Sem Limites

Capítulo 3 - Você é de um outro mundo.


– Sabe, você não precisava trazer as malas até aqui. - Juliette falou para o motorista de sua familia, Antonio. Ela mal havia chego na Academia Permelia e já estava estressada. Sua mãe tinha insistido para que Antonio carregasse suas malas e a acompanhasse até a porta de seu quarto, o que era vergonhoso para Jules, já que nenhuma garota precisava disso, por mais ricas que fossem.

– São ordens da sua mãe, senhorita Pearce. - O homem, cansado por trazer aquelas bolsas pesadas, respondeu educadamente. Ele estava com metade de sua camiseta molhada de suor. Meu Deus, que cena ridícula.

– É, eu sei. - Jules virou os olhos e continuou caminhando em direção ao seu quarto, evitando os olhares das garotas que estavam em seus quartos, mas prestavam muita atenção na cena no corredor.

O homem jogou as malas da garota sem nenhum cuidado, na porta de seu quarto. Jules iria apertar o pescoço dele até ele ficar roxo se algum de seus perfumes foi quebrado. - Muito obrigada, Antonio. - disse sarcasticamente, o que deu deixa para o homem sair de cena.

Mais um ano na Academia Permelia. Mais um ano de segredos, falsidades e gente indesejada tentando tomar conta de sua vida. Não que Jules detestasse a escola, na verdade, ela a adorava! Ela era uma aluna exemplar, presidente do Comitê Estudantil e, apesar de ser considerada nerd por muitos, ela ainda era muito popular. Ah, como ela se divertia nas loucas festas escondidas..

A garota, no entanto, tinha receio de perder tudo isso. Ninguém gostaria de ser amiga dela se soubessem que a família de Jules eram novos-ricos. Seu pai, um grande cirurgião do estado de Nova Jersey, inventou um novo tipo de botox, o que fez a família Pearce subir na escada social. Mas sabemos que tudo vem com um preço. Seus pais, não acostumados a portar tanto dinheiro, eram extremamente exagerados, e não tinham um pingo de classe. Era uma surpresa que Jules fosse uma menina tão bem educada. Ninguém no colégio sabia disso, nem mesmo suas melhores amigas, afinal, Jules não conseguiria aguentar tal vergonha.

– Hey. - Jules disse ao entrar no quarto e se deparar com Mini, sua colega de quarto e amiga, se olhando no espelho.

– Oi, querida, como vai? - A garota foi se movendo em sua direção, mas antes mesmo que Jules pudesse falar alguma coisa, Mini continuou. - Eu tenho que ir, depois a gente se fala!

Em um piscar de olhos, a garota loira já estava no corredor. Jules não fazia ideia do que estava acontecendo. Ela não tinha falado com Mini nem Portia o verão todo, sabia que Portia era sempre muito ocupada no verão, mas Mini era mais sensível normalmente. O que teria acontecido?

Bom, não era algo com que Jules devia se preocupar. Ela olhou em seu relógio de pulso e viu que era apenas duas da tarde, e já que não tinha nada para fazer, resolveu desfazer suas malas e garantir um lugar no guarda roupa, que Portia ou Mini com certeza tomariam depois.

Abriu sua primeira mala e levou as roupas em direção ao grande closet do quarto. O combinado era que Jules ficava com a parte da direita, Mini a do meio e Portia a da esquerda, mas as outras duas, por estarem sempre comprando cada vez mais, normalmente ocupavam a parte de Jules também. Não que ela se importasse. Ela gostava de roupas e de se sentir elegante, mas não era uma fanática.

Ao lembrar das besteiras que as três amigas fizeram nos últimos anos, Jules esboçou um sorriso. Foram tantas bebedeiras, noites em claro conversando, planos para arrumar garotos. Bom, não para Jules, que ainda namorava Adrian, um rapaz da Elisius, o colégio rival da Permelia. Os dois estavam juntos desde o primeiro ano, e apesar de sempre brigarem por causa dos jogos de futebol entre as duas escolas, tudo estava indo bem, na medida do possível.

Jules se sentia confortável ao lado de Adrian, mas sentia que faltava alguma coisa. Talvez fosse porque eles estavam juntos por tanto tempo e nunca tiveram intimidades. Ela sempre lembra de quando Portia contou que havia perdido a virgindade para um italiano bonitão, e imaginava que sua primeira vez seria assim também. Uma garota tem o direito de sonhar, não?

– Com licença, aqui é o quarto 306? - Uma voz interrompeu os devaneios de Jules. Ela se virou e encontrou uma garota baixinha, magricela, de olhos claros e cabelo, hm, cor de rosa.

– Não, é o 303. - Respondeu, olhando com desconfiança para a menina. Não que Jules fosse alguém para julgar a cor do cabelo de alguém, afinal, ela pintava o cabelo de vermelho vivo desde que tinha catorze anos.

– Ah, valeu. - Ela disse, seca. - Todo mundo aqui é que nem você?

– Como é que é? - Jules levantou uma sobrancelha. "Quem essa garota pensa que é?", foi o que passou por sua cabeça.

– Você mal me conhece e me olha desse jeito. Todo mundo é assim nesse colégio? - A garota parecia revoltava, e não se importava com quem pudesse ouvir seu pequeno piti.

– Olha, desculpa.. - Tentou falar, mas a garota logo a interrompeu.

– Eu não quero suas desculpas. Eu não me importo com o que você pensa, eu só quero um pouco de respeito. - A menina dos cabelos cor de rosa retrucou e virou as costas de repente, voltando para o corredor, a procura de seu quarto.

Jules não havia entendido nada, ela continuou parada, olhando para o vazio na porta, enquanto sua mente tentava achar uma explicação para o que acabara de acontecer.

Mas uma coisa era certeza, aquela garota não se importava com o que pensavam dela, se gostavam ou não, se a aprovavam ou não.

Jules queria ser igual ela..

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.