Ainda havia neblina cobrindo parte da cidade, mas Rei e Nagisa já estavam andando pelas ruas. Eles passaram a noite e uma casa e acordaram cedo com o barulho da porta se abrindo, e saíram sem serem vistos pelos invasores.

Rei e Nagisa fugiram para a casa ao lado, onde comeram um pote de geleia de morango de café da manhã, e saíram assim que terminaram.

Eles caminhavam ao longo de uma avenida em silêncio, ouvindo apenas os sons dos próprios passos, até um barulho de latas caindo vir de uma caçamba de lixo.

Rei se assustou, e se preparou para correr para longe dali, até um gato sair do meio um lixo.

— Um gatinho! — Nagisa sussurrou empolgado.

— Não era nada, podemos continuar.

Rei voltou a andar, e depois de alguns minutos ele ouviu os passos de Nagisa o seguindo.

Quando Nagisa o alcançou, Rei viu que ele segurava o gato junto ao peito.

— Nagisa! Deixa isso aí! — Ele o repreendeu, tentando não elevar muito seu tom de voz.

— Mas ele é quase um filhotinho, Rei-chan! — Nagisa disse, afagando os pelos alaranjados do gato. — Deixa eu ficar com ele!

Rei suspirou. Não seria fácil convencer Nagisa a deixar aquele gato para trás.

— Tá bom, pode ficar, desde que ele não nos atrapalhe — Rei murmurou, sentindo-se derrotado.

— Ele vai se chamar Mikan. — Nagisa abraçou o gato e esfregou a bochecha em sua cabeça.

Eles continuaram a caminhar em silêncio, Rei mais à frente e Nagisa um pouco para trás, com o gato encolhido em seus braços.

Rei levou um tempo para reparar na parte da cidade onde eles estavam, mas quando ele se deu conta, um suspiro surpreso escapou de seus lábios.

— O que foi, Rei-chan? — Nagisa perguntou, distraído demais com Mikan para olhar ao redor.

— Nagisa... — Rei sussurrou, olhando para a construção destruída à sua frente.

Era a estação onde os dois costumavam pegar o trem para ir para a escola.

As paredes tinham a pintura desgastada, havia muito lixo espalhado pelo chão, e os trilhos de trem quase sumiam no meio do mato alto.

Aquele lugar trazia tantas lembranças boas para Rei e Nagisa. Desde quando Nagisa insistia em convidar Rei para fazer parte do clube de natação, até às vezes em que os dois dormiam no trem, encostados um no outro.

Ver aquele lugar destruído daquele jeito fez Rei sentir um aperto no peito.

Aperto esse que se intensificou quando ele ouviu Nagisa soluçar ao seu lado.

— Nagisa...

Lágrimas grossas escorriam pelo seu rosto, algumas delas caindo no pelo laranja de Mikan. Nagisa esfregou os olhos com uma das mãos, soltando um soluço ainda mais alto.

Rei o abraçou junto ao peito, beijando seus cabelos loiros enquanto Mikan miava desesperado entre eles.

Naquele momento, Rei desejou que existisse algum modo de viajar no tempo para voltar para antes do mundo virar aquele caos, para quando ele e Nagisa ainda eram simples alunos do colegial.

— Nós vamos sobreviver, Nagisa — Rei murmurou.— Juntos.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.