Cara, John e Russel estavam na sala com Tim monitorando Stephen e um outro agente da Ultra. Os dois estavam perseguindo um rapaz negro que era mais ágil do que os dois.

O rapaz passou pulou o muro facilmente e se escondeu entre os arbustos de uma casa rosada. Stephen usou suas habilidades telepáticas para achá-lo, mas não conseguiu nada.

O rapaz apareceu ao lado do parceiro de Stephen e o nocauteou com dois socos. Stephen tentou acalmá-lo por telepatia mas esse era do tipo nervoso e avançou contra Stephen, derrubando-o.

– Mesmo sem os poderes esse cara vai matá-lo.

– Cara, Stephen sabe se cuidar. – Disse John segurando Cara pelo braço – Ele é um agente da Ultra.

– Eu não ligo se ele é ou não um agente da Ultra, eu sei que ele está em perigo e precisa de ajuda.

– Ele precisa mesmo de ajuda ou é você que está arrumando desculpas para vê-lo?

Cara mexeu o braço com força e John a soltou.

– Eu sou livre para fazer minhas escolhas e se tem algo que eu não quero escolher agora é ficar com você.

Alguém bateu na porta enquanto, no monitor, Tim mostrava a cena de Stephen segurando o rapaz que perseguia contra a parede por telecinese.

– Entra! – Disse John um pouco desnorteado após mais uma mini-discussão com Cara.

Morgan abriu a porta e entrou.

– Desculpem a intromissão. Parece que eu não apareci numa hora muito boa.

– Não, Morgan. Na verdade você apareceu na hora certa. – Cara lançou um olhar feio à John e sorriu para a mulher que acabara de entrar na sala – o que você queria nos dizer?

– Apenas queria saber se estavam precisando de alguma coisa. Eu estou entediada. Não consigo ficar trancada.

– Que engraçado, eu estava pensando a mesma coisa. – Russel olhou para John como se ele tivesse levado um tiro e de fato, a indireta o atingiu em cheio – Vem, eu preciso comprar algumas coisas lá em cima e ficaria feliz se você me ajudasse.

– Então somos duas! – Morgan falou colocando um enorme sorriso no rosto.

As duas deram as mãos e desapareceram juntas.

De noite, Stephen voltava para casa sozinho. Ainda faltavam mais dois quarteirões para chegar lá, mas os pensamentos no pai e onde estaria seu corpo fazia o tempo voar. O rapaz estava tão distraído que não viu John se aproximar.

– Você adora me dar sustos, não é?

– Você está bem? Aquele cara não tinha poderes mas ainda assim vocês apanharam feio.

– É, o roxo no meu rosto fica me lembrando disso o tempo todo.

– Você se acostuma.

– Será? – Os dois sorriram – Você não veio aqui só para saber se eu estou bem. O que você queria?

– Você é um dos poucos que ainda fala comigo normalmente... Bom, você fala quase normalmente, já que eu te irrito bastante, mas...

– Eu já entendi. Você quis dizer que não tem sido mais a mesma coisa lá embaixo. – Falou Stephen achando a cena engraçada.

– Exatamente. Sinto falta dos dias em que podíamos conversar, nos divertir... sermos amigos.

– Acho que depois de tudo o que aconteceu...

– É mesmo. A culpa é minha.

– Eu não posso culpá-los...

John empurrou Stephen para um lado e se jogou para o outro para desviarem de um rapaz alto, negro e careca, idêntico ao que Stephen capturou mais cedo.

– Vocês não tinham pegado o cara?

– Gêmeos – Explicou Stephen

O rapaz se levantou e lançou Stephen longe usando telecinese. John o acertou no rosto, fazendo-o cambalear, se teleportou para trás do rapaz e o acertou com chutes.

Ainda caído, o rapaz se teleportou para atrás de John e novamente com telecinese, o empurrou longe.

“Higor, calma. Nós não matamos seu irmão. Ele ainda está vivo.”

Stephen se levantou e tentou se comunicar telepaticamente, e com sucesso, já que Higor se acalmara. John se levantou limpando o sangue no canto da boca.

Vamos conversar. Sem agentes Ultra, sem brigas e sem mortes, ok?”

Higor olhou para Stephen e fez que sim com a cabeça. Stephen e Higor se teleportaram e John seguiu-os.

Os três apareceram num depósito abandonado.

– Belo esconderijo. – Disse John recebendo um olhar feio de Stephen.

– Onde está meu irmão? – Higor pegou Stephen pela gola da camisa.

– Ele está seguro. Sem poderes, mas seguro. Eu vou tentar salvá-lo.

– Porque você faria isso? Foi você que o pegou!

– Eu sou diferente dos outros agentes. – Stephen pôs sua mão na mão de Higor e o mostrou salvando os Seres do Amanhã telepaticamente.

Higor o soltou.

– Onde ele está?

– Preso no quartel da Ultra. Eles estão procurando por você.

– É verdade? Vocês são especiais? – Perguntou John

– Sim. Além dos três poderes em comum, nós podemos “mandar” nas pessoas encostando nelas.

– Isso é interessante. Stephen pode parar o tempo, vocês podem mandar nas pessoas... que outros tipos de habilidades existem?

– Provavelmente só habilidades psíquicas. – Disse Higor

– Faz sentido. – Admitiu John. – Então... qual é o plano, Stephen?

– Eu estou pensando em algo, parecido com o que você usou para sair de lá... Se eu cortar os D-Chips pela metade dentro do dispositivo os poderes voltariam a funcionar?

– Em teoria sim. Acho que já estou entendendo o que você quer fazer.

– O que? Eu estou completamente perdido aqui. – Disse Higor tentando entender.

– Eu pensei no seguinte: Desligo os D-chips da entrada, então Higor entra e usando a habilidade de persuasão salva o irmão. Eu vou estar lá dentro, poderei te guiar. Além disso eu já consegui usar meus poderes lá mesmo com os chips ativados.

– É um bom plano, mas o Fundador vai estar lá.

– Essa semana ele está fora. Voltou para a central. Esse aqui é só um dos prédios da Ultra. Eles estão espalhados por várias cidades e por enquanto o Fundador foi dar uma volta.

– E se você não conseguir desligar os chips-sei-lá-o-que?

– Eu vou avisar John e ele pode salvar você.

– E se você quiser você pode se juntar à nós.

– Espera! Uma coisa de cada vez. Então, quando eu posso procurar você? Acho que não vai dar para executar o plano amanhã, já que você vai destruir esses chips aí, mas o meu irmão não vai ficar lá para sempre.

– É, você está certo... Hm, me procura amanhã de noite, eu volto pra casa no caminho que eu estava e no mesmo horário.

Stephen” Cara tentava alcançá-lo telepaticamente.

– Eu preciso ir. – “eu vou para casa agora, me encontra lá” ­– Eu tenho um compromisso.

Higor fez que sim com a cabeça.

– É, vou voltar lá para baixo. Até mais. – John desapareceu e logo em seguida, Stephen.

Stephen voltou para casa e foi direto para o quarto, sabendo exatamente o que o esperava por lá.

– Você estava com John?

– É, eu estava... sim.

– E você ainda fala com ele, mesmo depois de tudo o que ele fez?

– Meu pai está vivo.

– Não graças à John.

– Cara, eu sei que você tem todos os motivos para odiar ele, mas não podemos brigar agora. Precisamos tirar meu pai do Limbo e encontrar o Refúgio.

– Então era sobre isso que você e John estavam conversando?

– Você veio aqui para falar dele? Nada sobre nós?

– Stephen... O que aconteceu foi momentâneo.

– Foi. Foi sim. Mas nós não somos momentâneos.

– Stephen... Eu só vim aqui para conversarmos como amigos, mas pelo visto foi um erro.

Cara desapareceu em seguida deixando Stephen sozinho com cara de tacho.