Será que o Amor Volta?

Ai, sério que minha sorte ta mudando?


POV Gabriela

Me espreguiçando olhei pro relógio que marcava 13:40. Nossa, dormi demais!

Me levantei e fui ao banheiro fazer minha higiene matinal, aproveitei e tomei um banho.

Ao sair ouvi vozes desconhecidas do lado de fora do meu quarto, um homem e... um garoto? É, pareceu voz de garoto, e não era nem de Enzo nem de Eric. Ai não, visita? Cacete!

Pus uma roupa confortável, nada que me deixasse constrangida mas não muito comportado. Se for gato ótimo, se for feio, eu volto e mudo de roupa, simples assim.

Sai do meu quarto me deparando com Enzo com a mesma cara de sono que a minha, seu quarto era de frente para o meu, então sempre que acordávamos juntos, nos deparávamos um com o outro. Olhei para ele e arqueei a sobrancelha fazendo uma cara de desgosto, seu olhos me fitaram de cima a baixo, analisando meu corpo, eu usava um short branco e uma regata vermelha. Apenas, isso.

- Algum problema? - perguntei o fazendo desviar o olhar de minhas pernas.

- Aonde vai assim? - me perguntou.

- Pra cozinha?! Ah, vai te catar. - falei e fui pra cozinha.

Conforme eu chegava na cozinha a altura das vozes que eu havia escutado foram aumentando, Enzo estava atrás de mim quando abri a porta da cozinha e entrei.

Vi todos ali, minha mãe, minha vó, meu avô, meu pai, um homem que nunca vi na vida e... O garoto mais gato que eu já vi na vida!!!

- Gabi, graças a deus acordou - falou minha mãe, colocando as mãos em meus ombros e me levando até o homem e o garoto - Bê, esta é minha filha - me apresentou ao.. Bê.

- Ju, ela é a sua cara, sem ofensas Sandro - falou rindo. O cara tinha uma pele morena, talvez devido ao sol que tenha tomado sei lá, seus cabelos eram pretos meio bagunçados e seus olhos de um tom de azul, meio acinzentado.

- Tudo bem eu sei que ela é a minha cara - falou meu pai rindo e me dando um beijo na bochecha. Apenas sorri. Quem eram eles?

- Gabi, este é o Bernardo, ele é meu primo. - Ah, esse é o tal primo que minha mãe me contou, eles eram bem próximos até que ele foi pra Califórnia. - E este - falou, me virando pro tal garoto - É Noah, filho do Bernardo. - o garoto tinha os mesmos olhos do pai, porém de um tom mais claro, um azul intenso, pude reparar algum sinal de verde ali, seus cabelos um pouco mais claros, não totalmente pretos davam ao seu rosto um ângulo perfeito, ombros largos, pele morena, e além disso tinha um piercing muito legal na sobrancelha.

- Prazer - falou Noah, estendendo a mão. Sua voz era grave, dou uns 17 anos pra ele.

- Prazer - falei apertando sua mão e sorrindo. Ao tocá-lo, senti um choque percorrer meu corpo.

Nossas mãos permaneceram unidas por um breve momento, pra mim pareceu uma eternidade, claro que Enzo tinha que estragar aquele momento.

- E ai, sou o Enzo - falou estendendo a mão pra Noah que soltou a minha para cumprimentá-lo. Minha vontade de chutar o saco de Enzo cresceu consideravelmente.

- Oi, prazer cara - falou Noah sorrindo e apertando a mão de Enzo.

Fiquei parada onde estava, não conseguia tirar meus olhos daquele garoto, seus olhos me petrificavam sempre que os punha em cima de mim, nos tocamos algumas vezes conforme poucas palavras foram trocadas, não precisava falar nada, apenas olhando pra ele pude sentir meu coração dar um salto. Engraçado que, ele é meu primo de 2º grau, não é primo mesmo,né?

Bom, mesmo que eu estivesse pensando em algo, coisa que eu não estou, minha mãe não aceitaria, pra ela família é sagrado e coisa e tal, ela brigaria muito mesmo, então digamos, vamos deixar temporariamente esses pensamentos pervertidos de lado.

Depois o almoço meio tardio, deixei todos conversando na sala e sai de fininho, fui pro quintal sentia saudades de me balançar. Sentei em meu

balanço e me balancei bem alto, subia e descia, meus cabelos voavam pra trás e pra frente, o vento açoitava meu rosto, coloquei a cabeça para trás, fingindo que voava, de repente vi pés.

Me assustei e acabei soltando o balanço quando ele ia para frente, voei em cima de quem quer que tivesse ali, o derrubando e caindo com todo meu peso nele, o amassando!

- Uou! - Noah gritou, me segurando e caindo no chão.

- Ai deus, me desculpa, eu... - fui falando, tentando me levantar inutilmente, suas mãos agarravam minha cintura, me fazendo permanecer em cima dele.

- Você está bem? - perguntou me olhando, minhas mãos estavam em seu peito, pude sentir, era definido.

- Estou sim, e você? - Cacetada, que vontade de beijá-lo.

- Esmagado mas, estou bem. - falou me lembrando que havia caído com tudo em cima dele.

- Ai desculpe! Desculpe! - fui falando, levantando, dessa vez ele me soltou.

- Tudo bem, eu vou sobreviver. - sorriu e eu suspirei.

- Está machucado? Eu te dei um razante! - perguntei, tocando seu braço.

- Haha, não, relaxa, to bem. Você se machucou?

- Não, você amorteceu a queda. - falei com ironia.

- É que bom então! - deu uma gargalhadinha, ain que fofa!

Ficamos em silencio alguns segundos, ele me olhava e eu igual a uma tonta, tapada, só sorria.

- Seu joelho. - falou, apontando pro meu joelho. Olhei pro mesmo e, ta, eu me machuquei, meu joelho estava sangrando.

- Droga! - exclamei, sentando na grama e olhando meu joelho.

- Não ta sangrando muito.

- Por que não é o seu joelho! Odeio sangue! - falei baixinho, mas ele ouviu. Realmente, sangue me da nervoso, mesmo sendo o meu, por isso meu sonho juvenil de ser medica foi pra cucuia.

- Você ta ficando pálida Gabi, você ta bem?

- Eu to... Me arranja um bandaid, antes que eu vomite em você - falei, tentando controlar meu enjôo.

Ele voltou correndo pra dentro de casa, e antes que eu vomitasse ele veio com um bandaid.

- Pronto, tente se controlar - falou, notando que eu estava ficando verde!

Ele abriu o bandaid e pôs em meu joelho, escondendo meu machucado e o sangue.

- Obrigada - sussurrei, me acalmando. Sério, eu não sou fresca com nada, nem inseto, mas quando eu vejo sangue...já viu né?

- Você ta bem? - perguntou. Sua mão ainda estava em meu joelho, olhei pra sua mão e depois pra ele.

- Estou sim, valeu - respondi e notando meu constrangimento, tirou a mão de minha perna.

- Vem, vou te levar lá pra dentro - segurou meu braço me ajudando a levantar - Consegue andar?

- Não to aleijada - falei apontando pro meu joelho, ele riu e me acompanhou até a cozinha.

- O que houve contigo? Você ta verde? - perguntou Enzo.

- Não te devo satisfação! - falei, passando por ele e indo pra sala.

- É sempre assim, nem respeita mais o tio - o escutei falar.

Idiota, só não volto lá e chuto ele por que no momento estou incapacitada. Todos estavam na parte da frente da casa conversando, me sentei no sofá e fiquei vendo filme.

POV Juliana

Eu nem acredito que o Bê está aqui, na minha frente, que saudades dele e nossa, ele cresceu, está mais alto que eu. Não é mais aquele pirralho implicante que eu conhecera, está um homem formado, responsável. Quando ele falava minha atenção era total e exclusiva dele, contava o que havia feito quando foi pra California, como conheceu sua mulher e sobre Noah.

Achei um pouco estranho o fato dele não entrar em muitos detalhes sobre sua esposa, só sei que o nome é Julia, mas fora isso, nada. Ele não falou muito dela, se focou em falar de Noah. Percebi que seu filho era a coisa mais importante para ele, como Gabriela é para mim.

Me surpreendi ao notar que seus olhos brilhavam quando falava de quando Noah havia aprendido a falar e andar, disse que gravou tudo, como eu.

- Então, quando ele fez xixi no penico, nossa, foi uma festa lá em casa, Julia me chamou e quando fui ver, ele estava lá sorrindo e mijando! - falou gargalhando.

Olhei para ele com admiração, com amor e carinho, nunca pensei que Bernardo fosse tomar juízo desse jeito, ele mudou e muito. Está mais bonito.

Ah, trabalha em uma firma de Contabilidade lá na Califórnia, constatei que ganha bem e é bem de vida.

Sabe, estou com uma pulguinha atrás da orelha, eu quero saber mais de Julia, por mais que ele não tenha falado nada, é algo que preciso saber, parece que aconteceu algo e ele não quer contar para não nos preocupar, mas poxa, sou eu né?

Outra coisa que notei foi como Noah se parece com ele, na fisionomia, no jeito, personalidade, são iguais. Fiquei um tanto receosa quanto a Noah perto de Gabriela, ela tem apenas 15 anos e Noah vai fazer 18, tudo bem que minha filha tem cabeça de 10, mas seu corpo, é outra historia, certo?

Não sei como fazer para que eles não se aproximem muito, lembro-me de me magoar e acabar magoando Bernardo por dizer que eu o amo só como primo, parti seu coração e perdi um pedaço do meu, mesmo que meu amor por Bernardo seja diferente, senti que havia perdido uma parte de mim. Afinal, tudo que aconteceu não foi em vão, foi especial em sua maneira.

Noah apareceu e se sentou com a gente, estávamos na frente da casa, Sandro estava na rede, conversava animadamente com Bernardo. Minha mãe me olhava e olhava para Bernardo, notei seu receio em relação a nós dois. Mas é claro que não vai acontecer nada, meu deus! Isso já passou oras, ela devia ficar vigiando a Gabi, isso sim.

- Cadê a Gabi Noah? - perguntou Jordan

- Na sala.

Noah me olhou e sorriu, ele era mesmo lindo, se parecia tanto com o pai, tinha muito da mãe, mesmo eu não tendo conhecido Julia. Noah nos observou conversar, parecia pensativo, ora me olhava, ora olhava para Bernardo, será que ele sabia? Bê contou pro filho? Talvez, de repente o avisando para não fazer nada, com Gabi e tal. É bom mesmo.

Anoiteceu rapidamente, Bê e Noah ficaram na minha mãe, eu, Sandro e Gabi fomos para casa. Gabi deu boa noite e foi pro quarto. Tomei um banho e Sandro já estava na cama.

Me deitei e ele me abraçando falou:

- Estava tão linda hoje mais cedo - sussurrou em meu ouvido.

- O que você quer ein? - perguntei, me virando e sorrindo.

- Você. - falou e me beijou.

Sem nenhum barulho, transamos.

POV Gabriela

Ultimo pensamento antes de cair de sono, ta, duas.

1ª) Meus pais podiam fazer menos barulho né?

2ª) Ai, sério que a minha sorte está mudando?

Apaguei.