Semideuses Em Panem

Prólogo - Um erro fatal


POV Hazel

Ok. Tínhamos destruindo o Acampamento Júpiter, Fomos considerados traidores, e quem fez isso tudo foi o garoto que supostamente é o Sammy.

Ser morta deu uma sensação menos desconfortável que isso tudo.

Minha camiseta roxa do Acampamento estava completamente suada, e eu mal me aguento em pé. Minha espada parece insuportavelmente pesada, e mesmo se sentindo estúpida por isso, minha respiração ofegante pede que minha língua fique do lado de fora, como se isso adiantasse alguma coisa.

Eu estava muito cansada. Nós éramos sete semideuses contra um Acampamento repleto de semideuses romanos furiosos. Com certeza não era uma luta muito justa.

-Hazel. Você está bem? – perguntou Frank, parecendo preocupado.

Eu consegui dar um pequeno sorriso. Frank sempre me fazia sorrir, com aquele jeito tão meigo, e ao mesmo tempo tão confuso, com aquele corpo de lutador de boxe, fazendo ele ser desastrado e atrapalhado. Só a visão dele me fazia feliz.

Mas logo em seguida, meu sorriso desaparece. Olho para Leo, o garoto latino com cabelos enrolados, tão parecido com Sammy. Eu definitivamente não sei o que sinto por ele mas...Mas eu não quero me apaixonar por ele. Não quero! Eu jamais feriria os sentimentos de Frank dessa maneira. Mas é algo inevitável quando os olhos dele cruzam com os meus, e de repente parece que o resto do mundo está em câmera lenta e em preto e branco. Nada mais parecia importar, apenas olhar para o rosto dele eternamente.

-Hum...Hazel? – Frank pergunta me tirando do transe.

-Ah. Eu... Eu estou bem, Frank. – eu digo, olhando para baixo para ele não ver o quanto estou sem graça.

Posso sentir o olhar de preocupação que ele lança em mim. Em seguida, ele olha para Leo, e engole em seco. Justamente o que eu estava torcendo para ele não fazer.

-Eu...Eu já volto. –É tudo que diz, antes de se distanciar de mim, como se estivesse vendo algo que não queria ver.

-Frank, espere... – eu digo, num sussurro. Por que no fundo, eu quero que ele vá, por mais horrível que seja esse sentimento.

Quando eu olho para Leo, e como se todas as lembranças felizes que eu tive ao lado de Sammy formassem um filme em minha cabeça: Nossos sorrisos, nossas conversas, nossas brincadeiras bobas...Nossos beijos...

Não. Eu não posso. Não depois que tudo que eu e Frank passamos juntos. E não somente por isso. Eu definitivamente tenho sentimentos fortes por Frank. Mas não posso ignorar...Não posso ignorar esse Leo...

Olhei para Leo novamente, mas dessa vez ele não prestava atenção em mim. Annabeth e Percy faziam uma espécie de interrogatório para ele. Eu nunca vi Percy tão furioso.

-Annabeth disse que você disparou fogo contra o Acampamento. É verdade?

-Cara, eu-eu não entendo como isso aconteceu. Eu sinto muito. – disse Leo, assustado.

-Sente muito? – rosnou Percy, a ponto de dar um soco em Leo, mas Annabeth o impediu.

-Nós resolvemos isso mais tarde. Agora, temos que fazer uma reunião. Agora.

-Mas com Jason nessas condições? – perguntou Percy, dando um olhar acusador a Leo, que deu um passo de distância.

-Precisamos de Jason nisso. – garantiu Annabeth. - É importante.

Percy olhou seriamente a Annabeth, depois me deu um olhar rápido, como se perguntasse se eu sabia sobre o assunto. Eu dei de ombros, numa maneira de dizer que eu não fazia a menor ideia.

-Vamos, então. – disse Percy simplesmente. – Isso é, se seu amigo não tacar fogo em nós enquanto viramos as costas.

Annabeth deu um olhar de censura em Percy.

-Temos coisas maiores para resolver agora, Percy.

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Eu fiquei em estado de choque quando vi onde seria nossa reunião.

Só para começar, era exatamente onde Jason estava descansando. A situação dele era horrível. Quero dizer...Ele era o Pretor Jason Grace. Era uma situação chocante ver ele daquela maneira, tão frágil.

E depois, o Argo II era mais impressionante do que aparentava por dentro. Os mínimos detalhes eram incríveis.

-Admirando minha obra – prima? – perguntou uma voz familiar atrás de mim.

- Sam...Quero dizer, Leo. – eu disse. Torci para que ele ignorasse isso, ou melhor: Que fingisse que eu não estava lá.

Mas ele não fingiu.

-Por que vocês me chamam de Sammy? – ele disse, e começou a ficar vermelho, como se fosse entrar em erupção.

-Eu...Nós? – eu perguntei

-Você e aquele outro bebêzão.

-Frank.

-Esse mesmo.

-Bem... Eu...

-Ahhhhh! – Jason deu um grito de dor tão agudo que era inevitável se virar para olhar o que acontecia.

-Jason...Calma, você vai ficar bem...Vai ficar bem...- disse uma garota de cabelos escuros, que se eu me lembro se chama Piper. Ela repetia como se quisesse convencer a si mesma.

- A culpa é desse daí – disse Percy, apotando para Leo – Se ele não tivesse atirado...Ele estragou tudo!

-A culpa não foi de Leo! - disse Piper, tirando os olhos de Jason - Ele não sabia o que fazia, estava num estado de transe! Ele tentava controlar...

-Não foi bem isso que pareceu que ele estava tentando fazer! – disse Percy, rosnando.

-Não foi culpa de Leo. – disse Jason, de repente. Todos se calaram.

-Jason...Você se sente melhor? - perguntou Piper.

-Não foi culpa de Leo. – disse Jason, ignorando a pergunta de Piper – Eu confio o minha vida nele. Se ele diz que não foi ele, então não foi.

-Jason. – disse Annabeth, devagar, como se falasse com uma criança – Todos nós vimos que...

-Eu sei... – Jason disse, com uma voz azeda, como se apenas mover a língua doesse – Mas não pode ter sido ele. Ele jamais faria isso.

Leo parecia confortável, como se estivesse feliz que seus amigos lutassem com ele, e que estariam determinados a defende – lo. Eu não pude deixar de notar que seu sorriso era lindo...

-A culpa é de Juno – disse Piper, simplesmente.

Eu arregalei os olhos e pude ver a expressão de Frank que não gostava daquilo, mas Percy, Annabeth, Jason e Leo concordaram com ela.

-Ela nos odeia. Mesmo lutando ao seu lado, ela pode nos prejudicar.

-Prejudicar mais do que ser uma babá psicótica? - Leo diz. – Acho meio duvidoso...A não ser, é claro... – mas ele para de falar, como se fosse dizer algo proibido.

- Ela roubou meses de minha vida...Persegue Annabeth...Acho que se tem alguma coisa unânime nessa história toda, é que nos odiamos.

-Todos nos odiamos ela. – concordou Piper.

Engoli em seco.

-Por que seria ela? Ela quer nos juntas, certo? Romanos e gregos...Ela quer a paz, não...

-Paz? Ela quase matou Jason! – disse Piper – E ele é o líder dos romanos! Isso é seu mandato de paz?

-Não acho que insultar a deusa dos deuses seja uma boa ideia. – diz Frank, traduzindo todas minhas palavras de minha mente.

-Por favor! – diz Annabeth – Ela é insuportável. Não sei por que ela está ajudando os semideuses. Com certeza, é para salvar sua coroa. Nada mais...

Eu estava prestes a dizer para ela parar, mas uma luz azul extremamente forte ficou ao lado de Annabeth.

-Fechem os olhos! – Jason berra, fazendo Piper se encostar perto de seu ombro, cobrindo seus olhos.

Eu fecho imediatamente, e uma sensação horrível de calor me atinge.

“Então, vocês acham que podem vencer a guerra sem minha ajuda? Seus tolos. Vocês foram fracos, e estragaram tudo. Agora, o Acampamento Júpiter e o Acampamento Meio – Sangue entraram em batalha. “

-Não foi nossa culpa! – berra Annabeth, mas parecia mais um grito de dor que ela conseguiu formular uma frase.

“Claro que não.”– disse Hera, rindo – “Mas depois de ouvir essas declarações tão boas, resolvi aplicar um pequeno teste...Se vocês forem vitoriosos, parabéns, tem uma chance contra Gaia. Caso contrário, toda civilização acabará, e a era dos deuses ira se encerrar. Abram os olhos, meus heróis...E bem – vindos a Panem!”

Mesmo involuntariamente, eu resolvo abrir os olhos. Uma luz tão intensa e quente me atinge, e tive certeza: Eu estava morrendo. De novo.

Só que com muito mais dor.