Seu Dia De Sorte

Capítulo único


Era apenas mais um dia na vida tediosa e medíocre de Pen, já passava das 7, e o calor que não dera trégua o dia inteiro, continuava.

- Ainda não terminou a merda do conserto?

Pen deu de ombros, limpando a graxa das mãos na roupa.

- Mais um dia ou dois.

-Isto foi o que você disse há dois dias – Reclamou Howard, a raiva deixando seu rosto corado ainda mais vermelho.

- O conserto vai demorar mais do que pensei.

- Talvez não demorasse, se você fizesse a porra do seu trabalho, invés de vadiar o dia inteiro.

- Talvez. Respondeu Pen com indiferença.

O velho olhou-o pronto para começar uma discussão, mas teve sua atenção atraída pelos clientes que acabavam de estacionar em frente à pequena loja de conveniência mantida ao lado da oficina.

Ele deu uma última olhada para Pen, o assunto não ia acabar ali, é claro. Mas Pen já estava acostumado com as ameaças de ser despedido, como se alguém mais fosse aceitar aquele emprego, pela porcaria de salário que ele recebia.

Enquanto Howard encaminhava-se para a lojinha, os clientes saíram do carro. Pen ,então, pôde vê-los, primeiro uma garota, pernas a mostra em uma minissaia, um top que não cobria muita coisa; depois um homem alto, cabelos escuros. De onde Pen estava não era possível ver os rostos. Os dois entraram na lojinha, Howard entrou logo atrás deles, Pen até podia imaginar o olhar de desejo com o qual Howard analisava a garota.

Passaram-se alguns minutos, e Pen ouviu um grito, que parou rapidamente. Em um primeiro momento ele pensou em assalto, mas se era um assalto, por que não ouviu tiros? O velho guardava um rifle embaixo do balcão. Ele agarrou uma barra de ferro e, mais por curiosidade que por heroísmo, correu até a loja.

O velho estava caído no chão, a garota estava ao lado dele, de joelhos, ela estava de costas para porta, o rosto dela próximo ao pescoço dele, e por um minuto ele achou que ela checava se ele estava morto. Essa impressão passou rápido, ao ouvir o som de algo macio sendo rasgado.

- Que diabos é isso? Ele falou sussurrou mas para si mesmo.

A garota virou-se para ele, sangue escorria de sua boca, descendo pelo pescoço e manchando o top branco. Pen agora podia ver o que ela estivera fazendo, era como se ele estivesse vendo uma das cenas dos quadrinhos de terror que costumava ler. O pescoço de Howard estava dilacerado, sangue escorrendo para o chão. A garota o encarou como um animal pronto a atacar, ele empunhou a barra de ferro, esperando que ela chegasse mais perto.

- Não Cym. Podemos precisar deste. Falou o acompanhante da garota em voz calma. Só agora notado por Pen.

A garota parou a meio caminho, lançando um olhar de desprezo para ele.

- E para que ele serviria?

- Então, garoto, você é bom com carros?

- O que? Pen olhou-o atordoado, entre a visão do corpo, da garota toda suja de sangue e o homem calmo no meio daquilo tudo lhe fazendo uma pergunta tão trivial.

- Ele não consegue nem responder uma pergunta, é mais idiota que o último.

O homem a ignorou. Apenas continuou encarando Pen, sorrindo:

- O trabalho é bem simples, você dirige e mantém o carro funcionando. E como pagamento você continua vivo. – o homem fez uma pausa. – Acha que consegue?

Pen apenas respondeu com um assentimento rápido.

- Agora que chegamos a um acordo – O homem aproximava-se de Pen, enquanto falava. – Sabe como é difícil encontrar empregados leais hoje em dia, então vamos ao contrato.

O moreno já estava a centímetros de Pen, quando terminou de falar, perigosamente perto. Pen assistiu com curiosidade o homem levar o próprio pulso a boca e morder, enquanto colocava a outra mão no seu pescoço , e segurava.

-Bem-vindo ao time garoto. Falou o moreno forçando o pulso ensanguentado contra a boca de Pen.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.