O sorriso, a gentileza de Victor, a pequena e aconchegante casa no campo... era como estar distante de tudo e, paradoxalmente, mais próxima de mim mesma. Nicolás demorou a perceber o quão próximos Victor e eu ficamos... e por mais que minhas memórias verdadeiras tenham voltado, acho que nunca saberei realmente a natureza dos nossos sentimentos. Eu era uma criança solitária cercada de luxo... não muito diferente do que eu era, quando Marta me trancafiava. Victor se importou comigo, de algum jeito, do jeito dele. E mesmo agora, quando estamos à sós, me sinto bem.

Ele me entregou uma caneca de café. Sentou-se ao meu lado, eu o sentia perscrutar o meu silêncio.

“Vladmir Ayala”.

“O quê?” – Foi a primeira coisa que falei em horas.

“Levarei você amanhã para conversar com ele. Você precisará insistir um pouco, mas...”

Permaneci quieta por algum tempo. Victor, que acompanhou os meus passos trôpegos de fugitiva – e que fingiu ser aliado (amante?) de Marta para chegar até mim primeiro. Ele conhece Ayala. Droga, essa sensação de ser sempre a última a saber!

“Não quero...”

Tentei engolir o choro, mas acabei cedendo às lágrimas. Pela primeira vez.

“Encare a vida adulta, Sabrina. Nicolás morreu”.