coloquei a mão na maçaneta da porta, que desde aquele dia eu deixei a porta fechada.

Abri a porta lentamente. Meus olhos estavam abertos de pura curiosidade, pois dentro de mim eu sabia que não queria ver seja lá o que estivesse ali. Deixei minha mão escapar da maçaneta e minha boca se abrir pelo espanto. Ele estava sentado na cama, ensangüentado, vermelho. Ele, as paredes, os lençóis, tudo era vermelho. Eu entrei no quarto, me ajoelhei sobre a cama e fui engatinhando até ele e coloquei a mão em seu ombro, fazendo com que ele me olhasse no fundo de meus olhos. Eu senti vontade de chorar, mas não consegui, ele já chorava por mim.

Quando percebi que isso tudo era mais real do que eu queria que fosse, simplesmente pulei da cama, me virei de costas para aquela insanidade e corri pela casa, passei pela cozinha e vi-a de novo, entrei na garagem e corri direto para meu carro. Nem pensei em entrar nele. Minha surpresa foi quando tentei abrir a porta da garagem: ela não abria. Não importa, se eu tentasse com as chaves, sem chaves, ou até mesmo arrombar, não importa, eu estou preso aqui dentro.

Fernando Martins

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.