"Eu prometi porque te amo, é tudo o que importa, então apenas me deixe ficar com você." - Ísis

Eu jamais pensei que um homem cativaria meu coração como ele. E ainda por cima, Laito Sakamaki, um vampiro; o conhecido pervertido da casa; que presta atenção às pernas de uma garota antes mesmo de ver se ela tem olhos. Mas cá estou eu, apaixonada e derretida como um sorvete aos pés dele. Se Laito me pedisse pra comer em sua mão, acredito que faria isso sem pensar, de tão desesperada que estava. Queria me entregar de corpo e alma para aquele rapaz. Algo que nunca me aconteceu de imaginar. Guardei segredo por tempo demais. É por isso que hoje finalmente me arrisquei. É agora ou nunca: ser correspondida, ou trancar meus sentimentos de novo, além de sofrer.

Deixei meus olhos castanhos fechados à medida que tomei o impulso de beijá-lo. Tímida. Sempre fui e sempre serei, mas tentava ao máximo me soltar. Encaixei meus lábios nos dele suavemente; movimentos lentos e profundos. Laito pareceu respeitar o modo como eu conduzia o gesto. Espantosamente me correspondeu. Ao invés de ser voraz e bruto como achei que seria. Foi mágico, delicioso e ao mesmo tempo sedutor. Entretanto eu optei por interromper o belo momento. Tudo culpa da timidez. E encostei minha cabeça em seu peitoral evitando seu olhar. Eu temia sua reação e com certeza ele não estava entendendo nada.

— Eu... Eu... — Fiz uma pausa buscando as palavras certas. — E-estou apaixonada por você Laito. Digo... Muito mesmo. — Me confessei. — Esse sentimento... Eu nunca senti por ninguém. Você é o primeiro.

— Bitch-chan... — Murmura o ruivo com um tom compreensível. Continuei.

— Sei que... E-eu sempre te afastei e disse que odiava seu jeito. Mas... Era o contrário. — Senti suas mãos segurando meus ombros delicadamente. — Na verdade, eu só não queria me machucar. Mas aí comecei a gostar de você mais e mais. Sua voz, seus cabelos, seus olhos... A-até seu chapéu. — Pressionei meus olhos com mais vergonha, enquanto Laito deixou escapar uma risada pela minha fala. Como eu amo sua voz... — E não ligo mais de ser chamada de Bitch por você.

Conclui minha confissão. Um silêncio chato e tenso, dominou o quarto dele, que é onde estávamos. Laito parecia refletir. De repente afastou minha cabeça e ergueu meu queixo, mas mantive os olhos fechados por medo.

— Abra os olhos. — Pediu, mesmo assim, não obedeci. Ele pediu com mais seriedade. — Abra os olhos Ísis.

Devagar, vislumbrei aquelas íris verde-esmeralda me encarando. Tão pertinho... Meu rosto pegou fogo. E quando ele sorriu, quase desmaiei. Porém o sorriso dele se tornou melancólico.

— Ah Bitch-chan... — Mais uma pausa incômoda. — Ninguém nunca me disse algo assim. Mas... Eu não mereço isso.

— O que quer dizer? — Indaguei com o coração na mão.

— Que eu... — Seu olhar ainda triste, se desviou para um ponto morto. — Não posso te amar do mesmo jeito que você me ama. — Me senti meio quebrada por essa frase. — Porque... Eu não entendo. — Então ele não me ama? Ou talvez eu não seja boa o bastante? De qualquer forma, Laito voltou a me encarar. — Eu te amo também. Só que o meu amor não é tão forte como o seu. Eu queria que fosse, mas não é.

Assim que ele terminou, as palavras “eu te amo” não saíam de minha mente. Estava feliz e desacreditada. O ruivo se aproximou de mim novamente e me deu um selinho profundo, mas carinhoso. Mas se preparou para sair. O impedi.

— Não importa. Eu disse que te amo... Isso inclui suas qualidades, seus defeitos, seus problemas, seu jeito. — Assegurei e vi sua expressão de surpresa.

Porém, uma ideia louca se passou na minha cabeça. Laito sempre me beijou, e eu sempre tentei fingir que não gostava dele. Nunca namoramos, mas isso não era necessário. Ficamos juntos o tempo todo. Várias vezes perguntaram se somos amigos coloridos. Se eu o amo e ele me ama, por que não?

— Laito. — O chamei decidida. Segurei suas mãos entre as minhas. — V-você... Q-quer se casar comigo? — Sua cabeça provavelmente estava a maior bagunça. Contudo, ele esboçou aquele riso que passou a ser minha melodia favorita.

— Bitch-chan, isso é sério?

— Sim. Nunca falei mais sério em toda a minha vida. — Confirmei após rir tímida pra amenizar o clima. — Eu sei que a tradição é o homem pedir a mulher em casamento...

— Sempre querendo ser a diferente ~nfu. — Bagunçou meus cabelos divertido. — Mas... E se eu nunca te corresponder de verdade?

— Vou continuar do seu lado até que me ame. — Assegurei com convicção.

— E se eu te decepcionar?

— Eu vou te perdoar.

— E se você se arrepender?

— Nunca. Se eu quero casar com você sem nem termos namorado, é porque eu ando desesperada, não acha? — Corei e ambos rimos. Mas, dava pra notar sua confusão e surpresa.

Então, Laito me abraçou. Bem forte. Seu aroma masculino me deixou extasiada.

— Então, eu aceito. — Sorri e senti que meu coração também “sorriu” pois estava acelerado e as benditas borboletas de paixão brincavam com meu estômago. — Eu me caso ~nfu. — Laito pegou uma de minhas mãos e se ajoelhou como um cavalheiro. — Mas e você? Aceita se casar comigo, diferentona?

— Claro! — Ele beija minha mão suavemente. E promete que vai comprar um anel.

❣ ✿ ❣

A notícia espantou a todos. Quem diria que o maior hentai da casa — ou talvez do mundo — se casasse antes dos irmãos. Obviamente o mais indicado para cuidar dos preparativos foi Reiji. Além de que ele não se ofereceu, praticamente ordenou que o deixassem organizar tudo.

O casamento não seguiria o padrão. Seria à meia-noite, numa noite de lua nova, que de acordo com ele, é uma tradição vampírica. Além de que o evento é mais indicado para esse caso. A lua e o céu ficavam deslumbrantes. Vermelho e preto foram as cores dominantes nos enfeites. Nada daquele branco excessivo que vemos em festas. Kanato cuidou dos doces e da comida, apesar de querer devorar tudo. O preguiçoso do Shu, escolheu as músicas. Ah! Um detalhe: não havia padre. O que acho compreensível, acharia estranho um padre num casório de vampiros.

Eu não estava muito empolgada com o vestido e ao mesmo tempo estava. Como gosto de fazer tudo fora do normal, escolhi um azul. Cheio de brilhantes, como se fossem estrelas, e tomara que caia, amei. Os sapatos não muito altos, também pretos estilo boneca, combinando com minha feição de fofinha. Me pergunto se Laito vai gostar. Meu cabelo foi obrigado a ser solto, pois é muito curto, um pouco antes dos ombros. Estava me arrumando para o grande dia, além de me preparar mentalmente. Eu nunca achei, e nem esperei que casaria em minha curta vida. De repente alguém bate na porta. Pra minha surpresa, era o cabelo de morango como gosto de chamar, vulgo Ayato.

— Então já está pronta, magrelinha? — Revirei os olhos de brincadeira. Ayato e eu éramos como irmãos. Toda hora me chama de um apelido diferente. Ele bagunça o cabelo que acabei de arrumar.

— Ei! Você não tem cérebro pra perceber que finalmente arrumei isso?! — Esbravejei um pouco. — Sorte que meu cabelo é fácil de ajeitar!

— É assim vai me agradecer por te levar no altar? — Se defende ele, risonho.

— Achei que era o Reiji que ia fazer isso. — Indaguei estranhando.

— Já que não quer que eu te leve, então se leve sozinha. — Disse caminhando até a porta.

— Espera. O que deu em você hoje, morango? — Segurei seu braço, brincando, assim como ele. Parecia que Ayato era rude, mas é só um zoeiro.

— Nada. Eu só queria te dar isso. — Ayato retirou um colar de safira e colocou em meu pescoço. — Presente de casamento.

— Por que isso de repente? — Contemplei a joia admirada.

— Não gostou? Se não, posso dar pra Chichinachi, já que deve gostar de uma pedra maior. — Brincou fingindo seriedade.

— Claro que eu gostei! Obrigada Ore-sama. — Agradeci e o abracei. Ele pareceu levar um leve susto. Ao desfazer o gesto, me obrigou a dar uma voltinha.

— Você está linda. — Corei e agradeci. É raro ele dizer isso. — Laito vai gostar. Agora vamos? — Ofereceu seu braço e não me deixou falar mais nada.

❣ ✿ ❣

Quase enfartei ao andar no meio dos convidados e achei que o salto ia quebrar de tanto nervosismo. Primeiro, olhei para Laito e o vi esbanjar o sorriso mais carinhoso que já testemunhei. Na hora de Ayato me entregar para o irmão, sua mão se desfez da minha suavemente. Notei um olhar levemente triste, que logo se tornou maroto como sempre.

Como é uma cerimônia de vampiros, as coisas são meio diferentes. Exatamente à meia-noite — nem um minuto a mais nem a menos — Laito teve que colocar a aliança em meu dedo esquerdo, além de o morder. Em seguida, depois de eu colocar sua aliança, meu pescoço foi mordido. Caso contrário, o casamento não seria oficial. Na verdade seria, porém quando se faz esse ritual, é como se as almas se unissem pela eternidade mesmo. Um pouco confuso de explicar. Só sei que por um breve momento, me senti no Éden.

Pétalas caíram fazendo um tapete. A noite foi maravilhosa.

— Vai me revelar seu verdadeiro nome, minha esposa? — Questionou meu amado. Era uma coisa que ninguém sabia. Sempre gostei de ser chamada de Ísis, contudo, eu tinha motivos pessoais para ocultar meu nome porque me lembrava memórias ruins. Mesmo assim, ele tinha que saber. — Não precisa se preocupar, vou te proteger de tudo e de todos.

— Camila. — Respondi enquanto caminhávamos sozinhos pela noite. Laito não sabia meu passado, mas o contei sobre não gostar de meu nome.

— É um belo nome. É como Camomila. — Fez um trocadilho. — Ou melhor, Cami, de Kami.

— Nunca pensei em ser apelidada de Kami. — Ele me pegou em seus braços e rodopiou. Felicidade. É só isso que sinto.

— A partir de agora, será minha Kami-chan.

— Talvez eu prefira Bitch-chan.

— Como quiser. Minha Bitch, minha Kami, Minha. — Me derreti com seu tom manhoso.

— Sim, sim Laito. Eu sou apenas sua.

❣ ✿ ❣

Vinte e seis anos, eu amadureci. Ainda não tivemos filhos, mas ainda queremos desfrutar os prazeres que a vida nos proporciona. Foram incontáveis abraços apertados; milhares de beijos apaixonados; noites quentes. Saímos da mansão Sakamaki e tivemos nossa própria casa; perto da praia — um sonho meu —, inclusive, é lá que às vezes acontece... Vocês sabem.

Ayato e os outros nos visitam. Porém o Ore-sama vem quase todos os dias. E por mais incrível que pareça, ele e Yui não estavam casados, nem namorando. Pergunto se alguém dominou seu coração. Ele sempre responde: “Há, o Ore-sama não é dono de ninguém.” Bem, fico preocupada com sua felicidade e tento empurrar algumas pessoas. Falho miseravelmente, mas vou continuar tentando. Ainda quero vê-lo de aliança!

Laito ainda tinha dificuldades para compreender o significado profundo do amor, mas como prometido, sempre ficarei do seu lado. Infelizmente ele ainda nutre sentimentos por Cordelia e isso me machuca, mas como disse, sou madura agora. Compreendo o terrível passado que ele, na verdade todos os Sakamaki, enfrentaram.

— Me desculpe, Kami. — Acabamos de discutir de novo. Mas que casal não passa por isso? Cordelia era o motivo. — Eu sou assim. — Seu olhar era de decepção; vergonha. E evitava o meu. — Não te mereço. Só estou te fazendo perder tempo...

Não o deixei terminar a frase. O calei com um beijo. Novamente ele vinha com a história de separação.

— Quantas vezes tenho que dizer? — O repreendi delicada. — Eu te escolhi. É por isso que te pedi em casamento; é por isso que até hoje estou contigo. Porque te amo. Vou te perdoar quantas vezes for preciso, vou curar suas feridas e cuidar de você. Pra sempre. — Concluí o abraçando.

— Camila... — Ele parecia surpreso, mas retribuiu meu gesto.

— Tenho que te contar algo. — Olhei fundo naqueles olhos esmeralda, que me enfeitiçavam todo dia, além de me conquistar. — Estou grávida.

E de novo eu vi aquele sorriso que apareceu no dia do nosso casamento.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.