Semideuses Rebeldes

Mantícore, acidente e feridas


Lupita corria em direção ao mantícore, ou seja, cavava sua própria cova.

Ela não sabia se Mia e Miguel estavam a seguindo, mas ele torcia pra isso estar acontecendo. Ela sabia que seria impossível enfrentar um mantícore sozinho e vencer.

Pelo que parecia, o monstro a esperava. Estava deitado, descansando a cabeça nas patas quando ela chegou. Ele rosnou baixinho, mas não se levantou.

– Você não vai lutar? - Lupita perguntou com a voz baixa e calma. Na verdade, ela queria gritar e correr.

Ela sentiu uma mão seu eu ombro e se virou assustada. Era Mia, com Miguel surgindo logo atrás.

– Pensou que íamos te deixar morrer? - Mia disse sorrindo e Lupita assentiu

Miguel empunhava sua espada com um olhar mortífero. Mia, por mais incrívek que pareça, estava parecendo uma guerreira corajosa e determinada, com a adaga em punho. Ainda que baixinha, estava ameaçadora.

Lupita, com toda a certeza era a menos impressionante. Sua lança apontava para o mantícore, mas ela sabia que suas mãos suadas a trairiam na batalha.

O monstro se levantou e analisou um a um. Seu olhar parou em Lupita, que mais parecia um gatinho assustado.

Num piscar de olhos, o mantícore avançou. A bocarra aberta, as garras a mostra. Antes que pudesse atacar Lupita, Miguel o golpeou no olho. Ele cambaleou para trás, mas aquilo não o desintegrou. Só o deixou mais irritado.

Mia pulou no monstro e tentou cravar sua adaga em suas costas, mas ele a derrubou no chão, perto de Miguel. Ele a ajudou a levantar, e a calda de escorpião os acertou. Os dois voaram por entre as árvores, caíram no chão e rolaram. Já estavam desacordados quando, finalmente, pararam.

Agora, Lupita estava sozinha, mas consumida pela raiva e pelo meso de perder Mia e Miguel, ela avançou. Pulou em cima do mantícore e desviou de sua cauda várias vezes. Ela cravou a ponta da lança na cabeça do monstro, atingindo o cérebro. Se é que mantícores têm cérebro.

A criatura se desintegrou. Lupita estava suada e arfando

– Eu... eu consegui! - ela disse rindo, incrédula – Eu matei um mantícore!

O sorriso sumiu de seu rosto

– Preciso achar Mia e Miguel – ela disse

"Não” Hécatae, sua mãe, falou na sua cabeça

"Como não, mãe?” perguntou Lupita enquanto pegava sua lança do chão.

“Eles seguirão. Mas você deve ir sozinha”

“Mas mãe, a profecia...”

O oráculo previu isso” disse Hécate

“Mas a Rachel...”

“Apolo previu que seria assim. Filha, você deve ir sozinha”

“Mas a Mia e o Miguel...”

Eles ficarão bem. Confie em mim” disse sua mãe numa voz firme

Então, Lupita seguiu sozinha e contrariada. Por mais que nunca tivesse visto Hécate, ela confiava em sua mãe.

~Canadá, Roberta e Diego~

Roberta estava com medo de submeter Diego a muita dor.

Suas costas tinham várias feridas. A maior ia do ombro até a altura do umbigo. Sua camisa estava rasgada.

– Ah não, Diego – ela murmurou

Roberta pegou a barra da camisa de Diego e a subiu lentamente, hesitante.

Se não fosse pela dor que estava sentindo, Diego certamente se arrepiaria ao toque de Roberta.

Ela subiu a camisa dele, e ele a tirou, fazendo um esforço sobrenatural para erguer os braços.

Roberta colocou mais álcool no pano, e, ainda hesitante, limpou aquele corte imenso.

– Ai! – Diego gemeu

– Diego – disse Roberta com lágrimas nos olhos – segura minha mão. Pode apertar se doer.

Ele obedeceu e segurou a mão de Roberta, por mais que não quisesse fazê-lo.

Ela passou o pano mais uma vez e Diego quase esmagou sua mão, mas Roberta não se importou muito.

– Por que voltou? - ele perguntou com a voz falhando

– Não sei – ela respondeu baixo – Não podia te deixar aqui sozinho

– Você estava sozinha

– Eu sei. Mas isso não importa mais

Antes que ele pudesse responder, ela voltou a limpar um corte, o calando.

– Acabei de limpar e...

– Não, espera – Diego a cortou – tem um no meu peito

– Ok – ela disse e se ele se virou

O corte em seu peito não doía tanto quanto os cortes das costas.

Diego olhava para Roberta com atenção.

Seu semblante estava preocupado, suas mãos tremiam e vez ou outra ela mordia o lábio inferior. Seus olhos estavam meio marejados.

Ela terminou seu trabalho e uma lágrima escorreu pelo seu rosto. Diego a secou com o polegar.

– Não chora – ele sussurrou

– Diego – ela disse e arfou, mais lágrimas caíram quando Roberta o puxou para um abraço – fiquei com medo de te perder...