O homem com dois rostos

Em frente ao espelho, de costas para eles, estava um homem. Olhava o objeto a sua frente muito atentamente. Usava capa e um turbante roxo.

– É esquisito, meninos. – falou o professor sem virar-se para eles. – Me vejo entregando a pedra para o meu mestre, mas não sei como pegá-la.

Os meninos estavam chocados. Não esperavam encontrar o espelho na sala. Muito menos o professor Quirell.

– Você? – Harry estava pasmo. – Mas Snape tentou me matar.

– Concordo que faz realmente o tipo, mas fui eu que tentei te matar! Se a capa dele não tivesse pegado fogo eu teria conseguido, mesmo com aquele contra feitiço que ele estava murmurando.

– Snape tentou salvar você? – Percy indagou baixinho.

O amigo deu de ombros, igualmente confuso. O homem ignorou o pequeno diálogo e continuou falando, como se estivesse sozinho.

– Se ao menos eu soubesse onde está a pedra... – insistia.

– Use um deles. – disse uma voz sibilante.

– Jackson, venha aqui agora! - O professor ordenou. – Fique aqui na frente e me diga o que vê.

– Eu vejo a pedra, mas eu não a possuo. – falou.

Não era mentira, só não era toda a verdade. Ele não disse, por exemplo, que Harry estava com a pedra. Omitiu também que seu amigo percebera o objeto no bolso.

– Não esconda tudo o que sabe. – a voz sibilante ecoou novamente, porém os garotos nada falaram então a voz insistiu. – Deixe-me falar com eles.

– Tem certeza mestre? – o professor questionou.

A voz deve ter dito alguma coisa na mente do traíra porque ele começou a tirar o turbante virou-se de costas. Finalmente um explicação para sua vestimenta bizarra, era realmente um duas caras.

O filho de Poseidon arrepiou-se. Frequentemente essa sensação o dominava, como se já tivesse visto algo do tipo. O feitiço de Hécate não permitia que ele se lembrasse da vida real dele, porém algumas coisas deixavam alguns traços na memória.

– Faz onze anos que não possuo um corpo só meu. Tudo por causa daquela noite. Podemos fazer uma troca, dê-me a pedra e vocês podem ganhar o que mais querem. – falava. – Potter quer a família de volta e você quer algo de que não se recorda. É fácil de conseguir.

– Está mentindo! – Harry apertou a pedra na mão.

Os dois garotos começaram a correr na direção da porta de onde tinham vindo. Porém o professor fez um movimento com a mão e a porta fechou-se com um barulho estrondoso.

– Destrua-os. – era a voz reptiliana do lorde das trevas.

Quirell começou a persegui-los, porém Harry era o alvo prioritário, afinal a pedra filosofal era o que realmente desejavam. No entanto quando ele tentou arrancar o objeto das mãos do aluno, suas próprias mãos começaram a queimar. O menino também sentia uma leve dor, nada comparado ao professor.

Aproveitando-se disso começou a tocá-lo propositalmente, de repente o adulto explodiu em pó dourado. Harry sentou-se no chão, de costas para poeira. Contudo Percy viu quando algo saiu do monte de sujeira e foi na direção do amigo.

O outro teve apenas tempo de virar-se para o lado e ver o colega ser atingido. Então caiu no chão desmaiado, escapou ileso em função disso.