Saí do prédio radiante. Eu conheci um ídolo e ele acabou se tornando meu colega de trabalho... acho que estávamos mais para amigos do que para simples colegas. Ele fora muito atencioso comigo, a companhia era tão agradável que quase perdi a hora enquanto conversávamos. Eu precisava estar em casa antes das meninas chegarem para arrumar o jantar – eu nunca fui muito boa na cozinha, mas elas gostavam do meu tempero ocidental, e, infelizmente, era o meu dia de cozinhar.

Cheguei em casa e preparei tudo. Quando as meninas voltaram, contei-lhes todos os detalhes do meu grande dia, inclusive do almoço com o SungWoo e do lanche com CNU. Elas tiveram reações muito engraçadas, gritaram, pularam, sacudiram-se feito doidas de tanta empolgação.

– Dae, você realmente tem sorte aqui, hein. Acho que preciso me mudar para outro país para ver se a sorte chega até mim também! Haha! – BoMin disse, e Yuri concordou.

– Não é nada de mais isso, garotas, eu estou mais feliz pelo emprego! Garotos bonitos a gente acha em qualquer lugar! E no lugar em que eu trabalharei agora, certamente verei muitos!!

Rimos a noite toda e imaginamos como seria a nossa vida daqui para frente. Eu estava há pouco tempo lá e já havia vivido muito.

~//~

Minhas últimas semanas tinham sido pacatas, eu ensaiava o dia inteiro e decorava as falas. Em compensação, ganhei um companheiro de almoços. SungWoo e eu fizemos um acordo para que não almoçássemos mais sozinhos: cada dia um cozinhava. Com isso, acabei me aproximando dele e nos tornamos amigos íntimos. Eu o considerava mais próximo do que YuRi e BoMin. Em compensação, somente com elas eu conseguia ter conversas sobre garotos! SungWoo era gentil e educado, mas era brincalhão e sarcástico, às vezes áspero, talvez pela idade e pelo – triste – fato de ele me considerar apenas uma noona atenciosa.

Ele era realmente sincero comigo. Algumas coisas me deixavam um pouco desconfortável - e ciumenta -, como quando ele contava sobre as ex-namoradas ou sobre as meninas que davam em cima dele na rua. Certa vez ele deixou escapar que preferia meninas mais velhas. Isso me deixou esperançosa, mas só de olhar para ele eu via que nada sairia dali, eu teria que agir ou seríamos irmãos para sempre (o que não era má ideia, já que irmãos podem ficar juntos e dar carinho um ao outro, mas ok, não era disso que eu estava falando).

Algumas semanas depois, chega o dia da apresentação do elenco. Eles fariam uma pequena comemoração em homenagem ao início do drama e também algumas fotos para a divulgação. Fiquei ansiosa para encontrar CNU outra vez. Acordei cedo, arrumei as coisas e saí. Fiquei triste apenas de não poder mais acompanhar todos os dias o meu - lindo - vizinho no almoço.

Entrei no grande salão e lá estavam o diretor e mais algumas pessoas que eu havia conhecido no dia do teste.

– Olá, DaeHyun! Grande dia para nós! – disse o diretor, sorrindo e me entregando alguns papéis. – Aqui está o cronograma de hoje. Como pode ver, daqui duas horas será o ensaio fotográfico. Essas fotos serão divulgadas na semana que vem, aí vou te mandar mais um cronograma, porque haverá entrevistas e mais algumas coisas da divulgação do drama que você precisará participar, ok? Ah! JunHee! Venha aqui! – gritou para uma moça de cabelos longos. – Essa é DaeHyun, ela será a Sara Choi. Cuide dela para as fotos.

Segui a moça e fui me arrumar. Procurei com os olhos, mas não encontrei CNU em lugar nenhum. Só vi alguns atores que eu já conhecia pelos dramas, mas nada dele. Quando terminou a maquiagem e o figurino, saí do vestiário e dei de cara com uma cena que me deixou de boca aberta: CNU estava posando para as fotos com uma regata branca, calça jeans clara e um tênis branco, estava lindo, e com ele estava outro garoto, vestindo uma roupa parecida, porém com um boné: era Baro. Quase caí sentada, os dois pareciam anjos de tão lindos, surtei, infartei, corei, quase caí no chão também.

Um homem que passava por mim disse: “Está pronta? Acompanhe-me!”. Era um dos fotógrafos, ele pediu que eu fosse até onde os meninos estavam para tirar fotos com eles. Eu não sabia que Baro também estaria nesse drama. Aproximei-me e cumprimentei os garotos.

– Olá! Vou me juntar a vocês nessas fotos! Posso? – sorri e olhei para CNU, que me olhava com uma expressão contente.

– Claro que pode! Será um prazer! A propósito, este é Baro, ele vai estar no nosso bloco do elenco também. Será divertido! – disse CNU, mostrando seu amigo.

– Muito prazer, Baro! Eu sou DaeHyun! – estendi a mão para cumprimentá-lo e me assustei quando ele me puxou, juntando os corpos para um abraço.

– Muito prazer DaeHyun-noona! Espero que a gente se dê bem, não é? – soltou-me do abraço e me olhou sorrindo.

Fiquei um pouco assustada com a situação, afinal não esperava um abraço, aqui na Coreia é tão incomum que as pessoas se aproximem desse jeito, ainda mais quando acabam de se conhecer. Desviei o olhar para CNU e ele estava me olhando com uma expressão assustada. Acho que ele teve a mesma sensação que eu com a reação de Baro. Não liguei muito para isso, afinal, é sempre bom receber abraços de meninos bonitos!

Tiramos algumas fotos e, logo depois, os atores principais chegaram para tirar fotos com a gente. Apresentamo-nos e tiramos mais algumas fotos. No final da sessão, fomos apresentados a todos os atores do elenco e jantamos juntos. Sentei-me na mesma mesa que Baro e CNU e mais uma garota. Achei-a chata à primeira vista, depois eu descobri que estava certa. Ela só estava ali por causa dos garotos, e dava em cima deles muito descaradamente. Nós estávamos sentados em uma mesa retangular, um do lado do outro, na ordem: eu, CNU, a menina maluca e Baro.

– Noona, – surpreendeu-me Baro. – Posso sentar do seu lado? – a garota olhou para ele atônita, como se não acreditasse que ele “a trocou por outra”.

– Claro que pode, Baro! – dei um espaço entre mim e CNU, mas ele sentou na ponta, somente do meu lado. Ele se aproximou de mim e sussurrou:

– Eu precisava sair do lado daquela chata! Desculpe. Espero que CNU não se incomode tanto! Deixei-o sozinho. Hehe.

Arrepiei-me enquanto ele falava, o calor que saía de sua boca tocava meu ouvido e me fazia tremer. Baro estava definitivamente brincando comigo e, claro, eu estava adorando! Terminamos de comer e, quando dei por conta, a menina chata já não estava mais lá, não percebi a hora em que ela saiu, Baro estava me entretendo com seus olhares e algumas palhaçadas que ele fazia entre uma garfada e outra.

– CNU, onde está aquela garota que estava do seu lado agora pouco? – perguntei.

– Ahm... digamos que ela se tocou de que estava sendo chata!

– Aham! Sei! CNU, você usou uma daquelas suas táticas de espantar as garotas novamente?? – interrompeu Baro.

– Foi você quem fugiu primeiro, Baro. Não venha com histórias! E outra coisa... – disse CNU, apontando o dedo para Baro. – Não faça mais isso!

Todos nós rimos da situação e ficamos falando mal da baranga/vadia/mocreia, até que chegou a hora de voltar para casa. O resto da semana seria dedicado aos ensaios e às gravações. Em três semanas o primeiro capítulo seria lançado, e as expectativas eram grandes.

As gravações ocorreram bem. Baro, como sempre, brincava de dar em cima de mim e de CNU (sim, ele era realmente carinhoso), mas CNU não era muito receptivo com essas coisas. Entretanto, os dois nunca brigavam, estavam sempre sorrindo, e isso me deixava realmente animada. Queria saber o que se passava na cabeça dos dois.

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O dia da estreia do drama chegara, e houve novamente uma reunião do elenco para que assistíssemos todos juntos. O lugar era grande, parecia um restaurante, só que com uma tela de cinema. Estavam todos bem vestidos porque a imprensa também fora convidada para prestigiar o evento. Baro e CNU usavam roupas sociais mais jovens: Baro de camisa preta, terno vermelho, calça preta, sapato social e um chapéu; CNU vestia uma casaca azul marinho, camisa, gravata e calças pretas e um coturno. Estavam lindos.

Sentamos juntos mas, dessa vez, a garota chata não estava conosco. Baro puxava assunto sobre coisas estranhas, ele parecia estar bem animado. CNU contava piadas vez que outra, mas não era muito bom nisso, Baro ria mais do amigo do que das piadas.

A estreia foi um sucesso, os repórteres estavam malucos, queriam entrevistas com todos. Depois que terminamos os compromissos, fomos para casa. Cheguei exausta, mas as meninas me surpreenderam com uma festinha surpresa de parabéns. Dormimos tarde conversando e fofocando sobre os meninos e sobre SungWoo ter vindo me procurar duas vezes enquanto eu estava fora. Elas disseram que ele não quis deixar recado e o que ele tinha para dizer tinha que ser pessoalmente.


Alguns dias se passaram e o drama ficava cada vez mais popular, eu dava muitas entrevistas junto com CNU e Baro. Estava em casa, antes de ir para as gravações, quando o telefone toca.

– DaeHyun-ssi! Como vai? – era o diretor. – Tenho boas novas para você. Venha até o escritório mais cedo hoje, precisamos conversar.

Arrumei as coisas e saí o mais depressa que pude. No meio do caminho, liguei para SungWoo, estava com saudade dele já.

– Olá, querido! Ainda lembra da noona? Estou com saudade!

Claro, noona! Estou sentindo sua falta também! Vamos nos encontrar mais tarde? O que acha? – disse o menino.

– Sim! Eu estou indo para um compromisso agora, assim que eu estiver livre, eu te aviso. Até logo!

Cheguei no escritório do diretor e me deparei com outras pessoas sentadas me esperando. Achei aquilo estranho, mas cumprimentei todas me curvando em sinal de respeito e fui até o diretor, apertando sua mão.

– DaeHyun, essas pessoas me pediram para te trazer aqui para fazer um convite. Por favor, JongMin. – estendeu o braço apontando para um homem sentado ao seu lado, que logo começou a falar.

– Então, DaeHyun. Nós somos de uma empresa de entretenimento e gostamos muito do deu desempenho e da sua popularidade no drama. A princípio, era uma decisão difícil, mas o público aceitou bem o fato de você ser estrangeira. Gostaria de ser nossa trainee para um grupo de nacionalidade mista que será lançado em breve?

Gelei. Congelei. Morri e logo voltei à vida. Meus sonhos se realizando um atrás do outro. Eu estava em pânico. Lógico que a minha resposta era positiva! Li direitinho os contratos para poder assinar.

Depois da reunião encontrei SungWoo num parque perto do nosso prédio. Ele chegou antes de mim, estava me esperando sentado em um banco, de costas para mim, de modo que ele não conseguia me ver chegando. Eram 3 horas da tarde, mas não havia muita gente lá. Cheguei de surpresa atrás dele e o abracei.

– SungWoo bebê! Senti sua falta! – eu disse, bagunçando seus cabelos e sentando ao lado dele.

– Noona! – abriu um sorriso e me abraçou. – Achei que tinha me abandonado! Não faça mais isso.

– Não vou te abandonar, bebê. A noona quer muito você... – gaguejei. – que você fique por perto! - sentei-me ao lado dele.

– Ok, noona. Eu acredito em você! – disse, encostando a cabeça no meu ombro.

A posição para ele não devia estar muito confortável já que ele era mais alto que eu, devia ter uns 1,80 cm, mas acho que ele não se importou, uma vez que permaneceu na mesma posição por alguns minutos. Foi confortável e divertido. Era bom tê-lo por perto. Melhor ainda seria se... ok, eu não posso me apaixonar por um pirralho agora. Não agora. Ficamos mais um tempo ali, apenas conversando e contando as novidades. Depois voltamos para o apartamento de mãos dadas, não pela malícia do toque, mas pela saudade. Ele segurava a minha mão como se não fosse soltar mais.