Segure minha mão

Capítulo 24


Capítulo 24 — Bruno

Gabriel

Será que ela sente o mesmo que eu? Será que aquela vontade louca de tê-la em meus braços quando a beijei na boate é recíproca? Como eu queria tê-la aqui ao meu lado agora, dormir agarradinho e chamá-la de minha, ela me fascina e eu estou completamente apaixonado. Esses eram meus pensamentos quando coloquei a cabeça no travesseiro, ela, só ela.

Acordei no sábado.

Vou chamar a Luiza para tomar sorvete comigo.

Levantei, já eram 11:30, acordei cedo até para quem chegou as três da madrugada em casa...

Fui para o banheiro e tomei um banho, coloquei uma bermuda qualquer e desci. Minha mãe estava fazendo o almoço.

— Bom dia, filho! Caiu da cama foi? — ela riu.

— É.

— E a boate?

— Perfeita. — falei lembrando da Luiza em meus braços.

— Deve ter sido mesmo... a Luiza beija bem filho? — ela me perguntou e eu nem me liguei de nada.

— E como, Dona Iara! É o melhor... — fiz uma pausa e olhei para ela. — Espera aí... como a senhora sabe?

— Eu vi ontem a noite, quando vocês chegaram de moto, acho que você nunca sorriu tanto como depois do beijo que ela te deu.

— Ah... — falei com um pouco de vergonha da minha mãe, ela sabia que eu pegava várias meninas e tal, mas eu nunca cheguei a amar realmente uma.

— E você gosta dela?

— Você não tem ideia do quanto, Dona Iara! — eu disse dando um beijo nela.

— Vê se cuida dela. Eu gosto da Luiza.

— Mas ela não é minha namorada mãe...

— Não?

— Não, só ficamos ontem...

— Mas aquele beijo não foi um simples beijo, não é?

— A senhora está muito espertinha para o meu gosto, ouviu? — falei pegando ela pela cintura e dando um abraço. Eu realmente amo minha mãe.

— Para com isso menino! — ela disse e riu.

— Eu a amo mãe. — falei sério e ela me olhou mais séria ainda.

— Então não a magoe.

— Eu não vou.

— Vai pedi-la em namoro?

— Ainda é cedo... vou esperar para ver o que acontece, afinal ela tinha bebido um pouco ontem... quero ver o que ela vai dizer hoje e tal... saber se ela sente algo por mim ou se foi só um beijo...

— Está certo... Daqui a pouco o almoço fica pronto, você podia ir pegar um refrigerante lá no bar da esquina né?

— Ok...

Saí e fui comprar uma coca, logo voltei e o almoço estava pronto, eu e minha mãe almoçamos e depois eu ajudei ela com a louça.

Terminei e sentei no sofá, coloquei o filme ''Red Line'' e fiquei assistindo, sou vidrado em filmes de corrida.

Logo eram 14:30 da tarde. Fui para o meu quarto e saí na varanda, vi o Bruno no portão da casa da Luiza. O que será que ele veio fazer ali? Ela saiu na porta e disse que pegaria a chave do portão. Eu desci e fui lá tentar escutar o que o Bruno queria com ela.

Saí com cuidado para fora de casa e fiquei parado perto do portão escondido pelo lado de fora onde nenhum dos dois podia me ver, mas eu os enxergava. Não devia estar bisbilhotando, mas com aquele idiota todo cuidado é pouco. Escutei a conversa:

— Oi Bruno. — Ela disse.

— Oi. — ele disse seco.

— O que veio fazer aqui? — ela perguntou curiosa enquanto saía para fora do portão.

— Eu quero saber o que foi aquilo ontem na boate! — ele disse um pouco grosso, continuei espiando e ouvindo.

— Aquilo o que? — ela não entendeu.

— Aquele beijo! Você e o drogadinho, eu vi! Eu quero saber o que foi aquilo! — ele falou gritando com ela.

— Eu não te devo satisfação alguma, Bruno! — ela disse de volta. — e ele não é drogadinho porra nenhuma!

— É sim, um idiota! Drogado! Estragou tudo entre nós dois!

— Ele nunca estragou nada, porque nunca houve nada!

— Nós namorávamos! — ele gritou.

— Mas eu nunca te amei! — ela gritou de volta.

— Você me amava sim! — ele segurou ela pelos braços.

— Não! Eu não te amava! Eu nunca senti mais que amizade por você! Nunca Bruno!

— Mentira! Você me ama! Você tem que me amar! — ele disse segurando ela mais forte e a forçou a beijá-lo, ela mordeu o lábio dele forte fazendo ele se afastar.

— Saia daqui, Bruno!

— Sua idiota! — ele deu um tapa na cara dela.

Naquela hora eu já estava correndo em direção a eles, cheguei ainda no embalo da corrida e dei um soco na cara do Bruno fazendo ele cair sentado no chão.

— Filho da mãe! Desgraçado! — fui para cima dele e comecei a encher ele de socos.

— Seu drogado de merda! — ele me acertou um soco, mas eu nem senti, estava com muita adrenalina.

Eu e ele ficamos em pé e comecei a investir socos nele. Fiz que ia de direita e fui com a esquerda, ele veio para cima de mim mas eu desviei e arrematei um chute na barriga dele, a Luiza estava sentada no chão encostada ao muro, logo algumas pessoas vieram para a rua olhar, eu continuei batendo no Bruno, dei outro soco e ele caiu no chão, um cara foi tentar separar nós dois e me segurou, enquanto ele me segurava Bruno aproveitou para me acertar dois socos, o cara viu que estava errado e me largou, minha boca estava sangrando um pouco, mas em compensação Bruno estava com o rosto cheio de sangue, eu ainda dei mais dois socos nele, enquanto desviava os dele, ele caiu no chão e eu chutei a barriga dele.

— Esse é pela Vivi, seu vagabundo! — ele se contorceu, segurei ele pelo pescoço e o fiz ficar em pé. — E esse é pela Luiza! — Acertei um cruzado nele e ele caiu no chão, nessa hora vieram mais homens, inclusive o pai da Luzia e separaram nós dois, enquanto isso já chegava uma ambulância no local.

— Calma, Gabriel! O que é isso cara?! — ele perguntou assustado para mim.

— Esse idiota aí, covarde! Bater em mulher você bate, agora na hora de dar num homem você leva né! — falei tentando pegar ele de novo.

— Cala boca seu drogado! — Bruno gritou.

— Vem calar ou está com medo? Quer apanhar mais?

Nisso já nos colocaram na ambulância, Eu sentei em um lado e a Luiza foi junto comigo, do outro estavam o pai e a mãe da Luiza segurando o Bruno e entre nós um enfermeiro.

— Meu Deus, vocês queriam se matar a pauladas? — o enfermeiro disse olhando o Bruno.

— Não, eu queria matar ele só! — Rosnei.

— Cala a boca. — Bruno respondeu.

— Cala boca você filho da mãe. — retruquei.

— Calem a boca vocês dois! — Luiza gritou e todos olhamos surpresos para ela.

— Luiza... Lu, me desculpa, eu não queria... — Bruno começou.

— Cala a boca, Bruno! E não fale mais comigo! — Ela falou extremamente séria.

— Mas...

— Fica quieto! Eu não sou sua namorada e para falar a verdade nunca fui! Eu não te amo e eu deixei isso bem claro para você! E além do mais, nós terminamos não é?! Chega! Deixa eu viver minha vida!

— Mas eu sou sua vida! — Ele disse patético.

— Você não é nada na minha vida mais! Nem meu amigo você é mais!

— Calma gente! Já chega de discussão! — o pai da Luiza interveio.

— Será que você pode me ajudar? — o enfermeiro perguntou para a Lu, parecia que ele simplesmente queria distrair ela, ela estava bastante estressada.

— Sim, claro.

— Passe esse algodão por cima do machucado na boca dele, para limpar o sangue e vermos se precisará de pontos.

— Ok. — ela pegou um algodão com alguma coisa da mão do enfermeiro e começou a passar com cuidado no lado da minha boca onde o Bruno tinha e acertado um soco enquanto o cara me segurava.

— Ai... — gemi de dor, ardeu para caramba aquilo.

— Desculpa! — ela sorriu e soprou fazendo a ardência parar um pouco.

Enquanto isso o enfermeiro tentava limpar o sangue da cara do Bruno, ele estava com o nariz sangrando, a boca, a sobrancelha, e acho que ficou sem um dente.

— Droga! Isso arde! — Bruno disse bravo com o enfermeiro.

— Não mandei se meter em brigas meu jovem!

Chegamos ao hospital e fomos levados até a enfermaria para serem feitos alguns curativos ainda. Fomos eu, Luiza, Bruno e o enfermeiro.

Eu sentei em uma maca e a Luiza ficou comigo, Bruno foi colocado em outra do outro lado da sala.

— Por que fez aquilo? — Ela perguntou para mim.

— Porque ele te deu um tapa. — falei como se fosse óbvio.

— Eu sei, mas agora você está todo machucado! — Ela disse.

— Todo? Só esse soco na boca... — eu sorri, aquilo não era nada.

— Mas está machucado.

— Cuida de mim então? — eu disse e passei a mão no rosto dela.

— Cuido sim. — ela retribuiu sorrindo e me deu um abraço. — fiquei com medo.

— Do que? — perguntei surpreso.

— De não ter chance de dizer...

— E ainda vai ficar se agarrando com ele ai na minha frente?! — Bruno falou, aquela hora meu sangue subiu, levantei da maca e ia ir bater nele de novo, mas a Luzia me segurou.

— Não! Não vale a pena, Gabriel! Vamos embora!

— Tudo bem. — olhei nos olhos dela que agora estavam assustados. — Não vale a pena mesmo. — Dei um beijo na testa dela e nós saímos da sala. Voltamos de táxi, eu, Luiza e seus pais.

— Qual o motivo dessa confusão? — O pai da Luiza perguntou.

Luiza me olhou pedindo que eu não dissesse nada.

— Ele veio tirar satisfação de um beijo que eu dei ontem na boate e me segurou com força, aí o Gabriel chegou e me defendeu, Bruno se irritou e eles começaram a brigar. O Bruno e o Gabi não são... amigos. — ela disse explicando e ao mesmo tempo ocultando alguns fatos.

— Você bate bem hein, Gabriel. — O pai dela riu.

— Pois é... é bom saber se defender. — Concordei.

Continuamos com uma conversa e logo chegamos em casa, fiquei lá com a Luiza enquanto os pais dela iam fazer as compras do mês.

— Não gosto de brigas. — Ela disse puxando assunto.

— Mas foi preciso. — Falei.

— Eu poderia ter evitado.

— Lu... eu estou bem, não aconteceu nada, olha. — Falei fazendo ela olhar meu rosto.

— Mas sua boca está machucada.

— Não está doendo.

— Claro que está... você só não quer falar.

— Eu provo que não está doendo. — Falei e sorri.

— Dã, e como você vai fazer isso? — Ela perguntou desentendida.

— Assim.

Segurei os cabelos dela e iniciamos um beijo muito bom.

Com dificuldade paramos o beijo, porque ambos queríamos continuar com aquilo.

— Gabi... eu... eu gosto muito de você. — Ela disse por fim, eu fiquei um pouco surpreso, afinal eu a amava.

— Também gosto muito de você. — Falei e ela me deu um abraço. — Vamos tomar sorvete?

— Claro! Só vou mudar de roupa. — Ela disse enquanto subia para o quarto.

— Também vou ali em casa rapidinho.

— Ok.

Ela subiu e eu fui para casa, tomei um banho rápido e troquei de roupa, minha mãe perguntou o que tinha acontecido e eu dei uma desculpa qualquer, saí e a Luiza também estava saindo naquele momento.

— Vamos? — perguntei passando um braço ao redor dela.

— Vamos!

Fomos para a praia.