Eu ia tirar isso a limpo, aaaah se ia!

Fui lá na roda em que Sandro estava e comecei meu \'planinho\'

- Oi - falei olhando só pra ele

- Ju?!

- Eu! - falei alegre demais, ôô falsidade HAHA

- O que você tá fazendo aqui?

- Eu tava te procurando

Dylan não aguentou mais e se levantou

- O procurar? Desde quando você conhece ele? - perguntou, olhando pra mim e depois pro Sandro

- Dylan, não é nada do qu..

- Sandro me salvou ontem, não foi Sandro? - perguntei o olhando e colocando minha mãe em seu braço

- É.

- A salvou? Sandro, vem cá cara... - Dylan o chamou e eles foram conversar.

Olhei praqueles dois com um odeio mortal. Se isso era um planino de Dylan de me vigiar ele me paga, e bem bonito. Ainda mais se ele contou que eu fugi da detenção pro Jorge e com o Sandro.

Eles voltaram depois de uns 5 min conversando e instalei um sorriso em meu rosto. Eu sabia ser falsa.

- Então, Sandro eu queria lhe agradecer por ter me tirado da detenção ontem.

- Ju, eu..

- Aparece lá em casa as 20h, tá bom?

- Mas..

- Ok, te vejo mais tarde.

Virei e sem olhar pra trás voltei pra minha sala. Dé estava preocupada comigo, ela já sabia que eu tinha ido pra coordenação e que minha mãe foi ao colegio. Contei a ela tudo que aconteceu desde ontem, e o que eu fiz ainda pouco.

Pensei se o que eu fiz foi certo, mas eles iam ver, ah se iam..

A aula de geografia é um tormento. A cada palavra que sai da boca de jararaca da professora eu ia abaixando minha cabeça, até abaixar completamente batendo minha testa na mesa. Dé me olhou com cara de \'Que criatura é essa?\', olhei pra ela ainda com a cabeça baixada, e fiz uma careta, colocando a lingua pra fora e imitando a professora. Ela riu chamando a atenção da professora

- Juliana, por favor preste atenção. - falou

- Claro professora - falei numa voz arrastada.

Amé senhor acabou a tortura!

Fui pra casa na esperança que minha mãe estivesse mais calma, enganei-me ao abrir a porta e ela estar sentada no sofá, me esperando.

- Oi - falei

- Senta ai

Fui até o sofá de frente pra ela e sentei. Uma coisa que eu não era: medrosa. E nem minha mãe me apavorava com aquela cara de brava.

Minha familia acha que esse meu comportamento era pra esconder o medo e a solidão que eu sentia, por minha mãe trabalhar demais e eu ficar sozinha em casa. Ou talvez pela morte do meu pai. Afinal eu o vi se matar.

- Por que fugiu da detenção? - perguntou minha mãe

- Por que detenção não serve pra nada. Ou melhor serve.. pra ocupar meu precioso tempo.

- Precioso tempo? Que tempo? O tempo que você utiliza pra dormir? O tempo que você perde tentando ser a Juliana grossa e mandona? - eu nem consigo responder com tantas perguntas - O que você quer da vida mnha filha?

- Se eu sou grossa e mandona o problema é meu. E eu quero ser o que eu quiser e eu vou escolher.

- Aturei demais esse seu comportamento problemático. Você é irresponsável e não mede as consequencias de seus atos.

- Mãe, por favor, não venha com essa de mau comportamento. Eu me comporto bem tá bom? Aquele anão de jardim que se classifica como meu coordenador é que está me perseguindo, qualquer coisa que eu faça é motivo pra ele vir com nhenhenhe pra cima de mim e me colocar de detenção, então por favor, não me venha com sermão, porque você não tem o direito de falar isso de mim.

- Tenho todo o direito que uma mãe tem! E você dobre a lingua pra falar assim comigo, olha o pingo de respeito que eu tento enxergar em você com a sua mãe - falou se levantando do sofá

- Que respeito mãe? Você nem minha mãe parece ser. Só sabe fazer trabalhar e trabalhar, você não me conhece pra vir falando de mim. - me levantei também do sofá

- Que absurdo é esse que você está falando? Eu não conhecer minha propria filha? Você tá doida?

- É mãe agora eu sou doida, talvez eu me mate igual ao papai!! - gritei, notando que tinha falado besteira. Nossas brigas nunca chegaram a esse ponto

- Vai pro seu quarto Juliana. Agora!

- Mãe, eu .. Não quis dizer isso, desculpa!

- Pro quarto, por favor - pediu, sentando-se no sofá

Subi as escadas, entrando no quarto e batendo a porta. Merda! Eu nunca falei isso pra minha mãe e sei que ela ainda sofre pelo meu pai. Ele se matou quando eu tinha 9 anos. Ele tinha ido prum bar, onde nem saia, eu e minha mãe fomos até lá para trazê-lo pra casa, ele estava tão diferente e arrogante comigo, ele nunca fora assim. Quando fui me aproximar dele, ele me empurrou e eu cai numa poça, comecei a chorar. Ele tirou uma arma do bolso e dizendo: \'Me desculpe por te fazer sofrer querida\', colocou a arma na boca e atirou. Ele caiu aos meus pés, vi a poça de sangue se formar perto de mim, eu não me movi, não conseguia sair do lugar. Minha mãe nem ninguém fez nada, ninguém o segurou antes que atirasse em si mesmo. Ninguém.

Desde aquela noite eu tive pesadelos horriveis, sonhei com aquela imagem, ele caindo e seu sangue.. E minha mãe nunca esteva em casa, sempre trabalhando, nunca me viu tendo os pesadelos e nunca apareceu no meu quarto pra me abraçar quando acordava assustada e chorando.

Me sintia sozinha e perdida.