Sentimentos

Capítulo único


Eu fiquei ali, parado, sem ação. Eu simplesmente não conseguia acreditar que ele havia feito aquilo. Como ele ousa fazer isso? Quem esse maldito rato pensa que é?

Ele... ELE ME BEIJOU! Eu vou matá-lo! Aquele foi o meu primeiro beijo! Eu o quero de volta! Quero meu primeiro beijo de volta!

Levantei minha cabeça para poder encará-lo, dizer umas poucas e boas para ele, socar-lhe a cara, mas não consegui. Quando vi que ele estava tão estático quando eu, e ainda por cima corado, o que o deixou mais belo, não pude me mover. Espera. Mais belo? O QUE ESTÁ HAVENDO COMIGO? Desde quando eu acho esse arrogante bonito? Deve ser efeito do beijo. É claro! Deve ser algum efeito colateral! TEM QUE SER!

Como ele consegue? Como ele consegue me tirar do sério com um simples... Não consigo nem repetir. Eu não o suporto! Bufei uma, duas, três vezes. Estava tentando me conformar que o meu PRIMEIRO BEIJO foi com um HOMEM! E pior, com um parente! Tem como piorar? Olha que tem, porque foi com o YUKI! Com o arrogante, imbecil, engomadinho, príncipe, metido a sabe-tudo... Enfim, foi com O RATO! Deus deve ta rindo muito da minha cara. Só pode!

E agora, mesmo depois de me humilhar, me fazer ficar irritado, ter pensamentos nada “legais”, ele fica ali, parado feito uma estatua me encarando! O que ele quer que eu faça? Deve ta esperando um soco! Ah, mas eu não vou fazer isso! Essa é uma batalha de dois lados!

Com minha mão esquerda eu segurei seu queixo. Estranhamente ele não tentou se livrar de mim nem nada. Devia estar muito surpreso. Mas ele não perde por esperar!

Juntei nossos lábios. Comecei com um simples selinho. Não vou ser tão afoito quanto ele, que já foi jogando sua língua dentro da minha boca. Ah não. Eu quero torturá-lo, quero o fazer pedir por mais, fazê-lo perder toda a compostura de menino bonzinho.

Enlacei sua cintura com a minha outra mão e senti que ele passou seus dois braços envoltos do meu pescoço, me puxando para mais perto, exigindo mais contato. Certo. Se é isso que ele quer, eu darei. Passei minha língua sobre seus lábios, que ele prontamente entreabriu acolhendo a minha língua em sua boca, que virou um campo de batalha.

De certa forma, até que era bom. O gosto de sua boca não era tão ruim quanto eu imaginei. N-não que eu tenha parado para imaginar isso antes. Jamais faria isso! E seus lábios eram macios, iguais os de uma garota deveriam ser. Pensando bem, o Yuki é todo feminino. Acho que ele ficaria fofo com uma daquelas roupas de empregadas... Meu Deus do céu. O que diabos eu estou pensando? Eu só o estou provocando! Isso não tem nada a ver com o fato de que eu tenho sentimentos para com ele... Não! Eu definitivamente não possuo nenhum sentimento desse gênero. Ódio e raiva. É isso o que eu sinto. Não é?

Notei que ele estava ficando sem ar, então separei nossas bocas, mas não quebrei o contato de nossos corpos. Abri os olhos lentamente apenas para ver como ele estava, e caramba! Ele estava muito lindo! Olhos fechados, lábios vermelhos e inchados, as bochechas levemente coradas. Eu fui para o paraíso! Quero dizer... Para o inferno! Ah quer saber? Que se dane! Se eu gosto ou não dele, descubro isso depois. Agora, eu quero apenas aproveitar o contato.

Reparei que ele não estava abrindo os olhos. E isso estava me irritando.

- Hey! Rato abra os olhos! – disse em um tom um pouco rude.

- Gato estúpido! – murmurou antes de fazer o que pedi. – p-porque fez isso? – perguntou corando mais ainda.

Por quê? Porque eu gosto de você! Não, essa definitivamente não é a resposta. Porque eu quis? Não seria muito legal dizer isso... Que tal: Porque eu queria saber que gosto você tinha? Essa também não é uma boa resposta. Hm... já sei.

- Me diz você. Porque me beijou primeiro? – Não existe melhor maneira de fugir de uma pergunta do que fazer outra pergunta!

- Porque eu... Eu... – ótimo, ele estava recuando. Dei um selinho nele, o que não demorou mais do que alguns segundos e sussurrei um: “me conte” rente aos seus lábios. – Porque gosto de você. Sei que você me odeia por causa dessa história da maldição, mas eu não sou somente o rato, eu sou o Yuki! Eu não agüentava mais guardar isso.

Ele... Ele gostava de mim? Mas que merda é essa? Ele é meu primo! Ele é o Rato! E ele beija muito bem, ele é lindo, é afeminado, tem um gosto viciante, é fofo e deve ficar lindo vestido de empregada.

- Kyo? – me chamou meio hesitante.

- Hm...?

- Me diga o que está pensando... – falou meio temeroso. O que eu estou pensando, huh? Bom, já que ele quer saber...

- Eu estava pensando que – dei um beijo em sua teta – você é meu primo – vi ele baixar o olhar, beijei o lado esquerdo de sua face – é o rato traiçoeiro – ele estava ficando tenso. Beijei o outro lado de sua face – que você é lindo – notei que ele ficou surpreso – afeminado – passei a distribuir alguns beijos em seu pescoço – tem um gosto igual ao de uma droga, viciante – dei uma mordida de leve e ouvi ele gemer – e que acima de tudo... – levantei seu rosto e o olhei nos olhos – Você deve ficar um charme vestido de empregada – ele corou como nunca.

- Gato estúpido. Eu não vou vestir uma roupa de empregada! – falou um pouco irritado.

- Veremos Yuki... Veremos... – voltei a beijá-lo dessa vez com um pouco mais de entusiasmo e determinação. Eu não sei se posso corresponder os sentimentos dele. Mas eu tentarei, pois sei que sinto algo por ele, só não sei ao certo o que é. Mas espero descobrir.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.