Senk

Alterações no DNA


Os sons dos batimentos cardíacos de Jane era a única coisa possível de ouvir em seu quarto. Johnny a observava em silêncio, ele observava cada detalhe do seu rosto que parecia estar em um sono profundo e confortável. Algumas mexas de seu cabelo passavam pelo rosto mas depois escorriam pelo restante do travesseiro. Johnny teve vontade de pegar nos cabelos dela e enrolá-los em seus dedos, mas conteve sua vontade ao perceber que Jane estava prestes a acordar, pois seu rosto adotara uma feição de estranhamento. Johnny saiu do quarto antes que ela pudesse saber que ele estivera ali.

Jane abriu os olhos e piscou várias vezes para entender onde estava. Ela apertou os olhos e percebeu que estava em um quarto muito grande e chique que parecia de hotel, mas graças ao som de seus batimentos cardíacos ela entendeu que estava de quarentena em um hospital de luxo. Eram as instalações de Victor Von Doom.

Jane sentou na beirada da cama, esfregou seus olhos, respirou fundo, esticou os braços e se levantou. Ela andou até o banheiro e se viu no espelho. Seus longos cabelos castanhos estavam jogados de maneira bagunçada e sua cara estava péssima, estava com cara de quem havia dormido por longos dias seguidos, o que provavelmente havia acontecido. Jane tomou banho, escovou os dentes, colocou uma calça jeans, um tênis, uma camiseta e uma blusa de frio fina. Jogou seu cabelo para um lado e decidiu ir ver como Ben estava.

Jane caminhou pelos corredores em direção ao quarto de Ben. Johnny vinha correndo em sua direção rindo e parou de repente quando viu que ia trombar com ela.

– Olá bela adormecida - ele brincou com ela.

– Olá... estou dormindo a tanto tempo assim?

– Mais ou menos. Disseram que você foi afetada emocionalmente também, por isso demorou acordar.

– Mentira - disse Jane rindo.

– Por que seria mentira?

– Não tem como saber disso comigo dormindo, seu besta.

Johnny riu, ele adorava o quão inteligente Jane era, pois Jane era incrível, inteligente e bonita.

– Vou ver como Ben está - disse Jane passando por Johnny.

– Antes que você chegue lá, eu tenho que te avisar que... os médicos tentaram de tudo... de tudo mesmo... - Johnny fez uma cara de preocupação.

– Tentaram o que? - Jane arregalou os olhos assustada.

Johnny não respondeu, só olhou em direção ao quarto de Ben. Jane saiu correndo para o quarto e Johnny prendeu o riso ao vê-la desesperada mas continuou o seu caminho em direção ao seu próprio quarto.

Jane entrou correndo no quarto de Ben.

– Ben? Você...

Jane parou ao ver Ben completamente normal sentado na cama.

– Ele te enganou também, foi? - disse Ben meio com raiva.

– Foi - Jane também ficou com raiva e se aproximou de Ben. - Então, você está bem mesmo?

– Estou sim. Pelo menos de acordo com as máquinas eu estou - Ben deu uma risadinha e Jane o acompanhou.

– Nossa, eu fiquei muito preocupada, de verdade.

– Está tudo bem, estamos todos vivos. Teremos uma ótima história pra contar para os nossos filhos.

Ben e Jane riram, pois ele tinha razão, seria uma história incrível de se contar, pois eles sobreviveram a uma tempestade radioativa.

Eles caminharam pelo local e encontraram Reed, que observa Sue de longe.

– Ainda tem chance - disse Ben se aproximando por um lado e Jane por outro.

– Eu sei, ainda podemos voltar ao espaço e...

Ele parou ao ver a cara de Ben séria, ele não estava falando da viagem espacial ou da missão.

– Não... sem chance. Ela está bem, ela está feliz, o Victor faz bem a ela, ela merece alguém como ele.

– Nossa, case-se com ele então - Reed deu uma risadinha e abaixou a cabeça, olhando de novo para Sue. - Você tem que falar com ela, Reed.

– Não...

– Também acho, você merecem mais uma chance - disse Jane.

– Ok, converso com ela assim que você conversar com o Johnny.

– Então eu sinto muito, vocês não vão conversar tão cedo - disse Jane rindo e saindo de perto dos dois. - Sério Reed, a Sue é a Storm que vale a pena.

Jane deu uma piscadinha e começou a caminhar em direção ao seu quarto.

– Ela tem razão - disse Ben.

Jane chegou em seu quarto e ficou meio sem saber o que fazer. Então ela pegou seu tablet e começou a mexer em seus arquivos e pesquisas. Jane sentou na cama de pernas cruzadas, de frente para os monitores que controlavam sua saúde enquanto estava dormindo. Ela decidiu pegar uma maçã para comer e voltou a sentar. Ela então decidiu olhar para as máquinas e uma coisa lhe chamou a atenção, sua temperatura corporal era de cento e cinquenta graus negativos e Jane quase se engasgou com a maçã. Aquela temperatura era impossível para um ser humano.

– Tem alguma coisa errada - disse Jane largando a maçã de lado e prendendo seu cabelo em um coque alto e bagunçado.

Ela colocou seus óculos, pegou o termômetro e decidiu medir sua temperatura novamente. A máquina agora estava em zero graus e assim que ela colocou o termômetro na boca, os graus começaram a cair rapidamente para abaixo de zero e Jane foi assustando a cada vez que descia e quando chegou a duzentos e dez graus negativos ela decidiu tirar o termômetro da boca e olhou para ele assustada. Alguma coisa na máquina estava errada, era a única explicação, pois ela se sentia bem e tocando em sua testa sua temperatura estava normal, ela parecia realmente ter apenas trinta e seis graus positivos como é normal de qualquer ser humano. Jane então decidiu reiniciar toda a máquina e desligou todo o painel. Ela aguardou alguns segundos para ligar de novo e assim que tudo foi reiniciado, ela respirou fundo e colocou novamente o termômetro na boca e novamente o termômetro caiu e dessa vez foi para duzentos e vinte e três graus negativos, que só parou porque ela tirou o termômetro da boca. Jane ficou inconformada com aqueles resultados. Como ela podia estar normal com essa temperatura? Como ela podia estar viva? A máquina estava errada.

Então Jane se lembrou que tinha um aparelhinho que calculava alterações no DNA, que era sua paixão de estudo. Ela mesma criara o aparelhinho. Ela pegou o aparelho e furou a ponta de seu dedo, o aparelho pegou o sangue e começou a mostrar várias anotações. O aparelho não era tão eficaz quanto uma pesquisa em um laboratório completo, mas com as poucas informações que tinha ela conseguiu chegar a uma conclusão e decidiu sair correndo para contar à Reed e Ben.

Ao sair do quarto, ela encontrou Ben que segurava sua barriga e fazia uma cra ruim.

– Ben? O que houve? Você está bem?

– Estou sim.. acho que comi algo ruim, só isso.

Ben suava e Jane deixou ele continuar seu caminho, com certeza ele não precisaria da sua ajuda naquele momento. Então ela continuou correndo e conseguiu encontrar Reed, Sue e Johnny que estava apenas com uma blusa de frio rosa enrolada em sua cintura. Jane deu uma olhada, era como de se esperar, Johnny já estava na cama com alguma mulher, mas aquilo não era importante no momento.

– Reed, aconteceu alguma coisa com o nosso DNA. A tempestade o modificou.

Assim que ela disse aquelas palavras, Sue e Johnny olharam para Reed com espanto.

– A tempestade modificou nosso DNA - confirmou Reed e saiu andando em direção ao quarto de Ben.

– Show! - disse Johnny super animado com a novidade.

Jane e Sue olharam para ele como quem não acreditava que podia estar tão animado com algo até então incompreendido por eles, e se ficasse pior? E se os destruíssem? Aquilo poderia sair de controle rapidamente, ainda mais na velocidade que ela estava congelando por dentro sem sentir.

– Aaah! - eram os gritos de Ben vindos do quarto.

Os quatro se olharam e definiram que aquilo não era apenas uma dor de barriga. Eles foram correndo em direção ao quarto. Eles bateram na porta e gritaram pelo nome do amigo. Ben gemia dentro do quarto e gritava de dor. Sue tentava abrir a porta através do sistema número de senha que bloqueia a porta mas todos eram em vão. Johnny observava todos e segurava firme o casaco rosa em sua cintura. Jane batia no vidro e gritava por ele. Até que a cama despencou no chão e todos ficaram ainda mais aflitos, dessa vez até Johnny se aproximou da porta. Reed então teve uma ideia, ele colocou a mão por baixo da fresta da porta e se esticou para passar por ela, sua mão foi esticando até chegar na fechadura e então ele destrancou a porta e voltou a sua mão para o lugar.

Ele olhou para os outros. Sue ficou sem reação, Jane ficou surpresa com o que a modificação no DNA de Reed fizera.

– Foi nojento - disse Johnny.

E então eles foram interrompidos por um barulho alto de destruição. Eles abriram a porta e entraram no quarto, mas tudo o que encontraram foram a cama destruída assim como os monitores e um buraco enorme na parede.

– Olha, olha! O que é aquilo? - disse Johnny apontando para além do buraco na parede.

Os quatro se aproximaram do buraco e viram algo enorme no meio das árvores.

– Vamos descobrir onde ele foi pela manhã, agora não vai adiantar muita coisa - disse Reed.

– O que houve? - perguntou Victor que acabara de entrar no quarto sem que ninguém notasse, o que os surpreendeu de certa forma.

– A tempestade modificou o nosso DNA - disse Reed.

– E estamos com alguns sintomas - disse Sue.

– Sintomas? - perguntou Victor solenemente tentando entender.

– Sim, vamos pesquisar mais a fundo para saber o que aconteceu e...

– Sim, faça isso - disse Victor dando uma última olhada na parede quebrada e saindo do quarto.

Reed e Sue saíram conversando sobre algumas possibilidades. Jane saiu em seguida e foi para seu quarto. Ela estava preocupada novamente com o amigo e de certa forma com todos eles e ela mesma. Ela se sentou na cama, tirou seus óculos e soltou os cabelos, deixando-os cair de um lado pelos ombros.

– Oi! - disse Johnny aparecendo deitado na cama.

– Ai, agora não Johnny - disse Jane esfregando a testa sem paciência.

– Calma, só vim ver se você está bem.

– Estou, obrigada - jane tentava não olhar para ele, pois ele estava sem camisa e seus músculos eram completamente irresistíveis.

– Então... qual o seu poder? - ele perguntou animado.

Jane apontou para a tela que mostrava sua temperatura e Johnny se assustou e depois deu uma risada.

– Uau! Como você é fria - ele ironizou.

Jane deu uma risadinha e decidiu olhar pra ele.

– Qual o seu?

Johnny estalou os dedos e o fogo se acendeu em seu dedão.

– Descobri esquiando e o fogo queimou toda a minha roupa - ele disse após apagar o fogo.

– E coincidentemente uma mulher estava lá para "esquentar" ainda mais as coisas, não é? - Jane ironizou.

– Ah... isso... ela estava esquiando comigo e me emprestou para eu não andar nu por aí.

– Ai Johnny, você não muda mesmo - disse Jane rindo e olhando para as próprias mãos.

– Você muda, mas tudo bem, sei que a Jane de verdade está aí dentro querendo se libertar.

– Johnny, isso nunca vai dar certo, você não percebeu que até o universo está nos mostrando que isso não dá certo?

– Discordo. De acordo com a ciência nós somos o casal perfeito - Jane revirou os olhos sem paciência. - De acordo com a ciência, os opostos são perfeitos e você devia saber disso Jane. Positivo só se encaixa com negativo - Johnny se levantou e se aproximou do ouvido de Jane - E você é meu positivo Jane, sempre foi e sempre será.

Jane virou para o lado de Johnny e afastou o rosto para não acontecer um beijo acidental. Ela olhou nos olhos de Johnny por alguns segundo e bateu em seu ombro largo e forte.

– Cala a boca.

Johnny riu e saiu de cima da cama de Jane e depois saiu pela porta. Jane acompanhou sua saída com o olhar, olhou para frente, riu e revirou os olhos. Depois pegou um travesseiro, enfiou na cara e deitou com raiva na cama.