Fiquei tão bem depois do soco que eu dei no Dylan, acho que eu tava com essa vontade há muito tempo, mas reprimia porque via que não valia a pena ficar assim, ainda mais por causa dele. Mas hoje, depois do que o Sandro me falou, eu não quis nem saber se eu tava no colégio, quem tava perto, pouco me importei se o Anão de bigodes chegou a ver, e se viu dane-se, que me chame e me suspenda, não aguento mais esse colégio mesmo.

E não deu outra, fui chamada na coordenação, parece que uma das meninas que viu o soco contou pro Jorge e lá estava eu sentada em sua sala, esperando que ele voltasse de sei lá o que.

- Parece que você resolveu partir pro vandalismo não é Juliana? - perguntou Jorge, entrando na sala e se sentando na minha frente

- Ele mereceu Jorge - não tava afim de brigar com ele, então falei com calma, acho que eu tinha que aprender a lidar com ele

- Me conte o que aconteceu pra você ter dado um soco em Dylan Bing

- Você não vai querer saber, e é coisa minha, nada que lhe favoreça pessoalmente - eu realmente não tinha paciencia com gente lerda

- Olha Juliana, eu vi que você está se esforçando pra ser uma garota responsável e sensata, e eu não vou poder fazer nada pra te ajudar se não me contar o que ele fez, sei que Dylan não é flor que se cheire - estranho, ele estava calma e transmitia confiança

-Olha Jorge, eu tive meus motivos e o que eu posso te confirmar foi que ele mereceu

- Ele fez algo que te magoou?

- Jorge você quer saber demais da minha vida, cuide da sua e me deixe em paz. - me levantei e sai de sua sala

Eu esperava uma detenção ou algo do gênero, seria bem melhor do que ficar escutando ladainha do Jorge, ele não é meu pai pra vir com esse tipo de conversinha pra cima de mim.

Estremeci com a simples ideia de ter o Jorge como pai, e com o fato de eu não ter pai.

O sinal bateu e eu sumi daquela escola o mais rapido possivel, não queria ver ninguém. Fui pra minha casa da árvore.

Adormeci ouvindo \'Lifehouse\'

***

Quando acordei, já eram 18h e pouco, o pirralho deve tá sozinho em casa, e minha mãe pediu que fosse pra casa cedo pra fazer companhia a ele.

Cheguei em casa e ele assitia tv.

- Ah, quem é vivo sempre aparece

- Não enche

- Ih, que foi?

- Nada - joguei a mochila no chão e me deitei no sofá

- Aconteceu algo no colégio?

- Bernardo, eu não quero conversar então, calado - ele se calou, mas não por muito tempo

- Sabe se você está triste com alguma coisa, seria bom se desabafasse.

- Eu não vou falar nada da minha vida pra você

- Por que não? Sou seu primo, pode confiar em mim - dizendo isso, se levantou e veio se sentar ao meu lado, me olhando.

Tirei a mão que estava em meu olho quando ele se sentou perto de mim e o olhei. Aqueles olhos verdes me faziam arfar de tão lindos que era. Ele é lindo!

Não Juliana, para com isso, ele é teu primo e um pirralho! JUIZO

- Que é?

- Me fala o que houve..

- Me deixa Bê - le levantei, sentado-me ao seu lado. Tava deitada e isso me deixava vulneravel, ainda mais com aquela criatura linda em cima de mim

- Alguma coisa em relação ao seu namorado?

- Eu. não. tenho. namorado.

- Então, algum ficante?

- Não

- Ex-ficante?

- Cala a boca.

- Ah, ex-ficante. O que ele fez? Te deu um pé na bunda?

- Olha aqui seu pirralho, você não me conhece pra ficar adivinhando o que aconteceu, não lhe interessa - me levantei e fui até a cozinha

Bernardo veio atrás de mim, eu estava encostada na pia bebendo água, e senti que ele me abraçava por trás.

- O que está fazendo? Me solta! - falei, me virando e ficando de frente pra ele

- Você mudou muito Ju - disse, chegando mais perto dos meus lábios. Pude sentir seu hálito quente vindo na minha direção

- Sai Bê! - falei, o empurrando. Notei que ele estava sem blusa, deixando a mostra um peito definido.

- Vamos Ju, sei que gosta de mim - falou se aproximando de novo. Colocando cada braço em volta de mim, me prendendo entre ele e a pia

- Não. Você é um pirralho insuportável que não para de me encher. Agora me solta.

- Sente isso - falou pressionando seu corpo mais perto do meu, beijando meu pescoço. Isso me fez arrepiar

- Bê .. - gemi seu nome

- O que? - perguntou ainda beijando minha nuca, descendo pro meu colo

- É melhor me soltar, antes que eu dê um chute nos países baixos! - falei num sussurro, perto do seu ouvido

Ele se afastou e eu subi pro meu quarto.

Mas que idiota, tentando me conquistar? Que tipo de primo ele é? Não, eu não sou assim e ele não mexe comigo. Não!

Nossa, mas ele é bom! Arrepiei!