House passou a manhã toda tentando imaginar Cam com a 13. NÃO! Aquilo definitivamente nunca seria possível. Não a Cameron... A Cameron que ele conhecia, que ele sabia que gostava dele. Kutner tinha que ter entendido errado, mas por via das dúvidas, ele tinha que descobrir se a Cameron havia “mudado de lado”, e se mudou, ele tinha que saber se ele tinha alguma coisa a ver com isso.

Próximo às 10hs, House correu para a lanchonete. Chegando na porta, encontrou Cameron parada perto do balcão. A 13 ainda não havia chegado.

House achou que era a oportunidade perfeita para espionar. Essa era a intenção original. Ficar lá só observando, esperando por alguma coisa entre as duas que indicasse uma possível relação: uma mão no ombro, um sorrisinho bobo, um olhar mais profundo, um beijo! :O NÃO! Ele não ia agüentar ficar lá só olhando, especialmente se uma dessas coisas viesse mesmo a acontecer!

Vendo Cameron lá sozinha, comendo uma maçã, ele decidiu que ia tirar isso à limpo agora mesmo:

_ Fruto proibido! – disse House chegando por trás.

_ O que vc disse? – perguntou Cameron.

_ A maçã... tá gostosa? – pegou a maçã da mão dela e mordeu.

_ Está sim! – falou, puxando a maçã de volta e dando outra mordida.

_ O que vc está fazendo aqui? Esperando alguém? – levantou uma sobrancelha, tentando não mostrar muito sua ansiedade, mas a expressão lhe entregou.

_ Sim! De fato... marquei um encontro aqui na lanchonete! – falou orgulhosa.

Uma confissão assim direta ele não esperava. Foi difícil disfarçar a surpresa. House só conseguiu dizer:

_ Achei que vc negaria.

_ Negaria o que House? Que marquei um encontro aqui? Pq a surpresa? O que há de estranho nisso?

_ Tirando o fato de que vc é louca por mim e que dificilmente marcaria um encontro com outra pessoa aqui no Hospital?

_ Não sou louca por vc! – dessa vez foi ela quem não conseguiu disfarçar. – E pq vc entenderia a palavra “encontro” como sendo um “encontro amoroso” (DATE) ??

_ Quem disse que eu entendi a palavra encontro neste sentido? Mas essa sua insistência em torno desse assunto me faz desconfiar. QUEM É?

Cameron não resistiu. Começou a sorrir. Vê House tentando descobrir seu/sua pretendente era demais pra ela. Quando ia responder qualquer coisa para deixa-lo ainda mais curioso, 13 apareceu, cortando a conversa.

_ Bom dia pessoal. – disse 13, pousando a mão no ombro de Cam.

House abriu os olhos de espanto ao presenciar esse gesto. Queria falar, mas as palavras não vinham. Ele estava chocado. Seria mesmo possível que Cam e 13 estivessem tendo um caso, e que estivessem assumindo isso publicamente no Hospital?!? Ele não conseguia dizer nada. Apenas deu às costas e saiu, deixando as duas rindo a valer.

_ Vc tinha razão – disse 13, com um sorriso de canto – Vc sabe mesmo mexer no ponto fraco dele.

_ Nós só atiçamos a curiosidade nele. A melhor parte do plano ainda estar por vir.

House estava completamente sem ação. Se fosse mesmo verdade que as duas estavam tendo um affair, ele não suportaria. “Bom, quem sabe elas não me deixam participar da brincadeira delas”, “talvez um caso à três”, ele pensava, tentando se consolar. Mas no fundo ele gritava “NÃO”! Não queria dividir a Cameron com mais ninguém. Mulher ou homem. Ela era só dele. Platonicamente dele, emocionalmente dele. Fisicamente dele? De certa forma.

Se ela estava com a 13, ele teria que ter coragem e ver com os próprios olhos.

Cameron estava radiante. House teve uma reação melhor do que ela esperava. Ele pareceu não acreditar em tudo aquilo, e se ele demonstrou isso, mesmo não pretendendo deixar transparecer, é pq ele sentia algo. E era essa certeza que ela tanto quisera ter desde que o conheceu e se apaixonou. Ela não tinha mais dúvidas: ia colocar a segunda parte do plano em prática e se tudo acontecesse do jeito que ela imaginava, ela ia ter muito mais do que uma prova de que ele se importava com ela.

Ao encontrar Kutner no corredor, 13, fazendo o que havia combinado com Cameron, disse:

_ E aí? Já deu ao House o que ele queria?

Kutner se resumiu a baixar a cabeça. Ele havia sim dito ao House que as duas tinham um caso. Mesmo sem saber se isso era verdade (de qualquer maneira ele não se interessava em saber), ele havia dito. E agora estava meio envergonhado de falar para 13 que havia entrado no jogo de House.

_ Não tem problema Kutner. Vc fez o que achou melhor. – falou 13, e pensou consigo mesma “e fez exatamente o que queríamos”. Depois acrescentou – Diga ao House que se ele quiser ter a certeza que ele precisa, que vá ao apt° da Cameron hj a noite.

Kutner fez exatamente o que 13 pediu. Contou a House que havia descoberto que Cameron e 13 se encontrariam no apt° dela logo mais a noite. House respirou fundo. Depois que Kutner deixou sua sala, ele ficou lá a pensar, a decidir se ia ou não confirmar a desastrosa verdade.

As horas passaram lentamente, mas a noite enfim chegou.

House, em sua casa, estava sentado no sofá com um copo de wisky na mão. O relógio começou a bater 11 badaladas. À essa hora, se as duas estivem mesmo envolvidas, ele pegaria as duas no flagra.

Decidiu que era agora!

Largou o copo na mesa, pegou a chave da moto e dirigiu até a casa de Cameron.

Chegando lá, tomou coragem e bateu com a bengala na madeira da porta, fazendo um som peculiar:

TOC! TOC! TOC!