Segure minha mão

Capítulo 42


Capítulo 42 — Noite de formatura

Gabriel

Finalmente minha vida parecia ter entrado nos eixos. Ter me livrado das drogas havia sido o primeiro passo, mas eu estava conseguindo, definitivamente desta vez, aprendi muito com a Luiza, ela me deu forças e esteve lá, mas o principal foi ela ter me amado, ela aceitou meus defeitos e me deu uma chance, na verdade mais de uma, mas em um momento do caminho ela me deu uma chance definitiva e eu me agarrei a ela. Não vou voltar a usar drogas, descobri que sou uma pessoa diferente quando estou limpo, descobri que posso ser melhor e mas do que isso, descobri que quero ser melhor.

Meses depois

Nossa, como o tempo passou rápido. Já estamos na última semana de aula, Luiza e eu estamos mais felizes do que nunca, ela me faz tão bem. Diogo teve os momentos dele, mas agora está limpo, dois meses sem usar nada, nem um cigarro sequer, parece pouco tempo para dizer alguma coisa, mas se ele aguentou tanto, tenho certeza que vai seguir em frente, Pati está dando a maior força para ele e os dois estão apaixonados, como eu e minha namorada linda. Kauã e Vic continuam namorando também, e Pi e Lê completam nossa turma de casais. Até pareço gay falando, mas é a verdade, todos nós estamos muito felizes, vamos nos formar e começar a planejar nosso futuro de vez.

Luiza vai tentar a faculdade de artes aqui mesmo, ela não quer ficar longe de mim, e eu não quero ficar longe dela, apesar de saber que é uma oportunidade única, por isso deixei que ela decidisse, não tentei pedir para que ficasse, disse que ela deveria fazer o que considerasse o melhor para ela e que eu ficaria com ela independente da decisão.

A formatura está se aproximando e eu estou ansioso. Vou fazer um cursinho técnico de engenharia, depois fazer a facul, ia seguir administração, mas descobri que engenharia civil é mais a minha praia. Ah, Cecilia continua me enchendo o saco direto, que quer ficar comigo, que eu ainda vou ser dela, ô garota mais chata. Marcos também fica infernizando, dizendo para a Luiza que vai acabar com nosso namoro, que eu traio ela, que não a mereço... Bruno? Ele mudou de cidade logo depois daquela nossa briga e a Sandra continua numa clínica de reabilitação que mais parece um hospício mesmo.

Segunda-feira. Estou até animado para ir a escola, é a última semana. Levantei da cama, fui no banheiro, fiz minha higiene, coloquei uma calça e a camiseta da escola, desci tomei café e passei na Luiza, ela já estava pronta. Saímos na rua, passei meu braço por cima de seus ombros e fomos caminhando, encontramos Vic e Kauã no caminho.

— Oi, feia. — Lu deu um abraço na Vic.

— Feia? Me poupe, invejosa.

— E aí mano, beleza? — Kauã cumprimentou.

— Beleza, irmão.

— Nossa, ainda estou lembrando aquela nossa pizza de ontem. — Lu disse.

— Nem me fala, eu não tomei café direito. —Vic respondeu.

— Por que será? — Lu brincou.

— Ih, a culpa nem foi minha. — Kauã se defendeu.

— Não falei nada. — Lu disse e nós rimos.

Logo chegamos.

— Nossa, última semana nisso aqui! — comentei.

— Pois é, eu ainda lembro quando estava lá pela oitava série e rezava para esses dias aqui chegarem... Agora parece tão estranho. — Kauã comentou.

Pati, Diogo, Pi e Lê se juntaram a nós.

— Nem fala, eu que sempre quis abandonar a escola, hoje estou pensando, caralho, última semana! — Diogo disse.

— É verdade, imaginar que tudo isso se acaba em cinco dias. — Pati disse olhando ao redor.

— Mas a parte boa é que tem a formatura, né. — Lu disse e nós concordamos.

Fomos para as salas.

— Pena que não vai ter viagem de formatura... — Lu comentou depois ainda.

— Mas a gente pode fazer a nossa, tipo, só a turma. — falei dando uma ideia, não faríamos viagem de formatura porque a maioria dos alunos ia fazer um curso novo que surgiu para a faculdade, ai para não perder, acabamos optando por não fazer a viagem.

— A gente podia ir para uma ilha né? Algum lugar fora do Estado talvez, pensa, ia ser muito legal! — Vic disse animada.

— Vamos combinar mesmo. — Kauã disse aceitando.

O sinal tocou, a aula passou voando, estávamos fazendo chat de papel e combinando sobre a viagem.

No recreio ficamos no lugar de sempre, continuamos conversando sobre a viagem, fazendo planos.

— Amor, vou ali no banheiro. — dei um beijo nela e fui ao banheiro.

Saí de dentro e a Cecilia, como sempre, me parou na porta.

— Você ainda não largou a mocréia? — Ela perguntou segurando meu braço.

— Você não desiste não sua vadia? — perguntei com raiva já, essa menina não cansa!

— Olha como fala comigo, Gabriel!

— Se toca garota, vai a merda e me deixa em paz! — falei empurrando ela e saindo.

— Cansei de ser rejeitada por você, Gabriel!

— Que bom, me deixa em paz então!

— Você vai pagar por me ignorar assim!

— Foda-se, garota. — mostrei o dedo do meio para ela e fui encontrar a galera. Cheguei lá de cara feia.

— O que foi, amor? — Luiza perguntou.

— Aquela doida de novo. — Reclamei.

— Aff, não desiste.

— Mandei ela a merda.

— Esquece isso amor, essa menina vai se tocar uma hora.

— Mas já estou de saco cheio...

Bateu o sinal e voltamos para a sala, a Luiza me encheu de beijos e aquela raiva passou.

Desde que eu e a Lu namoramos o tempo passa tão rápido na escola, por mim podia demorar mais, eu ficaria feliz em passar o dia todo sentado ao lado dela.

O sinal do término da aula tocou, fomos embora, agarradinhos como sempre.

Os dias foram passando rápido, terça, quarta, quinta e logo sexta-feira, último dia, final de tudo. Não teríamos aula, na verdade mal tivemos essa última semana, foram mais preparativos.

A tarde tivemos que ir para o clube, a maioria das coisas já estava arrumada por lá, agora tinha que ajeitar só os últimos detalhes. Estava toda a turma lá, os dois terceiros anos. Todos estávamos muito animados, tiramos diversas fotos para guardar aquele momento, o último da galera toda reunida. Umas meninas já choravam abraçadas. Quando acabamos tudo já eram três horas da tarde, a cerimônia de formatura começaria as nove da noite. Sentamos lá fora do salão, eu, Luiza, Diogo, Pati, Vic, Kauã, Lê e Pi e ficamos tomando coca com vodka e falando besteira. Diogo está totalmente limpo e eu também. Ele largou daqueles caras da nossa antiga turma também. Conversamos e combinamos nossa viagem para sábado de tarde, assim todos estariam descansados, iriamos para Fernando de Noronha, passar quatro dias e voltar.

— Estou tão animada, gente! Está tudo tão perfeito! — Luiza disse me abraçando.

— Tudo é perfeito com você, amor! — falei e selei ela.

— A viagem vai ser de mais galera! — Vic falou animada.

— Sempre tive vontade de ir pra lá! — Pati disse.

Ficamos todos comentando sobre isso, até notarmos a Cecilia do outro lado da rua nos encarando.

— O que será que aquela vadia quer agora? — Luiza perguntou sem olhar para a Cecilia.

— Provocar Lu, não da bola. —Vic disse.

— Ignora. — Kauã deu de ombros.

— Que menina doida, parece que persegue... — Lê disse.

— Está gamada no Gabriel mesmo. — Pi disse rindo.

— Fazer o que se eu sou gostoso... — brinquei e ri — Esqueçam ela.

— Minha vontade era ir lá socar aquela menina. — Lu falou braba.

— Não suja suas mãos com merda amiga...

— Olha lá, só falta sair de calcinha na rua! — Luiza se referia a microssaia que ela usava.

Não sei mesmo qual é a da Cecilia, ela vive infernizando, todos os dias é assim, ela sempre dá um jeito de falar comigo, dizer que a Luiza não é mulher para mim e eu sempre a ignoro, aí ela começa a dizer que vai acabar com meu namoro, que a Luiza vai embora... mas ela não vai conseguir fazer isso. Eu confio na Lu.

Acabamos indo embora, já passava das quatro e trinta da tarde e as meninas queriam começar logo a se arrumar. Eu fui para a minha casa e fiquei jogando play, Kauã, Diogo e Pi apareceram lá também, já que as meninas estavam todas na casa da Luiza, os caras se reuniram na minha.

— Aí, moleques, vamos marcar nossos casamentos para o mesmo dia? — Kauã falou rindo.

— Não me zoa, cara, não quero casar ainda... — Diogo disse de olhos arregalados, nós rimos.

— Por mim eu casava agora. — falei e ri.

— Eu não, prefiro namorar e conhecer bem, dai depois que eu tiver certeza eu caso. Tipo, daqui uns cinquenta anos. — Pi falou.

— Parece que eu conheço ela há anos... — Comentei.

— Sei como é. — Kauã disse.

— Cara, vocês perceberam uma coisa? — Diogo perguntou.

— O quê?

— Nós sempre fomos os caras mais pegadores da escola, os da sacanagem mesmo, e hoje estamos todos amarrados. — Ele disse brincando.

— Pior que é, e eu que já tinha jurado que não casava antes dos trinta... — Falei.

— Eu fiz a mesma promessa. — Pi disse.

— Eu também. — Kauã falou.

— Eu queria morrer solteiro! — Diogo disse e ficamos rindo de nós mesmos, claro que era só brincadeira, mas a Luiza era a certa, simples assim.

As oito horas mais ou menos fomos nos arrumar... Minha mãe foi ao meu quarto, estávamos lá, Diogo sem camisa, eu só de calça jeans, cabelo molhado, Kauã saindo do banheiro com a toalha na cintura e Pi de cueca vestindo uma calça. Minha mãe entrou sem bater, ela não sabia que os meninos estavam ali.

— Aí-meu-Deus! — ela disse botando a mão nos olhos.

Nós caímos na risada.

— Gabriel! — ela xingou.

— Relaxa mãe, está todo mundo vestido já. — Ela tirou as mãos dos olhos.

— Boa noite meninos, tudo bem? — Perguntou sorrindo agora.

— Boa noite, tia!

— Boa noite!

— Boa noite!

Todos cumprimentaram.

— Então, chegando a hora de se formar né? Ainda lembro quando você era bebê Gabriel... — ela disse sorrindo e vindo me dar um abraço.

— Que isso mãe, queimando meu filme na frente dos caras. — falei e ri, ela sabia que era brincadeira, eu não tinha vergonha nenhuma dela.

— Seu bobo. — Ela me olhou nos olhos — Seu pai deve estar tão orgulhoso de você meu filho.

Senti uma saudade no meu coração, como eu queria que meu pai estivesse ali. Lembrei rapidamente dele me ensinando a andar de bicicleta, me ensinando a fazer gol, a andar de skate, surfar...

— Com certeza ele está mãe. — falei e a abracei, ela deixou algumas lágrimas caírem e saiu do quarto. Os moleques me deram uns tapinhas nas costas mostrando apoio.

— Fica assim não cara, ele deve te querer feliz hoje. — Kauã disse ainda com a mão no meu ombro.

— É, hoje é dia de alegria. — Pi sorriu.

— Vamos encher a cara e zoar até... — Diogo falou.

— É verdade, hoje é dia de festa e com certeza meu velho vai estar do meu lado. — confirmei.

Terminamos de nos arrumar, coloquei uma calça jeans escura e uma camisa branca, ajeitei o cabelo com gel, na verdade esculhambei ele e coloquei o sapato.

Descemos e fomos pegar as meninas. Fomos até a minha vizinha e namorada, batemos na porta e a mãe da Lu veio atender.

— Gabriel! Entra, as meninas ainda estão lá em cima. — ela disse sorrindo.

— Oi, sogrinha. — falei e dei um beijo no rosto dela.

— Kauã, Pi, Diogo, cheguem também. — ela disse e os meninos entraram.

— Nossa, estão arrasando esses caras aí. — O pai da Lu disse cumprimentando nós.

— Querem tomar alguma coisa?

Dissemos que não, sentamos no sofá.

— Vou lá com as meninas, vocês sabem que aqui estão em casa, então nem vou dizer que a geladeira está as suas ordens. — ela sorriu e subiu.

— Nossa, ver vocês assim me lembra a minha formatura... — O pai da Luiza disse.

— Sério? E como foi? — perguntei para satisfazer a curiosidade geral ali.

— Foi muito bom... — ele disse com certeza relembrando alguma coisa.

— Essa noite promete. — Pi disse.

— E como... nossa... — Diogo concordou.

— É, mas prometem uma coisa aqui para mim garotos... — ele disse sério. — vocês vão beber, então, nada de um vir dirigindo, quero que voltem de táxi, trânsito e bebida não dá certo.— Ele falou e abaixou a cabeça.

— Aconteceu alguma coisa? — perguntei curioso por causa do jeito do pai dela.

— Um amigo meu morreu porque estava embriagado quando era jovem.

Pi pareceu saber do que se tratava.

— Mas o senhor ainda considera ele um amigo? Depois de tudo que ele fez? — Pi perguntou e nós ficamos sem entender como ele sabia sobre o que o pai da Luiza falava.

— Ele era seu tio, Pietro, e me decepcionou muito, mas ele foi um irmão para mim... e pediu perdão, ele sempre vai ser um amigo, apesar do que aconteceu.

— O senhor tem um bom coração padrinho... — Pi falou dando um abraço em Lukas, que era seu padrinho.

Logo em seguida as meninas apareceram no alto da escada, eu levantei do sofá para olhar a Luiza e sentei de volta, ela estava... linda... Levantei outra vez enquanto ela e as meninas riam, elas estavam de mais mesmo.

— Calma gente, se não eu vou ter que buscar um babador para vocês. — Lu disse e sorriu para mim, aquele sorriso lindo.

— Amor... você está... está... linda. — falei e peguei na cintura dela, os outros casais também já estavam juntos.

— Tudo para você. — ela disse e me deu um selinho.

— Vamos galera? É hora da festa! — Vic chamou.

— Vamos! — Respondemos em coro.

Saímos da casa da Luiza e fomos de táxi para lá, em dois, como o pai dela recomendou, nenhum de nós estava a fim de sofrer um acidente.

Fomos para lá e chegamos já eram nove horas, mas não tinham começado as apresentações ainda, só estavam sendo passadas fotos da escola, de nós alunos e tal, sentamos numa mesa e ficamos assistindo aquilo, era muito bom recordar. Depois, o diretor começou a falar, alguns professores também falaram e disseram que devemos seguir sempre em frente, de cabeça erguida, que não devemos desistir de nossos sonhos, devemos lutar e ultrapassar cada barreira, sempre. Uma aluna também falou em nome dos dois terceiros anos e foi muito legal, ela disse que agora estávamos nos preparando para a vida de verdade, para os verdadeiros desafios. Ela estava certa.

Depois disso teria a boate de formatura. Já era onze horas da noite quando estávamos com nossos diplomas e o ensino médio terminado. Iria começar a verdadeira festa. As luzes foram apagadas, o globo começou a girar iluminando tudo como em uma boate.

— Amor, vamos dar uma volta lá fora? — Perguntei, queria conversar com a Luiza antes de ficar bêbado.

— Vamos. — ela sorriu, a abracei e saímos para os fundos do salão.

Tinha uma espécie de jardim lá atrás, mas era mau iluminado. De dia era lindo, a noite, pouca coisa se via. Sentei com ela embaixo de uma árvore, ela sentou entre minhas pernas, ficamos abraçados vendo as estrelas.

— São lindas né, amor? — ela disse olhando o céu.

— São sim, mas elas têm inveja de você. — falei e dei um beijo na testa dela.

— Ah é? E por quê? — ela perguntou sorrindo.

— Porque o brilho delas não chega nem aos pés do seu. — falei romântico para ela, ela se aconchegou no meu peito.

— Não quero te perder. — disse parecendo estar com medo.

— Você não vai me perder, Lu. — falei abraçando ela.

— Tenho tanto medo. Cecilia vive atrás de você, e por mais que eu ignore, as palavras do Marcos me atormentam.

— Esquece eles. O que importa é a gente.

— Eu sei, mas...

— Eu não vou fazer nada para você, Lu. — falei sorrindo.

— Eu espero. — ela disse e abaixou a cabeça, peguei em seu queixo e a fiz olhar para mim.

— Você é minha e eu sou seu. Para sempre. Está vendo isso aqui — peguei na mão dela e mostrei o anel, aquele que dei no dia em que a pedi em namoro, e pedi para ela nunca tirar enquanto me amasse. — Eu não vou jogar fora o meu, nunca, e você?

— Eu vou usar ele sempre. — ela disse com uma lágrima.

— Exatamente. Eu vou te amar para sempre. — Beijei ela.

O nosso beijo trazia um medo, um medo dela e um medo meu, eu não queria perdê-la, preciso dela comigo sempre, mas suas palavras pareceram soar como um aviso, uma intuição. Eu não vou deixar nada estragar nosso amor.

— Eu te amo. — ela disse sentando em cima das próprias pernas e ficando de frente para mim.

— Idem. — falei a puxando para perto.

Começamos um beijo quente, cheio de amor, tinha tanto desejo ali, vontade de ficarmos unidos para sempre, ligados para sempre, fui deitando por cima dela lentamente, ela me queria e eu a queria.

Abri o zíper de seu vestido com carinho, ela sorria envergonhada, logo estávamos nus, beijei seu pescoço e fui descendo, ela já gemia de prazer, voltei a beijar sua boca enquanto suas unhas arranhavam minhas costas. Mordi seu lábio e penetrei, ela gemeu baixinho no meu ouvido me deixando ainda mais louco por ela, fizemos amor ali fora, atrás do salão, no escuro, a brisa passava por nossos corpos e fazia nós nos colarmos mais, estávamos nos amando com tanto desejo, com tanta paixão que parecia que o mundo poderia acabar em seguida e nem notaríamos. Um tempo depois nossos corpos unidos e suados flutuaram juntos. Deitei ao seu lado ali na grama e ficamos nos olhando alguns minutos e sorrindo.

— Melhor nos vestirmos. — Ela disse baixinho.

— É melhor mesmo. — Sorri.

Colocamos nossas roupas, ajudei a fechar o vestido dela, ficamos em pé.

— Vamos entrar?

— Por mim eu iria para casa agora mesmo. — agarrei ela pela cintura.

— Vamos aproveitar amor, último dia que a gente vê essa galera toda junta. — ela sorriu.

— Tem razão, e eu quero beber! — falei rindo.

— Então vamos lá.

Voltamos para o salão agarradinhos. Fomos para a pista de dança, onde a galera já estava.

— Eita, foram fazer o que lá fora? — Vic perguntou rindo.

— Você nem imagina. — Luiza brincou, mas ela falava a verdade, Vic nem imaginava, ou imaginava...

— Vamos beber! — Kauã me deu um copo de bebida.

Ficamos dançando e bebendo, depois do décimo quinto copo daquele negócio, eu parei de contar quantos tomei, eu sei que foram muitos, tudo já estava girando e eu não via mais ninguém direito.

— Amor, eu vou no banheiro, já volto! — Lu disse e me deu um beijo.

Continuei bebendo, Luiza estava demorando um pouquinho, o banheiro devia estar cheio, eu já não sabia mais em que parte do salão estava, comecei a caminhar um pouco, saí da pista de dança, estava bem tonto, lembro de subir umas escadas quase caindo e abrir uma porta e entrar, lembro da voz estranha da Luiza, me agarrando por trás e sussurrando “você vai ficar bem amorzinho, eu vou cuidar direitinho de você”. Ela me deitou na cama, eu nem conseguia abrir os olhos mais. Deitei e apaguei completamente. Dormi a noite inteira.

De manhã, minha cabeça estava doendo como se elefantes tivessem dançado rebollation em cima dela. Meus olhos doíam e eu não queria abri-los, me sentei tentando me acostumar com o lugar estranho onde eu estava deitado, eu tinha dormido no chão? Abri os olhos rápido.

— Cecilia? — gritei e fiz ela acordar na hora. — O que.. o que você está fazendo aqui? O que eu estou fazendo aqui? Que horas são? Cadê a Luiza?

Ela me olhou com a maior calma e naturalidade do mundo.

— Você dormiu aqui comigo, Gabriel, não se lembra? São três da tarde e a Luiza... Bom... dela eu não sei.

— Como assim eu dormi aqui? E que porra eu estou fazendo pelado?

— Não se lembra? Você veio aqui para cima, eu vim junto... A gente...

— A gente? A gente não fez nada, eu me lembro bem de ter entrado aqui deitado e apagado! Não teve merda nenhuma de a gente!

— Você entrou aqui sim, mas não apagou não... E como não apagou... Que fogo, Gabriel... — ela disse sorrindo.

— Cadê a Luiza, porra? — falei já vestindo minha calça.

— Depois que ela entrou aqui dentro e viu a gente se divertindo não a vi mais. — ela disse rindo.

— Se você não fosse mulher eu te matava agora! — gritei e cuspi nela. — Meu Deus, eu quero matar você agora, sua vagabunda! — Saí correndo de lá, a Luiza não podia ter visto aquilo... Eu não fiz nada com a Cecilia, eu sei que não fiz!